quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

A fanha

Era sábado à noite, início de um feriadão, portanto... 

Meu sobrinho chegou na hora certa em casa, apenas peguei uma blusa leve e lá fomos nós para o Vale do Paraíba, no interior de São Paulo. 
Queríamos aproveitar bem o feriado prolongado, seriam três dias de descanso e como era sábado, decidimos ir para Jacareí ver a madrinha.
Meu sobrinho foi a viagem toda falando da simpatia das meninas do lugar e já que estávamos lá, depois de sair da casa da madrinha, resolvemos esticar para um barzinho no centro. Lugar agradável, animado e simples, mas de muito bom gosto.
Naquela época ainda não tínhamos a lei seca e confesso, abusávamos disso, mas nunca tivemos um incidente qualquer. Ainda bem que as coisas mudaram. Agora é muito mais seguro.
Eu nunca imaginei que alguns anos depois, mudaria para aquela pequena cidade, mas naquele momento, não conhecíamos nada do lugar, porém, achar um bom barzinho, era mais fácil do que encontrar o caminho de volta.
Dez minutos depois de deixar a casa da madrinha, lá estávamos nós, sentados numa mesa de bar e pedindo o primeiro chopp. 
A noite prometia, estávamos animados e já alguns minutos depois que chegamos, cantávamos com a dupla que fazia um som muito maneiro, na base de um violão e timba, cantando músicas de Raul.
Por duas vezes informei o sobrinho do horário, que avançava rápido e o lembrava de que não conhecíamos a cidade. 
- Tio, fica de boa. Estamos em Jacareí. Aqui todo mundo é simpático, principalmente as meninas, sempre tem alguém pra ensinar a gente a chegar à rodovia Dutra. Da Dutra pra casa, é um pulinho. Mais um choppinho e vamos embora. 
E assim foi... Concordo que estava realmente um delicia ali e terminei relaxando.
Realmente aconteceu dessa forma e depois daquele chopp, saímos pra ir embora. Perguntamos para um casal como chegar até a Dutra, mas percebemos que estavam mais desorientados e altos que nós dois. Outro ainda, nem GPS levariam eles pra casa. Estavam “perdidinhos”, mas sem perder a simpatia. Em coro responderam rindo:
- Não sei e nem quero saber, estamos em Jacareí. Eeee...
Resolvemos então seguir nosso senso de direção e pegar informação em algum ponto de táxi por ali.
Cadê os táxis? Nada. 
Já era quase meia noite, nós com chopp na cabeça, sem achar ninguém pra nos ajudar. Pegando a avenida a beira do Rio Paraíba, vimos duas moças caminhando vindo à direção oposta. 
- Ôh sobrinho, é melhor não parar pra perguntar. Irão pensar que estamos cantando elas e há essa hora não vão acreditar que estamos perdidos.
- Que isso Tio, estamos em Jacareí...
- Já sei. Tudo mundo aqui é simpático, principalmente as meninas e blá, blá, blá... Tá legal. Pare que eu pergunto.
Como as meninas estavam do meu lado do carro, ele foi parando bem devagar até chagarmos próximo a elas. Então perguntei.
- Boa noite meninas. Podem me informar como chego à rodovia Dutra?
Sorridente, um delas se adiantou e chegou próxima a porta do carro.
- Fia a Duta, ai a alá.
Meu sobrinho de repente, resmungando algo, acelerou o carro e saiu em disparada na direção oposta que a menina mostrou. Assustando a menina e eu, então berrei pra ele:
- Que isso. Pare o carro! - e ele parou já bem distante daquele local.
- Rapaz, você está louco? Acho que bebeu demais.
- Não Tio. Só fiquei bravo. Que menina mais mal educada. Eu te falei tanto da simpatia do povo daqui, principalmente das meninas e essa te chamou daquilo.
- Daquilo o quê?
- Te xingou de Filho da p... Sai pra lá.
- Que isso maluco! Não me xingou não. A menina era fanha e falou que "Via Dutra, vai pra lá".
- Caracas Tio, foi mal. Entendi errado, mas a menina era bem simpática né?
Ôh raiva sô.

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