sábado, 20 de dezembro de 2014

Amigo secreto

Essa, é uma brincadeira muito legal, mas dependendo de quem participa, as vezes desanda...

Desde muito pequeno, participo dessa brincadeira. Na minha família, era quase uma tradição, bastava chegar ao final do ano, que começava a movimentação na casa da vovó. Lembro-me de um ano que tinha tanta gente que mal cabíamos na sua cozinha, e olhe que ela era enorme. 

Como a brincadeira ganhara proporções e fama no passar dos anos, vinha gente que eu nunca vi para participar da brincadeira, tamanha era a farra. Vizinhos, amigos e a cada ano, mais parentes.... Todos chegavam com seus presentes e alguns salgados na mão.

Tinha umas figuras que eram carimbadas, ser tirado por elas era bagunça na certa.

No início de dezembro, eram sorteados os nomes e a partir daí começavam a troca de bilhetinhos. Muitos desses recadinhos, eram na intenção de descobrir o que a pessoa gostava, para então comprar o presente, mas nem sempre era para esse fim. 

Calango da madrugada, Seriema desmaiada, Sapo encantado, Dono do Mundo. Esses eram alguns dos codinomes que me lembro e que foram usados para enviar os bilhetes, sempre com muito bom humor e graça. Se seu nome fosse tirado por mamãe ou por uma tia, era pagar mico na certa.

Lembro-me que, em um ano, uma delas colocou no pescoço do amigo sorteado, na hora em que foi revelar, um colar feito de pepinos e ele teve que usar até o final da brincadeira, ao fundo de uma música muito tocada na época "Eu não quero mais pepino", de Amado e Antônio. Entre as coisas que o Amigo encontrou nas caixas do presente, caixas sim, porque eram um monte uma dentro da outra, foram: mandioca, chuchu, retalhos de pano, entre outras coisas mais exóticas. 

Em outro ano, elas surpreenderam a todos novamente, colocando uma galinha viva, dentro da caixa de presente do infeliz do "Amigo Secreto". Foi um susto danado para o coitado do Amigo. Ao abrir a caixa, a galinha pulou sobre ele, que a jogou para cima e a bagunça começou. Era todo mundo tentando catar a coitadinha assustada e quando conseguiram, o presenteado teve que ficar com a coitadinha no colo a noite toda. Era muito comum a pessoa abrir seu presente e encontrar uma enorme pedra dentro. 

Certa vez, de improviso, inventaram o Amigo Sacana, onde comprava-se o presente e depois sorteava o amigo. Teve homem ganhando sutiã, mulher ganhando cueca e alguns ainda vestiam por sobre a roupa. Coisa de maluco mesmo. Essas mulheres não eram fracas. Foram finais de ano, hilários. Tenho muitas histórias para contar dessa época.

Neste ano, na empresa, fizemos a brincadeira do Amigo Secreto, mas o pessoal é comportado e não saíram brincadeiras exageradas. Eu tirei um colega legal, que pediu um presente diferente: Suspensórios. De boa.... Achei fácil e até ficou legal nele. Quem me tirou, foi o chefe. Ganhei uma camiseta do Rolling Stones. Show de bola.  

Mas, adivinhem vocês quem veio passar o Natal comigo? 

Isso mesmo, as duas irmãs traquinas de Amigo Secreto.

Infelizmente, nesse ano não faremos a brincadeira aqui em casa, mas sei que, nos presentes que elas trouxeram para trocarmos na noite de Natal, deveremos ter surpresas. Com o calor que estamos vivendo por aqui, espero que nenhuma das duas maluquinhas, tenha tido a ideia de colocar novamente algum animal nos presentes, senão o peru terá companhia sobre a mesa.

Mas contarei para vocês. 

 

Em tempo, se na sua família tiver duas maluquinhas como essas, lembrem-se de abrir a caixa bem devagar e longe do rosto. Vai que...