Essa,
é uma brincadeira muito legal, mas dependendo de quem participa, as vezes
desanda...
Desde muito pequeno, participo dessa
brincadeira. Na minha família, era quase uma tradição, bastava chegar ao final
do ano, que começava a movimentação na casa da vovó. Lembro-me de um ano que
tinha tanta gente que mal cabíamos na sua cozinha, e olhe que ela era
enorme.
Como a brincadeira ganhara proporções e
fama no passar dos anos, vinha gente que eu nunca vi para participar da
brincadeira, tamanha era a farra. Vizinhos, amigos e a cada ano, mais parentes....
Todos chegavam com seus presentes e alguns salgados na mão.
Tinha umas figuras que eram carimbadas,
ser tirado por elas era bagunça na certa.
No início de dezembro, eram sorteados os
nomes e a partir daí começavam a troca de bilhetinhos. Muitos desses
recadinhos, eram na intenção de descobrir o que a pessoa gostava, para então
comprar o presente, mas nem sempre era para esse fim.
Calango da madrugada, Seriema desmaiada,
Sapo encantado, Dono do Mundo. Esses eram alguns dos codinomes que me lembro e
que foram usados para enviar os bilhetes, sempre com muito bom humor e graça. Se
seu nome fosse tirado por mamãe ou por uma tia, era pagar mico na certa.
Lembro-me que, em um ano, uma delas
colocou no pescoço do amigo sorteado, na hora em que foi revelar, um colar
feito de pepinos e ele teve que usar até o final da brincadeira, ao fundo de
uma música muito tocada na época "Eu não quero mais pepino", de Amado
e Antônio. Entre as coisas que o Amigo encontrou nas caixas do presente, caixas
sim, porque eram um monte uma dentro da outra, foram: mandioca, chuchu,
retalhos de pano, entre outras coisas mais exóticas.
Em outro ano, elas surpreenderam a todos
novamente, colocando uma galinha viva, dentro da caixa de presente do infeliz
do "Amigo Secreto". Foi um susto danado para o coitado do Amigo. Ao
abrir a caixa, a galinha pulou sobre ele, que a jogou para cima e a bagunça
começou. Era todo mundo tentando catar a coitadinha assustada e quando
conseguiram, o presenteado teve que ficar com a coitadinha no colo a noite
toda. Era muito comum a pessoa abrir seu presente e encontrar uma enorme pedra
dentro.
Certa vez, de improviso, inventaram o
Amigo Sacana, onde comprava-se o presente e depois sorteava o amigo. Teve homem
ganhando sutiã, mulher ganhando cueca e alguns ainda vestiam por sobre a roupa.
Coisa de maluco mesmo. Essas mulheres não eram fracas. Foram finais de ano,
hilários. Tenho muitas histórias para contar dessa época.
Neste ano, na empresa, fizemos a
brincadeira do Amigo Secreto, mas o pessoal é comportado e não saíram
brincadeiras exageradas. Eu tirei um colega legal, que pediu um presente
diferente: Suspensórios. De boa.... Achei fácil e até ficou legal nele. Quem me
tirou, foi o chefe. Ganhei uma camiseta do Rolling Stones. Show de bola.
Mas, adivinhem vocês quem veio passar o
Natal comigo?
Isso mesmo, as duas irmãs traquinas de
Amigo Secreto.
Infelizmente, nesse ano não faremos a
brincadeira aqui em casa, mas sei que, nos presentes que elas trouxeram para
trocarmos na noite de Natal, deveremos ter surpresas. Com o calor que estamos
vivendo por aqui, espero que nenhuma das duas maluquinhas, tenha tido a ideia
de colocar novamente algum animal nos presentes, senão o peru terá companhia
sobre a mesa.
Mas contarei para vocês.
Em tempo, se na sua família tiver duas
maluquinhas como essas, lembrem-se de abrir a caixa bem devagar e longe do
rosto. Vai que...