Quando
apareceu aquele concurso nos jornais, destinados apenas `à brasileiros,
japoneses e descendentes, muitos pensavam que poucos se inscreveriam, mas
Recife pegou fogo. Foram 30,os concorrentes inscritos na cidade. Uma grande disputa sobre qual país seria campeão foi crescendo.Apareceram representantes dos dois paises,com direito até a comitivas vindas direto de Tóquio, Japão.
Depois de algumas seletivas, chegou o dia da final. Havia festa em todo
canto do Recife, com bandeirolas e cantoria de cada país. Chegou ao ponto das
torcidas desfilarem e cantarem vitória pelas ruas. Via-se o Maracatu, Samurais,
Gueixas, tudo que relacionasse aos dois países na cidade. Uma febre tomou conta
de Recife.
- Boa tarde! Sou o apresentador da incrível final dessa disputa culinária
entre Brasil e Japão.
- Passamos da segunda fase e entramos na penúltima. Nesta fase, a
melhor comida levará seu autor a disputa do prêmio principal. - Anunciou o
anfitrião a todos os dez participantes classificados e a toda imprensa
brasileira e nipônica presente.
Tinham classificados vários cozinheiros brasileiros, japoneses e
descendentes, todos especialistas na gastronomia de seu país de origem. A competição
consistia em fazer o prato mais saboroso entre as culturas ou uma inovação que
tivesse como base, a cultura dos países participantes: Brasil e Japão. Por isso
o título do concurso era: "Do Brasil ao Japão em colheradas".
- Os competidores não podem repetir os pratos feitos até essa fase e
deverão entregar seus novos pratos para avaliação, em trinta minutos. O júri
apreciará cada um deles e sinalizará os três melhores. Depois passaremos
direto para a final, onde os jurados apresentarão o vencedor. E... Vamos á
cozinha!
Todos correram para as suas devidas cozinhas, instaladas na praia de Boa Viagem, com tudo que os mestres cucas precisavam.
Como todo espaço era aberto e exposto ao público e aos jurados, ficava mais
difícil para os competidores, porém muitos já tinham partes de seu prato semi
pronto, mas tudo preparado ali mesmo, de frente para o mar.
Lá foram os competidores ao fogão e aos poucos foram sendo depositados
os pratos diante dos jurados. Esses foram experimentando, classificando e
eliminando um a um.
- Este fora, né. - Dizia um jurado representante do Japão.
- Vixe! Mas que coisa de doido. Este tá dentro. - Dizia um
representante brasileiro.
- Hummmm... Muito bom, "Dentlo!"
- Mas que coisa mais saborosa, sô. Pode botá esse como bom.
Assim foi, prato a prato. Os jurados selecionaram cinco e decidiram reunirem-se para discutir, saborear novamente os prato e então decidir quais
seriam os três finalistas.
- Atenção! Atenção, senhores e senhoras. Os jurados chegaram a decisão e
aqui na minha mão estão os três classificados... Vamos a eles...
- O primeiro, é um representante do... Japão! - E ouviram-se vários
aplausos e gritos, todos em concordância pela perfeita escolha. -
Aproxime-se meu amigo, venha até aqui para que todos o vejam.
O representante japonês era um homem bastante maduro e conhecido
internacionalmente como um grande cozinheiro, ganhador de vários prêmios.
- Muito bem, muito bem... O segundo é o representante do...
Brasil! - O mundo veio abaixo, um brasileiro estaria na final. Um feito muito
comemorado entre gritos, aplausos e até fogos. Não paravam de gritar Brasil,
Brasil.
O brasileiro também era um homem mais vivido, já com certa idade, mas
também um renomado cozinheiro, conhecido em todo país e mundo afora.
- Calma meus amigos, ainda temos o terceiro classificado.
Ele é o representante do... Do... Esperem um minuto, por favor.
Diante o espanto de todos os presentes, o anfitrião foi até os jurados,
mostrou a ficha de classificação, discutiu e voltou ao microfone para anunciar.
- Então, o terceiro é o representante do... Tuvalu!
Este era um jovem, muito pequeno, mas tão minúsculo, que mal perceberam
sua presença entre os competidores.
Todos que se preparavam para aplaudir ficaram parados e começaram a
perguntarem um para o outro se aquilo estava certo. Tuvalu? Existia um país
chamado Tuvalu?
- Tuvalu?
Mesmo sem entender bem ao certo o que acontecia todos vibraram e lá
foram os três para saber qual o prato que seria escolhido e quem seria o
vencedor.
Os três classificados aproximaram da mesa de jurados, que tinham três
placas com os números da classificação que deveriam levantar e mostrar para
cada participante. Todos ficaram em silêncio para ver qual a placa que
levantariam e para quem seria destinada.
Os jurados estavam muito confusos, ameaçavam levantar uma placa e
baixava imediatamente. Sinalizavam para os concorrentes, mostrando aos demais e
voltavam a discussão. Foi assim durante quase vinte minutos, quando a plateia
começou a ficar impaciente e a fazer bastante ruídos, pedindo a decisão. Ouviam-se
ao fundo gritos de Brasil e Japão. Então um jurado italiano mais
exaltado, levantou-se, pegou uma placa que estava virada para a mesa,
para que ninguém a visse e olhou novamente para os demais jurados dizendo:
- Já que ninguém decide e que ninguém consegue afirmar qual o prato
ganhador... Digo eu. Como eu, todos os meus companheiros estão em dúvida e
acham que houve um empate. Eles têm razão. Ficou muito difícil decidir diante
dos três pratos tão saborosos, então eu dou o meu voto de desempate. E ele vai
para o representante do... Tuvalu!
Não houve aplausos, não houve reações. Todos estavam parados e só
pronunciavam... Tuvalu? Todos esperavam como ganhador o Brasil ou o Japão,
ninguém sequer sabiam onde ficava Tuvalu.
Diante de tanto silêncio o apresentador pegou o microfone e aproximou do
jovem que parecia um tanto assustado.
- Tudo bem, senhoras e senhores, eis aqui o ganhador. Qual é o seu nome?
- É...
- Calma rapaz, sei que está emocionado, mas diga para nós sabermos qual
é o nome do campeão.
Ainda assustado, mais pelo silêncio do que pela vitória, com um sotaque
meio confuso disse:
- Sebastião Matsuyama da Silva.
- Sebastião Matsuyama? Você é mesmo de Tuvalu, certo? Você é descendente
de qual país?
- Sim, nasci em Tuvalu. Meu pai é Alcides da Silva, daqui de Recife,
Brasil... - Houve então uma explosão de gritos e aplausos interrompendo o
vencedor. - Brasil, Brasil. - Os fogos foram de novo lançados ao céu,
explodindo multicores. via-se por todos lado brasileiros abraçando-se e
japoneses, sem reação, sem entender nada.
- Ok, ok... Por favor, silêncio... E sua mãe? - Perguntou o apresentador
pedindo calma insistentemente a plateia.
- A minha mãe? É Kaye Matsuyama, de Nagoya, Japão. - Nova explosão de
gritos e aplausos se deu. E os gritos de Nippon e Japão, chegaram a todos os
ouvidos presentes. Agora era a vez dos japoneses pularem e gritarem.
- Filho de brasileiro com Japonesa, que nasceu em... Tuvalu? Quem
diria... O prêmio principal vai para os dois países! Quero dizer três! Como foi
isso?
- Meus pais estavam viajando em férias, quando minha estava já
de quase nove meses. Mamãe queria que eu nascesse no Japão e papai
insistiu que fosse no Brasil, como não chegaram em acordo resolveram passar o
restante das férias em uma ilha. e escolheram Tuvalu.
Todos então comemoraram juntos, brasileiros e japoneses. Todos abraçados
e sorridentes.
- Que história... Quem diria. E qual foi o seu prato, campeão?
- Sashimi de bode.
- Sashimi de que?
- De bode.
- Isso existe? Não pode ser... Isso não existe senhores jurados... -
Questionou o apresentador surpreso.
- Eu fiz, senhor. Usei tempero brasileiro com japonês e a carne ficou
macia demais.
O apresentador sem palavras olhou para os jurados, que se
levantaram em uma perfeita “Ola mexicana” e mostraram o sinal de positivo.
Diante de uma plateia eufórica de ambos os países, que já
comemoravam e gritando Brasil e Japão, o apresentador levantou o braço do
ganhador, gritando emocionado.
- Viva o Japão! Viva o Brasil! Viva o...
- Da onde você é mesmo?
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