terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Twoo e o Sapão

Olha a fera ai... Coitadinho. Culpa do Sapão da Vila.
Amo futebol e o meu EC Santo André, porém, confesso que esse amor demasiado a um clube, é sempre complicado. Digo isso pela rivalidade absurda que alguns criam e vivem em torno do futebol e clubes. Sou desafeto de quem torce pelo São Caetano, São José ou Argentina, mas tudo termina quando o jogo acaba. Agora...
Bem, mudei de casa no inicio do ano passado e vim parar próximo ao campo do time do bairro, o Vila Garcia, conhecido como o Sapão. 
Como gosto de futebol, beleza, até fui assistir o time do bairro jogar em duas oportunidades e como sou pé quente, eu ganhou as partidas. O problema é que da mesma forma que o Sapão ganhou mais um torcedor, também ganhou 3 desafetos.
Nunca entendi o porque, do Twoo agitar-se tanto no portão nos domingos de manhã. Ele fica inquieto e late pra todos que passam na rua, assustando realmente até quem está do outro lado da rua. Por seu porte grande, é comum vermos pessoas desviarem de nossa calçada para evitá-lo.
Ele é valente e muito corajoso, até que começa os fogos.
O Sapão da Vila da inveja a muitos times por ai. A cada domingo que joga em casa, é acompanhado de uma torcida apaixonada e muito barulhenta. Os batuques, as canções de exaltação ao Sapo, tudo é muito bonito de se ver. A animação dos torcedores locais é incrível, coisa que não se vê em outros bairros. 
É claro que torço pelo Sapão também. Dá-lhe Sapão. Mas aqui em casa...
Assim que começa  a movimentação para o  jogo,  Twoo fica agitado. Parece reconhecer cada jogador do time, pois, de longe vê um passando na rua e corre em direção ao portão para assustar o distraído.
Os preparativos vão iniciando no campo. Primeiro vem a cantoria e os batuques, gente chegando de toda parte do bairro e ai então começa os fogos. 
Muito barulho mesmo, ai a torcida contraria também começa a parecer, Jackie, Guila e Two, todos torcendo para o Vila Garcia não marcar gols ou então perder o jogo, assim não tem mais fogos de comemorações.
Nesse último jogo as coisas ficaram complicadas.
Estava eu tranquilamente sentado em minha cama, Jackie perfumando a casa com o cheiro da delicia que seria servido no almoço e Guila no video game. Começava a escrever mais uma das minhas sandices quando começaram os fogos. Em minutos, começaria mais um jogo do Sapão da Vila.
Antes que pudesse fazer algo, Twoo entrou correndo no quarto e enfiou-se debaixo da cama. Não me importo, pois sei o quanto seus ouvidos são sensíveis, mas tudo tem limite.
Na final do Campeonato Brasileiro e Copa do Brasil, sofremos até de madrugada com os fogos e a farra dos torcedores mais apaixonados.
Nesse domingo o time da Vila estava inspirado, logo de cara marcou. Twoo já deitado embaixo da cama, se mexeu e balançou tudo. Que susto! O danado é enorme e mal cabe ali.
Mais um tempo e outro gol. Outro sacolejo e agora com um xororô do Twoo. Coitado.
Quando saiu o terceiro gol, já estava todo torto com o notebook caindo ao lado e as almofadas no chão. Parecia um terremoto. A cada gol ele mudava de posição e balançava a cama.
Confesso que torci para acabar o jogo, mas o Vila fez mais dois gols. Um caos no quarto. A essa altura eu também estava todo torto. Minha cama parecia ter vida própria e estava desesperada para me jogar longe. Na hora veio aquela imagem de o exorcista, a cama pulando e levitando. Tô fora.
O jeito foi descer da cama e acalmar o filhote.
Não vou afirmar que também torço contra o time da Vila, mas se ele ganhar de 1x0 ou empatar de 0x0, pra nós daqui de casa já é goleada. Está bom.
E viva o Sapão da Vila Garcia.
Pobre Twoo.

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