terça-feira, 27 de novembro de 2012

Uai... Uai é uai sô.

Como bom filho de mineiros, ela de Guaxupé e ele Monte Azul, apreciador inveterado de tutu de feijão com couve e de um porquinho à pururuca, preciso me manter informado das coisas da minha raiz.
Então pensei... Uai  sô, o que significa essa expressão, uai?
Sempre devemos procurar pessoas mais informadas, certo?Nem sempre.
Alguns amigos quando lhes perguntei não perderam a oportunidade e vieram-me com piadinhas infames. "Uai é uma palavra derivada dos 5W em inglês, muito usada em planejamento: What, Who, When, Where e Uai. Sorte deles serem amigos.
Mas não estou sozinho nessa curiosidade, até o falecido presidente JK, pediu para que fosse pesquisado seu significado.
O 'Uai" em questão, é uma expressão que foi criada e é muito usada pelos mineiros. Tem sua origem,segundo historiadores, nos tempos da Inconfidência Mineira.
Naquela época, os inconfidentes mineiros, eram considerados muito subversivos pela Corte Portuguesa e para se comunicarem, sem serem descobertos pela polícia da Coroa, criavam códigos entre eles e assim passavam informações sem serem descobertos.
A expressão funcionava como uma senha. Como membros e participantes da conspiração se encontravam em porões, criaram essa senha para autorizar a entrada de pessoas que realmente faziam parte do movimento, assim evitando a infiltração de um espião da Coroa.
Os inconfidentes e simpatizantes ativos que chegavam até o local dos encontros, davam três batidas na porta, característica da Maçonaria que teve participação atuante no movimento, enquanto todos ficavam em alerta e preparados no porão, então alguém perguntava: Quem é?
A resposta não podia ser outra a não ser "UAI", que significava "União, Amor e Independência". Simples e criativo, não é? 
Durante todo o período que durou o movimento dos inconfidentes, usaram tal senha e com o término da revolta, que todos sabem não terminou nada bem para os inconfidentes, restou aos mineiros essa herança e com o tempo ficou como uma marca típica dos mineiros.
Mineiro é gente boa, até nisso eram precavidos e discretos.
Portanto, quando alguém bater na sua porta e você perguntar quem é? Se a resposta for "Uai, sou eu.", tenha certeza... Não será um inconfidente, mas com certeza a visita é mineira.
Pode servir o queijo.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

domingo, 25 de novembro de 2012

Andarilho XVIII - Minha Dulcinéia


Passei duas noites horríveis, com sonhos desastrosos, onde Jorge sempre aparecia sorrindo e acenando pra mim. Acordei duas vezes com Marlene e Rodrigo ao meu lado, me acalmando, acho que os assustei falando alto enquanto dormia.
Decidi rapidamente atender ao pedido de Jorge e me livrar daquela situação.
Distribui todo aquele dinheiro em depósitos nas quatro contas que ele informou e que acredito ser de seus familiares. Jorge havia separado uma quinta parte para mim, mas preferi não aceitá-lo e a redistribui entre as mesmas contas.
Com a ajuda de Marlene e Rodrigo, em dois dias consegui ver-me livre dessa história confusa e perigosa. Precisava estar livre pra seguir meu caminho, mesmo sem saber pra onde iria.
Fiquei hospedado na casa deles por quatro dias, dias esses muito reconfortantes e agradáveis. Tive a oportunidade de conhecê-los melhor, em especial Marlene. Mas chegara a hora de retornar a estrada.
Levantei-me cedo naquele sábado meio cinzento, depois de um bom banho e comer algo leve, estava pronto pra partir.
Rodrigo insistiu pra eu ficar mais um tempo, poderia trabalhar com ele na sua agência de viagens, ele precisava de alguém para auxiliá-lo, mas eu sabia que já era hora de partir.
Confesso que fiquei tentado, estava me dando muito bem com eles e havia me aproximado muito de Marlene, talvez esse até fosse o motivo pra eu partir logo. Senti que ficamos muito envolvidos com toda essa história e ainda teria que deixar meu escudeiro, Dingo Pança, pra trás. Pedi uma carona até a rodovia para Rodrigo e pedi também pra não contar a Marlene de minha partida, apenas após que eu tivesse partido. Nem mesmo de do meu escudeiro quis me despedir, bem... Ele não estava por lá mesmo, com certeza estava dormindo em algum canto da casa.
Já começava a garoar bem fracamente quando entramos no acesso a rodovia, antes de alcança-la Rodrigo parou e perguntou-me mais uma vez se era aquilo que eu queria fazer e se não seria melhor pelo menos pensar por mais uns dias, que pelo menos devia me despedir pessoalmente de Marlene e Tobi.
Não, eu sabia que já trouxera confusões demais pra dupla de irmãos e que de repente eu poderia estar enganado com o que vinha me incomodando muito nos últimos dias, minha aproximação a Marlene. Tinha que partir. Rodrigo parou o carro e disse:
- A rodovia fica depois dessa curva, não posso ir além, pois não tem retorno para carro, estamos muito longe da cidade. Ainda dá tempo de voltar, mas me permita dizer uma coisa. Para um Quixote que busca de sua Dulcinéia, você faz muito bem seu papel. Realmente como ele, não enxerga e não compreende nada que está a sua frente. Meu amigo, nem um bando de bois ou um moinho são seus inimigos, não vista sua armadura ou corra. 
Enquanto eu sorria balançando a cabeça em negativa a suas palavras, abri a porta do carro, agradeci e sai.
- Boa sorte pra vocês Quixote.
Rodrigo retornou o carro e foi embora. O que ele quis dizer com aquilo?
Ajeitei a mochila com a rede de Jorge nas costas e fui em direção à curva. Realmente rodamos muito pra chegar a rodovia, talvez até tivesse outro caminho mais perto, mas como ele deu-me carona e conhece a região, nada disse.
Quando terminei de fazer a curva dei de cara com uma cena inesperada, sentada na mureta de acesso a rodovia, estavam Marlene e Dingo a me esperar. Olhei para trás e Rodrigo sumira na estrada de terra.
Ao me aproximar, Marlene levantou-se e veio em minha direção, estendeu-me a mão e disse:
- Está atrasado Quixote, eu e Tobi, digo Dingo Pança, estávamos pensando que desistira de ir. Vamos indo, a estrada é longa e a garoa está chegando.
Ainda estático, me deixando levar por sua mão suave, sorri.
O que dizer...
Ela tinha razão, à garoa chegou.


Esse cavalo, é pônei.

É mais ou menos por ai...
Acalme-se adoradores de equinos, não estou desmerecendo esses belíssimos  e fortes animais, até porque os pôneis também são muito bonitos e dignos de confiança.
O cavalo em questão é o vermelhinho da Fórmula 1.
Sempre achei que Schumacker, apelidado de Dick Vigarista da F1, fosse realmente o grande vilão da recente história dessa marca, onde fazia de tudo pra se dar bem. Até deixar o carro pelo caminho pra prejudicar quem vinha atrás. Mas no último grande premio ficou bem claro pra todo mundo, porque o casamento de Schumy e Ferrari deu tão certo.
Massa depois da "molada" que recebeu de Barrichello, ficou muito a desejar nas pistas, mas vem crescendo e devagar retomando seu lugar, porém parece que sua equipe não tá nem ai para sua recuperação.
No grande prêmio dos EUA Massa foi muito melhor que Don Alonso, aliás como em toda a segunda parte do campeonato, mas a Ferrari pensando em seu precioso primeiro piloto, lembrou dos tempos de Schumy e aprontou das suas.
É sabido por todos, os mandos via rádio da equipe pedindo que Massa "facilitasse" algumas ultrapassagens de Alonso ou ainda que não o forçasse, apesar de ter uma carro em melhores condições. Tudo isso como dizem faz parte da estratégica da equipe e já acontecia nos tempos de Rubinho. O fim da picada, que indignou muita gente, foi essa última da equipe.
Como Massa largou na frente de Alonso e no lado limpo da pista com mais aderência, a equipe achou melhor quebrar o lacre do câmbio de Massa, fazendo com que ele perdesse cinco posições no grid de largada. Claro que o beneficiado nessa história foi Alonso, que pulou um posição pra frente e ficou no lado limpo. Com isso Alonso conseguiu se dar bem e adiou o título de Vettel para o Brasil. Vergonha.
Agora chegamos ao Brasil. Massa novamente foi melhor que Alonso nos treinos e larga na frente. Não quero acreditar que a Ferrari fará mais uma das suas para favorecer Alonso e assim prejudicar Massa, mas como diz o título desse post, esse corcel que era lindo e vistoso, parece não ser mais assim tão expressivo e como um pônei, em altura é claro, joga baixo.
Difícil continuar a prestigiar a F1 assim.

sábado, 24 de novembro de 2012

Relaxando com a Tina

Fim de semana. Só tranquilidade...

Assistindo a um programa na TV sobre meditação, relaxamento e yoga, resolvi tentar um dos métodos ensinados. 

Como ando muito cansado, em razão da alta demanda no trabalho, era uma boa oportunidade para relaxar. Preparei-me e segui as instruções do professor.

"Relaxe. Fique numa posição bem confortável e desligue-se de tudo...". Muito bom. Pensei.

Então, comecei a ouvir um som forte. Era a banda Cachorro Grande, o toque de chamada do meu celular. Peguei e atendi. Era da prestadora de serviços do celular... Desliguei.

"Agora que está relaxado, mexa os dedos dos pés e das mãos para senti-los, um a um...". Humm... Perdi uma parte. Sentei-me e relaxei, então comecei tudo de novo.

Chegou a filhota caçula, ficou na frente da TV e foi me pedindo uma grana para ir ao cinema. Já estava ficando impaciente. Levantei-me novamente, peguei a carteira, perguntei quanto, e dei o dindin. 

— E pra pipoca, pai?

Olhei-a seriamente. Peguei uma nova nota e lhe entreguei. Sentei-me, novamente.

 "Agora que já está mais relaxado, com esse excelente exercício da "Paz física", vamos ao outro exercício. Coloque os pés na tina...". Onde? Que Tina? Droga... Perdi outra parte. Vamos lá... Relaxar.

Caracas!!! Não acredito. Alguém chamando no portão. Não pode ser... E ninguém atende. Lá vou eu novamente... Levanto-me e chego próximo à janela, ainda mexendo com os dedos das mãos e pés.

— Meu filhote não tá! – respondi.

— Ô, pai... Eu tô aqui no quintal!

Incrível, mas em casa ninguém atende ao telefone ou chamados do portão, só claro, quando eu já atendi.

Voltemos ao exercício de relaxamento.

"Muito bem, agora vocês já devem estar com a tina e sentindo a água pela cintura e estão bem à vontade, esse é a "Paz Superior", vamos continuar...". 

- Com a Tina... Paz superior? Água? Caracas! Desse jeito me afogam sem saber o que está acontecendo. Continuemos...

"Vamos ao exercício final, a "Paz do Espírito". Continuem com os olhos fechados, respirem e expirem.  Agora é para que saia a água...". Fechei os olhos e tentei imaginar a Tina, seja ela lá quem ela for, comigo na piscina, de biquíni, com água até a cintura. Comecei a respirar e expirar para a água sair. Espera aí... Isso está estranho, mudaram o canal? Parece mais... Eu heim...

Mas não é que funcionou. Comecei a sentir a água querer sair, então abri os olhos e corri ao banheiro. SURPRESA! O filhote mais velho estava lá e a água querendo sair. Após implorar muito, ele saiu reclamando e enfim consegui... Ufa.

Voltei à sala e me sentei no sofá para, quem sabe, terminar de ver o programa e conseguir fazer, pelo menos, um exercício.

"Então, estão melhores com os exercícios desse programa? Ótimo, até amanhã."

Fiquei olhando pra TV sem entender nada, quando a outra filhota entrou e falou:

— Pai, você não olhou o leite?

— Leite? Que leite?

Ela olhou para a TV, viu os créditos do programa e finalizou:

— Pare de ver esses programas de meditação e relaxamento. Você já anda muito desligado. 

Olhei para a TV e vi aparecer um desenho do pessoal imaginando uma tina de água e entrando nela...

A tina era de água... E não... A Tina.

A filhota está certa. Preciso me ligar mais.

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

# 115 - George Washington



Pensamento Vivo - 115

Eu espero que eu sempre possua firmeza e virtude suficientes para manter o que eu considero o mais invejável de todos os títulos, o caráter de um homem honesto.”


 
George Washington

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

O mundo de Sofia

O mundo de Sofia

Às vésperas de seu aniversário de quinze anos, Sofia Amundsen começa a receber bilhetes e cartões postais bastante estranhos. Os bilhetes são anônimos e perguntam a Sofia quem é ela e de onde vem o mundo em que vivemos. Os postais foram mandados do Líbano, por um major desconhecido, para alguém chamada Hilde Knag, jovem que Sofia igualmente desconhece.
O mistério dos bilhetes e dos postais é o ponto de partida deste fascinante romance, que vem conquistando milhões de leitores em todos os países em que foi lançado. De capítulo em capítulo, de "lição" em "lição", o leitor é convidado a trilhar toda a história da filosofia ocidental - dos pré-socráticos aos pós-modernos -, ao mesmo tempo em que se vê envolvido por um intrigante thriller que toma um rumo surpreendente.

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

# 114 - Irwin Shaw



Pensamento Vivo - 114


A memória é algo cheio de truques e esquecer significa, freqüentemente, o meio pelo qual a mente se defende contra dores passadas e remorsos por oportunidades perdidas. 

Irwin Shaw

terça-feira, 20 de novembro de 2012

A espera de um milagre

À Espera de um MilagreA espera de um milagre
 

Titulo original: The green mile

Diretor: Frank Darabont

Gênero: Drama

Lançamento: 2000

Elenco: Tom Hanks, David Morse, Gary Sinise, Duncan




Sinopse: 
1935, no corredor da morte de uma prisão sulista. Paul Edgecomb (Tom Hanks) é o chefe de guarda da prisão, que temJohn Coffey (Michael Clarke Duncan) como um de seus prisioneiros. Aos poucos, desenvolve-se entre eles uma relação incomum, baseada na descoberta de que o prisioneiro possui um dom mágico que é, ao mesmo tempo, misterioso e milagroso.

 
Opinião: 
Um filme impressionante e muito marcante, daqueles que vale a pena ver mais de uma vez, com uma representação perfeita de Tom Hanks e Duncan.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

O sabor da memória

Uma das delicias culinárias mais saborosas que já experimentei, foi a comida da tia Dinha, quando passei uns dias com ela, quando eu ainda era uma pequena criança. Isso aconteceu aproximadamente, há 42 anos. Fico pensando que, pra guardar esse sabor de uma comida simples por tanto tempo no subconsciente, é porque realmente tinha um sabor excepcional. Concordam?
Quando lembro-me da comida, começo a salivar e vem logo o seu gostinho em minha boca. Incrível, isso. Sinto até o cheirinho bom. Fecho os olhos e lá está ela, a tia Dinha. De cabelos encaracolados, branquinhos, perguntando-me:
- Mimiu, quer mais?
É bom esclarecer que "Mimiu", é o diminutivo do diminutivo de Ademirzinho. Além da tia Dinha, apenas algumas primas me chamava assim quando criança. E até hoje quando nos encontramos me chamam, às vezes, até diminuindo mais: "Miu".
Ainda de olhos fechados, vou vendo a cena que insiste em acompanhar-me por esse tempo todo, tão nítido que parece ter acontecido no almoço de ontem.
Tia Dinha pegava meu prato de plástico, um aparte, desde pequeno eu já tinha a mania de quebrar coisas. E, apesar de não ser de descendência grega, pratos era minha especialidade. Depois me aperfeiçoei em copos. Mas, voltando ao almoço... Ela destampava a panela preta de ferro e liberava o vapor cheiroso do feijão, retirando meia concha de uma substância cremosa.
Em seguida, ela ia à panela de arroz e eu a olhava atentamente a distância, da mesa, longe do fogão. O arroz, vinha de uma panela branca, esmaltada, com a borda da boca preta. Ele, o arroz, era de uma cor amarela para vermelha, feito com coloral, muito soltinho. Ah... Se os chineses e japoneses tivessem conhecido o arroz de tia Dinha, com certeza não seriam tão magrinhos.
Chegou a hora da mistura...
A mistura era aquela parte mais gostosa da refeição, separada no canto do prato, para ser comida por último. A que a lembrança trás é a linguicinha  cortada em pequenos pedaços, do tamanho do meu dedo mínimo, frita, muito sequinha. Tudo isso acompanhado de um copo, também de plástico, de "Q-suco".
Talvez não esteja sendo tão fiel com as palavras, quanto à lembrança exige, mas... Hummm... Acreditem, sinto o gosto na boca, muito bom.
Mas não parava por ai. Depois das minhas estripulias e olha que eu dava trabalho, ainda tinha o café da tarde... Mas isso ainda dará outro texto.
Eu poderia até passar aqui a receita e segredos dessas delícias, mas ficou no tempo em que vivi tudo isso. De toda forma, o principal ingrediente já não está mais aqui...
Minha tia Dinha.

domingo, 18 de novembro de 2012

Andarilho XVII - O último pedido


Já rodávamos por quase duas horas e eu segurava firmemente. No início até tentaram puxar conversa comigo, mas respondia em monossílabas e então entenderam que não queria falar, só havia silêncio e sentia às vezes o olhar, tanto de Rodrigo como o de sua irmã. Confesso que às vezes me pegava olhando para a caixa, perdido em meus pensamentos, que nem sei o que eram naquele momento.
Sei que também ficaram  impressionados com o bilhete deixado por Jorge, por isso ninguém falava em parar. Até que avistamos um restaurante e resolvemos parar para comer algo, estava na hora de sabermos o que tudo isso significava. Rodrigo então encostou.
Parecia que fazia séculos que não comia algo. Não me separei da caixa. Pegamos uma mesa afastada para termos mais privacidade e comemos em silêncio. Foi Marlene quem quebrou o silêncio e tocou no assunto.
- Já que estamos bem longe daquela cidade, alimentados e já sabemos de toda a história, acho que já está na hora de acabar com todo esse mistério. Você vai abrir essa caixa?
Olhei-a nos olhos e sorri. Ela tinha a razão. Coloquei a caixa sobre a mesa, li mais uma vez o bilhete de Jorge e desatei o nó. Eles se aproximaram  mais , mas não antes de todos nós olharmos em volta pra ver se alguém nos observava.
Dentro da caixa tinha um envelope, uma carta e um pacote embrulhado com pano. Abri o envelope e caiu uma foto. Peguei-a e era de Jorge, havia ao seu lado uma bonita mulher sorrindo e a frente deles um garoto com seus 8 anos aproximadamente. Mostrei aos demais, mostrando Jorge e comentando que os demais deviam ser a esposa e um possível filho. Abri um papel e li para eles.
“Olá meu amigo”. Como te disse preciso de um último favor. Provavelmente quando estiver lendo essa, se dei sorte, estarei muito longe sem chances de voltar ou se não dei sorte... Bem você sabe de tudo.
Desde que te conheci sabia que poderia confiar em você, que se precisasse me ajudaria. Veja como uma grande armação daquele que nos criou e sou grato por isso. Desculpe por te envolver, mas na verdade não tive escolha. Um conselho antes de te pedir o favor, sai da estrada esqueça sua busca, arrume alguém e viva o melhor que puder, é muito bom ter quem amamos ao nosso lado, não a deixe distante, traga pra bem perto. Sei que achará alguém tão bom quanto você. Dentro desse pano enrolado achará o suficiente pra fazer o que te peço o último pedido de um amigo. Há nele todas as informações necessárias e orientações, mas, por favor, não conte tudo que aconteceu a quem contatar, apenas diga que me conheceu e que lhe pedi esse favor. Mais uma vez te agradeço, obrigado. Fique com Deus. Jorge.”
Fechei a carta, olhei para meus novos amigos e percebi uma lágrima nos olhos de Marlene, peguei o pacote e abri.
Meu Deus!!
Dentro do pacote havia dinheiro, mas muito dinheiro e mais um papel. Assustado fechei rapidamente a caixa e olhei para eles, pareciam  tão assustados quanto eu.
Puxei a caixa para meu colo e imediatamente olhamos para os lados. Não havia quase ninguém por ali e acredito que ninguém percebera nossa agitação. Rodrigo se levantou e foi pagar a conta, enquanto eu e Marlene saímos em direção ao carro, onde Dingo estava a nos esperar.
Rodrigo se juntou a nós e perguntou:
- O que vamos fazer?
- Vamos embora daqui, já. - Respondi entrando no carro.







sábado, 17 de novembro de 2012

Já o vi em algum lugar...

Sempre me pergunto isso, quando vejo alguém familiar. Sou um péssimo fisionomista. Conheço hoje e amanhã fico na dúvida de quem é. Mas as vezes me pego reparando em uma pessoa dizendo: "Já o vi em algum lugar..." ou mesmo na TV, reparando na aparência de atores que me lembram alguém.  Um caso interessante são os personagens de desenhos ou mesmo de filmes, alguns com certeza devem terem sido criados, baseado em pessoas comuns ou quase comuns... Veja abaixo.

Cara de um, focinho do outro.



























sexta-feira, 16 de novembro de 2012

A coruja da chácara



Adorávamos ir para nossa chácara nos feriados. 
Sempre íamos à noite, depois do trabalho, para passar uns dias tranquilos, curtindo um pouco a natureza, com muita paz e sossego. Era uma hora e meia de carro, de casa até a chácara, em Caçapava/SP.
A estrada que nos levava até lá, depois que saíamos da rodovia, não tinha iluminação alguma e como era cercada de árvores enormes, a escuridão era total. Por ela, era necessário seguirmos com muita atenção, para não sermos surpreendidos por algum animal, possíveis galhos de árvores caídos no caminho ou um inesperado buraco. Por lá, vimos de tudo: pássaros noturnos, gambás, cobras e outros animais que não identificávamos pela tremenda escuridão.
Às vezes eu pedia ao mano véio para diminuir a velocidade e apagar os faróis, só para sentirmos a escuridão. Realmente não se via absolutamente nada e era muito assustador. Com os faróis acesos, enxergávamos apenas onde sua luz alcançava. 
Essa escuridão toda, só era quebrada em noite de luar. Simplesmente lindo ver os raios da lua passar por entre os galhos e iluminar a estrada. Coisa de filme, uma fotografia incrível.
Todos nós adorávamos admirar o trajeto em noites de luar.
Havíamos comprado a chácara recentemente para meus velhinhos e ainda estava meio largada, precisando de uma boa reforma.
Certa vez, quando chegamos, como sempre desci do carro para abrir o portão e o mano véio entrou com o carro, manobrando para melhor estacionar. Fui entrando na frente e abri a casa.
Assim que entrei, percebi que não estávamos sozinhos. Dei dois passos bem devagar para dentro da casa sumindo da visão do mano véio, que havia deixado o farol do carro acesso, até que eu acendesse a luz da casa. 
Enquanto ouvia o mano véio sair do carro, batendo a porta, fui andando em direção ao interruptor da lâmpada, do outro lado da sala e fiz um barulho enorme tropeçando na mesa de centro. Ele sem me enxergar, parou e gritou:
- Dê? - Esse era mais um de meus apelidos na família.
- Acenda a luz logo cara, está muito escuro aqui.
Sai devagar e seriamente lhe disse:
- Não estamos sós.
Pensem num cara branco. Não, não... Mais ainda, mais que albino.
Ele parou imediatamente de falar e ficou imóvel. Fiz sinal de silêncio e o chamei para se aproximar, entrando novamente na sala. Quando chegou bem perto da porta, acendi a luz e começou então um barulho enorme na casa. O mano véio sumiu.
Então gritei-lhe da porta.
 - Deixa que eu resolvo! E entrei.
Após alguns minutos sai da casa já toda iluminada, com um volume enrolado numa toalha. Rindo muito, o chamei. Quando se aproximou, mostrei-lhe o invasor... Uma coruja.
Sai para a noite e a soltei.
Depois dessa presepada que armei pra ele, nunca mais me deixou entrar primeiro. Fazia questão de desligar o carro, descer, abrir o portão e a casa, e só então me deixar sair do carro.
Veja só que coisa...
Só por causa de uma coruja.