terça-feira, 30 de setembro de 2014

Irmãos unidos... Quer dizer, mais ou menos.

A guerra estava instituída. Não tinha mais jeito, desta batalha só sairia um com vida.
Aquela semana prometia. Começaram trocando tapas na cabeça, bem distante dos olhos da mãe. É claro que ela os chamou atenção, mas também é certo que ninguém ouviu. Afastaram-se fitando um ao outro, com caras de pouco amigos.
No outro dia mais um desencontro, agora na frente do pai. Foi descuidar um pouco e lá estavam os dois trocando ameaças. O pai chegou junto, pensando estar no controle, mas que nada. Um prometia pegar o no fim de semana.
No terceiro e quarto dia não foi diferente, apesar dos pais chamarem a atenção, prometer uns beliscões ou ainda ameaçar de não deixá-los sair no sábado. Cegos e surdos às ameaças dos pais, os dois irmãos continuavam a prometer coisas feias e mais brigas para o fim de semana.
Na sexta-feira, já quase insuportável o clima de guerra entre os dois, a mãe os chamou e colocou um a frente do outro. Deu conselhos, pediu com carinho e por final, dando se por vencida, prometeu acertar as coisas quando o pai chegasse do trabalho. Deram sorte, justamente naquele dia o pai se atrasou e quando ele chegou os dois já estavam na cama.
O sábado amanheceu com um brilho diferente, seria um grande dia.
O primeiro menino acordou, esfregou os olhos e saiu para o banheiro. Como fez bastante barulho, terminou acordando o outro, que já resmungou.
- Palhaço. De você não passa.
Este segundo vendo que o irmão estava no banheiro, foi para a cozinha verificar que delicioso cheiro era aquele que invadia a casa toda.
Quando o primeiro saiu do banheiro e chegou na cozinha, a troca de olhar entre eles foi percebido pela mãe.
- Pelo amor de Deus, meninos. Logo cedo.
A porta que dava para o quintal se abriu e apareceu o pai, com aquele velho chapéu cinza na cabeça e o já conhecido colete azul. Os meninos se olharam e no mesmo momento gritaram:
- Pescaria!
Saíram correndo a abraçaram o pai e de mãos dadas foram em disparadas, dando gargalhadas para a garagem.
Da cozinha pai e mãe, tomavam café e escutavam os meninos preparando seus materiais de pesca.
- Como eles se dão bem, não é querida?
- Hum, hum...
Isso sempre funcionava para trazer a harmonia para aquela casa.

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Regras, ordens... Tô fora.

Regras e ordens, geralmente é uma chatice seguir, principalmente quando se é muito jovem e temos um mundo novo, inteirinha, para descobrir.
Qual moleque não pensou algumas vezes em fugir de casa? De largar tudo, pegar uma trouxa de roupa e deixar tudo para trás? Não fugi disso e chegara minha vez.
Não aguentava mais, eram ordens da mãe, do pai e ainda por cima do irmão mais velho. Nessa idade todo mundo manda em você e quando você vira para dar sequência a todas aquelas ordens, percebe que é o último da fila, que não há mais ninguém a quem repassar... Que saco viu.
Então naquela tarde de quinta-feira, estava tudo decidido, e iria embora dali. Principalmente depois que meu irmão mais velho disse que eu não poderia mais pegar seus discos para ouvir. Caramba! Eu não trabalhava e não tinha dinheiro para comprar os discos que gostava. Como ouviria música então? Ele não tinha lá um grande gosto musical, mas às vezes acertava e comprava algo legal. Essa foi a gota d'água.
Não aguentava mais ordens e regras. Não pode isso sem falar comigo! Faça aquilo outra vez! Não deve pegar essa coisa! Terminou o que tinha de fazer? Aonde pensa que vai? Vai tomar banho! Já lavou as mãos?
Vejam só quanta coisa eu me defrontava naqueles dias. Eu estava ficando doido, não queria aquilo pra mim. Chega de regras e ordens. Vou cuidar da minha vida. Só esperaria meu pai chegar do trabalho e diria a todos que eu estava indo embora.
Peguei uma mochila velha e estava colocando minhas meias nela, quando o meu irmão chegou e a tomou de mim.
- Tire as mãos da minha mochila.
Fui então até o armário, peguei uma sacola e voltei para meu quarto. Mal havia ajeitado meus gibis dentro da sacola e apareceu minha mãe. Menino, o que faz com a minha sacola de fazer feira? Tira essas revistinhas dai e me de essa sacola.
Mas eu era um garoto decidido e batendo o pé sai até o fundo do quintal, nada me impediria de sair daquela casa. Peguei uma das caixas de papelão que estava jogada em cima de um armário velho. Ele serviria para colocar as minhas coisas, que eram muito poucas por sinal. Mas mal me virei e lá estava meu pai com as mãos na cintura, olhando para mim.
- Vai largando minha caixa de ferramentas. Você sabe que é ai que as guardo depois de usá-las.
Era o fim do mundo!
Soltei aquela “maledita” caixa de papelão no chão e já ia saindo quando meu pai pegou-me pelo braço.
- Essa caixa não estava ali no chão. Estava?
Raios! Como pode alguém fugir assim com tantas regras e ordens?
Voltei pra sala e liguei a TV, teria que deixar pra outro dia.
- Quem mandou ligar a TV, seu cabeçudo? Eu quero ver o Rin Tin Tin e já vai começar.
Meu Deus!
Regras, ordens, ordens, regras...
Como é duro ser o filho mais novo.
Alguém me ajude, por favor!


sábado, 27 de setembro de 2014

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Venhaaaaaaaaaaaaaa!

Eu queria dizer...
Ele sempre foi um menino diferenciado.
Perdi a conta de quantas ele aprontou, ainda bem. Diz um ditado que moleque levado tem saúde. Verdade.
Às vezes tiro um tempinho pra matar saudades e vejo fotos antigas de meus filhotes, ainda muito pequenos. Quando vejo suas imagens em fotos antigas, me pego sorrindo e sentindo um gostinho de saudade. Tem uma em que ele está trepado em um velho limoeiro. Está todo torto, segurando em galhos equilibrando-se com apenas uma perna, a outra balançava solta. O que mais chamava atenção era sua carinha de arteiro.
Outra vejo apenas sua cabecinha parecendo parcialmente em meio a uma piscina de bolinhas coloridas. Centenas de bolinhas coloridas espalhadas e lá no meio, muito disfaçada, surge a mesma carinha sorridente do limoeiro. Parecia aquele teste: Onde está Wolly?
Ah! tem uma que adoro e que já citei em algum texto anterior, a do baldinho azul na cabeça. Essa é realmente especial. Está abraçado com a irmã, sentado na entreada da cozinha. Apesar da carinha mais séria, consigo apenas ver um sorriso oculto, disfarçado, pronto pra estourar.
Ainda tem ele deitado no chão com braços e pernas abertas, parecendo uma estrela. Sobre um muro, escada  ou algo mais que pudesse subir, sempre com aquele sorrisinho maravilhoso.
Uma imagem que levarei para sempre comigo é a dele surgindo na sala. Enquanto víamos o jornal noturno, vestido com uma calça coladíssima, sem camisa e com a vassoura na mão. Sua imaginação ultrapassou qualquer limite ou expectativa que eu poderia ter. De repente surgindo do nada, ali estava ele, imitando Freddie Mercury, do Queen, cantando I want to break free. Simplesmente hilário. Muito bom.
Gostava muito de vê-lo dançando "pisai" na sala, ele o fazia muito bem, brincando e até brigando com seus irmãos.
Com o passar das fotos ou imagens projetadas no cérebro, vindas de uma lembrança que há muito ficou pra trás, sinto uma lágrima rolar em meu rosto. Como aquele sorriso maroto, registrado por uma câmera ou pela memória, mexe comigo.
Hoje ele está grande, um homem. Ainda meio descabeçado ou pouco se importando com a responsabilidade do crescer. Ainda o pego soltando pipas ou aprontando uma, mas já não é o meu menininho. A distância dele me corta fundo. Mas é assim que as coisas são...
Por onde ele anda?
Ah! Está por ai, sempre sorridente e alegre, ás vezes um tanto implicante com seus manos, mas muito carinhoso.
Venha logo me ver filhote. Estou morto de saudades.
Pronto falei.

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Voando pela janela.



Teria apenas 15 minutos para fazer a prova, senão, entraria bem.
Primeiro porque se não o fizesse neste tempo, perderia o ônibus de volta para casa. Consequência: Dormiria na rodoviária. Segundo, porque precisava de uma nota boa para ficar mais tranquilo na disciplina.
Tirei a tarde de domingo para preparar um resumo da disciplina, assim, teria mais facilidade de estudar para aquela prova. Para ser sincero, a coisa já começou errada. Eita disciplina mal ensinada. O professor, era tão confuso que para explicar a globalização, ele contou a história de um caminhão que tombou antes de atravessar uma fronteira internacional. Espero que você tenha entendido a lógica dele, porque eu nunca saberia te explicar. Coisa de doido mesmo.
A noite começava a chegar encerrando o domingo, quando terminei. Li e reli. Dei-me por satisfeito. Acreditei que sairia bem na prova, então fui me banhar e dormir. Precisaria estar muito bem no outro dia, para chegar e arrebentar na prova... ou pelo menos atingir a média pedida. Também resolvia.
Logo que cheguei à empresa, pela manhã, imprimi a página de estudo e relaxei.
Comentei com os colegas de trabalho a importância da prova e, que teria que me sair muito bem, por isso me preparara no domingo inteiro e estudaria no ônibus, na volta da sede da empresa até a faculdade.
Acho que estava demonstrando certa apreensão, pois no almoço, alguns colegas diziam para eu relaxar, que tudo daria certo.
Volta e meia, quando precisava ir ao banheiro, passava a mão no estudo e aproveitava para ler. O banheiro é o melhor lugar do mundo para ler. Assim foi meu dia.
Da empresa até a cidade em que eu faria a prova, levaríamos pelo menos uma hora e quarenta minutos. Tempo suficiente para ler, reler e me preparar. Como sempre sento no primeiro banco, logo atrás do motorista, relaxei e me preparei para a viagem, ouvindo um bom rock pelo celular.
Quando entramos na rodovia que levava até a outra cidade, como já não haveria a trepidação costumeira dos bairros, abri bem a janela ao meu lado, respirei fundo e peguei minha folha de estudo. Assim que a tirei, coloquei-a no colo enquanto fechava a mochila. Assim que voltei à posição confortável, peguei a folha do estudo e..
Uma rajada de vento, vindo da janela oposta ao meu banco, levou minha folha de estudo para fora do ônibus. Fiquei por alguns segundos olhando entre as minhas mãos vazias e a janela do colega ao lado, sem entender o que aconteceu. Só então olhei para fora da janela e vi meu estudo voando solto pela rodovia, ficando a centenas de metros longe de mim.
Sentei recostando na poltrona, calado e sem reação e olhei para o lado. O colega se contorcia de rir e disse-me:
- Como você consegue fazer essas coisas?
Bem, na verdade ele tem certa razão, acontecem algumas coisas comigo que não consigo explicar. Quanto a prova.... Bem, não tinha mais jeito para estudar. Como conseguir ler algumas vezes no banheiro, torci para que desse certo, que caísse o que eu consegui guardar. Na pior das hipóteses teria pelo menos, uns quinze minutos para rever a matéria na própria faculdade. A prova seria na segunda parte, depois da vídeoaula.
Quando não está para dar certo.... Não dá mesmo. O projetor da sala não funcionou e então anteciparam a prova. Por um lado, era bom, não perderia mais o ônibus. Estaria livre de dormir na rodoviária. Quanto a prova... Seja o que Deus quiser.
E Ele quis, consegui fazer a prova rapidamente e até com uma surpreendente facilidade e até passei umas colinhas para os colegas. Bem o resultado foi dentro do esperado. Nota limite. Dei-me bem. Agora, os colegas para quem passei a cola.... Bem, só os verei na próxima semana, até lá estou a salvo.

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

# 232 - Deus

Pensamento Vivo - 233

 
"...Não tente "se fazer" feliz.
Simplismente decida "ser" feliz e tudo que você fizer decorrerá disso. Nascerá disso. Lembre-se sempre que o que você está sendo gera o que você está fazendo."
 
Deus

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Mais um adeus.

Sei que chegará uma hora que será a minha vez de partir. Tô de boa.
Não temo por minha morte, pois sei que é certo que virá e quem determina esse exato momento, não sou eu. Acho que por pensar assim não a temo. É claro que isso somado a minha crença em Deus.
Acabei de perder um colega de trabalho e como sempre num momento desses paro pra pensar em muitas coisas. Não é lamento ou só para encher a cabeça Divina com "Por quês?". É apenas para validar se estou dando valor e atenção para as coisas que são mais importantes em minha vida.
Infelizmente a morte do colega já era aguardada, sabíamos que não resistiria muito mais. Uma pena.
Como esse colega, perdi outros com o passar dos anos e a cada um que se despedia, eu entrava nessas reflexões.
A minha opção de alguns anos pra cá, foi a da qualidade de vida. Não me deixo mais ser consumido por problemas de qualquer natureza e procuro fazer as coisas que gosto, sempre cercado das pessoas que são importantes pra mim, o demais, eu vou levando numa tocada mais leve e tranquila.
Tem uma música do IRA!, Vida Passageira, incrível. Ela define bem esse sentimento de perda de um amigo e seu refrão diz bem claramente o que sinto. É assim:
Quando seus amigos
Te surpreendem
Deixando a vida de repente
E não se quer acreditar...
Mas essa vida é passageira
Chorar eu sei que é besteira
Mas meu amigo!
Não dá prá segurar...
Esse pedacinho da música, na verdade seu refrão, sempre me faz lembrar de:  José Carlos, meu amigo Mel, Alcides, minha querida velhinha Célia, meu pai Joaquim, vovó Zequinha, entre outros... Sinto sempre um gostinho de saudade. Nada de baixo astral, apenas saudades, tanto que sempre me pego sorrindo. Esses citados e mais alguns, também fazem parte de minhas orações, quando as faço, porém sou meio negligente quanto a isso. Procuro sempre falar com Ele de forma direta e bem clara, apenas para que Ele saiba por minhas próprias palavras.
Sei que nem é preciso, mas vou aproveitar esse texto pra isso: "Olhe por mim, mais esse amigo que chega. Ampare, oriente e cuide. Mande aos amigos e familiares que aqui ficaram paz, coragem e força, para que possam prosseguir nessa estrada. Obrigado"
"Todo caminho é suave, largo e plano, desde que se queira seguir assim, e Ele sempre estará lá para nos encontrar"
Siga em paz.

terça-feira, 16 de setembro de 2014

Que show... Um espetáculo!

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Seria o fim dos tempos?
No jornal da manhã disseram que aquele lindo sábado seguiria assim, lindo, calmo e tranquilo.
De repente então começou a mudar o tempo e começa uma forte ventania. O céu começa a escurecer e trocar o lindo azul claro, primeiro por uma cor cinza claro, depois o cinza foi escurecendo e ficou muito próximo ao preto.
Sai para o quintal e pude ouvir os vizinhos falando da aproximação de uma tempestade. Na rua, vi pelas frestas do portão muitas pessoas correndo para abrigarem-se.
Meu pequeno cãozinho também parecia assustado. Apesar de acompanhar meus passos pelo quintal, parecia estar procurando esconder-se atrás de mim.
Olhei para o céu cinza e não vi pássaro algum voando. Acho que já estavam distante, rumando no sentido contrario das nuvens cinza. Procurei algum indício que aquilo fosse passageiro, mas parecia que a tempestade chegaria a qualquer minuto.
Olhei nos varais e tudo estava recolhido.
Era o início da tarde de sábado, dia este, que prometia ser tranquilo e realmente assim o foi, até aquele momento.
Tranquilamente voltei para dentro de minha casa, sempre acompanhado pelo meu fiel companheiro. Enquanto meu cachorrinho, muito novinho, com apenas de dois a três meses, se ajeitava em sua caixinha de papelão, peguei uma cadeira plástica, uma lata de suco e fui para a área de serviço, ao lado do cãozinho e, sentei-me para ver a chegada da tempestade.
Primeiro veio àquela ventania, levantando muito pó e restos de papéis jogados na rua e que agora insistiam em entrar no meu quintal. Os rodamoinhos,  arrastava os papéis para bem alto e depois os largava para que caíssem flutuando. Abri a latinha de suco enquanto observava e apreciava o silêncio que ocupava o momento.
Depois começou a trovejar e relampejar. Raios começaram a aparecer. Pareciam riscados a mão, surgiam entre as nuvens e travessavam o céu num brilho de incomodar. Sorri admirado. Parecia que alguém lá de cima estava utilizando um flash, para nos flagrar correndo desesperados de um lado para outro.
Tomei um bom gole do suco e acariciei meu pequeno acompanhante canino.
Então o cheiro de terra molhada chegou e com ele trouxe a própria chuva. Forte e barulhenta.
Vi seus pingos tentando perfurar o chão e penetrar na terra, então se espalhavam. O cheiro que ela provocava era muito agradável. Uma mistura de terra e mato.
Como o vento ainda estava por ali começou a cair uns pingos da chuva em meus pés que estavam repousados sobre a mureta da varanda. Não recolhi, ao contrário, estiquei as pernas para que eles ficassem mais expostos e recebesse os pingos refrescantes e intensos.
Peguei meu companheiro no colo e enquanto acariciava suas orelhas, vi a chuva ir diminuindo sua intensidade aos poucos até ficar como uma garoa. As terríveis nuvens negras desapareceram. Elas se dissolveram e deram lugar a um céu cinza bem clarinho.
O vento também se foi de repente, assim como chegou. Ficou no ar ainda, o cheiro gostoso da chuva.
Do local privilegiado em que eu estava, pude ver depois de tudo que aconteceu aparecer um pequeno raio de sol e com ele, um pedacinho do azul no céu. Aquele mesmo azul, que encobria tudo antes da tempestade.
Tempestade?
Que nada, foi mais um espetáculo de Deus.
Levantai-me, coloquei o animalzinho no chão e aplaudi.
Ele é incrível. Que show.


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segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Nem todo dia é igual - Maria do Relento

Eu quis publicar essa letra aqui, para lhe fazer justiça. 
Bandas de rock quando fazem baladas ou musicas românticas, geralmente acertam. É fato.
Essa canção não é apenas uma música qualquer, soa também com um lindo poema. Eu não canso de escutá-la. Por que?
Eis o poema (sua letra) e procure ouvi-la, veja se não tenho razão.


Nem Todo Dia É Igual

Maria do Relento



Já faz muito tempo que eu ando por ai, procurando algo novo
Nadando sem bermuda lá em cabeçudas, sem ninguém pra me incomodar
O que me interessa nessa vida é não ter pressa e uma rede pra balançar
Não quero mais sair daqui, nem pense em me chamar
Bm d bm d e
E tudo pode mudar num segundo, eu quero ter todo tempo do mundo
Eu quero ir e voltar, deixar o vento levar
Eu vou aonde ela está me esperando
Nem todo dia é igual, nem sempre eu durmo só,
Mas vou aonde ela está me esperando
Todas as mentiras que eu disse por ai, você não acredita mais
Falei que fui em roma, conheço o maradona e fui capa de jornais
O que me interessa nessa vida é não ter pressa, marcha lenta,devagar
É complicado é natural, nem tente entender
E tudo pode mudar num segundo... eu quero ter todo tempo do mundo
Eu quero ir e voltar, deixar o vento levar
Eu vou aonde ela está me esperando
Nem todo dia é igual, nem sempre eu durmo só,
Mas vou aonde ela está me esperando

domingo, 14 de setembro de 2014

sábado, 13 de setembro de 2014

Afinal, quem é que não enxerga?

Essas minhas andanças de ônibus de um lado para outro, me permite conhecer pessoas incríveis.
Encantei-me com algumas dessas pessoas como o colega da rodoviária, o colega da Janis e outros. Dessa vez foi o Zé. é claro que seu nome não é este, mas vou chamá-lo assim.
Eu já o havia percebido de outras voltas da Faculdade, mas nunca me aproximei. Ele estava vestido esportivamente e sempre alguém estava com ele auxiliando a locomover-se pelas rodoviárias.
Como eu, Zé também pega um ônibus toda segunda-feira na rodoviária de São José dos Campos e vai até a rodoviária de Caçapava, dali, enquanto eu sigo para o meu bairro, ele ainda vai até outra cidade, Taubaté.
Nesta última segunda ele desceu em Caçapava e ficou encostado num canto, esperando alguém, imaginei eu. Foi chegando e saindo ônibus, então percebi de repente que restavamos apenas eu e ele no silêncio da rodoviária.
Teria ele perdido o ônibus? Até então, eu não sabia qual seria seu rumo e resolvi me aproximar.
Puxei conversa e me dispus a aguardar até que chegasse o ônibus. O meu ou o dele, afinal o próximo seria o último ônibus para meu bairro e não daria para perdê-lo. Dormir nesta rodoviária, nem pensar.
Fiquei sabendo que Zé era um atleta ou paratleta, pois era deficiente visual.
Falou-me de sua vida de atleta. Treinava três vezes por semana em São José dos Campos, tomando quatro ônibus para ir e mais quatro para voltar. tendo para isso uma ajuda de custo de R$ 400,00. Ganhava cem a mais até um tempo atrás, em Taubaté, mas  dispensaram esse custo e o colega ganhou esses transtornos, viagem mais longa e ganho menor.
Zé é boa praça. Divertido e feliz, adora falar de suas aventuras como paratleta, mas quando questionei o tipo de tratamento que é dispensado a pessoa com deficiência, a coisa ficou séria. E com razão.
Gastamos milhões com uma Copa do Mundo e nem nos esforçamos em vencer a Copa da dignidade. Se gasta milhões com campanhas políticas e  damos R$ 400,00 para um representante que poderá até chegar as Paralimpíadas. Representante que poderá mostrar ao mundo o maior exemplo de superação, esforço e humildade. Só assim então poderá ser bajulado por emissoras, entrevistados por jornalistas e comentaristas de "renome".
Neste momento todos falam em orgulho nacional, mas se esquecem da vergonha nacional das condições de preparação oferecida a esses incríveis paratletas.
Como meu amigo Zé, sei que muitos outros estão ralando com o sonho de chegar em 2016 e estar entre os relacionados para competir. Sei também o quanto familiares e amigos se esforçaram e esforçarão para ajudá-los a chegarem lá.
O que mais me deixa triste, é saber que políticos e governos, entre outros, não estão dando a mínima atenção para eles agora, para ajudar a prepará-los, mas sei  que estarão presentes, abraçados a esses mesmos atletas, sorrindo para as fotos, quando de suas conquistas.
O meu amigo Zé, alertou-me sobre tudo isso e devo confessar que ele está coberto de razão. Tudo acontecerá assim...
E eu que achava que era ele quem não enxergava.

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Com a minha filha, não!

 

É duro ser pai de meninas.

Amo de paixão. Quero estar sempre perto por necessidade e zelo pelas minhas meninas.

Coruja eu? Bota coruja nisso... hehehe

Quando cheguei na minha casa, naquela sexta-feira e, minha “princepesa”, chamo assim a mais velha, disse-me que ia passar o fim de semana em Parati, com o namorado. A casa caiu.

- O que? Com o Osório???

- Não é Osório pai.

- Não importa. Acho melhor não.

- Pai, pare de drama. A família dele vai também. Vamos passar só três dias na praia.

- Nada feito. Você é muito nova para sair assim.

- Pai. Eu tenho 19 anos.

- 19? Já? Não acho uma boa.

- A mãe disse que tudo bem.

Pronto. Isso é um golpe sujo. Primeiro apela para o comparativo com a mãe. Segundo, toda mãe deixa a filha sair assim, muito nova.

- Onde você vai dormir lá?

- Acho que vai ter lugar para todo mundo, né pai.

- Acho, acho.... Sei, não.

- Pai! Por favor.

E foi assim, apelando mais uma vez, que ela conseguiu minha permissão. Mas confesso que foi um final de semana complicado para mim. Só de pensar na minha menininha, na praia, com aquele... Aquele... Ela lindinha, andando pela areia de biquini... BIQUINI! Ai meu Deus!!!

No sábado pela manhã, já com algumas olheiras, sentei para o café com meu velhinho e ele me perguntou:

- Parece cansado, está tudo bem?

- Mais ou menos pai. - Na verdade, não é meu pai, é sogro. Mas o chamo assim pela enorme consideração.

- Coitada da netinha, foi para a praia e ouvi agora cedo na TV, que lá está chovendo muito.

Sabe aquela imagem da filhota, andando na praia? Foi como acontece nos desenhos, de repente fez: Puft e sumiu... Hehehe. Com chuva não sairiam de casa e estariam com toda a família do Olegário por perto.

- Está vendo, eu disse para ela não ir. Que ela e o Osvaldo, não iam aproveitar nada. – Disse isso, enquanto ao mesmo tempo, mantinha um sorriso discreto no canto da boca e levava a xícara de café até meus lábios.

Então, ouvi a voz da caçula vindo lá da sala.

- Não é Osvaldo, pai. E você acha que vão ficar lá quietinhos? Sabe de nada, inocente.

No mesmo momento que engasguei com o café, levantei-me e sai em direção a sala, arrastando a mesa, derrubando tudo e deixando o velhinho perplexo.

A filhota caçula? Falou e sumiu dali.

Inocente.... Será?

- Cadê meu celular!

Sei, não. Vai vendo.

- Kiinhaaaa! Volta aqui menina e me explica isso.

Filhas...

 



quinta-feira, 11 de setembro de 2014

# 230 - Maria Julia Paes de Silva

Pensamento Vivo - 230
 
 
"O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis".
 
Maria Julia Paes de Silva

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

A máquina do tempo


Quem nunca sonhou em voltar ou avançar no tempo?


Parecia uma cadeira de rodas, mas no lugar das rodas tinha dois relógios. Um que representava o passado e só rodava para trás e o outro, era do futuro e só se movia para frente do tempo atual. Não tive dúvidas, sentei-me e comecei a pensar o que faria.

A primeira coisa que me lembrei naquele momento, foi da foto dos meus filhotes sobre minha mesa de trabalho. Os gêmeos abraçados. Ela, com lindos cachinhos sobre os ombros e ele com um baldinho azul na cabeça. Lembro-me que estavam olhando fixamente para mim enquanto tirava a fotografia.

Isso! Mataria aquela saudade, voltaria para ver aquela cena novamente.
Não...  Acho que não. Só veria os dois. A caçula não tinha nascido e o mais velho não estava em casa. Ia ficar faltando algo.

Poderia também causar algum problema com o futuro. Tem aquela máxima de dois corpos não ocuparem o mesmo espaço e como foi eu quem tirou a foto... Melhor achar outra data ou momento.

Fiquei com a mão preparada no relógio do passado, pensando.... Minhas avós:  Zéquinha e Conceição. Poderia matar a saudade e a delícia de ficar em seus braços, acariciando seus cabelos brancos. Sim.... Não!

Meu pai. Veio-me na memória imediatamente. Isso.
Meu coração acelerou em pensar na possibilidade de ver meu pai novamente.

Eu o perdi aos quatro anos de idade e tenho quase nenhuma lembrança dele. Poderia vê-lo, receber seu sorriso e tocar seu rosto. Passar minha mão sobre sua cabeça e deixar meus dedos deslizar entre seus cabelos. Contornar cada detalhe de seu rosto e abraçá-lo fortemente. Olhar em seus olhos e dizer: Te amo, Pai. Quanta falta me fez.
Então parei e comecei a afastar lentamente a mão da roda do relógio do passado. Não sei se resistiria a esse encontro.
Só de pensar já me sinto abalado e ele nunca entenderia um homem bem mais velho, abraçando e chamando-o de pai. Ele teria vinte e cinco anos, foi quando o perdi. Talvez nem me deixasse chegar perto de tão assustado com meu comportamento. Não vai dar certo.

Então decidi e achei melhor deixar o passado para trás, para não deixar as pessoas assustadas ou confusas.



Voltei meus olhos para a outra roda, a do futuro.

Coloquei minha mão sobre ela e pensei.... Para onde iria?

Ver meus filhotes com meus netos ou quem sabe meus bisnetos?

Quem sabe veria mais um título do meu time, o Ramalhão, ou as modernidades futurísticas. Conseguiria ver um carro voando?

Na verdade, isso eu já imaginava como seria esse carro quando criança, enquanto muitos falavam da virada do século. Diziam que no ano 2000 o mundo se transformaria. Cheguei até contar por diversas vezes, com quantos anos estaria quando chegasse esse momento mágico. Ficava ansioso só de imaginar as maravilhas que aconteceriam. Nem preciso dizer o quanto me frustrei...

O futuro...
Acho melhor não.

Posso chegar lá e não ver muitos entes queridos. Poderia me surpreender tristemente ao ver que alguns dos meus entes queridos teriam partido muito cedo ou de forma ruim. Minha cabeça já começou a rodar a mil e pensei nos meus filhotes novamente. Meus olhos encherem-se de lágrimas e a garganta travou.

Lembro-me de uma frase sábia de mamãe: "Um filho nunca deveria partir desse mundo antes de uma mãe. A dor da perda de um filho é insuportável". Elas sempre sabem o que falam, mesmo quando não entendemos.

Respirei fundo, olhei para os relógios do passado e do futuro e levantei-me. Fui me afastando daquela cadeira, até que meus olhos não mais a viram.

É melhor deixar tudo como está e deixar que Ele me guie.

O destino a Deus pertence.

terça-feira, 9 de setembro de 2014

Pesquei uma...!

Saímos muito cedo, pois não podíamos perder tempo.
Levávamos quase duas horas de carro para chegar á Bertioga. Ao chegarmos íamos aos boxes dos pescadores, comprar camarão e lula, atravessávamos de balsa o canal, mais uns vinte minutos e ainda caminhávamos outros vinte minutos pelo meio do mato, até o forte. Tudo isso para pescarmos.
O local já muito conhecido de todos os meus amigos, era antes do farol e depois do velho forte. Um lugar muito aconchegante e tranquilo, ótimo para pesca em rochedos de frente para o mar.
A paisagem era incrível. Dizem que ali era um ponto estratégico para defender a praia dos navios inimigos que tentavam invadir o país pelo mar. Isso no tempo do império. É o que nos contam os livros.
Chegamos aos rochedos e nos organizamos para iniciar a pescaria. Estávamos em cinco pessoas. Um bando de malucos que desceram a serra num fusca 76 verde. O dia prometia.
Mal havíamos começado a pescar e aparece ali um velhinho e um homem negro, este forte demais, com quase dois metros de altura. Lembram-se daquele homem de “A espera de um milagre”, então... Este segundo, trazia uma enorme caixa de isopor nos ombros.
- Bom dia pessoal. - Em coro respondemos cortesmente, porém ainda assustados aos dois.
- Só paramos aqui para pegar umas coisinhas. Sempre pescamos aqui e deixamos algumas coisas guardadas, posso pegar?
Diante de nossa concordância, começaram a remover algumas pedras enormes e tiraram debaixo delas, panela, frigideira, um pacote protegido com uma sacola plástica, dessas de supermercados e alguns espetos. Tudo bem enrustido e escondido. Diante de nossa cara de espanto, o velhinho falou:
- Deixamos tudo aqui quando vamos embora, se voltarem outro dia e precisarem, podem pegar. É só deixar onde estão depois. - Na verdade, quem removia as pesadas pedras, era o homem moreno, que sem falar uma palavra deixou a pesada caixa de isopor no chão e começou a recolher tudo. Acham que alguém ia falar algo... Pois bem, nem nós. 
- Esse meu amigo calado aqui, é o Pedro. - Este só nos olhou e balançou a cabeça.
- Estão admirados de vê-lo carregar essa caixa enorme né? Bom um gole de cachaça, esse homem atravessa esse canal a nado e te trás o que quiser. Boa pescaria pra vocês. - Então se afastaram sorrindo, deixando-nos boquiabertos e calados.
Voltando a nossa pescaria, mas sem tirar os olhos do caminho para onde nossos visitantes seguiram, começamos a pegar alguns peixes.
Tudo estava indo muito bem, até que percebi todo mundo encostando as varas e subindo rochedo acima rapidamente. Como não entendi segui-os.
Era Mano Véio, fazendo uma fritada de camarão, por acaso, também conhecidos como: nossas iscas. Vai vendo... Nem deu pra brigar com ele, pois o cheiro despertou a fome e lá fomos todos nós fazer um lanche rápido.
O sol já estava mais leve e depois de uma bela refeição de fritadas de lula e camarões, acompanhados de muita cerveja, bateu um sono danado. Apesar de conhecer os colegas e saber que cochilar ali era pedir que aprontassem, relutei com o sono, mas não resisti. Dormi com o molinete na mão, então...
Acordei assustado com uma forte fisgada. Gritei peguei um grande e todos pararam e se direcionaram para meu encontro. Rápido demais eu percebi, mas acreditei por ser a única oportunidade de peixe grande até então.
Comecei a enrolar lutando contra a força em contrário. Achei estranho o peixe não relutar, porém nem quis saber fui enrolando a linha rapidamente e então surgiu preso ao anzol...
- Uma lata de cerveja?
A gargalhada foi geral. Percebendo que eu dormia, Mano véio pegou minha linha, encheu uma latinha de cerveja com água do mar e jogou-a no mar. Por isso um tranco tão grande. Não era uma fisgada.
Vou dizer, com uns amigos assim, eu estava é estrepado mesmo.
Pescadores de meia tigela, mas foi muito bom.
Valeu mesmo.
Ah! Dei o troco, é claro, mas isso é outra história.

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

domingo, 7 de setembro de 2014

Na mira da bala

Já sonhei muitas vezes com essa situação, ficar na mira de um disparo de arma e... Bang!
Nunca fui de ficar olhando os minutos passando para ir pra casa, de largar logo o trabalho, subir no ônibus da empresa e passar quase duas horas rodando pra voltar pra casa, mas naquele dia a vontade de chegar logo em casa era maior que tudo.
Saímos no horário e logo estávamos rodando a rodovia que ligava a cidade que ficava a empresa e minha cidade. Esse trajeto foi muito tranquilo. A maioria dos colegas dormia e roncava a vontade, eu estava esperto demais pra dormir e então resolvi sentar no último banco do ônibus com outro colega e fazer o trajeto conversando.
Chegamos à minha cidade e alguns colegas já começavam a descer, então entramos num certo bairro para deixar mais uma colega. O bairro ficava no alto da cidade e era famoso por ser um bairro complicado, como o meu. Mas fama de bairro é assim mesmo, uma vez que começou por qualquer motivo, sempre fica como se fosse uma cicatriz.
Estávamos fazendo uma curva pra entrar numa rua principal e deixar mais uma colega. O ônibus estava com poucos passageiros naquele momento. Eu ainda estava sentado ao lado do colega, conversando e dando muitas risadas sobre nosso cotidiano na empresa. O motorista desacelerou e parou na esquina de uma quadra, olhou para os lados para entrar na rua principal, onde morava a colega, quando eu e o amigo ouvimos uma gritaria e vimos um homem correndo em direção ao ônibus, mas precisamente em direção a janela onde nós estávamos.
Essa pessoa que corria em nossa direção não vinha só. Atrás dele corria outro, com a cabeça encoberta por um capuz de blusa, deixando impossível identificá-lo. Este segundo homem trazia uma arma na mão e na nossa reta de frente para nós há uns dez metros, levantou a arma e disparou duas vezes.
O susto foi muito grande, chegamos a ver a fumaça sair da boca da arma. Imediatamente o colega gritou:
- Todos pro chão, é tiro, é tiro.
O desespero foi total. Os colegas tentavam se jogar no chão do ônibus, mas muito ainda com o cinto de segurança não conseguiam destravá-lo de nervoso. O motorista chocado não saia do lugar e gritamos desesperadamente para ele andar e sair dali. Então ele despertou da paralisia e colocou o ônibus pra rodar.
Eu ainda estava sentado e paralisado, então olhei para trás e vi o primeiro homem cair no chão e o segundo se aproximar e executá-lo. Depois de vê-lo morto olhou para o ônibus que se afastava, olhou-me levantou a arma e...
Sentei-me na cama rapidamente, muito suado, nervoso, com a respiração disparada e comecei a procurar o furo da bala. Então percebi que estava em meu quarto e que não havia acontecido nada.
O episódio do sonho acontecera no dia anterior e eu estava em casa, vivo e bem, mas a imagem continuava viva em minha memória. Ela nunca desapareceu mais.
Que Deus o tenha.

sábado, 6 de setembro de 2014

Diário do Twoo - Ótica canina

Depois que escrevi o primeiro texto, sugiro que leiam antes deste, fiquei imaginando... Só pode ser assim.

Twoo está deitado dormindo quando escuta muito ao longe:
 
"- Tem alguém acordado?"
Twoo levanta-se e corre ao portão. Enfia o focinho entre os ferros da grade e responde:
"- O que você quer?"
“- Quem é você? O Twoo?"
"- Isso, o Twoo de Freitas."
"- Cara, já está nascendo o dia, é hora de acordar. Seus donos estão por ai? Já colocaram sua ração?"
"- Não ainda estão dormindo, a janela está fechada."
Acontece uma pausa longa e vem a resposta:
"- Acorde eles, os meus já levantaram e colocaram a minha ração. Uma porcaria. Será que eles comem coisas assim também?"
"- Sei lá, mas vou na janela verificar... Não sei não, mas acho que ainda dormem. E agora também estou com fome."
Demora mais alguns minutos e volta a escutar.
"- Twoo de Freitas, não perca tempo, bata na porta."
"- Acho que consegui, bati o focinho e doeu pacas, então bati com o rabo e fez um barulhão... Hehehe. O que seu dono te deu pra comer?"
"- Uma porcaria de ração com gosto de nada, preferi deixar pra mais tarde. E ai? Acordaram?"
"- Sei não. Mas vou dar um jeito nisso tem um balde aqui. Vou arrastar pelo quintal."
Muito barulhos depois...
"- Opa! Acho que abriram a porta, vou nessa."
Ele entra pra receber os carinhos de sua dona, apesar de não aguentar mais aquela musiquinha de bebê que ela canta, afinal ele já tem mais de um ano. Então vê seu dono no sofá. Não perde tempo corre até a sala e pega um pedaço de pano que ele tentava colocar no pé.
"- Hei, vem até aqui pra colocar logo minha comida."
"- Que homem mais lesado, agora vai ficar nessa casinha... E a minha comida? Vou até a dona de novo, quem sabe rola alguma coisa."
"- Hum... Agora sim, essa coisa seca com doce é uma delícia. Quero mais."
"- Pare de me empurrar pra fora, meu dono. Só quero mais um pouquinho do doce."
"- O que você está colocando ai? Ração... Oba!"
"- Onde você pensa que vai, faltou a água, volte aqui. Esse meu dono adora dar uma escapadinha. Opa! Um ossinho colorido... Droga. Ele se foi."
Horas depois...
"- Ah! Dê-me essa vassoura. Fica o dia todo fora de casa e depois quer me ignorar... Grrr."
-" Peguei sua pá... Hehehe."
"- Venha pegar seu bobão... Hehehe."
"- Tá cansado né. Só quer ficar ai deitado vendo a TV... Hum o que é isso? É macio... Hehehe, agora é meu. Fui!!!"
(TWOO SEU ANIMAL! DEVOLVA-ME O MEU CHINELO.)
"- Estava tudo muito tranquilo né. Achou que eu tava fazendo carinho nos meus pés... Hehehe. Sai bobão, sou muita areia pro seu caminhão, bobão... Hehehe."
(NÃO COME, NÃO COME)
"- Lá vamos novamente. venha meu doninho, pegar seu chinelo."
(VENHA CÁ!)
"- Uhuuuuuuu!"