sábado, 28 de agosto de 2021

Eu, na Paralimpíada? Sei não...

 Assistindo as Paralimpíadas as 4:35 da manhã, de novo, fiquei animado para preparar-me, já pensando nas próximas Paralimpíadas em Paris.

Comecei buscando qual seria o melhor esporte, para que eu possa mostrar e desafiar minha capacidade atlética.

Comecei pensando na Natação... mas, tô fora. A única água que me arriscaria dar umas braçadas, seria a do chuveiro, mas acho que não colocarão essa categoria algum dia.

Pensei... Adoro vôlei, mas também não dá para mim. Apesar de ser jogado sentado, que se encaixa no meu perfil, acho que se levasse uma bolada forte daquelas, na cara, apagaria em definitivo ou passaria por debaixo da rede para resolver esse ataque pessoalmente com o outro time. Sou meio... nervosinho. Não dá.

Futebol, ah esse sim... quer dizer, também não. O melhor é o futebol de cinco. Os caras jogam sem visão nenhuma e são penta campeões olímpicos. Driblam e fazem golaços. E olha que o goleiro tem visão "normal", vêem tudo. Que dizer menos as bolas chutada pelos brasileiros.  Eu iria passar vergonha, ao tentar chutar a bola e, ainda que tivesse sem a venda nos olhos, mandar lá na torcida. Que para sorte minha, nesses tempos não estaria lá. Sem chances.

Assisti uma partida de Golbol e achei que seria a melhor escolha. Mero engano. Eles e elas, giram e jogam a bola com uma velocidade incrível. Se atiram literalmente nas bolas fazendo grandes defesas, só por ouvir os guizos dentro da esfera. Eu, de tanto ouvir rock muito alto, acho que nem ouviria a buzina que avisa o término da partida. Com certeza todos iriam para casa no final das partidas e só ficaria eu de olhos vendados, esperando o arremesso adversário. Esse também não.

Atletismo, sem chance. Correr, saltar e lançar, exigem muito esforço físico e no auge da minha adiantada idade e disposição, acho que nem chegaria ao estádio. Só atrasaria o termino das competições.

No tênis de mesa, como sou meio desligado nem ia ver a cor da bola ou pior, terminaria deixando a raquete escapar das mãos e acertaria alguém.  Pobre do juiz. Assistir uma partida minha, seria muito perigoso.

Será que tem algum esporte parecido com... jogar palitinhos?

Bom, competir realmente não dá. Pensei talvez, em ser comentarista. Bem, não tenho experiência esportiva, não convivo com nenhum atleta, choro demais em todas as vitórias e nem conseguiria falar nas conquistas de medalhas, fico muito nervoso com a arbitragem e confesso, poderia soltar uns palavrões. Não... também não daria certo.

O melhor é ficar aqui mesmo, a distância, e torcer muito. Nisso eu sou bom mesmo.

Vai Brasil!!!

Tomara que Paris chegue logo, minhas olheiras (bocejo) depois da Olimpíadas e Paralimpíadas no Japão, estão horríveis.

Paralimpíadas. A nossa realidade.

 Como conter as lágrimas? Eu não consegui.

Quando iniciou as Olimpíadas de Tokio, sabia que iria me decepcionar e me orgulhar muito com vários esportes, dentre eles meus preferidos, atletismo, futebol e voleibol. E aconteceu mesmo.

Sinto me muito feliz e emocionado a cada execução do nosso hino, isso significa conquista da medalha de ouro. Outro motivador de felicidade e lágrimas são as demais conquistas, ou não, recheadas de história de muitos sacrifícios. Mas, enfim chegou o que mais esperava... As Paralimpíadas.

Acordar as 4 da manhã para ver as competições, incomoda um pouco, mas é compensador.

Assistir a natação é algo de outro mundo. É para mim o esporte que de longe mais simboliza as Paralimpíadas. Eu, que em se tratando de água tenho medo até do banho, fico maravilhado de ver os atletas da natação paralímpica caírem na água. Fico a cada evento me perguntando como conseguem? Confesso que fico feliz e envergonhado. 

Feliz por cada história narrada dos atletas, suas incríveis superações, suas determinação em ser melhores a cada dia, sua dolorosa separação da família e dedicação ao esporte. E quando falo em dolorosa separação familiar, é porque muitos deles quando estão fora dos ambientes esportivos, são atendidos com a mesma dedicação pelos familiares. 

Agora a vergonha é por conta do descaso que sofrem para chegarem lá e em outras competições.

Vergonha de ver ídolos, principalmente do futebol, não abraçar essa categoria de competição, de governos que só investem porque são cobrados a todo momento para fazer seu papel social. Vergonha de saber que muitos outros poderiam estar lá competindo e não tem a mínimo apoio. Que empresas e outras iniciativas com lucros astronomicos, ignoram essa importante realidade. 

Vale a pena?

Olhem o quadro de medalhas ao final de cada evento e reflita. Pergunte quanto ganha cada atleta para sobreviver e chegar até aquelas medalhas.

Um site "conceituado", a cada medalha ganha pelos atletas olímpicos, estancava em um banner grandioso no cabeçalho da página uma imagem belíssima do grande campeão. Lindo, merecedor e digno de se ver. Quando ganhamos nossa primeira medalha de ouro nas paralimpíadas, imediatamente fui buscar essa imagem no tal site. E cadê?

Claro que ele não colocou, apenas citou em uma notinha pequena, que o Brasil havia ganho uma medalha. Parabéns!!!

Com certeza, nenhum patrocinador quis bancar esse espaço comercial do site, para destacar a conquista e diante dessa falta de investimento, o site também não se interessou em assumir o espaço. Acontece.

Afinal, aqui é Brasil.

Quanto orgulho tenho de ser deficiente físico. Essa característica só me faz ser melhor a cada dia. Melhor do que alguém? Claro que não. Melhor que eu mesmo, de ontem.


Em tempo... parabéns SporTV pela transmissão e o fantástico espaço que abriu para os comentaristas PCDs nessa Paralimpíadas Tókio 2020.

segunda-feira, 9 de agosto de 2021

Badminton

 Acabou as Olimpíadas... Graças a Deus.

Não pense que não gosto de esportes, eu adoro, e é por isso mesmo que estava torcendo para terminar logo.

Nos primeiros dias, apesar de não ganharmos medalhas, era divertido. O único problema era ficar até mais tarde acordado ou acordar cedo demais para acompanhar.

O vôlei logo nos segundo jogo testou minha coronária. Haja nervosismo, mas ganhamos daquele país mais ao sul. Futebol deslanchou logo de cara, mas minha expectativa estava para os dois mais novos esportes olímpicos: Skate e Surfe. Foi demais!

As vezes ficava até mais tarde, mesmo na segunda-feira para acompanhar os resultados na esperança de novos pódios. Animado acordava mais cedo que o normal e conferia o quadro de medalhas me entusiasmando com novas classificações a disputa do ouro.

Alguns dias depois já começava a sentir o cansaço e dormia vendo um esporte qualquer.

Mais alguns dias se passaram e eu estava mais para The Walking Dead do que para um torcedor fanático. As olheiras começavam a aparecer e o bocejar era contínuo. Sentia-me mais cansado do que os corredores dos 1500 metros.

Como sempre, um dia desses acordei de madrugada ainda sonolento e liguei o computador para ver os jogos. Como de costume, estava tendo uma disputa acirrada em algum esporte qualquer. Apesar da animação do narrador, não entendi muito bem o que acontecia. Talvez pela sonolência.  Coloquei meus fones de ouvido para não acordar a esposa, me ajeitei um pouco nos travesseiros e mesmo com sono tentei acompanhar.

Com o frio que fazia, não arrisquei tirar os braços do edredom para pegar meus óculos. A visão estava meio embaçada, mas conseguia ver o verde e amarelo na quadra de jogo. Não sei como o narrador conseguia estar animado, mas todo seu esforço não mexeu com meu animo sonolento e eu mal o entendia

Primeiro pensei que fosse tênis, ao ver um jogador com uma raquete na mão, mas a bolinha parecia estar em câmera lenta, não era. Nem tão pouco era tênis de mesa, bem... pelo menos eu não estava enxergando a mesa, ou estava realmente dormindo. Estava tão sonolento que mal entedia o que o narrador dizia, mas se era verde e amarelo, eu tinha que torcer.

- Vai Brasil!! - Apenas pensei, não podia e nem conseguiria vibrar diante de tanto bocejar.

Entendi depois de vários momentos que se tratava de uma disputa de Badminton. Lembrei de  repente das olímpiadas do Rio, um garoto treinando na laje de uma casa, num dos morros carioca. Acredito que na época, era a primeira vez que disputaríamos a modalidade, mas agora, pelo que o narrador falava, o time verde amarelo estava indo muito bem. Animei-me e tentei concentrar no jogo e na torcida.

Depois de quase uma hora e meia de teimosia, em me manter acordado e torcer para o time verde e amarelo, de passar nervoso com os erros e até cansadamente vibrar com os pontos da equipe, descobri que o time verde e amarelo não era o Brasil e sim a Austrália.

Decepcionado e me achando um "Badtorcedor", resolvi dormir de vez e deixar rolar os jogos sem minha presença, mas foi só fechar os olhos e minha querida me acordou para o trabalho.

Graças a Deus terminou os jogos pois já estava num estado deplorável de zumbi. Veja se isso é hora de jogar.

Adeus Japão!! Que venha Paris.

Em tempo... Não dá para a Austrália jogar de vermelho?... Facilitaria muito.