terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Passando a régua no futebol

2013 realmente foi um ano difícil para o nosso futebol, principalmente por ser o ano que antecede a Copa do Mundo em nosso país.
Iniciamos o ano com a morte do boliviano, no jogo do Corinthians pela Libertadores. Um título ganho em campo, merecido para o time campeão e ao país do futebol, mas que deixou uma imagem horrível. 

segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Tentando entender

Qual a lógica do mundo,
senão, parar por um segundo
e escutar a vida.
Não buscar entender,
a razão por que o rio nasce, desce,
se jogando no mar para morrer.
Talvez, meditar sobre a elevação das estrelas...

domingo, 29 de dezembro de 2013

sábado, 28 de dezembro de 2013

Uma dupra de dois.

Tião mais eu, eramos uma dupra de dois, da melor qualidade. Dava gosto de vê, sô.

Quando a gente se reunia com o povo, lá na chácra do Vitô, perto da chácra de mamãe, era só alegria. Proseávamos e tomávamos todas até tarde da noite, mas acho que, naquele dia abusamos de verdade.
Chegamos na chácra já di noitinha, com os grilo berrando pra valê. Tião que era baum pra xuxu com essas coisas de carne na brasa, foi logo acendendo a churrasquera, pra mode a gente assa uns troços nela.
Eu, como não podia deixa de ser, abri a cerveja e peguei logo o violão.
Uma afinadinha aqui, um acerto ali e começamos a cantoria. Quanto a gente se juntava, não tinha jeito, logo começávamos a cantar Raul. É ele mesmo, Raul Maluco, doido varrido, Seixas... O cara.
Cantávamos, Medo da chuva, uma das prediletas de Tião, Metamorfose Ambulante, Maluco Beleza e muitas outras. Enquanto a gente ia cantarolando as músicass, às vezes um tanto atrapalhadas, as mulher iam servindo a carne saborosa que Tião preparava. Mal acabava uma latinha de cerveja e outra magicamente aparecia na minha mão. Cada canção era um gole daquele que esvaziava a lata. era bom demais.
Íamos noite a dentro nessa moda, às vezes cantávamos uma sertaneja, apesar d'eu não apreciar muito não.
Já timos comido e bebido muito, e as mulhé com as criançada já tinham se recolhido, quando Tião sentado na mureta começou a balança. Se não piso no seu pé o homê tinha caído de costa pra trás. Ele ia tombando quando pisei no seu pé e o homê feio pra frente de novo. Mas quando fui beliscar mais uma carninha... Pronto... O homê caiu pra trás. Capotô. Larguei o violão, dei a volta na varanda pra socorrê o homê que só dava risada. Acho que nem percebeu que caiu.
Ajudei o homê a deitar na rede, ali na varanda mesmo e ele apagou.
Como estava sem sono, resolvi ir até a lagoa que ficava na frente a chácra. Tava um bocado frio, então eu aresolvi jogar um pano nas costa e fui até lá. Sentei na bera da lagoa e comecei a jogar pedrinhas na água, pensando na vida. A lua tava linda, mas como era de madrugada, uma fria nebrina começa a cair. Então aresorvi vortá.
Já tava dentro da chácra, agora com o pano cobrindo também minha cabeça por causa do frio, quando vi Tião levanta da rede, me olhar assustádo e gritá.
- Pera aí Zé Inocenço, já vou ti ajudá.
Acho que tava tão beldo, como se diz por aqui, que pensou que eu era o cara da novela da TV, acho que Renascer. Com aquele tal Fagunde.
O homê saiu da varanda cambaleando feito um doido, começou a correr no quintal, vindo pra cime d'eu e "tumb" (isso é o baruio do tombo). Caiu feio no chão, feito uma jaca madura. Parecia aqueles desenho que as criança vê, levantou o maior pó em vorta do corpo dele e ali ficou istrimbuchado.
Corri pra mode socorrê Tião e gritei pro povo da casa. Todo mundo acordô assustado e foram lá fora vê eu mais Tião. Quando chegaram eu tava do lado de Tião, tentando fazê-lo acordá.
- Acorda Tião. Se tá bem? - Então ele abriu os zóio.
-  Oh! Zé Inocenço, ainda bem que te achei. Pensei ter visto um fantasma do cê.
Foi ele fala isso e apagou de vez.
O pessoal me ajudou a levar Tião de vorta pra rede  e foram drumi de novo. Eu, fiquei ali, do lado de Tião vigiando, vai que ele acordasse de novo e resolvesse ir pra lagoa procura esse tar de Inocenço.
Zé Inocenço... Vai vendo.
A gente era simpres assim... E muito feliz.
Sardade daquelas farra, Tião. 
Ah! Ainda tem aquela de ocê dançando Maico Jaquisou. Mas outro dia eu conto essa... hehehe

Abraço pro Cê.


sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Uma surpresa no dia de Natal

Eu já estava no ônibus, indo para casa, quando José subiu.

Era um dia especial. Havia acordado muito cedo e fui participar do almoço de Natal com meus filhotes. Fora um dia muito feliz, com todos os filhotes a minha volta.

Estava naquele momento, pegando o primeiro dos três ônibus que fazia parte da longa jornada de volta para casa, este indo rumo a rodoviária de São José dos Campos. A primeira parte das quatro etapas de meu percurso de regresso, eu fiz de carona com meu filhote mais velho. Ele trouxe-me de moto até o centro da cidade, para que eu pegasse esse ônibus. Agora, já sentado no banco do ônibus, trazia preso entre minhas pernas, a surrada mochila e na mão, o também já muito surrado, capacete (sabia da carona do filhote, então me preveni. Andar sem capacete, jamais).

Já estava tranquilo e ajeitado, sentado no banco logo ao lado do cobrador. No meu MP3, Rammistein soltava a voz com Mein Teil. Logo no primeiro ponto, depois de onde subi, o motorista parou e ele entrou.

Inevitável não chamar a atenção. Tinha tatuagens até no pescoço. Trazia nas costas uma mochila enorme, suja e um tanto maltratada. Preso a ela, como se estivesse agarrado para não cair, um pequeno leãozinho, desses de pelúcia. Lembrou-me muito o Léo, o leãozinho do meu filho, quando pequeno. Mas isso é outra história...

Já havia passado por mim, quando voltou, olhou-me e sorrindo disse:

- Janis Joplin!

Fazia referência a estampa da minha camiseta. Era toda preta com a imagem de Janis sorrindo e amparando seus óculos azuis com a mão. Pediu licença, colocou sua enorme mochila no chão e sentou-se ao meu lado.

Ele parecia um andarilho. Trazia na cabeça, um daqueles chapéu rasta com as cores da Jamaica, prendendo um cabelo tipo Bob Marley. Sua barba grande e maltratada, lembrava Raul. Uma figura exótica sem dúvida.

Sua mochila era impressionantemente grande, na cor caqui. Trouxe-a mais próximo aos pés, ajeitou o pequeno leão e estendeu-me sua mão.

- Sou José de... Só José mesmo.

Repeti seu gesto apertando-lhe a mão, por sinal muito firme e apresentei-me.

- Cara, eu sentei-me aqui porque vi sua camiseta. Eu adoro a Janis. As pessoas esquecem muito rápido de tudo.

Retirando o fone do ouvido e desligando o MP3, comentei.

- Verdade. Eu a curto muito também.

José me parecia ser uma boa pessoa, apesar de sua aparência rústica e um cheiro forte de suor. Estava indo para Ubatuba no litoral, vivia da venda de pequenos artesanatos. Viera para o Vale do Paraíba, passar o Natal com amigos e regressava depois de dois dias em Jacareí. Esperava boas vendas nos dias que antecedia a virada do ano, a movimentação na praia seria muito grande.

Conversamos um pouco mais sobre músicas, Janis e descobri que tínhamos mais uma coisa em comum no mundo da música. Ambos gostávamos de John Lennon, o melhor dos rapazes de Liverpool. Pobre Paul.

Após alguns minutos, José de repente ficou calado e baixou sua cabeça. Pensei até que ele estava cochilando e então, começou a estralar os dedos, criando um ritmo e começou a cantar:

- Oh Lord, won't you buy me a Mercedes-Benz? My friends all drive Porsches, I must make amends...

Era um clássico de Janis Joplin, Mercedes Benz. Todos começaram a olhar em nossa direção. Ele chamava mais a atenção, pelo tom firme e suave que cantava. Sabia realmente a letra. Levantou lentamente a cabeça, virou-se para mim dizendo:

- Pensa que não conheço Janis? Vamos lá cara, cante comigo.

Fiquei atônito e meio sem jeito. E ele insistiu:

- Vamos lá, me  acompanhe.

Não sabia o que fazer, enquanto todos olhavam para nós e ele repetia o início da música, agora mantendo o ritmo batendo palmas. Nunca vi ou me aconteceu algo assim.

Então o cobrador, que estava logo atrás de mim, bateu em meu ombro e incentivou-me:

- Canta.

Ele, um rapaz com aproximadamente de 25 anos, também começou a estralar os dedos. E então começamos um dueto. No início muito tímido depois mais solto. E não é que ele sabia toda a letra da música? Enquanto eu o acompanhava em apenas algumas partes.

Apesar do mau jeito, quando acabamos recebemos até palmas e assovios. Pode ser isso? Acho que eu estava mais vermelho que um tomate, e olha que não sou tão tímido assim.

Foi tudo inusitado, natural e muito legal. Nunca me vi cantando em público assim, especialmente dentro de um ônibus, quanto mais Janis. Quando penso que a vida já me aprontou de tudo, acontecem coisas assim. Incrível o que o Natal nos faz. 

Foi massa. Só faltou o mais importante, registrar aquele momento através de uma foto. Sempre deixo escapar esses momentos, deve ser por não gostar muito de tirá-las.

Obrigado José, que Deus lhe permita viver muito mais experiências e curtir a vida.

Um abraço e até qualquer dia.

- Oh Lord, won't you buy me a Mercedes-Benz.



quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

O Natal, Noel e Sofia*

Depois de alguns anos e de um sonho...

Ela levantou-se bem a tempo, antes de todo mundo.

Saiu de seu quarto pé ante pé, em silêncio. Ainda estava de pijama, muito parecido com aquele que usava no Natal passado, que era cópia escrita daquele sonho. Só não trazia mais seu travesseirinho, afinal ela estava bem crescidinha. Pela janela da sala, viu que ainda estava escuro lá fora.

Desde que ela o descobriu, no Natal, os anos passaram e ela crescera bastante, tinha agora quase cinco anos, sabia exatamente como tudo acontecia naquela época do ano. Dessa vez ela acreditava que conseguiria vê-lo.

Passou lentamente pela porta do corredor e a encostou, não queria acordar ninguém. Não por nada, mas acho que ela é meio atrapalhada. Para quem será que puxou? Com certeza para mim, seu pai.

Lembro-me quando ela era menor, há dois anos, e tentou fazer exatamente o que fazia agora. Só que não sabia de nada, não entendia direito o que era o Natal. Também saiu bem quietinha de seu quarto e atravessou o corredor que vai dar na sala, mas quando foi fechar essa mesma porta que acabara de ultrapassar, prendeu sem querer o rabinho do seu cachorrinho. Foi um escândalo. Não o viu a seguindo de pertinho. Coitadinho, chorou demais e terminou acordando todo mundo. Ainda bem que nada de grave aconteceu.

Ah! Mas no ano passado, foi demais.

Foi a sua primeira tentativa de vê-lo de perto, o Noel. Havia conseguido chegar até a sala e ficou ali, sentadinha ao lado do sofá, ajeitada sobre uma almofada, quietinha e aguardando ele chegar. Sabia que não lhe escaparia naquele ano, estava disposta e encontrá-lo. Ah! Mas a demora de sua chegada, deu-lhe sede e foi até a cozinha tomar um copo d'água. Sabia que tanto eu como sua mãe, não gostávamos que ela pegasse água sozinha, de noite. Hoje ela sabe que tínhamos razão, poderia derrubar o copo e se machucar.

Quando ela estava levando o copo à boca, escutou um barulho na sala. Colocou o copo na mesa e rapidamente saiu correndo para lá. Na sua pressa de flagrar o bom velhinho, pisou no seu ursinho que estava no caminho. Tropeçou e terminou voltando para trás, enroscando na toalha da mesa e jogando toda a água no chão. Quem deixou seu o ursinho ali? Não estava ali quando ela foi pegar a água. Cheguei rapidinho e a ajudei. Não sei como cheguei tão rápido, mas foi providencial. Nada de grave aconteceu.

Agora, olhei para o relógio cuco na parede e era quase meia noite, ela também olhou, já sabia que ele estava para chegar. Abraçou aquele mesmo ursinho que a derrubou no ano anterior, soltou-se de meus braços, se ajeitou encostando a cabecinha no braço do sofá e ficou em silêncio. Não olhava para mim ou para sua mãe, apenas para a árvore. Ficou assim por alguns minutos e aos poucos foi cedendo e deixando o sono chegar. Então dormiu.

Ela acordou com minha voz. Chamei-a bem devagar e baixinho. Abriu os olhos, olhou sorrindo para mim e como se tivesse lembrando-se de algo, olhou assustada em volta por toda a sala e para a árvore de Natal.

- Esperando por ele novamente, filhinha.

Não respondeu, soltou-se de minhas mãos e correu para a árvore. Lá estava seu presente, novamente com um lacinho rosa. Ela dormira e até sonhou, não me viu chegar, beijá-la e colocar seu presente bem no centro da árvore, junto aos demais.

Ela ficou por alguns minutos, ali parada, olhando para a árvore, e então, pegou seu presente e deitou-se debaixo da árvore. Como todos os anos, logo eu e sua mãe fomos nos juntar a ela e ficamos longos minutos vendo o pisca-pisca trabalhando.

- Pai... Ele existe mesmo? O Papai Noel?

- Sim filhinha e por mais que você cresça, ele sempre estará aqui neste dia.

- Eu dormi e não o vi.

- Eu sei querida, mas tenho certeza que ele a viu e beijou seu rostinho. No ano que vem você tenta de novo.

- É. Feliz Natal, papai e mamãe.

- Feliz Natal, meu amorzinho.

 

*Conto premiado no Projeto Aparere “Coletânea de Natal”, da editora Perse em 2020


https://www.facebook.com/LivrosAdemirdeFreitas

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Uma noite de Natal - Parte III

Era um homem alto, negro, com uma mochila nas costas e uma bolsa na mão. Por mais amistoso que Leon tenha sido, ele apenas o cumprimentou movimentando a cabeça.
- Seja bem vindo, estamos organizando uma ceia de Natal.
Serio e desconfiado, segurando firme sua mala, caminhou até nós olhando um a um.
- Só vim trazer o me pediram, mas darei uma apenas.
Colocando a mala no chão e retirou de dentro, uma garrafa entregando ao Leon. Era um champanhe. Leon pegou a garrafa e mostrou a todos.
- Já temos como brindar!
Enquanto todos se ajeitavam, aproximei-me daquele estranho e perguntei seu nome. Medindo-me da cabeça aos pés, esticou a mão em minha direção e respondeu-me:
- Sou Baltazar.
- Desculpe Baltazar, mas quem lhe pediu para trazer aquela garrafa.
- Na verdade não sei. As ganhei de um comerciante, quando o ajudei a descarregar umas mercadorias e quando acordei nesta manhã tinha um bilhete de um amigo que dizia pra eu trazer uma pra cá neste horário.
- E seu amigo onde está?
- Não sei, pensei que o encontraria aqui.
Ele mudou de assunto e perguntou-me quem eram aquelas pessoas. Depois de apresenta-lo, ficamos conversando sobre esse dia e o porquê dele estar andando pelas estradas.
Já era quase meia noite quando Leon nos mandou aproximar da mesa. Estava bonita demais, nunca tinha visto uma mesa igual. Tinha até velas... E UM PERÚ?
De onde surgiu? E parecia estar quentinho... Não apenas eu, mas todos estavam boquiabertos.
Leon pediu a palavra e agradeceu a presença de todos:
- Amigos, obrigado por estarem aqui e colaborado com nossa ceia. Agora que já está dando meia noite, podemos cantar parabéns para o grande aniversariante da noite e motivo de reunirmos. Depois vamos pra casa, quem nos ama, nos espera.
Ele caminhou até Airam e pediu permissão para pegar seu bebê... Bebê? Meu Deus! Era um bebê de verdade. Acho que estou enlouquecendo! Aproximei-me e conferi. Olhei assustado para Leon que sorria. Ele mostrou a todos e puxou a música, enquanto todos o seguiam. Confesso que não consegui soltar uma palavra sequer.
- Feliz Natal a todos vocês meus amigos. Vamos comer.
Todos começaram a servir-se e eu tentei aproximar-me de Leon, que entregava o bebê a sua mãe, dizendo:
- Tome seu filho Maria e volte para sua casa, todos te amam e te esperam...
Parei enquanto Leon se afastava e comecei a pensar... Maria, Airam? Airam era Maria ao contrario... Então Leon... Era Noel?
Olhei o bebê agora inerte, voltara a ser um boneco. Maria sorria feliz, dizendo: Vamos para casa meu filho.
Voltei para a direção em que Leon ou Noel se dirigia e assustei-me... Não nada e ninguém. Cadê todos?
Voltei-me para Airam ou Maria... Sei lá. Ela também não estava mais ali. Eu estava só. Então abri os olhos...
Tudo fora um sonho. Eu ainda estava ali deitado, coberto por uma manta velha, no banco da rodoviária. Mas e aquele gosto da bebida em minha boca?
Não era dia de Natal, era véspera.
Ainda daria tempo para eu voltar para minha casa e ficar com os meus. Deu-me uma vontade enorme, mas não tinha dinheiro...
De repente pensei em colocar a mão em meu bolso e achei dinheiro e um papel. O dinheiro era suficiente para me levar de volta.
Abri rapidamente o papel e li.
"Confia"
Corri ao banheiro para me limpar e comprei a passagem para casa. Iria ver meus filhos novamente e no Natal.
Entrei no ônibus, meio sem jeito pelas roupas amassadas e não tão cheirosas, e quando o ônibus começou a sair da rodoviária, olhei pela janelinha e lá estava ele.
Leon... Agora de barba branca e um tanto gordinho. Acenou-me e pude ouvi-lo gritar:
- Sejas feliz, confie sempre e um Feliz Natal!!!
O ônibus já estava longe do embarque, mas consegui, ainda assim, escutar sua gargalhada...
- Ho, ho, ho...

Feliz Natal, a todos.

CONFIA.


Parte I: http://soufreitas.blogspot.com.br/2013/11/uma-noite-de-natal-parte-i.html

Parte II: http://soufreitas.blogspot.com.br/2013/11/uma-noite-de-natal-parte-ii.html



segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

domingo, 22 de dezembro de 2013

Acha pouco... Então, mais uma.

Obrigado aos amigos, conhecidos e desconhecidos, que curtiram, comentaram e encaminharam e-mail pelo texto: "Não sei quanto a você... Mas eu, acredito". Porém, um crédulo como eu, sempre tem uma pequena história a compartilhar...
Chegava novamente o Natal. 
Aquele ano passara correndo, muito mais que minhas frágeis pernas pudesse acompanhar e novamente lá estava eu, incrédulo, depois de mais um ano difícil. Apesar de ter provas suficientes que não precisava me preocupar, não conseguia e culpava a tudo e a todos por chegar em mais um Natal, em situação difícil, financeiramente.
Hoje, vejo minhas lamúrias de então até com certo humor, mas naqueles dias, cheguei a chorar. Já tinha visto aquele filme e sabia do final, mas relutava que pudesse dar certo novamente. Para mim o que acontecera no passado, estava de lado e fora apenas sorte. Segundo meu superior no trabalho: a sorte ilude e credibiliza aquele que ignora a realidade, mas nem sempre nos favorece. Profundo isso, né?
Bem, lá estava eu novamente me remoendo em como pagar funcionários, contas e passar um fim de ano decente.
Choramingava pelos cantos, sempre escondido da família. Com alguns funcionários mais próximos, até me abri um pouco em busca de sugestões, mas nada consegui.
Arrumei uma boa grana emprestada e foi o suficiente para garantir o pagamento de todos os direitos dos funcionários no final do ano. Mas continuava com as contas nas mãos e sem um centavo para comemorar o Natal com a família. Preciso registrar aqui, a equipe maravilhosa com que trabalhava na época e me desculpar se possível, se naqueles tempos difíceis não pude fazer mais por eles. Obrigado de coração, mas...
Neste ano, trabalharíamos até o dia 24, véspera do Natal, até as 12 horas, para atender alguns clientes especiais. No dia 22, o desânimo já me abatia, mas meu pessoal, continuava firme. Eu, despreparado para administrar na época, achava que era porque o deles já estava garantido. Lamento por mais essa.
Naquela noite de 22 para 23, não dormi. Pensava em muitas desculpas para falar ao proprietário do imóvel, tentando justificar o atraso do aluguel, não achei. Resolvi falar a verdade e pagar o justo pelo atraso, quando conseguisse o dinheiro.
Enquanto meu pessoal, já em ritmo de Natal, preparava-se para sair e atender os clientes, eu chegava na empresa com aquele "bom dia" baixo astral. Na minha mesa, um pequeno bilhete dizia "Ligar para tal pessoa".
Era uma síndica de um condomínio do governo, famoso CDHU. Queria uma visita.
Eu já estivera naquele condomínio umas sete ou oito vezes e nada. Muito enrolado. Queriam um sistema de interfones, mas ninguém decidia nada, então pensei em não ir. Já havia até amassado o papel e jogado no cesto de lixo, quando, não sei porque, lembrei-me daquele já distante Natal que passei.
Peguei-o novamente do lixo e fui para o local.
Na verdade, lá tudo estava como das outras vezes. Uma confusão de moradores e ninguém decidia nada. Já estava fechando minha pasta e dizendo que retornaria no próximo ano, quando a síndica pediu que esperasse e saiu da sala de seu apartamento, onde acontecia a reunião e foi ao seu quarto.
Calmamente, mas frustado pelo tempo perdido, sentei-me novamente em seu sofá, enquanto os demais moradores continuavam a discussão sem fim.
Ela voltou com um saco de mercado na mão e pediu a palavra.
- Sr. Freitas, teremos que deixar isso para o próximo ano, até decidirmos o que fazer. Mas eu e os moradores queremos deixar tudo pago para que, quando decidirmos, o senhor instale rápido, o sistema.
Pago? De novo estava acontecendo... Ela, passou-me o saco se desculpando pelo incômodo e pela bagunça da reunião.
Quando o abri, ali estava todo o valor da compra e instalação do sistema e em notas trocadas. Ela provavelmente arrecadara durante todo aquele tempo, meses que eu achava perdido e sem futuro.
Nem preciso dizer o tamanho do sorriso em meu rosto. Ah! Como Ele consegue me atender, mesmo sendo eu, assim... Tão incrédulo.
Fiz o recibo e sai correndo para empresa. 
Meu pessoal ainda estava na rua, então decidi esperá-los, apesar da ansiedade, para comemorarmos juntos  no final do dia e só então fui pagar meu aluguel. Mandei todos para casa. Encerrava ali o ano de trabalho deles e no dia 24 atendi sozinho aos clientes que nos procuraram. Acho que foi o dia mais feliz do ano. A cada cliente que passei, além de alguns presentes que ganhei, fui parabenizado pelo bom ano de trabalho da minha equipe e até recebi alguns abraços sinceros.
Ah! Meu bom Deus... Obrigado por mais essa oportunidade. Sua paciência e amor não tem limites.
Nunca mais tive um Natal com esses sentimentos negativos e todos os anos comemoro com um bolo, o aniversário mais importante de minha vida. Nada de abusos. Apenas uma comemoração simples, com é claro, os parabéns. Tudo sempre dá certo no final.
Incrível como ele me supre.
Obrigado Abba!*


*Pai.

O tempo está do meu lado



Sou meio devagar para entender o que a minha intuição grita aos meus ouvidos.

Basta eu estar down, para baixo, que ela me envia mensagens...

 

Um dia chegando na casa de um amigo, vi em sua estante um DVD do Rolling Stones, um show em algum estádio pelo mundo, isso, no final dos anos 70.

O show, no geral, era muito bom, mas o que me chamou muito a atenção, foi uma música que eu não conhecia e Mick Jagger arrebentou, "Time is on my side". Infelizmente o DVD era emprestado e não pude copiá-lo, com o passar do tempo, perdi a referência para consegui-lo. Uma pena.

Passado mais alguns anos, assistia um filme com Denzel Washington, “Possuídos”, quando me aparece o vilão cantando a mesma música. Ele insinuava que o mal era eterno e que o tempo estava ao seu lado. Pior que termina o filme com ele levando vantagem sobre o mocinho, Denzel. Parece eterno mesmo. O mal não é novidade e não tem prazo conhecido para acabar.

De volta à música...

Mais alguns anos depois, eu me encontrava angustiado com uma situação familiar. Injuriado e chateado, com o que hoje me parece bobagens, mas que na época eram problemas insolúveis. Sai para dar uma volta. Fui para Santo André, ver meu time jogar, o Ramalhão, e espairecer.

Chegando no terminal rodoviário do Tiete, quem estava ali, me aguardando para cantar. Ele... Mick e de novo com a mesma canção. Parece que esperou eu ficar em frente à loja, para começar a cantar. Novamente parei e escutei, independente das dezenas de pessoas que passavam e esbarravam em mim. Abre parênteses.... Acho que a diretoria do Santo André, deveria me contratar como amuleto, raras vezes que fui ao estádio ver os jogos do time e ele perdeu. Fecha

A primeira coisa que fiz quando retornei para casa, muito feliz com mais uma vitória do "Glorioso", foi baixar a música na internet e buscar sua tradução.

A tradução não diz nada de especial, mas a música é demais. 

Demorou um tempão, mas entendi sua mensagem, (oh, fichinha lenta). Percebi que o tempo está do meu lado, que não preciso me preocupar com nada.

Tudo me serve, me alimenta e me alegra. Experimentar, essa é a questão. 
O tempo nos serve. 
Ele só existe para que saibamos, que estamos aqui para vivê-lo e muito bem. Para aproveitar de tudo que a vida oferece...

Desculpe, mas vou aumentar o volume...

Time, time, time... Is on my side, Yes it is.

 


sábado, 21 de dezembro de 2013

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Esperança

Como saber se o que vejo, 
se o que desejo, é real. 
Se a imagem que busco tocar
realmente existe.
Não é somente ver...
É sentir, vestir, entrar.
Saberia se não mudasse a cada instante,
se deixasse de ser mutante,
fixar-se e ser verdadeiro.
Com certeza não sou o primeiro,
nem serei o último a tentar entender ,
o que pode existir.
Não basta fingir.
pensar que superei, 
enganar-me, que não errei.
Como saber se o tempo
irá transformar tudo.
Não me iludo, não vai acontecer.
Continuarei a ver pela mesma fresta
de uma vida que passa
que nada mais resta.
Que nada mais pesa, é tudo perdido.
Os olhos me iludem, enganam
os ouvidos, só ouvem o que quer
A intuição está fria
e minha alma vazia.
A mente... Mente ao coração
afirmando que está tudo certo
mas, mais perto
está a desilusão.
Só me resta a esperança,
de que você existe.


Sou Freitas

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Mais um dia na praia


Naquele momento, apenas a brisa a tocava... O mar estava distante.

Quando o sol começava a parecer, Dani já estava sentada naquela cadeira de frente para o mar.

Silenciosa aguardava alguma reação do instrumento que segurava firme com as mãos. Sua respiração estava sobre controle, sentia o ar entrar e sair naturalmente, sem esforços.

Ajeitou-se mais uma vez na cadeira.

Desde que chegou ali, mesmo muito ansiosa, estava preparada. Sabia que o dia seria incrível.

Olhou ao longe e fixou seu olhar para a quebra das ondas. 

De onde estava, podia sentir o gosto do sal e do mar. Quando passava a língua entre os lábios, aquele sabor gostoso e atrativo a convidava mais e mais para experimentá-lo. A brisa permitia a ela sentir o cheiro do mar. Não sabia exatamente o que era, mas apenas que era bom.

Às vezes fechava seus olhos para se concentrar no som das ondas, no borbulho das espumas. Pareciam frituras, estralando suavemente. Aquele "chuá" do barulho das ondas era penetrante. Ainda sem abrir os olhos, conseguia sentir como se fizesse parte daquilo tudo.

Ah! Como se extasiava com tudo aquilo.

Levantava a cabeça e calmamente acompanhava as aves em todo seu trajeto no ar. Tombava sua cabeça ao vê-las fazer curvas perfeitas e jogava seu corpo levemente para frente ao vê-las descer num mergulho em busca de alimentos. Repetia todos os seus movimentos com uma delicadeza extrema, como se fosse sua sombra, ainda que sem mover-se da cadeira.

Virou sua cabeça lentamente na direção oposta, de onde vinha um som conhecido. Era um navio que cruzava a paisagem.

Era muito comum naquela hora, eles aparecerem. Mesmo muito distante, conseguia ouvir o som de seus cascos subirem e descerem nas ondas, num choque de ritmo perfeito. Muitas vezes, até um apito, muito baixo para qualquer um perceber, mas ela conseguia ouvir.

Sorriu, mesmo sem mexer os lábios.

Aquele som era muito gostoso de se ouvir. Melhor do que a gritaria dos meninos que já chegavam a praia. Eles traziam pranchas de isopor ou uma bola. Eram ruidosos demais. Seus olhares estranhos e incomodantes, sempre direcionados a ela, anunciavam que já era hora de ir embora.

Bastou mexer-se na cadeira com uma teimosia a mais, que duas mãos a tocaram no ombro e a melhor voz do mundo chegou bem suave aos seus ouvidos:

- Já entendi querida, vamos embora.

Ela recolheu suas mãos caídas sobre onde se apoiava e seu marido girou a cadeira de rodas no sentido contrario ao mar.

Havia mais uma vez agradecido a Deus, por criar todo aquele momento maravilhoso, que pode desfrutar.

Dani, alegre e feliz, encostou sua cabeça nas mãos do marido em reconhecimento daquele amor incondicional.

Eles voltavam para casa, até retornar no dia seguinte.



quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Eu x Banheiros

Não ia escrever sobre o assunto, acho um tanto... Complicado. Mas lá vai...

Não me dou bem com banheiros de outras casas ou locais fora do meu domínio residencial. Sempre acontece algo desagradável. Tinha prometido a mim mesmo não tocar no assunto, mas fui desafiado. As pessoas não acreditam que coisas aconteçam comigo. A cada vez que fecho a porta, desses geralmente pequenos espaços de quatro paredes, o risco é grande. Não me venham com probabilidades, é Murphy. Se existe alguma possibilidade de que acontecer, pode ter certeza que estarei por ali.
Um pequeno bar que frequento e tomo minhas cervejinhas, junto com Maninho, me faz de vítima sempre. Espera chegar minha vez e quando fecho a porta do banheiro, à luz se apaga. Imagine um cara apertado pra caramba, tentando acertar o alvo no escuro. Sou salvo sempre pelo barulho, quando acerto de primeira. Quando volto e pergunto aos colegas, quem usou diz que não teve problemas com a iluminação. Só eu mesmo, e ainda sempre tem um engraçadinho dizendo que molhei o chão.
Alguém já viu vaso de flor num banheiro? Pois bem, eu tropecei em um e quase o quebrei, fazendo um barulhão. Correram bater na porta pra ver se eu estava bem. O duro foi sair do banheiro limpando os pés sujos de terra preta. Como negar algo? Também, onde já se viu ter um vaso dentro do banheiro? 
Ficar trancado já é comum. Uma vez fiz de tudo e não consegui abrir, tive que berrar até um funcionário da loja vir me soltar. Mais um mico. 
E essas maleditas cordinhas de descarga, eu já perdi a conta de quantas arrebentei, e é não é por força exagerada, elas sempre me esperam para romper. É impressionante. Até uma dessas caixas suspensas eu já derrubei.
Ainda bem que só faço o número dois em casa, porque senão ia dar mer...
Na facu já entrei no banheiro errado, no feminino, e por duas vezes. Juro que olhei o homenzinho na porta antes de entrar. Ainda bem que nunca tinha ninguém pra me flagrar.
Mas a minha maior proeza, foi numa casa especial. Não vou entregá-la, não insistam. 
Assim que entrei, já muito apertado, percebi que o trinco não fechava. Pensei... Como vou me aliviar com a porta aberta, alguém poderia entrar. 
A primeira opção foi a de segurar a porta com um pé. Não deu certo, o vaso ficava longe demais. Procurei algo pra travá-la. Nada,
A necessidade me apertava cada vez mais e não tive escolha, pensei em fazer rapidinho e de olho na porta, se alguém tentasse entrar eu travaria o serviço e empurraria a porta. Não dava mais tempo, lá fui eu.
Um olho no vaso e outro na porta.
Foi só começar e tentaram entrar. Era a vovózinha da casa. Rapidamente empurrei a porta e disse:
- Tem gente vó.
- Gente? Sou eu quero entrar, Tô apertada.
- Eu também vó, só um minuto.
Foi largar a porta para terminar o serviço e a vó empurrou tentando entrar novamente.
- Vó espera um pouco já tô terminando.
- Sai logo meu filho, vou fazer nas calças.
- Eu já tô fazendo vó.
- Vai logo que eu não vou aguentar mais meu filho.
Sem chances. Parei por ali mesmo. A bexiga implorando pra ser esvaziada e a vó berrando pra entrar. Decidi tentar de novo e novamente ela empurrou a porta tentando entrar.
- Só um minuto vó, já tô terminando. 
Tá certo. Menti pra velhinha, nem havia começado, mas estava por um triz. A vó tentou de novo. Não tinha jeito eu tinha que sair e deixá-le entrar. Seja o que Deus quiser. Ajeitei-me e saí.
Para minha surpresa, não era só a vozinha que estava ali do outro lado da porta, tinha pelo menos três velhinhas. Ferrou.
Sai na velocidade para frente da casa, procurando algum lugar para me aliviar e a rua estava lotada de gente. Que desespero. Mal conseguia andar. Então vi um comércio na esquina da quadra. Com um sacrifício muito grande, me apertando ao máximo fui em sua direção.
Chegando lá, só perguntei pelo banheiro e corri na direção que o balconista mostrou. Enfim me aliviaria.
- Não acredito a porta está trancada! Balconista, por favor, a chave. Rápido.
Ele levou séculos para dar a volta no balcão e me entregá-la. Todo tremulo e nervoso, não acertava a fechadura e ele me socorreu, mais uma vez. Entrei e bati a porta. Cadê o interruptor da lâmpada? Deixa pra lá. Aaaaaaaaaaaaaaaaah... Enfim.
Eu sai mais corado e leve daquele bar. Voltei pra casa do colega. 
Quando cheguei todos me procuravam preocupados e expliquei o que aconteceu e descobri que havia outro banheiro no mesmo corredor, próximo daquele. O problema é que a vó só usava aquele.

Ah! Saudades lá de casa.


domingo, 15 de dezembro de 2013

Não precisa ter medo.

Há muito e muitos anos atrás, me deparei com algo que me fez refletir... O homem sem medo.

Na época era um jovem ativo, questionador e chegou as minhas mãos um livro de histórias em quadrinhos, um gibi. Não me lembro como o consegui. Relevem, faz quase quarenta anos...
Seu nome era Matt Murdock, também conhecido como Demolidor. Calma, já vou relacionar...
Ele foi o primeiro homem sem medo que conheci e gostei muito. Um deficiente visual, que acabava com os bandidos. Mas o que realmente me fez comprar muitos gibis desse personagem de Stan Lee, foi esse herói não ter medo de nada. 
O que fez ele para se tornar assim, o homem sem medo, foi o difícil convívio com sua deficiência e o assassinato de seu pai. Mando do Rei do Crime.
Quando comecei a ler suas histórias, entendi que poderia ser igual, não ter medo. Tínhamos algo em comum, então poderia me tornar também um homem sem medo. Devorei suas histórias. Mal a revista chegava as bancas e lá estava eu a comprando.
Deixei de lado, traumas, vergonhas, constrangimentos e parti pra luta. Não pensem que vesti uma máscara e sai por aí dando porrada a torto e direito. Ao contrário. Tirei minha máscara de coitado e aceitei todo e qualquer desafio que vinha pela frente. Acredito que até me dei bem. Mas continuava com medo. 
Não conseguia ser Matt Murdock.
Lutava contra preconceitos, cuidados extremos e até impossibilidades físicas. Como no caso do meu adorado voleibol. Mas não vencia o medo.
Não sei ao certo como aconteceu. Talvez sejam meus vários anos ligados e dedicados a igreja católica, somados com as dificuldades que a vida insistia em colocar no meu caminho. Um exemplo que sempre conto aos colegas, foi meu primeiro emprego fichado, foi quase assim:
Meu Mano véio trabalhava em uma metalúrgica e eu acabara de sair de uma cirurgia, quando surgiu uma vaga no almoxarifado. Ele me avisou e conversou com o chefe dele, que mandou-me ir para uma entrevista. Era uma época complicada, ninguém aceitava um funcionário que usasse bengala (estava em recuperação da cirurgia). Então fui de bengala até perto da empresa, a escondi num terreno baldio, que tinha ao lado da empresa e Mano véio ajudou-me a entrar na empresa. Como entrei atrás dele, ninguém percebeu o quanto eu mancava. Consegui a vaga. Depois dei um jeito e terminei ficando.
Voltemos ao Demolidor e ao medo.
Apesar de te-lo enfrentado por diversas vezes, o medo, ele era um fantasma que sempre me rodeava, então o venci. Como?
Encontrei-me com Ele. Verdade... Já escrevi aqui meu lema de vida, (Olhai os lírios do campo...) e foi através Dele, que comecei realmente a viver sem medo.
Foi incrível. Não percebi quando se deu, mas de repente percebi que não precisava mais me preocupar com nada, absolutamente nada. Ele sempre coloca as coisas no meu caminho. Preciso de uma coisa e ela acontece.
Como consegui? Eu apenas o aceitei e deixei minha vida em suas mãos.
Por quantas coisas lutei, dediquei, sacrifiquei e esforcei-me ao máximo e não consegui nada. Agora sem maiores esforços, elas acontecem. Basta que eu precise e melhor ainda, nem preciso pedir.
Esse é o maior inimigo do homem, o medo.
Perdi meu medo de qualquer coisa. Corajoso, valente... Não. Ainda sou um borra-botas, mas sem medo da vida.
Não me preocupo com nada que seja físico, nenhuma necessidade material, só em experimentar a vida e aceitar tudo que Ele me oferece nela.
Hoje sou um homem sem medo.

Ele me basta. Quem é Ele... Pra quem ainda não sabe... É Deus.


quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

# 201 - Lobão

Pensamento Vivo - 201


A cidade enlouquece em sonhos tortos
Na verdade nada é o que parece ser
As pessoas enlouquecem calmamente
Viciosamente, sem prazer...


Lobão

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Roubos e roubadas


Cuidado! Se der mole eles levam mesmo.

Já vi roubarem de tudo... 
Tem coisas que não dá pra acreditar, mas sempre tem alguém pra superar e fazer "diferente". Roubar a lua como na animação, "Meu malvado favorito", já não duvido que um dia possa acontecer.
Há muitos anos atrás soube do roubo do cérebro de Albert Einstein, fiquei de boca aberta. Quem roubaria o cérebro do gênio? Até acreditava que o cérebro havia sido enterrado com o corpo e jamais que fosse separado deste. Mas, com a desculpa de analisar aquele cérebro incrível, o patologista que realizou a autópsia, roubou o cérebro e levou para sua casa. Anos depois, seus descendentes queria devolver o que sobrou de cérebro do gênio para a família, que se recusou a receber. Pode isso?
Já na Rússia, um cara até tentou roubar, mas entrou bem. Foi tentar roubar uma cabeleireira e se de mal. Ela o dominou e o manteve três dias algemado e sendo obrigado a satisfazê-la sexualmente. Resultado: Os dois foram presos. Ele pela tentativa de roubo e ela por estrupo... Vai vendo.
Arrastão em praias, bares, restaurantes, condomínios entre outros, já não é mais novidade. Quando menos se espera acontece.
Estava eu sentado na mureta da escola, isso é claro  há anos e anos atrás, namorando quando chegaram dois homens, na verdade um era da minha idade e o outro bem mais velho.
- Não façam nada, é um assalto. Mê deem a grana!
- Calma cara, só tenho uns trocados.
- Passe o relógio vocês dois.
Eu estava com o meu adiantamento no bolso. Tinha acabado de receber, quando minha namorada me ligou marcando o encontro em frente à escola dela. Não dava tempo de passar em casa, então, fui direto. Mesmo assim puxei apenas uma nota do bolso e saiu uma nota de cinco. Não sei quanto ela poderia valer hoje, mas naquela época, era uma grana boa demais pra jogar na mão dos assaltantes, mas fazer oque?
Pegaram a grana, nossos relógios e foram andando, enquanto fazia sinal de silêncio para nós.
Estava falando para minha namorada da grana do adiantamento, quando eles pararam ao longe, apontaram para nós e começaram a voltar. Ficamos paralisados. O que fariam agora? Não deu nem tempo para fugirmos.
Rapidamente tirei o restante da grana e joguei num furo do bloco onde estávamos sentados. Assim que chegou perto o mais velho apontou o dedo pra mim e disse:
- Rapaz, fica de pé. Deixa-me ver uma coisa...
Pensei, ferrou. Tô morto... Ele olhou-me dos pés a cabeça, sacou os relógios do bolso, a grana e me devolveu.
- Desculpe a gente só tá roubando porque precisamos muito mesmo. Desculpa.
Mesmo sem entender nada, os chamei quando já tinham virado as costas e caminhado alguns passos. Eles pararam se olharam e voltaram. Minha namorada perguntava-me baixinho se eu estava louco. Então chegaram bem perto, olhando para os lados, sem entenderem nada e perguntaram:
- Que foi cara, já não te devolvi tudo? O que você quer?
- Caras, se vocês estão precisando dê grana mesmo, pegue essa que me devolveu. Não seria um roubo, eu estou te dando.
Eles olharam espantados e o mais novo pegou o dinheiro da minha mão e começaram a se afastar, enquanto eu perguntava:
- Por que me devolveram tudo?
- Não sabíamos que você era assim...
Aceleraram e sumiram na esquina da quadra. Levou algum tempo pra entender o que queriam dizer com aquilo. Nem todo mundo é tão ruim assim e tem situações que ultrapassam nossa capacidade de reagir.
Espero que eles não tenham roubado mais, apesar de achar difícil que isso não ter acontecido.
O porquê de me devolverem a grana?
Ah! Com certeza vocês não me conhecem...