Estávamos no
meio da tarde, em casa conversando em meu quarto quando tudo aconteceu.
Sempre escondi de
todos, apesar de meu melhor amigo saber e acredito muitos desconfiarem, que eu adorava aquela menina. Não era apenas gostar, nem desejar, era amor mesmo.
Nosso
relacionamento sempre foi de ótimo, frequentávamos a casa um do
outro, já por vários anos. Seus pais e os meus também tinham uma ótima relação.
Mas, para qualquer pessoa, aquele casal de adolescentes, eram apenas dois bons
amigos.
Ah! Quanta loucura
eu fiz para estar ao seu lado, para sentir seu perfume. Buscá-la na escola,
levar um livro, arrumar desculpas, para que ela me ajudasse. Tudo o que podia
eu usava para estar ao seu lado. Não sei se nossos pais desconfiavam de alguma
coisa, pelo menos, os meu nunca falou nada. Hoje vejo que era impossível
ninguém ter percebido que eu era louco de paixão por aquela menina.
Muitas vezes
saímos como amigos. Eram parques, cinema, atividades, sempre tinha algo
em comum para estarmos juntos e quando não tinha, eu arrumava.
Seu sorriso e
olhar eram fantásticos, até sonhava com eles. A cada olhar ou frase direcionada
a mim, era um enorme desafio, fazia de tudo para não deixar perceberem o quanto
eles me deixam feliz. E foi assim por muito tempo enquanto crescíamos e eu
nunca me declarei. Acho que por medo de perdê-la em definitivo com um não ou
até de namorarmos e não dar certo. Isso com certeza a tiraria de mim.
Um dia ela arrumou
um namorado e isso deixou claro que o sentimento que tínhamos era diferente.
Não tinha duvida que ela me amasse, mas provavelmente era um amor diferente.
Foi a pior fase de
minha adolescência. Foram anos assim.
Quantas vezes, eu
cheguei em sua casa e o dito cujo estava lá. A cada toque de sua mão em qualquer
parte do corpo dela, a cada carícia em seus cabelos, me via pulando sobre ele e
espancando-o. Não suportava vê-lo beijando ou simplesmente abraçando-a.
Acho que essas cenas me doíam tanto, que me definhei.
Então um dia, acho
que ela não namorava ninguém na época, foi nos visitar com sua mãe,
pois havíamos mudado do bairro. Enquanto nossos pais conversavam na
sala, fomos ao meu quarto, queria mostrar a ela, umas canções que eu escrevera e
ficamos conversando sobre tudo. Sempre fizemos isso.
Não sei como ou o porquê aconteceu, mas enquanto conversávamos, começamos a brincar
de um empurrar o outro, por um motivo bobo qualquer, de
repente estávamos um de frente para o outro, olhando nos olhos e nos
abraçando. Então nos beijamos.
Mesmo que tentasse, por anos e anos escrever aquele momento, nunca acharia as palavras certas ou a
combinação gramatical que pudesse dizer o que vivi. Foi o beijo mais doce de
minha vida. Seus lábios, como eu sempre imaginei, eram macios. Seu gosto ficou
gravado em minha boca. Nem em meus mais loucos pensamentos, pude imaginar que
seria tão bom.
Não foi um beijo
afoito. Foi tranquilo e calmo. Pude sentir seus lábios colando aos meus e sua
respiração tensa e ofegante, através de seu corpo colado ao meu. Senti-me como
se não estivesse ali, nem me lembrei de nossos pais ali, muito próximos. Então
nos separamos.
Esse momento foi
magico. Ninguém disse nada, apenas nos afastamos, descolando nossos corpos, a
distância dos braços esticados e lentamente senti seus dedos escaparem dos
meus, um após o outro, porém seus olhos ficaram presos aos meus.
Ficamos nisso. Nunca ficamos juntos, apesar de alguns selinhos roubados pela oportunidade e
momento.
Não a procurei
mais, acho porque sabia que seríamos separados definitivamente, se algo
acorresse, e eu a queria para vida toda. Para mim ela já não era uma mulher, física, era uma alma doce, que a minha incorporou
Coisas da adolescência...
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