O
bambuzal da rua Maia
Nala, um
motociclista sempre em busca de oportunidades para melhorar sua situação
financeira, ouvia frequentemente histórias sobre o bambuzal na esquina da Rua
Maia. Era um bambuzal volumoso, com centenas de bambus gigantes, curvados e
imponentes. Alguns moradores do bairro diziam que um antigo residente havia
escondido uma fortuna entre os bambus, temendo ser roubado, mas morreu antes de
revelar o local exato. Em noites específicas, afirmavam ver a figura espectral
do homem vigiando seu tesouro, vagando por entre os bambus. Relatavam ainda que
aqueles que tentaram encontrar o dinheiro durante o dia nunca tiveram sucesso
e, pior, muitos acabaram mortos ou gravemente feridos. Os sobreviventes
afirmavam ter visto o velho vigilante do bambuzal rindo. Risadas essas que os
atuais moradores também juram ouvir em certas noites.
Para Nala, tudo não passava de uma
lenda urbana. Determinou-se a provar que o tesouro era real e que poderia
encontrá-lo. Sem contar a ninguém, começou a passar todas as noites pelo
bambuzal, esperando ver o tal vigilante.
Nas primeiras noites, tudo parecia
normal. A rua silenciosa, o vento sussurrando entre os bambus que, como que
dançando, mexiam-se de um lado a outro, mas nada de anormal. No entanto, em uma
noite sem lua, enquanto estacionava sua moto em frente ao bambuzal, Nala sentiu
um calafrio percorrer sua espinha. O ar parecia mais denso, e uma névoa fina
começava a se formar ao redor.
De repente, entre os bambus, uma figura
começou a se materializar. Era um homem de aparência envelhecida, roupas gastas
e olhos que brilhavam com uma intensidade sobrenatural. Nala engoliu em seco,
mas sua determinação falou mais alto.
— Você é quem está guardando o tesouro,
velho? — perguntou, tentando manter a voz firme.
A figura não respondeu com palavras. Em
vez disso, estendeu a mão ossuda, apontando para Nala enquanto caminhava em sua
direção. Uma dor aguda atravessou o peito de Nala e, mesmo antes de o espectro
alcançá-lo, ele caiu de joelhos, ofegante e sem conseguir respirar.
Visões começaram a inundar sua mente:
pessoas sendo arrastadas para dentro do bambuzal, gritos de agonia, olhos
cheios de terror. Cada imagem era mais vívida e aterrorizante que a anterior.
Nala tentou se levantar, mas suas forças o abandonaram.
A última coisa que viu antes de perder
a consciência foi a figura se aproximando, com um sorriso macabro nos lábios.
Na manhã seguinte, moradores
encontraram a moto de Nala abandonada em frente ao bambuzal. Não havia sinal
dele, apenas marcas profundas no chão, como se alguém tivesse sido arrastado
para dentro da vegetação densa.
Aguardaram que Nala retornasse para
pegar sua moto, mas ele nunca apareceu.
O único relato sobre esse episódio foi
de um vizinho, morador a 100 metros do bambuzal, que acabara de acordar para ir
ao trabalho de vigilante noturno e escutou o barulho dos bambus batendo, como
se houvesse lá fora uma ventania muito forte. O ruído era intenso, como se os
bambus estivessem se contorcendo, mas nem isso foi suficiente para impedi-lo de
ouvir um grito de "Não me leve" e a palavra "socorro", que
foi sumindo ao fundo, encoberta por risadas.
Assustado, abriu a porta e saiu à
varanda, vendo tudo calmo e silencioso.
A lenda do bambuzal na Rua Maia ganhou
mais um capítulo sombrio, e ninguém mais ousou desafiar o vigilante do tesouro.
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