quinta-feira, 20 de março de 2014

Falando com a TV

Fala sério.... Tem muita gente maluca por aí, além de falar com aparelhos eletrônicos, acreditam que eles respondem...

Já contei aqui como meu primo se comporta, quando assiste aos filmes de luta, em Filmes de ação, mas não é o único na família.

Assistir jogo do Palmeiras com meu padrasto era uma aventura a parte ou, às vezes, até teste cardíaco.

Assim que era ligado o televisor para assistir um jogo do Palmeiras, o silêncio imperava dentro de casa. Se fosse Palmeiras x Corinthians então, comentar algo que não fosse a favor do time palestrino, poderia ser risco eminente de vida.

Tudo começava logo de manhã, com o anuncio:

- Hoje, de tarde, tem jogo do Palmeiras na TV.

Traduzindo: A TV é minha nesse horário e os Corintianos próximos, favor se mandar.

Ele sentava de frente para a TV, colocava os cotovelos nos joelhos e fixava os olhos naquela caixa retangular. Eu ficava calado ao seu lado, sem perguntar nada e concordando com tudo.

Se o juiz errava, bem assim dizia ele, contra o Palmeiras, pronto. Ficava nervoso e não parava de se mexer. Falava mal do juiz, orientava o lateral a passar a bola para o meia, e se o lateral passasse a bola como ele orientou, elogia: "Isso! Tá vendo como é fácil, vai, vai...". Mas se ele errava...

- Burro! Como pode esse cara jogar no Palmeiras. Você não viu a marcação? Não pode ser.

Acho, que ele esperava que o jogador lhe pedisse desculpas pelo erro. Mas se esse mesmo jogador marcasse o gol, ele além de vibrar muito, olhava para mim e dizia: "Tá vendo como o cara é craque?".

Eu nem era doido de lembrá-lo, que esse era o mesmo jogador que ele não colocaria no time.

Mas em casa, não era só meu padrasto que agia assim.

Minha mãe assistindo TV, entregava o vilão toda vez que ele entrava em cena numa novela.

- Olha ele aí, minha filha. Ele tá roubando... 

Acho que ela acreditava que a atriz iria ouvi-la e pegaria o gatuno no flagra. 

Quantas vezes a ouvi falando para a atriz que o cara gostava dela, chamando-a de boba, por gostar do cara errado. Até se levantar bruscamente do sofá reclamando, ao ficar inconformada, com o comportamento de certo ator, seu preferido. Levantava-se, chegava perto da TV e apontando o dedo para o ator dizia:

- Não acredito que você fez isso. Não vê que essa aí é uma safada?

Com mamãe, até dava para pedir calma e relaxar, mas com meu padrasto...

Certa vez, aguardando carona até a rodoviária, fiquei sentado os noventa minutos do jogo, torcendo para o Palmeiras vencer e assim eu pudesse ir embora. O Palmeiras perdeu.... Até ele se acalmar para poder dirigir e me dar a carona, levou o mesmo tempo.

 

Imaginem esses dois assistindo algo em comum.... Indescritível.

 


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