terça-feira, 31 de dezembro de 2013
segunda-feira, 30 de dezembro de 2013
Tentando entender
senão, parar por um segundo
e escutar a vida.
Não buscar entender,
a razão por que o rio nasce, desce,
se jogando no mar para morrer.
Talvez, meditar sobre a elevação das estrelas...
domingo, 29 de dezembro de 2013
# 206 - Leon Uris
sábado, 28 de dezembro de 2013
Uma dupra de dois.
A gente era simpres assim... E muito feliz.
Abraço pro Cê.
sexta-feira, 27 de dezembro de 2013
Uma surpresa no dia de Natal
Eu
já estava no ônibus, indo para casa, quando José subiu.
Era
um dia especial. Havia acordado muito cedo e fui participar do almoço de Natal
com meus filhotes. Fora um dia muito feliz, com todos os filhotes a minha
volta.
Estava
naquele momento, pegando o primeiro dos três ônibus que fazia parte da longa
jornada de volta para casa, este indo rumo a rodoviária de São José dos Campos.
A primeira parte das quatro etapas de meu percurso de regresso, eu fiz de
carona com meu filhote mais velho. Ele trouxe-me de moto até o centro da
cidade, para que eu pegasse esse ônibus. Agora, já sentado no banco do ônibus,
trazia preso entre minhas pernas, a surrada mochila e na mão, o também já muito
surrado, capacete (sabia da carona do filhote, então me preveni. Andar sem
capacete, jamais).
Já
estava tranquilo e ajeitado, sentado no banco logo ao lado do cobrador. No meu
MP3, Rammistein soltava a voz com Mein Teil. Logo no primeiro ponto, depois de
onde subi, o motorista parou e ele entrou.
Inevitável
não chamar a atenção. Tinha tatuagens até no pescoço. Trazia nas costas uma
mochila enorme, suja e um tanto maltratada. Preso a ela, como se estivesse
agarrado para não cair, um pequeno leãozinho, desses de pelúcia. Lembrou-me
muito o Léo, o leãozinho do meu filho, quando pequeno. Mas isso é outra
história...
Já
havia passado por mim, quando voltou, olhou-me e sorrindo disse:
- Janis Joplin!
Fazia
referência a estampa da minha camiseta. Era toda preta com a imagem de Janis
sorrindo e amparando seus óculos azuis com a mão. Pediu licença, colocou sua
enorme mochila no chão e sentou-se ao meu lado.
Ele
parecia um andarilho. Trazia na cabeça, um daqueles chapéu rasta com as cores
da Jamaica, prendendo um cabelo tipo Bob Marley. Sua barba grande e maltratada,
lembrava Raul. Uma figura exótica sem dúvida.
Sua
mochila era impressionantemente grande, na cor caqui. Trouxe-a mais próximo aos
pés, ajeitou o pequeno leão e estendeu-me sua mão.
-
Sou José de... Só José mesmo.
Repeti
seu gesto apertando-lhe a mão, por sinal muito firme e apresentei-me.
-
Cara, eu sentei-me aqui porque vi sua camiseta. Eu adoro a Janis. As pessoas
esquecem muito rápido de tudo.
Retirando
o fone do ouvido e desligando o MP3, comentei.
-
Verdade. Eu a curto muito também.
José
me parecia ser uma boa pessoa, apesar de sua aparência rústica e um cheiro
forte de suor. Estava indo para Ubatuba no litoral, vivia da venda de pequenos
artesanatos. Viera para o Vale do Paraíba, passar o Natal com amigos e
regressava depois de dois dias em Jacareí. Esperava boas vendas nos dias que
antecedia a virada do ano, a movimentação na praia seria muito grande.
Conversamos
um pouco mais sobre músicas, Janis e descobri que tínhamos mais uma coisa em
comum no mundo da música. Ambos gostávamos de John Lennon, o melhor dos rapazes
de Liverpool. Pobre Paul.
Após
alguns minutos, José de repente ficou calado e baixou sua cabeça. Pensei até
que ele estava cochilando e então, começou a estralar os dedos, criando um
ritmo e começou a cantar:
- Oh
Lord, won't you buy me a Mercedes-Benz? My friends all drive Porsches, I
must make amends...
Era
um clássico de Janis Joplin, Mercedes Benz. Todos começaram a olhar em nossa
direção. Ele chamava mais a atenção, pelo tom firme e suave que cantava. Sabia
realmente a letra. Levantou lentamente a cabeça, virou-se para mim dizendo:
-
Pensa que não conheço Janis? Vamos lá cara, cante comigo.
Fiquei
atônito e meio sem jeito. E ele insistiu:
-
Vamos lá, me acompanhe.
Não
sabia o que fazer, enquanto todos olhavam para nós e ele repetia o início da
música, agora mantendo o ritmo batendo palmas. Nunca vi ou me aconteceu algo
assim.
Então
o cobrador, que estava logo atrás de mim, bateu em meu ombro e incentivou-me:
-
Canta.
Ele,
um rapaz com aproximadamente de 25 anos, também começou a estralar os dedos. E
então começamos um dueto. No início muito tímido depois mais solto. E não é que
ele sabia toda a letra da música? Enquanto eu o acompanhava em apenas algumas
partes.
Apesar
do mau jeito, quando acabamos recebemos até palmas e assovios. Pode ser isso?
Acho que eu estava mais vermelho que um tomate, e olha que não sou tão tímido
assim.
Foi
tudo inusitado, natural e muito legal. Nunca me vi cantando em público assim,
especialmente dentro de um ônibus, quanto mais Janis. Quando penso que a vida
já me aprontou de tudo, acontecem coisas assim. Incrível o que o Natal nos
faz.
Foi
massa. Só faltou o mais importante, registrar aquele momento através de uma
foto. Sempre deixo escapar esses momentos, deve ser por não gostar muito de
tirá-las.
Obrigado
José, que Deus lhe permita viver muito mais experiências e curtir a vida.
Um
abraço e até qualquer dia.
- Oh
Lord, won't you buy me a Mercedes-Benz.
quinta-feira, 26 de dezembro de 2013
# 205 - Grace Noll Crowell
quarta-feira, 25 de dezembro de 2013
O Natal, Noel e Sofia*
Depois de alguns anos e de um sonho...
Ela
levantou-se bem a tempo, antes de todo mundo.
Saiu
de seu quarto pé ante pé, em silêncio. Ainda estava de pijama, muito parecido
com aquele que usava no Natal passado, que era cópia escrita daquele sonho. Só
não trazia mais seu travesseirinho, afinal ela estava bem crescidinha. Pela
janela da sala, viu que ainda estava escuro lá fora.
Desde
que ela o descobriu, no Natal, os anos passaram e ela crescera bastante, tinha
agora quase cinco anos, sabia exatamente como tudo acontecia naquela época do
ano. Dessa vez ela acreditava que conseguiria vê-lo.
Passou
lentamente pela porta do corredor e a encostou, não queria acordar ninguém. Não
por nada, mas acho que ela é meio atrapalhada. Para quem será que puxou? Com
certeza para mim, seu pai.
Lembro-me
quando ela era menor, há dois anos, e tentou fazer exatamente o que fazia
agora. Só que não sabia de nada, não entendia direito o que era o Natal. Também
saiu bem quietinha de seu quarto e atravessou o corredor que vai dar na sala,
mas quando foi fechar essa mesma porta que acabara de ultrapassar, prendeu sem
querer o rabinho do seu cachorrinho. Foi um escândalo. Não o viu a seguindo de
pertinho. Coitadinho, chorou demais e terminou acordando todo mundo. Ainda bem
que nada de grave aconteceu.
Ah!
Mas no ano passado, foi demais.
Foi
a sua primeira tentativa de vê-lo de perto, o Noel. Havia conseguido chegar até
a sala e ficou ali, sentadinha ao lado do sofá, ajeitada sobre uma almofada, quietinha
e aguardando ele chegar. Sabia que não lhe escaparia naquele ano, estava
disposta e encontrá-lo. Ah! Mas a demora de sua chegada, deu-lhe sede e foi até
a cozinha tomar um copo d'água. Sabia que tanto eu como sua mãe, não gostávamos
que ela pegasse água sozinha, de noite. Hoje ela sabe que tínhamos razão, poderia
derrubar o copo e se machucar.
Quando
ela estava levando o copo à boca, escutou um barulho na sala. Colocou o copo na
mesa e rapidamente saiu correndo para lá. Na sua pressa de flagrar o bom
velhinho, pisou no seu ursinho que estava no caminho. Tropeçou e terminou voltando
para trás, enroscando na toalha da mesa e jogando toda a água no chão. Quem
deixou seu o ursinho ali? Não estava ali quando ela foi pegar a água. Cheguei
rapidinho e a ajudei. Não sei como cheguei tão rápido, mas foi providencial.
Nada de grave aconteceu.
Agora,
olhei para o relógio cuco na parede e era quase meia noite, ela também olhou,
já sabia que ele estava para chegar. Abraçou aquele mesmo ursinho que a
derrubou no ano anterior, soltou-se de meus braços, se ajeitou encostando a
cabecinha no braço do sofá e ficou em silêncio. Não olhava para mim ou para sua
mãe, apenas para a árvore. Ficou assim por alguns minutos e aos poucos foi
cedendo e deixando o sono chegar. Então dormiu.
Ela
acordou com minha voz. Chamei-a bem devagar e baixinho. Abriu os olhos, olhou
sorrindo para mim e como se tivesse lembrando-se de algo, olhou assustada em
volta por toda a sala e para a árvore de Natal.
-
Esperando por ele novamente, filhinha.
Não
respondeu, soltou-se de minhas mãos e correu para a árvore. Lá estava seu
presente, novamente com um lacinho rosa. Ela dormira e até sonhou, não me viu
chegar, beijá-la e colocar seu presente bem no centro da árvore, junto aos
demais.
Ela
ficou por alguns minutos, ali parada, olhando para a árvore, e então, pegou seu
presente e deitou-se debaixo da árvore. Como todos os anos, logo eu e sua mãe fomos
nos juntar a ela e ficamos longos minutos vendo o pisca-pisca trabalhando.
-
Pai... Ele existe mesmo? O Papai Noel?
-
Sim filhinha e por mais que você cresça, ele sempre estará aqui neste dia.
-
Eu dormi e não o vi.
-
Eu sei querida, mas tenho certeza que ele a viu e beijou seu rostinho. No ano
que vem você tenta de novo.
-
É. Feliz Natal, papai e mamãe.
-
Feliz Natal, meu amorzinho.
*Conto premiado no Projeto Aparere “Coletânea de Natal”, da editora Perse em 2020
terça-feira, 24 de dezembro de 2013
Uma noite de Natal - Parte III
Parte II: http://soufreitas.blogspot.com.br/2013/11/uma-noite-de-natal-parte-ii.html
segunda-feira, 23 de dezembro de 2013
# 204 - Charles Dickens
domingo, 22 de dezembro de 2013
Acha pouco... Então, mais uma.
*Pai.
O tempo está do meu lado
Sou
meio devagar para entender o que a minha intuição grita aos meus ouvidos.
Basta
eu estar down, para baixo, que ela me envia mensagens...
Um dia
chegando na casa de um amigo, vi em sua estante um DVD do Rolling Stones, um
show em algum estádio pelo mundo, isso, no final dos anos 70.
O
show, no geral, era muito bom, mas o que me chamou muito a atenção, foi
uma música que eu não conhecia e Mick Jagger arrebentou, "Time is on my
side". Infelizmente o DVD era emprestado e não pude copiá-lo, com o passar
do tempo, perdi a referência para consegui-lo. Uma pena.
Passado
mais alguns anos, assistia um filme com Denzel Washington, “Possuídos”, quando
me aparece o vilão cantando a mesma música. Ele insinuava que o mal era eterno
e que o tempo estava ao seu lado. Pior que termina o filme com ele levando
vantagem sobre o mocinho, Denzel. Parece eterno mesmo. O mal não é
novidade e não tem prazo conhecido para acabar.
De
volta à música...
Mais
alguns anos depois, eu me encontrava angustiado com uma situação familiar.
Injuriado e chateado, com o que hoje me parece bobagens, mas que na época eram
problemas insolúveis. Sai para dar uma volta. Fui para Santo André, ver meu
time jogar, o Ramalhão, e espairecer.
Chegando
no terminal rodoviário do Tiete, quem estava ali, me aguardando para cantar.
Ele... Mick e de novo com a mesma canção. Parece que esperou eu ficar em frente
à loja, para começar a cantar. Novamente parei e escutei, independente das
dezenas de pessoas que passavam e esbarravam em mim. Abre parênteses.... Acho
que a diretoria do Santo André, deveria me contratar como amuleto, raras vezes
que fui ao estádio ver os jogos do time e ele perdeu. Fecha
A
primeira coisa que fiz quando retornei para casa, muito feliz com mais uma vitória
do "Glorioso", foi baixar a música na internet e buscar sua tradução.
A
tradução não diz nada de especial, mas a música é demais.
Demorou
um tempão, mas entendi sua mensagem, (oh, fichinha lenta). Percebi que o tempo
está do meu lado, que não preciso me preocupar com nada.
Tudo
me serve, me alimenta e me alegra. Experimentar, essa é a questão.
O tempo nos serve.
Ele só existe para que saibamos, que estamos aqui para vivê-lo e muito bem.
Para aproveitar de tudo que a vida oferece...
Desculpe,
mas vou aumentar o volume...
Time,
time, time... Is on my side, Yes it is.
sábado, 21 de dezembro de 2013
sexta-feira, 20 de dezembro de 2013
Esperança
se o que desejo, é real.
Se a imagem que busco tocar
realmente existe.
Não é somente ver...
É sentir, vestir, entrar.
Saberia se não mudasse a cada instante,
se deixasse de ser mutante,
fixar-se e ser verdadeiro.
Com certeza não sou o primeiro,
nem serei o último a tentar entender ,
o que pode existir.
Não basta fingir.
pensar que superei,
enganar-me, que não errei.
Como saber se o tempo
irá transformar tudo.
Não me iludo, não vai acontecer.
Continuarei a ver pela mesma fresta
de uma vida que passa
que nada mais resta.
Que nada mais pesa, é tudo perdido.
Os olhos me iludem, enganam
os ouvidos, só ouvem o que quer
A intuição está fria
e minha alma vazia.
A mente... Mente ao coração
afirmando que está tudo certo
mas, mais perto
está a desilusão.
Só me resta a esperança,
de que você existe.
quinta-feira, 19 de dezembro de 2013
Mais um dia na praia
Naquele momento, apenas a brisa a tocava... O mar estava distante.
Quando o sol começava a parecer, Dani já estava sentada naquela
cadeira de frente para o mar.
Silenciosa aguardava alguma reação do instrumento que segurava
firme com as mãos. Sua respiração estava sobre controle, sentia o ar entrar e
sair naturalmente, sem esforços.
Ajeitou-se mais uma vez na cadeira.
Desde que chegou ali, mesmo muito ansiosa, estava preparada. Sabia
que o dia seria incrível.
Olhou ao longe e fixou seu olhar para a quebra das ondas.
De onde estava, podia sentir o gosto do sal e do mar. Quando
passava a língua entre os lábios, aquele sabor gostoso e atrativo a
convidava mais e mais para experimentá-lo. A brisa permitia a ela sentir o
cheiro do mar. Não sabia exatamente o que era, mas apenas que era bom.
Às vezes fechava seus olhos para se concentrar no som das ondas,
no borbulho das espumas. Pareciam frituras, estralando suavemente. Aquele
"chuá" do barulho das ondas era penetrante. Ainda sem abrir os olhos,
conseguia sentir como se fizesse parte daquilo tudo.
Ah! Como se extasiava com tudo aquilo.
Levantava a cabeça e calmamente acompanhava as aves em todo seu
trajeto no ar. Tombava sua cabeça ao vê-las fazer curvas perfeitas e
jogava seu corpo levemente para frente ao vê-las descer num mergulho em busca
de alimentos. Repetia todos os seus movimentos com uma delicadeza extrema, como
se fosse sua sombra, ainda que sem mover-se da cadeira.
Virou sua cabeça lentamente na direção oposta, de onde vinha um
som conhecido. Era um navio que cruzava a paisagem.
Era muito comum naquela hora, eles aparecerem. Mesmo muito
distante, conseguia ouvir o som de seus cascos subirem e descerem nas ondas,
num choque de ritmo perfeito. Muitas vezes, até um apito, muito baixo para
qualquer um perceber, mas ela conseguia ouvir.
Sorriu, mesmo sem mexer os lábios.
Aquele som era muito gostoso de se ouvir. Melhor do que a gritaria
dos meninos que já chegavam a praia. Eles traziam pranchas de isopor ou uma
bola. Eram ruidosos demais. Seus olhares estranhos e incomodantes, sempre
direcionados a ela, anunciavam que já era hora de ir embora.
Bastou mexer-se na cadeira com uma teimosia a mais, que duas mãos
a tocaram no ombro e a melhor voz do mundo chegou bem suave aos seus ouvidos:
- Já entendi querida, vamos embora.
Ela recolheu suas mãos caídas sobre onde se apoiava e
seu marido girou a cadeira de rodas no sentido contrario ao mar.
Havia mais uma vez agradecido a Deus, por criar todo aquele
momento maravilhoso, que pode desfrutar.
Dani, alegre e feliz, encostou sua cabeça nas mãos do marido em
reconhecimento daquele amor incondicional.
Eles voltavam para casa, até retornar no dia seguinte.
quarta-feira, 18 de dezembro de 2013
# 202 - Chuck Berry
terça-feira, 17 de dezembro de 2013
Eu x Banheiros
Assim que entrei, já muito apertado, percebi que o trinco não fechava. Pensei... Como vou me aliviar com a porta aberta, alguém poderia entrar.
Quando cheguei todos me procuravam preocupados e expliquei o que aconteceu e descobri que havia outro banheiro no mesmo corredor, próximo daquele. O problema é que a vó só usava aquele.