domingo, 29 de novembro de 2020

WebTV - Lançamento do meu conto "O Natal de Sofia"



Olá, amigos!!

Tudo bem com vocês?

Antes de mais nada, quero agradecer a todos por toda atenção e carinho dispensados nesses tempos difíceis. Nossa ligação nos torna mais forte e confiantes, independentes de distancia ou toque. Quero todos muito bem.

Resolvi antecipar meu cartão de Natal. em razão da novidade abaixo:

Para comemorarmos juntos a alegria da vida, convido a todos vocês a participar no dia 09/12, do lançamento do meu conto premiado “O Natal de Sofia” no site https://www.redewtv.com/ , parte da segunda temporada da antologia "A Magia do Natal".

A cada noite, a partir de 30/11, serão apresentados dois contos premiados no site.

Então, pela torcida e vibração das mensagens nos cinco prêmios recebidos no ano, quero dedicar essa apresentação a vocês, leitores e incentivadores de minhas sandices literárias, com todos meu carinho e agradecimento.

Se quiser, deixe seu comentário no site. Eles são muito importantes para fecharmos o ano com alto astral.

Abraço a todos, até lá!

Veja meus livros, boa dica para o Natal: https://soufreitas.blogspot.com/p/meus-livros.html






quinta-feira, 26 de novembro de 2020

5º prêmio no ano - Coletânea de Natal - Perse


Então... Mais um conto premiado!!!!

Como não ficar feliz num ano assim, tão bom para meus escritos?

Esse é o quinto prêmio no ano e melhor, meu quarto conto premiado.

É um prazer poder fazer parte de qualquer coletânea, afinal concorrentes talentosos não faltam e a criatividade parece que brota nessa gente que gosta de escrever, mas numa coletânea de Natal... Para mim é uma realização, afinal eu adoro o Natal.

Bora que tem mais dois prêmios em jogo, vai que...





O quadro em meu quintal

 




Hoje quando abri a porta da varanda,

deparei com um cenário incomum.

O sol a leste de meus olhos,

como ele nasce, chegava ao meu rosto suavemente.

A brisa leve somente, aliviava em forma de carícia.

No quintal iluminado, ouvia pássaros, camuflados

escondidos entre as folhas verdes do limoeiro

se pronunciando como a me cumprimentar.

Sem me imaginar apreciando tudo,

sentei calmamente na cadeira de frente para o cenário.

Olhei o gramado, ainda coberto por gotículas de orvalho,

vendo o balançar de cada folha de grama.

Era incrível, parecia que cada uma tinha se movimento e ritmo,

quando tocadas pelo vento rasteiro.

As gotículas, como lentes, ampliavam o movimento e beleza.

Ao fundo até ouvia carros em movimento,

mas parecia que naquele momento, estavam apenas sussurrando.

Cães latiam a distância, fazendo que os meus acordassem e se ajeitassem ao meu lado para apreciar a imagem.

Apesar do destaque das aves, os insetos também se manifestavam.

Cigarras começavam a cantoria,

enquanto os demais tentavam se fazer notar.

Gramas, árvores, folhas, aves, como nunca tinha os notados?

Não como uns componentes do jardim,

mas como integrantes principais do quadro,

que nunca tinha apreciado.

Que estavam na parede invisível de meu quintal,

todos os dias expostos para me alegrar e nunca vi.

Nunca percebi sua perfeição natural.

Deixei do carinho na cabeça do filhote canino

e sorrindo agradeci a descoberta.

Meu Deus, como sou feliz.

quarta-feira, 25 de novembro de 2020

Cãovid19

 


A balburdia e bagunça era tanta, que não consegui me conter.

- Calados! – Meu latido foi tão alto que meu dono saiu na varanda para ver que barulheira era aquela.

- Twoo... O que está acontecendo? Que bagunça é essa? – Falou o homem com as mãos na cintura, se mostrando nervoso.

Imediatamente nos separamos e fui ao seu encontro com o rabinho balançando, tentando convencê-lo que nada estava acontecendo.

Tudo começou com a história de uma tal pandemia. Nossos donos de repente não saiam mais de casa, sempre pareciam com medo de algo, ninguém ia trabalhar e o pior.... Acabaram-se os passeios no final da tarde. Um absurdo!

Nos primeiros dias, até foi legal ter todo mundo junto, a toda hora, sempre. Até que começou a nos cansar. Eles pareciam sempre nervosos. Aqui em casa somos em seis cães e, logo, cada um vinha com alguma reclamação para mim. Tipo: “Não passeamos mais”, “estão atrasando nossa hora de almoço”, “ nem o número dois, posso fazer sossegado”, “não pode mais falar com a cachorra do vizinho que alguém reclama”. Por mais que eu tentasse acalmar as coisas, eles tinham razão. Algo precisava ser feito.

Numa noite dessas, comecei a conversar com o amigo da rua de cima. Acho que todos de casa dormiam e nem perceberam minha troca de latidos com o Casca. Ele era um mestiço e muito grande, mas não tanto quanto eu, um Pittdor ou Labrabul, já que mamãe era Pittbul e papai um Labrador. Mas ele latia tão forte que conseguimos conversar, apesar da distância. Ele reclamava que estava ficando maluco com seu dono. Também não saia mais de casa, nem para ir cãobelereiro, fazer sua tosa. Estava peludo demais e mal enxergava por onde andava, tamanha sua franja caindo no rosto. Vivia trombando pela casa.

Um dia desses ele descobriu a causa de todo esse comportamento e nos contou. Havia uma coisa que estava atacando nossos donos. Um Vírus!

- Foi exatamente assim que o chamaram: Cãovid19. Acho que pensam que fomos nós que passamos isso para eles, por isso estão nos punindo.

- Casca, não pode ser. Nunca ouvi nada sobre esse Cãovid19. Eles nos tratam bem, sempre tem um agrado ou carinho como antes, só não querem passear conosco. Aliás, nem eles mesmos saem. A única coisa estranha mesmo, é quando voltam da rua com aquele pano na cara,

Resolvi juntar os outros cinco daqui de casa para tomar alguma atitude. Afinal, se eles estão com medo, temos que nos ajudar.

- Então é isso pessoal, o problema é essa Cãovid19.

- Eu posso morder a almofada agora?

- Não, Bonnie, estamos conversando, presta atenção. O que podemos fazer para ajudar nossos amigos e mostrar que não temos nada a ver com isso?

- Podemos morder mais almofadas.

- Não, Bonnie! Eles não gostam. Pode parar com isso? É por isso que vamos mudar algumas coisas para deixá-los mais tranquilos: Tom, você vai parar de brigar com a Delinha, Vocês não se cansam disso? Delinha vai deixar de morder a Rajeline no focinho toda hora, isso machuca. E Rajeline vai deixar de dormir na poltrona deles...

- Espera aí! O que tem a ver dormir na poltrona?

- Raje, você não apenas dorme, mas está comendo a poltrona toda. Eles vivem brigando com você.

- Mas é tão gostoso...

- Não pode.

- E morder as almofadas?

- Não, Bonnie, também não pode. Eu já disse. Precisamos mostrar que estamos com eles e não os irritar mais. Eles precisam de nós para ficar mais calmos.

- Taylor, não coma mais a comida da Bonnie.

- Ele está comendo minha comida?

- Pelo amor de Santa Canina, Bonnie. Largue dessa almofada! Ele come todos os dias e você nunca viu?

De repente nossa dona saiu e nos chamou. Interrompemos a assembleia e fomos correndo para ver se era algum petisco, mas era só para ela fazer nossa contagem.

- Um, dois, três, quatro, cinco... Cadê a Bonnie? Bonnie!! Larga dessa almofada! Pera aí que você vai ver só.

Assim que ela voltou para dentro da casa, nos reunimos novamente.

- Está vendo como ela está estranha, nos chamou e nem nos deu comida.

- Deixa disso, Taylor. Você só pensa em comida! Estamos todos entendidos? Se agirmos assim eles ficam mais tranquilos e calmos, até descobrirmos mais sobre esse Cãovid19.

- Agora posso morder a almofada?

- Não! – Todos latiram.

Diante de tanto barulho, nossos donos saíram novamente para ver o que acontecia. Então conversaram, algo olhando para nós e a mulher chamou Tom e Delinha para passear na rua. O homem sentou no gramado chamando a mim e ao Taylor para brincar. Os demais ficaram vendo o passeio dos nossos amigos pelas frestas do portão, esperando por sua vez.

Acho que eles não pensam que somos os causadores dessas mudanças. Na verdade, acredito que podemos ajuda-los a passar por mais essa adversidade que a vida criou.

Assembleia encerrada.

Em tempo...

Bonnie, larga essa almofada!



Conto premiado no projeto Apparere: Coletânea Todo mundo em casa?! - Reflexões de um Pet. Editora Perse

domingo, 22 de novembro de 2020

segunda-feira, 2 de novembro de 2020

Nosso 4º prêmio de literatura no ano


Meu 4º prêmio de literatura, nesse ano conturbado, veio da WebTV.

O desafio era criar um conto de Natal que iria concorrer para participar da segunda temporada da Antologia: Magia do Natal.

Eu já tinha um conto quase pronto, terminei e inscrevi no último momento. O Natal de Sofia.

O conta é uma singela homenagem a meus filhos.

A expectativa era grande, não só por concorrer ou do conto ter um significado especial para mim, mas o tema era perfeito e poderia expor meu texto em uma página especializada, cheia de pessoas feras. Deu certo.


Dedico esse prêmio a você que sempre busca essa pagina e lê minhas sandices. Faltam comentários? Falta,(tinha que puxar a orelha) afinal, é através deles que sei se  gostam ou não dos textos, mas isso não interfere no interesse e participação no blog. 

Mais uma vez, obrigado, meu amigo.

quarta-feira, 7 de outubro de 2020

Realizando sonhos.

Quantos sonhos consegue realizar num mesmo ano, no meio de uma pandemia?

Bem, se fosse responder antes disso tudo que estou vivendo, seria zero, mas estaria tremendamente errado, .

Primeiro vieram as premiações, duas. Concurso de crônicas e de contos. Dois textos despretensiosos que me proporcionaram muitas alegrias. 

Agora acabo de receber mais um de meus sonhos em minhas mãos.

Em 2011, tive uma ideia de uma história, que na minha cabeça só tinha um rascunho do inicio e o fim. Mas não era uma história qualquer, era um desejo que virou sonho e que fui deixando de lado a cada ano.

Fui criando contos, crônicas, textos, sandices e mais doidices e ele foi ficando para trás. Até que em 2018 veio um desafio. criar um livro completo em menos de 30 dias e com tamanho definido.

Lembrei então daquele sonho e parti para concretizá-lo. Um tempo curtíssimo para escrever, corrigir e diagramar, num total  de 100 páginas. Um livro que tinha apenas uma ligeira ideia de inicio e o fim. 

Impossível? Não.

O livro ficou pronto, inscrevi num concurso mesmo sentindo que faltava alguns detalhes, mas cumpri as regras. Não deu em nada, ainda bem. Caso o livro fosse premiado teria ele preso ao contrato da editora por dois anos e eu queria terminá-lo por completo.

No final de 2018 terminei e parti para outro livro, mesmo antes de tentar publicá-lo. As ideias estavam frescas na cabeça e não queria perder o ritmo da escrita. Terminei o outro também e voltei ao primeiro.

Precisava de uma capa e tentei montar. Não ficou lá essas coisas e desanimei.

Do nada aparece meu filho e diz que faria uma capa para meu livro. Ganhei uma capa exatamente como imaginava, Incrível.

Voltei a retomá-lo e eis que o livro sai dos sonhos, vai ao papel e toma vida. Billy.

Que ano difícil esse, não tenho tempo para mais nada.

Obrigado filhote!



terça-feira, 22 de setembro de 2020

Está parado por que?



Pensei que com essa história de pandemia, ia ficar injuriado e desestimulado com tudo. Fiquei mesmo.

Mas por outro lado, fui reagindo e as coisa foram acontecendo...

Decidi que já era hora de escrever um livro que desejava há muito tempo, consegui e escrevi até que rapidamente.

Depois disso, achei que já era hora de publicar meu quarto livro: Billy e as coisas continuaram acontecendo... Fiz toda a revisão, ganhei do nada uma capa e enfim publiquei.

Já devia bastar tudo isso, para alguém que tem dedos tagarelas, que insistem em escrever, mas não.

Veio um convite para participar de um concurso sobre a pandemia. Acho que estava tão p da vida com ela, que resolvi aceitar e marcar meu ponto contra essa situação. E não foi que deu certo? Consegui com uma crônica, ficar entre os felizardos que tiveram seu texto publicado. Acabou???

Nãooooooooo!

Fui premiado mais uma vez, agora com um conto que estimo muito. E olha que a disputa foi apertadíssima, já que segundo as regras do concurso, metade com ganhadores deveriam ser da cidade que patrocinou o evento, Presidente Prudente.

Pois é, e ainda tem gente que acha que nada de bom acontece com essa pandemia.

E aí eu pergunto, será que tentou algo ou ficaram sentados reclamando de tudo e de todos.

Eu fui a luta.

domingo, 20 de setembro de 2020

Meus pais



Não dei muita sorte com pai. Digo isso porque tive três.

O primeiro, Joaquim, não deu tempo de amá-lo. O perdi quando ainda estava tentando saber o que estou fazendo por aqui, nesse mundo louco, aos quatro anos de idade. Então acredito que um parágrafo o define, mas não diminui a saudade.

O segundo, Nelson, chegou quando estava achando que já sabia o que vim fazer nesse mundo, na minha pré-adolescência. As coisas eram complicadas demais. Ele trabalhava muito e não tinha muito tempo para mim. Acredito que ele até tenha tentado ser um bom pai, da forma dele.

Não havia carinhos ou atenção, só cobranças de resultados. Você fez isso? Fez aquilo? Claro que não tinha abuso algum, era apenas o jeito dele, meio distante.

Passamos muitos anos juntos, houve muitas alegrias, passeios, festas e viagens, até que resolvi casar e sair de casa. Ele se esforçou e ajudou muito em tudo, mas a distância que já era grande se agigantou ainda mais.

Claro que um filho precisa de um pai, apesar de sair de casa para construir sua própria vida. Mesmo com o jeito duro e distante dele, posso dizer que foi um bom pai.

Essa distância não impediu de andarmos juntos, ele na dele e eu na minha. As vezes saia umas faíscas que mamãe rapidamente dava um jeito de isolar.

Chegou seu dia e partiu dessa vida. O interessante, que ele se foi da mesma forma que o primeiro. O coração parou e acabou.

Virei pai e comecei a perceber a falta que os meus dois pais fazia. Como tratar com meus filhos?

Comecei com afagos na cabeça, uma proteção um pouco acima do necessário, tentando fazer o que não recebi, portanto, também não sabia fazer. Talvez, como eles, eu tenha errado também.

O terceiro pai, Orlando, veio com o meu casamento. O que os outros chamam de sogro, eu aprendi a chamar de pai. Também foi um relacionamento complicado, ao ponto de achar ser eu o problema, mas passou. Aprendi muito, copiei posturas e dividi com ele minha maior riqueza, os filhos. Junto com sua esposa, nos seguiu por onde fomos. Incansavelmente, nos ajudou. Um dia chegou o momento de nos juntarmos na mesma casa, ele acabara de perder a esposa, que eu também chamava de mãe.

Nesse ponto, já era o mais presente dos meu três pais. Fizemos uma parceria silenciosa, disfarçada, onde apenas nós sabíamos como fazer as coisas acontecerem. Não houve uma aproximação de afeto, não física, apenas de respeito que era mais forte e verdadeira.

Seguimos firmes, até que resolvi sair de casa novamente, ao contrário de me culpar de abandono, mostrou sua grandeza adotando minha nova família. Meus filhos ganharam ainda mais, tiveram um pai e um avô-pai. E eu reafirmei a conquista de sogro-pai, que deixou de ser sogro e tornou-se um pai ainda mais amado. Ainda me apoiando e entendendo o porque de toda aquela mudança.



Agora, quando estamos no nosso auge do nosso relacionamento, ele também está me deixando. Vejo-me novamente com o coração na mão e os olhos umedecidos pelas lágrimas. Sua velhice foi enfática em cobrar sua presença. Aquele alegre e divertido, sério homem, está se despedindo para ir ao encontro de sua companheira. A dor da perda, até conseguirei entender e superar, mas o amor por ele, meu pai, vai me fazer sentir pela terceira vez o adeus.

Te amo pai.

sexta-feira, 21 de agosto de 2020

Quarentena II, o troco

 

Preocupei-me tanto com mamãe por causa da pandemia e aqui estou eu, de molho, com uma forte gripe. Ainda bem que é só uma gripe, mesmo assim, tive que aguentar o troco.
 —Alô... Você está bem, filho? Melhorou? Vê-se não pega uma Corona com isso.
Tudo bem, eu entendo. Ela está preocupada por tudo que está acontecendo e pelo cuidado extremo que estamos tendo, principalmente com ela.

— Tô bem, mãe.
— Não pode sair, filho.
— Eu não saio, mãe.
— Mas tem que usar álcool gel também.
— Eu estou usando, mãe.
— E pare de ficar falando com gente no portão.
— Não falo mãe, é só entrega. Eu tenho que receber.
— Mas aí você vai pegar e termina pegando Corona nisso.
Eu estava percebendo o duplo sentido nas suas palavras, mas o que eu podia falar?
— Você não está mais “com vinte e dezenove”.
— Eu sei mãe, já entendi. Estou me cuidando.
— Tá sim... Não sei... olha só como você está!
— Eu estou bem, mãe. É só uma gripe mais forte.
— Está usando a máscara?
— Não.
— Está vendo, não tô dizendo? Não está vendo as notícias na TV? Tem que usar máscara quando for falar com alguém. Mesmo comigo.
— Mãe, não precisa. Estamos falando por telefone.
— Não me desobedeça e não responde. Coloque a máscara.
Tive que pedir a máscara para Jackie e a coloquei, afinal a minha mãe mandou.
— Pronto mãe.
— Filho? Filho o que aconteceu? Sua voz está diferente?
— Coloquei a máscara, mãe.
— Por quê? Está se sentindo mal? Eu vou pra aí!
— Não mãe, não precisa vir, eu estou bem. Só coloquei porque você pediu.

— Mas não precisa, estamos falando por telefone.
— Mas foi a senhora...
— Mas como você dá trabalho, filho. Vou pedir pra Jackie trancar esse portão. Você não sai mais.
Vai vendo, o que eu posso dizer... 1 x 1.
Essa minha velhinha...

quinta-feira, 13 de agosto de 2020

Uma batalha épica: Eu x esse indecente

 Apesar de não estar prestando atenção ou não ter percebido que o cenário estava montado, quando dei por mim já estava em plena batalha.

O primeiro set aconteceu logo que as luzes se apagaram. Eu estava sonolento sem muita reação, então ele levou vantagem. Esquivei pela direita, chacoalhei a cabeça para esquerda e consegui evitar que ele me acertasse. Nem tive tempo de relaxar e já começou o segundo set.

Protegi as orelhas, cobrindo com minhas mãos, porque ele a achava com facilidade. Virei para um lado, depois para o outro, tentando dificultar sua ação, mas não deu.

Decidido levantei para o terceiro set, agora com a claridade a meu favor e cadê ele? Sumiu! Demorou, mas quando o achei, parti pra cima e o cerquei num canto. Tentei acertá-lo e ele novamente conseguiu sair do meu alcance. Imaginei que enfim o havia derrotado. Voltei para meu canto e relaxei. Poderia enfim descansar meu corpo.

Já vou dizendo que não resolvi e ele voltou para o quarto set mais feroz. Parecia ser mais de um, estava rápido e decidido. Atingia meus dois ouvidos, quase na mesma hora e com tremenda intensidade. Sentia tocar em meu corpo e revidava, mas sem acertar. Não tinha jeito, resolvi levantar e partir com tudo para o quinto set para acabar de vez com ele.

Novamente não o encontrei, por mais que tentasse.

Percebi que daquela forma não o derrotaria e não conseguiria descansar. Nem sei quanto tempo passou, mas resolvi mudar de tática mais uma vez.

Deixe-me deixar bem claro aqui. Não tenho vergonha de mudar de postura para tentar derrotá-lo. Apenas me calcei de melhores condições, só assim poderia derrotá-lo.

Veloz e quase eficaz como Federer, tentei pela direita e errei. O vi passando ao lado. Imediatamente voltei-me para a esquerda. Nada de acertá-lo novamente.

Sétimo round, continuei para cima dele. Saltei tentando acertá-lo, imprimindo mais velocidade, indo rápido de um lado ao outro. Já estava com os braços cansados e muito ofegante, quando escutei um estalo muito alto. Eu o acertei em cheio.

Deixei a humildade de lado e comemorei como um vencedor, olhando o corpo do infeliz sem nenhum sinal de vida. Estava vibrando ainda quando ouvi, logo atrás de mim, palmas compassadas: Clap, clap, clap...

- Meus parabéns! Terminou? Podemos dormir agora?

Lá em nossa cama, cruzando os braços sobre o peito, estava minha amada.

- Era um pernilongo. - Argumentei.

- Eu percebi. Principalmente quando acendeu a luz. Foi inevitável te ver pegar essa raquete repelente Como o Rafael Nadal e começar a pular de um lado para o outro, feito um maluco. Agora, venha se deitar meu campeão, você o derrotou.
Meio sem graça, guardei a raquete inseticida e voltei para cama.

Bem, pelo menos venci, pensei eu.

Mas foi só apagar a luz e a vingança da família do barulhento inseto, começou.

- De novo, não!! - Ela exclamou.




quarta-feira, 29 de julho de 2020

Ganhei uma capa para meu livro, Billy!

Por essa eu não esperava.
Logo depois de lançar meu quarto livro, quando já começava a divulgação, recebi essa maravilhosa notícia. Fui presenteado com uma capa nova, para o meu livro Billy. A primeira, feita por mim, também me agradou, mas...
Essa surpresa trouxe duas enormes alegrias para esse mero autor. A primeira, foi que a capa saiu exatamente como havia imaginado, inicialmente quando da elaboração da primeira ideia de capa. Infelizmente, naquela oportunidade, não consegui fazer dessa forma. Mas está aí ela, exatamente como imaginei. A segunda alegria veio da origem da capa. Quem a fez e me presenteou, foi meu próprio filho. Não é fantástico??
Escrever esse romance, já foi um grande sonho conquistado. Poder ter a participação de meu filho, de uma forma tão surpreendente, é bom demais.
Precisavam ver o tamanho do meu sorriso, quando digitei o nome dele como criador da capa.
Felicidade sem limite.
Tinha que dividir essa alegria com vocês..
Valeu, filhote!!

quarta-feira, 22 de julho de 2020

Meu quarto livro... Billy

Enfim consegui publicar me quarto livro, ainda que da forma mais barata, infelizmente, mas saiu.
Esse livro estava desde 2011 na espera, queria publicá-lo com alguma editora, mas os preços desanimaram.Bem, de uma forma ou de outra, aí está ele.
Foi publicado pelo Clube de Autores, o link segue abaixo.
O problema de lançar por sites como esse, é que a gente tem que fazer tudo. Correção, diagramação, capa, etc...
E a arte da capa nunca sai como desejamos.
O que me deixa feliz, é que está realizado mais um sonho.
Se você gosta de histórias e romances do velho oeste americano, achou um livro que poderá te agradar. Segue a apresentação dele:


“Os caras como Elsing, não morrem se não forem mortos"

Essa frase de um filme de 1960, retrata bem o que cada linha deste livro diz.

Uma entrega feita a um jovem rapaz, numa pequena caixa, enviada a ele há trinta anos, antes mesmo que ele tivesse nascido, traz recordações e dores a todos que o cercam.
A justiça não enxerga o tempo ou barreiras e ninguém sairá daquele mundo, antes que os antepassados estejam em paz. Não há poder que resistirá o destino traçado por uma arma que viajou no tempo esperando a hora de novamente funcionar.

Há os que acreditam que promessas de amor sempre são realizadas. Outros acreditam que a vingança vive além do que podemos chamar de mundo.

Will e Billy, fizeram isso acontecer.

domingo, 19 de julho de 2020

Apenas sorria...

Não chore por mim,
quando achar que não mais me verá.
Quando pensar que parti sem dizer adeus, pois
descobrirá de alguma forma, não disse porque sei que é até breve.
Não chore por mim,
se não conseguimos conhecer a nossa cidade
na verdade, estarei te esperando lá quando chegar.
Não chores por mim,
se pensares que de novo te deixei.
não tem como te tirar do meu coração, faço parte de você.
Não chores por mim,
Se não estou ai para te estender minha mão,
Acredite, se fechar seus olhos me verá a teu lado.
Não chores por mim,
quando não escutar mais minha voz,
ela estará gravada em cada linha que deixei escrita
Não chores por mim,
quando a saudade me trazer até sua lembrança,
não serei um passado vivido, mas o presente em seus atos,
não chores por mim,
porque jamais os deixarei.
Mas deixe essa lagrima de saudades que escorre
encontrar seu sorriso que encontrará com o meu em seu coração.
Não chores por mim,
porque estarei acariciando seus cabelos ou soprando seu rosto,
quando mais precisar de alguém. Estarei aí com você.
Não chores por mim,
porque não parti, apenas sorria porque agora estou bem.
Amo você.

quarta-feira, 1 de julho de 2020

Crônica publicada.



Que satisfação dividir com vocês, mais esse prêmio.

Sinceramente não esperava receber um exemplar, assim tão rápido e ainda, de grátis.

Quando tocou meu interfone, como não esperava nada, pensei... "Chegou mais uma conta".

Foi uma surpresa emocionante.

Os direitos autorais foram doados para a comercialização do livro, indo todo o recurso arrecadado para o Projeto Missão Covid, escolhido pelo Clube de Autores, gerador do concurso.

Para saber mais sobre a Missão COVID, por favor acesse www.missaocovid.com.br.



Se quiser contribuir com eles o livro está disponível no link abaixo: https://clubedeautores.com.br/livro/cronicas-de-quarentena

terça-feira, 30 de junho de 2020

Injuriado



Tô injuriado hoje e f....
As vezes, e eu escrevi "as vezes", fico assim. Na verdade, não sei se são por minhas razões ou meus desacertos. Percebi que mesmo que esteja certo, já tô errado. Injuriado mesmo.
É claro que poderia escrever tudo aqui mesmo, mas de nada adiantaria.
Como serão poucos que lerão e ainda assim não entenderiam bulhufas, até poderia tentar, mas deixamos de história.
Sai de casa irritado e nem fechei o portão. Problemas com o trabalho, não fui promovido novamente, Os meus cachorros que destruíram meu lazer e derrubaram meus vasos de pimentas. A mulher começou o dia pegando no pé, compra isso, paga aquilo, Filhos brigando entre si, nunca se entendem. O meu carro, ferrou o motor. Meus irmãos, se afastando um do outro por bobeiras.

E por que não fechei o portão?

Porque cheguei até ele para pensar no que fazer, achar uma saída e me chega um rapaz, com um papel a me entregar. "Sua conta de energia, senhor", o rapaz me entregou sorridente e foi como se dissesse: "Não vai conseguir pagar mesmo". O pior é que ele tinha razão.
Cheguei no bar do Thomé.
- Me veja uma cerveja bem gelada, Thomé.

- O freezer pifou de manhã, estou sem nada gelado.

- Então me dê uma cachaça, então!

Talvez assim poderia relaxar um pouco e deixar de pensar naquilo tudo, mas percebi que esqueci a carteira em casa e paguei um mico. Ainda bem que Thomé que quebrou meu galho e colocou o gasto na minha conta.

Conta aliás, que nem tinha.


quinta-feira, 25 de junho de 2020

Mais uma premiação e... Surpresa!

Mais que notícia maravilhosa!
Mesmo vivendo esse momento difícil, as notícias boas não param de chegar.
Já não bastava a alegria de ser premiado em um concurso tão disputado, agora minha crônica "Quarentena", participa de um livro. Não é muito legal?
E é obvio, graças a vocês também que leem minhas sandices.
Uhuuuuuu!




Leia mais...

quarta-feira, 24 de junho de 2020

Caipira ciumento



Se tem uma festa que adoro no ano é a festa Juninas.

Ela me encanta com tantas coisas e me alegra tanto que.... Até me lembro...

Na empresa ia acontecer uma arraiá daqueles. Ia ter tudo que uma festa junina merece.

Quando chegamos tivemos uma recepção e tanto, que nos recepcionou, foi nada mais nada menos do que uma vaca. Isso mesmo, muuuuuuu!

É claro, que era um ator fantasiado do ruminante, mas estava hilário, até começar a mugir demais perto da minha filhota e incomodá-la. Um pai caipira e matuto com eu, percebe e sabe chegar resolvendo essas coisas. Fui me aproximando devagar do leitoso e perguntei se ele queria conhecer o abatedouro da família.

Grosso! Disse minha esposa, mas o rapaz foi para outro lado imediatamente procurar sua baia. O que! Para cima da minha caipirinha, não.

Tinha fogueira, barracas com comidas típicas e até um touro mecânico.

Sentamos num local bem privilegiado, de frente para o palco e a pista de dança. Pista sim, ia ter quadrilha.

Gosto demais de ver a quadrilha, é incrível, mesmo sabendo as falas de cor, depois de tantos anos assistindo.

Entre os encontros e apresentações dos amigos de trabalho, fiquei sentado apreciando as guloseimas. Por duas vezes a dita vaca veio em nossa direção e de repente desviou. Acho que me reconheceu. Começou a quadrilha e estávamos nos divertindo.

Olha a chuva!! Não era da quadrilha, realmente começou a chover e muito forte.

A tenda que cobria todo o espaço ficou pequena, pois todo mundo que estava espalhado se juntou debaixo dela. Minhas filhas tinham ido nas barracas de jogos e fomos atrás para ver se estavam protegidas.

Quando voltávamos, eu e minha querida, vimos uma algazarra em nossa mesa. E olha só quem estava lá, Jack Sparrow!

Jack Sparrow, o pirata? Numa festa junina? E embarcando um converse com minhas caipirinhas?

Acelerei o passo e cheguei rapidinho, puxando minha mulher pelo braço e pronto para despachar o pirata para outra praia. Foi o cara me ver, arregalou olhos, levantou-se rapidinho e soltou um "Muuuuuuu!"

É claro que a risada foi geral. O pirata, era o cara da vaca e saiu bem no estilo do famoso pirata.

Está certo, sou ciumento sim, mas minhas caipirinhas são umas belezuras. Fazer o que?

sexta-feira, 19 de junho de 2020

Pandemia, tô fora!

Essa pandemia, coronavírus ou Covid19, já deu.
No começo achava que era coisa de outro mundo, afinal estava muito longe daqui. Depois chegou.
É claro que comecei a ficar preocupado, principalmente ao ver as notícias da Europa, mas sem grande tensão. Mesmo assim liguei para os amigos de lá e estavam bem.
Aqui, ainda trabalhávamos e no máximo trocávamos informações na hora do cafezinho. em fevereiro chegou minhas tão esperadas férias. Essas, muito bem planejada para um aproveitamento total ou quase.
A ideia inicial era visitar alguns parentes, comemorar o aniversário, meu e da esposa, com almoços e passeios. e por fim ajeitar nossa casa. Nem preciso que não deu nada certo, você já sabe.
Apesar da vida nas ruas, ainda estarem acontecendo sem restrições, a preocupação com o dito vírus começava a incomodar e de repente informam: "Todo mundo tem que se confinar". Confinar? como assim? E minhas férias? Lá fomos para dentro de casa e trancamos o portão.
Do dia para noite ou do anuncio para cá, não pude voltar ao trabalho, sair para tomar uma cervejinha e nem mesmo ver meus filhos. Que coisa chata, essa tal de pandemia.
As compras, os filhotes trazem no portão e nem posso abraçá-los.
Trabalho, só de casa. Não posso mais tomar meu cafezinho com prosa. 
Falar por vídeo ajuda, mas fica a desejar quando queremos abraçar alguém.
Cervejinha, só a três. Nada de happy hour.
Sabe de uma coisa...
Covid19, corona, pandemia... Tô fora!!!
Quer dizer, tô fora não, nem isso... não posso sair.


sexta-feira, 12 de junho de 2020

Dia dos Namorados. Vai uma pizza?



Como é maravilhoso esse dia.

Ele me faz lembrar muitas histórias, algumas românticas, outras tristes, umas muito divertidas e outras que comi pizza sozinho na varanda. Não porque estava só, mas porque estava muito tarde da noite e eu estava afim mesmo.

Quando liguei para a pizzaria, a atendente de pronto me reconheceu. Perguntou-me como estava e o que eu desejava para esse Dia dos Namorados. Antes mesmo que eu dissesse algo, me ofereceu o brotinho especial data. Era de chocolate, tinha o formato de coração e no centro um lindo morango. Pareceu-me interessante, mas como eu estava de boa, sem companhia e solteiro, com muita educação, pulei a oferta.

Prontamente ela emendou minha negativa com a afirmação, "estou vendo que ainda está sozinho, né?".

Pego de surpresa, engasguei um pouco e respondi que sim, mas que estava tudo bem. Novamente ela me surpreendeu comentando que no ano passado eu também estava assim e que eles me entregaram uma pizza meio bacon e meia chilena.

Caracas, vai ter boa memória assim pra lá! Eu nem me lembrava que tinha comido pizza.

Rindo ao celular, disse que repetisse o pedido então.

A atendente disse que mandaria uma feita especialmente para mim, mas que iria demorar um pouco, pois tinha muitos pedidos na frente e estavam com poucos entregadores.

Tudo bem, sabia que já era um tanto tarde para pedir e como era uma data especial, deviam estar no sufoco. Disse que sem problemas, desde que não se esquecesse de mim. Comentei também que como estava só, apesar de não gostar de comer sozinho, esperaria o quanto fosse possível por ela. Corrigi rapidinho, informando que era pela pizza. Rimos um bocado pela minha fala e combinamos tudo certinho.

Voltei a escrever e escutar um pouco de música.

Já passavam das 23 horas quando meu celular tocou. Era a atendente novamente.

Pediu mil desculpas pelo atraso e só então percebi como já estava tarde. Perguntou se ainda poderia entregar. Como estava tão distraído que até havia esquecido da pizza, confirmei meu pedido e recebi de volta a promessa da entrega em 25 minutos.

O interfone tocou exatamente quando terminei meu texto. Impressionante. Quando fui colocar o ponto final e dar enter, o som do interfone pareceu sair do teclado. Tal foi a surpresa, que dei um pulo da cadeira imediatamente e levei alguns segundos para entender o que acontecera.

Fui ao interfone e atendi. Ouvi do outro lado, uma voz abafada que disse apenas, "pizza".

Nem me arrumei, apenas peguei a carteira e fui até a porta. A abri meio sem atenção, vendo o entregador de relance, indo pegar a pizza na moto. Olhando para minha carteira em busca do valor devido, apenas senti ele se aproximar e senti o maravilho cheiro da pizza. Quando peguei o dinheiro e levantei os olhos para entregar, tive uma surpresa e tanto. O entregador era uma entregadora.

Ela havia tirado o capacete e sorria me estendendo a pizza.

Eu de novo fiquei sem ação, principalmente quando ela me chamou pelo nome. Eu a conhecia, era a tendente da pizzaria.

Enquanto pegava o meu troco, explicou que acabara de sair da pizzaria e que a minha foi a última entrega. Como morava próximo a minha casa se ofereceu para entrega-la. Eu ainda meio abobado cm a situação, nada dizia apenas não conseguia tirar os olhos dela. Tanto, que nem percebi sua mão estendida com o troco a me entregar. Assim que peguei o dinheiro, ela meio sem jeito, disse para que comesse logo, pois estava bem quentinha. E adivinhe só, eu perguntei; "Comer o que?". Por Deus, ela sorriu e apontou para a caixa na minha mão.

Sabe qual foi a pergunta que saiu de minha boca, praticamente sem minha devida compreensão: "Você gosta de pizza?".

Ela já se preparava para subir na moto, quando parou e me olhando com surpresa, respondeu: "Adoro".

Bem, ela ficou e comemos juntos. Conversamos muito sobre tudo e rimos para valer. Ela morava a duas quadras da minha casa e me via todos os dias quando eu saia para trabalhar. Era no mesmo horário que saia para comprar pão para o café da manhã. Dizia ser proposital, para me ver.



Por fim, acho que no próximo ano, não mais ficarei sozinho no Dia dos Namorados.




Veja também...

O meu Dia dos Namorados
Dia dos Namorados

quarta-feira, 10 de junho de 2020

O maluco das estrelas

Sempre gostei dessa história de ficar vendo estrelas do meu quarto. Era só abrir a janela, deitar nos pés da cama e olhar para o céu. Muitas vezes dormi assim, de cabeça pra baixo na cama.

O meu aniversário de 12 anos, ficou gravado como o ano que ganhei meu telescópio. Foi tia Lea quem me deu. A partir deste dia as estrelas saíram do céu e entraram pela janela do meu quarto. Parecia que podia tocá-las. Estiquei minhas mãos várias vezes tentando fazê-lo, mas elas não estavam ali.

Adorava vê-las brilhando naquela imensidão escura e às vezes, até fingia dormir quando mamãe vinha me ver tarde da noite. Ela vivia brigando comigo por dormir com a janela aberta e dizia que eu ainda ficaria doente algum dia. Bastava ela fechar a porta, eu levantava correndo, abria a janela com muito cuidado e colava o olho no telescópio. Ela nunca entenderia que na madrugada as estrelas brilham mais.

Certa vez, vi uma estrela deslizar no céu, indo para muito longe de onde morava. Fez um risco bonito, parecido com quando a gente risca o quadro negro da escola, iniciando forte e afinando no final. Acho que isso proposital. As estrelas sempre fazem algo que já fazemos... Ou será que somos nós que a copiamos... Não sei. Esquisito isso.

Um dia andando de carro com papai, vi um brilho vindo muito além na estrada. Era uma estrela. Seu brilho vinha em nossa direção parecendo piscar. Fiquei parado vendo ela se aproximar rapidamente e quando parecia que se chocaria conosco, passou ao lado. Não era uma estrela, era uma motocicleta. Foi muito legal isso.

Quando contei aos colegas da escola, chamaram-me de ”Maluco das estrelas”. O apelido pegou e tive que me afastar da maioria deles. Apenas Belinha, minha prima, me entendia.

Certa vez, quando entrei na sala de aula, percebi uma euforia tremenda. O pessoal falava e apontava para o quadro negro, então virei-me e li: FEIRA DE CIÊNCIAS – Apresentação de projetos em grupo. Aconteceria em duas semanas. Eu tinha que correr.

Bem, meu grupo terminou sendo eu e Belinha. Como ela não sabia o que fazer, disse que deixasse comigo. Pedi a ela, que me ajudasse a conseguir o material e eu faria o trabalho. É claro que eu já tinha uma ideia na cabeça. Iria construir uma Galáxia.

Nem mesmo Belinha, eu deixei entrar em meu quarto enquanto construía nosso projeto. Até mamãe fiz jurar bater na porta antes de entrar. A limpeza do quarto, eu mesmo fazia. Ia dormir toda noite bem tarde, observando o céu. Ficava vendo gravuras de livros, que Belinha trouxe da biblioteca da escola, tentando reproduzir a minha galáxia. Tive que comer na sala de jantar, mamãe desconfiou que eu não estivesse realmente me alimentando. Ela não considerava o pacote de bolachas recheadas como alimento.

Dois dias antes do início da feira, terminei.

Então, na antevéspera do dia, chamei Belinha, papai e mamãe, para verem meu projeto e quem sabe dar alguma sugestão para melhorar. Apaguei as luzes do quarto e fui recebe-los na sala. Estavam muito mais ansiosos que eu. Dei-lhes as orientações de como tudo funcionaria, os fiz colocarem vendas nos olhos, afinal só poderiam ver quando tudo estivesse pronto e fui guiando-os em fila, de mãos dadas até o quarto. Abri a porta com muito cuidado e os levei até a cama, acomodando um ao lado do outro, deitados com a barriga para cima. Só então permiti retirarem as vendas. Riam e se divertiam na expectativa do que aconteceria. Pedi-lhes silêncio e coloquei um CD de música clássica peguei da coleção de papai, para tocar bem baixinho. Então tudo começou.

Primeiro fiz explodir o universo, acendendo e desligando muito rapidamente a lâmpada do teto do quarto. Isso fez com que reclamassem pela claridade repentina, seguido de nova escuridão. Logo pararam de reclamar pois fui acendendo pequeninas lampadinhas, daquelas que tirei de nosso pisca-pisca de Natal. Elas acendiam fracamente no teto do quarto, bem distantes umas das outras, bem próximas dos cantos do quarto. Vindo em direção a lâmpada principal, no centro do teto, fui acendendo outras lampadinhas em azul bem clarinho. As acendia bem esparsas. Ora num canto, ora em outro, fazendo irem busca-las com os olhos em pontos que tinham que descobrir. Meu céu estava se formando.

Enquanto as lampadinhas eram acessas muito lentamente, formando o Cruzeiro do Sul, as Três Marias, fiz uma lampadinha deslizar, com o auxílio de uma linha de pesca, do centro do teto até um canto do quarto. Como se tivesse caindo e a apaguei quando já escorria pela parede. Era a minha estrela cadente.

Quando o teto estava com muitas estrelas ou lampadinhas acesas, acendi também a lâmpada principal novamente. Agora já não incomodando ninguém, pois o teto já parecia um céu e a luminosidade era agradável. A lâmpada estava revestida com papel laranja, bem amassado para parecer com o sol. Então desliguei Mozart e abri a porta do quarto.

Todos me olhavam admirados e mamãe até tinha uma lágrima escorrendo no rosto. Só Belinha falou:

- Agora entendo porque te chamam de “Maluco das estrelas”. Foi chocante, coisa de maluco mesmo.

Levei meu projeto para a escolha numa forma muito reduzida, patrocinada e realizada por papai.

Meu quarto foi trocado por uma tenda, dessas de acampar e as pessoas entravam nela quase que gatinhando. Quando saiam de dentro dela, admiradas queriam repetir. Tanto que tivemos que marcar sessões para todos participarem. Durante e depois da semana da feira, depois daquela experiência, vi muitas pessoas saírem da escola olhando para o céu, buscando algo.

Depois disso, mamãe nunca mais pegou no meu pé para dormir ou fechar a janela. Tia Léa, até me deu um telescópio bem maior e melhor que o anterior. Até garotos da escola já não mais zoavam comigo.

Acho que afinal, terminei criando uma constelação de “Maluco das Estrelas”.

sábado, 6 de junho de 2020

Os aeronautas


Titulo original: Aeronauts

Diretor: Tom Harper

Gênero: Drama/Aventura biografica

Lançamento: 2019

Elenco: Felicity Jones, Eddie Redmayme








Sinopse:


The Aeronauts é um filme britano-estadunidense de 2019, dos gêneros drama biográfico e aventura, dirigido por Tom Harper e escrito por Jack Thorne e pelo próprio diretor.
Inspirado em histórias reais e produzido por Todd Lieberman, David Hoberman e Harper, The Aeronauts é estrelado por Felicity Jones, Eddie Redmayne, Himesh Patel e Tom Courtenay.
O filme foi lançado no Festival de Cinema de Telluride, em 30 de agosto de 2019, após uma exibição no Festival Internacional de Cinema de Toronto. No Reino Unido, a obra foi lança em 4 de novembro de 2019 e, nos Estados Unidos, em 6 de dezembro de 2019.

Opinião:


Nota 8 - Sabemos que nem todo filme biografico é 100 verdadeiro, sempre tem um dedinho de "acho que assim é melhor", mas mesmo assim o filme consegue passar bem o que a ciência viveu naqueles tempos. Foi criado situações que ajudaram dar um charme ao enredo e isso deu certo, então veracidade a parte, a biografia de James Glaisher trouxe-me uma diversão agradavel.
Spoiler!!! Não espere um romance.

sexta-feira, 5 de junho de 2020

Teremos que recomeçar! De novo?



Tempos difíceis, afloram quem realmente somos.

A histórica frase de Abrahan Lincoln,"Se quiser pôr à prova o caráter de um homem, dê-lhe poder.", é fatídica.

Acredito que a essência do ser humano, não é boa.

Alguns a conseguem equilibrá-la e tornam-se boas pessoas. Outras, raríssimas, vão além e conseguem reverte-la a ponto de se tornarem seres humanos de fato. Obras divinas.

Mas na sua grande maioria, infelizmente, deixa crescer um lado mais obscuro. O lado negro da força.

Uns, até relutam e variam entre o bem e o mal. Já outra parte, sinaliza um bem lá no fundinho, mas ainda deixa prevalecer o lado ruim. Existem também aqueles que são só um tanto maus. Errando, mas julgando-se estar fazendo um bem maior, bem geralmente voltado a eles próprios. E por final, há os que são maus mesmos. Seres que vivem para tirar tudo de outra pessoa. Tiram bens, dignidade e não satisfeitos, a vida.

A frase do presidente americano, já foi reconhecida como verdadeira, inúmeras vezes, principalmente quando alguns ditos líderes, seja de qualquer segmento, chega ao poder. Político ou outro.

Tem um mal também, que persiste viver paralelamente e que causa tão mal quanto o outro. O famoso "tamô junto", afinal o meu é o melhor.

Meu? Ele nem sabe que você existe.

O que mais vi nesses últimos dois anos, foram amigos, parentes, irmãos e próximos afetivos, se odiarem por causa de um estranho. Seja através da política ou até mesmo pelo esporte.

Frases pesadas e grossas, ditas ou escritas com tanto ódio, que chega a assustar. Seja assistindo um pronunciamento, seja num gol adversário ou principalmente em mídias sociais, com comentários horríveis.

Amigos de longa data, as vezes isolados pela vida e, que se encontram tempos depois, através do ódio pelo seu preterido político. Irmãos e casais se afastando, porque "acha" que fulano ou sicrano é melhor. Todos esquecem o que foi vivido em anos difíceis, em momentos dolorosos, compartilhados, muitas vezes até de forma consoladora com abraço e lágrima, para permitir que um ódio injustificado se instale, Só por um não gostar da predileção do outro.

E isso acontece, em tudo que lutamos muito melhorar, seja na política, na discriminação social, sexual, cor, procedência e até no esporte. Esse último, criado para nos deixar mais leves, alegres, para no divertir e agora transformado em justificativa para confrontos e mortes. Tudo isso virou argumento para permitir o ódio se fortificar, instalar e destruir toda uma história de conquista, de vivência e amor.

Temos que cultivar a cultura do amor e respeito. Nos divertirmos com as vitórias e derrotas de nosso time preferido. Alimentar a solidariedade e não permitir que nosso semelhante corra risco de vida, por não ter o que comer ou onde morar. Temos que ser mais pacientes, atenciosos, compreensivos e amar a todos que estão ao nosso redor, na nossa história e que independente de qualquer justificativa, precise de nós.

Já pensou se Ele, Deus, escutar a mensagem do ator Flávio Migliaccio, de que "a humanidade não deu certo" e dizer:

- Ops... Foi mal Flávio, mas acho que tem razão. Vamos recomeçar. Vejamos...
  • Meteoro, já foi
  • Diluvio, também...

- Quem sabe... hum.

sexta-feira, 29 de maio de 2020

Fui premiado!!!

Quem disse que a pandemia só trouxe tristezas?

Meu amigo, se você disse, pode estar muito errado. Pelo menos no meu ponto de vista, afinal acabo de receber a notícia de mais uma premiação para minhas sandices.
No final de março, o Clube de Autores lançou um desafio : "Crônicas de Quarentena". Um concurso para quem gosta de escrever crônicas, com um tema muito atual, nosso confinamento.
Topei e me inscrevi com a a crônica "Quarentena". E não foi que gostaram e a escolheram? A crônica foi selecionada com mais outras 38, para participar de um livro da editora, com o tema sobre o momento que vivemos, entre as mais de 800 inscritas.
Espere aí... Caracas!!!! São mais de 800 crônicas e escolheram logo a minha!
Se escrevo sandices, acho que quem as escolhem, também não deve bater muito bem da cabeça... Kkkk
Enfim, estou muito feliz com a premiação e quero dividir com você que as vezes, quando está perdido pela internet, para nesse blog e lê algo. Afinal, só escrevo porque você prestigia, então esse premio também é seu.
Obrigadooooo!


Olha só que legal!!
https://blog.clubedeautores.com.br/2020/05/clube-de-autores-lancara-livro-com-39-cronicas-sobre-a-quarentena.html


A crônica está no link abaixo, se tiver um tempinho...

terça-feira, 28 de abril de 2020

Com vinte e dezenove - Início da Quarentena


Muita informação, as vezes confunde e complica demais. Pelo menos ao que se refere a minha mãe.

Em plena quarentena, eu trabalhava em casa por determinação da empresa e isso ajudou muito pois, fiquei mais próximo da minha querida mãe. Ela mora no quintal ao lado, na casa do meu irmão, meu vizinho. Ela, já um tanto velhinha e com a audição um pouco reduzida, insistia e teimava em sair de casa por qualquer motivo, mesmo na quarentena. Era descuidar um pouco e ela dava a sua fugidinha.

Peguei-a por diversas vezes pronta para escapar e sair pelo bairro. Também por duas vezes, a flagrei saindo para ir ao mercadinho local. O problema é que, na segunda vez, só a encontrei quando abria o portão para entrar em casa e a flagrei com um pacote volumoso na mão, que trazia a estampa do mercadinho. Quando a interpelei, primeiro disse que estava saindo e não chegando, tentando disfarçar o que fazia. Quando apontei o pacote em sua mão, chamou-me de controlador e que nem meu velho falecido pai, ciumento demais que era, a controlava assim.

Aproveitando do momento, reclamou que sempre pegava em seu pé, ora falando para tomar cuidado com os bailes da terceira idade que frequenta e que agora, por causa da quarentena, não ia mais. Reclamou também, que não mais a deixava ir à sua dança cigana, onde sempre acompanhada de amigas, se divertia e confraternizava. O motivo era sempre o mesmo: essa tal de quarentena.

Ouvindo seus lamentos, a acompanhei até sua casa e me sentei ao seu lado, no sofá. Calmamente, comecei a explicar as razões da minha preocupação e da necessidade do confinamento.

Falei o quanto era importante ela ficar isolada e o quanto esse vírus já matou de pessoas pelo mundo todo. E agora, ele chegou ao Brasil.

Percebendo que ela estava indiferente as minhas palavras, perguntei se não estava acompanhando o noticiário da TV. Se não tinha visto como as ruas das cidades no mundo todo estavam vazias, sem ninguém circulando. Falei das inúmeras mortes na China, onde tudo começou, e ela, prontamente respondeu resmungando que esse povo chinês era muito estranho, que come de tudo e que não ia se contaminar, porque eles ficam muito longe daqui.

Voltei a falar comentando os graves números da Itália e Espanha. O primeiro já a preocupou, pois é sua referência ao Papa. Aí sim, ela se assustou e prestou mais atenção no que relatava. Ao enfatizar, que a maioria das pessoas mortas na Itália e agora também na Espanha, tinham acima de 60 anos e que por isso, nós a estávamos protegendo de se expor, ela olhou-me seriamente, falando num tom de sabedoria: “Eu até que não vejo muito televisão, mas escuto o rádio todo dia. Lá, falaram que o “Vírus Corona” - disse ela enfatizando a palavra, querendo mostrar que sabia do que falava - estava matando muita gente, mas fora do nosso país e que só pega em gente com 20 e 19”.

Assustado ao ouvir aquilo, insisti para que repetisse.

— É isso aí, meu filho. Eu estou bem informada e protegida. Comigo, não tem perigo isso não. Eles disseram no rádio, que esse vírus que está matando por lá, "o novo Corona vírus", só pega quem tem 20 e 19 anos.

Levei alguns segundos para processar suas palavras e entender o que ela dizia, e então cai na risada, deixando-a ainda mais brava.

Era por isso que via como exagero os nossos cuidados com suas saídas. Na verdade, minha mãe ouviu pelo rádio, a informação sobre o vírus Covid19 e entendeu que era “com vinte e dezenove”.

Vai vendo...


Apesar de fazê-la entender, que ambos os nomes eram do mesmo problema, que eram a mesma causa de risco, achei melhor recomendar a meu irmão, colocar chave no portão.





Ver mais... https://soufreitas.blogspot.com/2020/06/pandemia-to-fora.html

terça-feira, 17 de março de 2020

Cheguei ao 5.7 - Turbo


Acreditem, é possível... Cheguei aos 57 anos.
Carinha de 56 e corpinho de 57 mesmo.

Nem me incomodaria muito de chegar a esse meu novo recorde, se não fosse o tanto de mensagens recebidas. Facebook, Zapzap, menssager, bilhete, fax, telegrafo, sinal de fumaça, ou foi o pão do café da manhã que queimou enquanto eu lia as mensagens. Mas todos vocês fizeram a diferença.

Muitos votos de felicidade de amigos, alguns não esquecidos, mas um pouco distante da lembrança. Uns aqui do lado, outros, além mar. Amigos que estão a quilômetros de distância, longe dos olhos físicos, mas que se amontoam dentro do meu coração. Adorei reencontrá-los.

Incontáveis votos de saúde, muito bem vindo e oportuno nos dias atuais. Deixa eu fora desse Corona, quero dizer, prefiro pegar uma carona nisso. Afinal esses votos não me deixam esquecer que já estou assim, meio velhinho. Grupo de risco.

E o que dizer dos parentes então. Adoráveis primas e primos, que apesar do numeral de idade um pouco elevada deste que escreve, me fizeram deixar escapar um lágrima. Doce lembrança, imensa saudade. Em tempo: sou o caçula dessa turma.

Ainda tem os meus filhotes? Amadas crianças que, apesar de estarem sempre me lembrando que envelheço, pois não param de crescer, continuam aprontando artes. Acreditem, caí mais uma vez na inesperada e surpreendente, festa surpresa. Com direito a bolo, salgadinhos e... Agregado, o candidato a genro, também veio. Esses meus filhos... Chamaram de pré-niver, realizado no dia anterior, ou seja, fiquei ainda mais velho comemorando duas vezes.

É claro que nada acontece sem a cumplicidade de minha querida esposa. Parceira ideal e mentirosa incorrigível, que ainda insiste em dizer que aparento ter no máximo uns 40. Na verdade nem me lembro se um dia fiz quarenta, Seria possível eu ter pulado isso? Não sei, já não me lembro.

Minha mãe não podia ficar de fora. Afinal fez dois filhos nascerem no mesmo dia. Somos quase gêmeos, apenas com a diferença de um ano e três horas. Até nos minutos ela acertou. Coisa de mineiro, para economizar nas festa de aniversário. Parabéns Mano Véio.

Enfim, agradeço a todos pela lembrança, carinho e todos os votos recebidos. Afinal, já está dando a hora de velhinhos irem dormir e preciso encerrar por aqui.

Amo todos vocês de uma forma única, personalizada e especial.
Obrigado a todos!!!