Com a minha mudança, retornando para meu antigo bairro,
alguns costumes banidos da minha existência, também retornaram. Um deles, o
carregar marmita.
Nada contra, muito menos algo a favor.
No meu tempo de metalúrgico no ABC paulista, mais precisamente
em Santo André (hora de colocar a mão no peito e dizer, “Salve, salve torrão
andreense...) carreguei por muitos anos a dita cuja e, tive diversos
contratempos a ponto de querer abandoná-la definitivamente. Para quem diz que
não é bem assim, vamos à alguns;
Azedar, esse é um dos piores. Quando a barriga já está
tocando a 9ª sinfonia de Beethoven de tanta fome e você tremulo vai abrir e
sente aquele cheiro de azedo. Meu Deus! Eca... no verão era fatal.
Encher de água. Isso sempre acontecia, porque o descuidado
que as colocava para esquentar, na pressa de fazer, colocava água demais no
famoso banho Maria (será que existiu uma Maria que tomava banho assim?). A água
fervia e borbulhava, como a tampa geralmente de alumínio com o tempo afrouxava,
qualquer comida virava sopa.
Troca de misturas. Levava peixe e comia mortadela (para os
paulistas mortandela), levava bife acebolado (as vezes até achava a cebola de
lado), mas comia Zóião (traduzindo do paulistês: ovo). Um dia cheguei até sair
procurando meu bife à milanesa, preparado as 5:00 da manhã e muito
cuidadosamente acomodado entre o arroz e a farofa, mas a reclamação foi tanta
que deixei de lado. Bom apetite... fui de linguiça mesmo.
Um dia descendo do ônibus com um colega de trabalho, que
trazia sua marmita em uma sacola parecida com essas de supermercado, perdi o
equilíbrio e tentei me segurar nele para me apoiar. Minha mão escorregou de seu
braço e lá se foi sua marmita pelo ar, se espatifando no chão. Era arroz e
feijão para todo lado, o coitado ainda quase escorregou em duas linguicinhas,
daquelas bem fininhas, que rolavam no chão. Paramos para limpar a sujeira? Que
nada, as gargalhadas eram tantas que ele de raiva, ainda chutou a tampa da
marmita para longe e caímos no mundo, mas vermelhos de vergonha que as rodelas
de tomates que se destacavam naquela bagunça.
É claro que fiquei sem meu almoço. Ele pegou minha marmita e
eu comi um pão amanhecido.
Pensei que ele podia pelo menos “rachar” (era dividir na
minha época), mas rachou mesmo foi o preço da marmita nova no dia seguinte. Uma
com proteção e isolante térmico dentro, mas ainda bem que foi assim, imagine se
aquele cara de quase o dobro do meu tamanho resolvesse rachar a minha cara. Vai
vendo...
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