sábado, 22 de fevereiro de 2014

Pela cidade

Que cachorro mais bobo é esse. Correndo e latindo do meu lado.
Fica com essa língua pendurada, olhando pra mim querendo me impressionar. Chega a ser engraçado. Eu sabia que não conseguiria, ficou pra trás.
- Seu perdedor!
Nem sempre eu podia sair por ai e ver esses prédios grandes, um coladinho no outro. Parecem estar competindo pra ver quem chega mais perto do céu. Coisa mais sem graça. Ninguém chega lá. Nem mesmo os foguetes da TV. Eles vão, vão, vão e depois caem ou deixam de voltar.
Tem alguns prédios que são tortos, com janelas pretas, outros, muito velhos e sujos. Será que ninguém se preocupa em limpá-los e deixar tudo bonito? Não pode ser. Olha só quanta gente sai e entra neles, mesmo com aquela imundice e ninguém liga.
Ainda bem que ficaram pra trás.
Acho que o mundo é esquisito. Porque a água deste rio parece sempre estar caindo pra algum lugar? E se tá sempre caindo, onde é que ele vai parar?
Daqui da ponte, me parece que ele esta com pressa. Ele passa debaixo de nós muito rápido se mexendo todo. Ele tá sujo também. Será que usaram sua água pra lavar algo? Bem que poderia ser aqueles prédios sujos.
Antes quando passava por essas ruas via muitos passarinhos, hoje já não vejo mais. Meu amigo tem um preso, não sei por quê. O que teria feito de errado pra ficar preso assim. Ele parece estar sempre triste e inquieto, pulando de um pauzinho a outro, tentando achar algum buraquinho pra escapar. Pra estar preso assim, deve ser um passarinho muito mau. Mesmo assim não gosto de ver.
Queria ficar de pé ou mesmo de joelhos, assim poderia ver tudo melhor. Quem sabe ver aonde vai esse rio com tanta pressa ou achar algum passarinho bom, voando no céu. Mas amarrado assim, nem posso me mexer.
Tá certo que sempre foi assim, mas me sinto como o passarinho do colega. Muito preso e triste. Não consigo ver direito tudo, por isso tenho tantas dúvidas. Aquelas árvores mesmo. Não sei se tem passarinhos, flores ou quem sabe uma deliciosa maçã. Eu as adoro.
O que me conforta é ver meu irmão aqui ao lado. Mesmo sabendo que não vê e nem se mexe, sei que está aqui. Ele é menor que eu e as vezes parece esquecer disso, falo e ele nem liga. Tá vendo... Agora ele está aqui e nem se mexe.
Hummm... Que vontade...
- Pai! Pare o carro pra eu fazer xixi?

- Fica quieto. Vai acordar seu irmão!



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