quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

A Loira e o Halls

Logo que entrei naquele supermercado, a vi.

Ela estava logo ali a frente, do meu lado esquerdo, olhando o balcão de frios.

Olhei para os lados e percebi que não era apenas eu quem a acompanhava com os olhos. Outros homens e alguns rapazes jovens demais, que estavam por ali comprando algo, também dirigiam seus olhos a ela.

Como eu estava do lado oposto, segui por ali mesmo. Não queria encrenca, estava bem demais. Mas confesso, ao olha-la de longe, era linda demais. Segui meu caminho, tinha muito que comprar.

Tentei esquecer aquela imagem e concentrar-me na minha tarefa. Compra semanal para casa.

Estava percorrendo os corredores de produtos de limpeza, já com algumas compras no carrinho, quando parei em frente a uma prateleira e fiquei observando os produtos.

Essa história de morar sozinho, tem suas complicações. Não sei ao certo o que comprar na semana para alimentar-me e, principalmente quanto aos produtos de limpeza.

Fiquei ali olhando para os amaciantes, sabão em pedra, em pó, desinfetantes, pensando qual seria o ideal. Estiquei a mão várias vezes, como se fosse pegar um produto e recolhi na mesma velocidade. Não tinha a certeza de qual comprar.

Dei uma volta e quando percebi, lá estava eu novamente encarando os mesmos produtos. Que dificuldade.

Enquanto decidia, abri um Halls e joguei na boca e fiquei alisando o queixo pensativo e lendo rótulos.. Estava tão distraído que nem percebi alguém se aproximando e chegando bem perto. 

- É difícil decidir, não é?

Assustei-me com a voz, apesar de suave, e olhei por trás do ombro rapidamente dando de frente a ela. 

Loira, cabelos longos, alta, olhos verdes e muito sorridente. Então, me perguntou:

- Precisa de ajuda com esses produtos?

Como responder... A voz não saia da boca, salvo, uns "Uuuu.." e "Quuu". Travei totalmente.

- Você está bem? Parece meio pálido!

Balancei a cabeça negativamente e apontei para minha garganta. Começava a ficar sufocado.

- Não consegue falar? É mudo? Pobrezinho...

Nada. A voz não saia, não entrava ar nos meus pulmões. Faltava-me o ar desesperadamente. Sentia que ia desfalecer.

- Nossa... Não esperava causar tanta impressão assim.

Meu Deus! Acenando afastei-me bruscamente daquela mulher e bati com as costas nas prateleiras e senti minhas pernas enfraquecerem, cairia a qualquer momento. Apagaria.

- Caramba! – Disse com uma voz sensual - Você está ficando roxo.... Nunca imaginei ter a capacidade de fazer isso com os homens.

Ela afastou-se um pouco, deixando-me ali, deslizando pela prateleira abaixo, enquanto ia derrubando vários produtos no chão.

Algumas pessoas ao ouvir o barulho, correram para saber o que acontecia. O que causava tanto barulho naquele corredor. Enfim cai no chão batendo minhas nádegas com todo meu peso no chão.

Foi nesse momento, que o Halls que estava em minha garganta, saiu voando para bem longe e então todos entenderam. Eu havia engasgado com a bala. A loira toda sem graça, que se achava a última bala do pote, saiu de fininho. Ela, percebeu que não era a causa da minha reação. Na verdade, era a culpada sim. A "maledita" loira deu-me um baita susto, quase me matou engasgado, fez piadinha e ainda se achava demais.

Que coisa! Está certo, ela era bonita? Era. Mas também muito convencida.

Loira por loira, fico com a minha.... É muito melhor.

Vai vendo.... Se acha.

 

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