sábado, 10 de setembro de 2016

Seu Orlando!

Como está chegando o dia de seu aniversário, 10/09, não posso deixar de registrar essa. Parabéns Pai!

Naqueles dias eu estava muito nervoso. Havia feito um investimento em um equipamento de interfones, não muito caro eu confesso, mas que custou boa parte das minhas reservas. Sabia que valia a pena, o cliente era bom de bolso, ou seja, tinha dinheiro e com certeza teria um bom lucro. O problema é que o cheque voltou.
Em casa estava tudo certo para iniciar mais uma comemoração, era dia do aniversário do velhinho, meu Pai. Não era meu pai genético e sim meu ex-sogro, um pai que adotei e que tenho o maior carinho.
Pois bem, todos apenas esperavam minha chegada para começarmos a comemoração e cheguei chateado informando que o cheque do cliente voltou. E como sempre acontece comigo, de repente o telefone tocou interrompendo meu triste relato. Era o cliente pedindo para eu ir encontrá-lo e que me daria o valor em dinheiro. Não pensei duas vezes, chamei Mano Véio e o Velhinho e disse para a mulherada: "Vamos buscar essa grana e já voltamos".
O único detalhe que não contei para elas era que o local onde tinha instalado o equipamento era um bordel. E lá fomos nós.
Chegamos no local, entramos e perguntamos pelo proprietário.
- Seu Laércio ligou e disse que já está vindo. É para relaxarem e tomar uma cerveja por sua conta.
Quanto a cerveja, show. Afinal era o aniversário do Velhinho e já começaríamos a comemorar ali mesmo. Só não entendi o que ela quis dizer com "relaxarem". Na verdade, comecei a entender rapidamente, quando as meninas que trabalhavam ali começaram a entrar.
Todas com roupas minúsculas, arrumadas e sorridentes.
Foram chegando, nos cumprimentando e puxando conversa.
Eu estava sentado num banco encostado no balcão do pequeno bar e de frente para o palco onde, imagino, as meninas faziam suas performances. O Velhinho sentou-se em um sofá para três lugar junto com o Mano Véio.
Como já era noite, foi chegando alguns clientes e elas soltaram-se mais. Preocupado com o horário, perguntei para amenina do bar, sobre o destino do proprietário.
- Quer mais uma cerveja? Madona faz companhia para ele que vou pegar uma geladinha lá dentro para ele.
Pegar lá dentro? Caracas, eu estava no bar. Era só abrir a geladeira e pronto. Sei não... Então veio a tal Madona. A única semelhança era ter os cabelos loiros e só... Só mesmo.
Era muito baixa, mas baixa mesmo, tanto que pensei ser uma menina. Ela já se encostou e foi pegando meu copo. Eu disse copo... De cerveja... Deixa pra lá.
Então a menina do bar chegou com a outra cerveja e disse que Laércio, o proprietário havia chego.
Deixei a miniatura da Madona de lado e nem pedi o copo de volta. 
Cheguei próximo ao Velhinho e ao meu mano e informei que o dono chegara e que já íamos embora. Não que eles estivessem com pressa... Vai vendo...
Quando Laércio apareceu a porta imediatamente virei-me e fui cumprimentá-lo, ManoVéio me seguiu, depois de pedir desculpas pelo transtorno e a demora, chamou-me pra mais uma cerveja. Quando íamos em direção ao bar, ele olhou do lado e viu o velhinho. Antes mesmo que eu pudesse apresentá-lo, Laércio sorriu e abriu os braços,deixando-nos de lado e indo em direção ao sofá.
- Seu Orlando! - e seguiu em sua direção.
Eu e Mano Véio ficamos pasmos ao ver a alegria de Laércio e o entusiasmado abraço no Velhinho.
- Como está o senhor?
Como assim? Eles se conheciam? da onde? Será que o Velhinho... Não.
- Meninas, cuidem do seu Orlando que eu vou acertar umas coisas no escritório com meus amigos aqui. - Disse apontando para nós.
É lógico que fomos para o escritório boquiabertos e sem tirar os olhos do Velhinho. Após receber o dinheiro e na pressa de sair e ver como estava o Velhinho, despedi-me de Laércio e voltei para a sala ao lado. Lá estava ele no sentado sofá e de conversa com uma morenaça, sentada no braço do sofá mexendo em seus cabelos brancos.
- Bora Pai. - Saímos.
- O Laércio era meu cliente no posto de gasolina que eu gerenciava.
Eu e o Mano Véio, nos olhamos e dissemos.
- Seu Orlando! - Caímos os três na risada.
O duro foi explicar o atraso e essa história quando chegamos. Acho que a Velhinha não gostou muito e eu levei a fama de ter levado ele para um bordel em comemoração de seu aniversário. Sei...
- Seu Orlando!
Cliente do posto... Sei sim...
Vai vendo...

Parabéns pelos 90 anos Pai!



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