Eita
ano difícil aquele.
Deveria ter uma regra divina dizendo que
jovens não podiam ter ou sofrer nada de errado no Natal, mas como naquela época
essa regra já não existia, aconteceu assim...
O Natal é a época que mais adoro, eu e
Elvis Presley, então nos preparamos para ela.
Como era tradição, todo mundo ajudou e
conseguimos comprar uma caixa de champagne sidra para tomar no Natal e se
sobrasse no Ano Novo também, mas já digo, não sobrou.
Está certo, que erámos todos muito
novos, na faixa de 12 a 15 anos. Eu estava na turma dos 12.
Não tínhamos muita noção do que era o
Natal, apenas sabíamos que era uma festa boa demais, que além de comer e beber
muito bem, ainda ganhávamos presentes. Quem naquela época, não pegou um
daqueles tíquetes de brinquedos da fábrica Estrela, que vinham picotados e não
colocou em algum lugar para que seus pais encontrassem e quem sabe, desse o
brinquedo escolhido. Um dia eu coloquei um deles, no sapato do meu padrasto,
ele o calçou sem perceber, indo embora trabalhar e nada de presente. Mas
voltando ao assunto...
Não me lembro mais quem conseguiu
comprar a caixa da bebida, mas todos ficamos super ansiosos para comemorarmos
aquele Natal.
Não combinamos horário, apenas que nos
encontraríamos e beberíamos as champagne. Assim aconteceu.
Confesso que, apenas me lembro de quando
sentamos na calçada, de costas no muro da casa da dona Dé, ao lado do bar do
Mineiro, que ficava praticamente em frente à minha casa e começamos a
comemorar. Depois vem a minha memória, mamãe pegando no meu pé porque ainda
estava na rua até aquela hora, que nem faço ideia qual seria, enquanto todos me
procuravam.
No mesmo dia, já com o dia claro e eu
com a cabeça do tamanho de um elefante, encontrei os colegas. Apenas os que
apareceram na rua, outros estavam de castigo e começamos a conversar.
Por incrível que pareça, ninguém se
lembrava muito das estripulias da madrugada. Como na montagem de um quebra
cabeça, cada um contou o que lembrava e tentamos montar o que aconteceu.
Teve colega que até levou amigo para
dormir em casa, pois ele não lembrava onde morava. Pense no desespero da
família procurando por ele. Um outro dormiu no tanque de lavar roupa e foi
encontrado pelo pai depois de horas e eu.... Bem, consegui chegar em casa, só a
achei um pouco apertada e muito quente. Achei estranho que mamãe me acariciasse
tanto e me beijasse, mas dormi ali. Passados horas ou segundos, não sei, senti
sendo puxado pelos pés e muita conversa alta e então reclamei: Não se pode mais
dormir nessa casa.
Ouvi mamãe falar algo, mas não entendia
direito, eu estava com sono.
Quando levantei mais tarde, senti um
gosto amargo na boca, o estomago ruim demais e nem consegui tomar café. Então
mamãe começou a contar minha arte.
Disse ela que cheguei da rua meio
sonolento e que falei que ia dormir. Ela nem deu muita atenção estava na
correria de arrumar tudo para a ceia, enquanto os demais estavam de olho na TV.
Quando foram deitar, depois da comemoração de Natal que teve até reza,
perceberam que eu não estava na cama e foram me procurar.
Os puxões pelo pé que senti, era o me
arrastar para fora da casa do Dingo, meu cachorro. Foi lá que fui dormir.
A noite de Natal mesmo, nem vi. Meu
presente, só abri no dia seguinte e muito sem animo, ainda com sintomas dos
goles a mais da champgne, que sofrimento. Segundo um dos colegas, eram 24
garrafas e cada cada um deve ter bebido, no gargalo, pelo menos quatro já que
estávamos em seis. Esse foi o meu primeiro porre.
Hoje em casa não se bebe exagerado no
Natal, apenas um gole de champagne e uma ou duas latinhas de cerveja.
Entendemos que essa data não é para isso e sim festejar, orar e agradecer ao
menino Jesus por tudo que vivemos no ano e é claro, não falta o “Parabéns a
você”, afinal é Seu aniversário.
Feliz Natal a todos, com muita moderação
e não se esqueçam do aniversariante.