Logo que entrei naquele supermercado, a vi.
Ela estava logo ali a
frente, do meu lado esquerdo, olhando o balcão de frios.
Olhei para os lados e
percebi que não era apenas eu quem a acompanhava com os olhos. Outros homens e
alguns rapazes jovens demais, que estavam por ali comprando algo, também
dirigiam seus olhos a ela.
Como eu estava do lado
oposto, segui por ali mesmo. Não queria encrenca, estava bem demais. Mas
confesso, ao olha-la de longe, era linda demais. Segui meu caminho, tinha muito
que comprar.
Tentei esquecer aquela
imagem e concentrar-me na minha tarefa. Compra semanal para casa.
Estava percorrendo os
corredores de produtos de limpeza, já com algumas compras no carrinho, quando
parei em frente a uma prateleira e fiquei observando os produtos.
Essa história de morar
sozinho, tem suas complicações. Não sei ao certo o que comprar na semana para
alimentar-me e, principalmente quanto aos produtos de limpeza.
Fiquei ali olhando para
os amaciantes, sabão em pedra, em pó, desinfetantes, pensando qual seria o
ideal. Estiquei a mão várias vezes, como se fosse pegar um produto e recolhi na
mesma velocidade. Não tinha a certeza de qual comprar.
Dei uma volta e quando
percebi, lá estava eu novamente encarando os mesmos produtos. Que dificuldade.
Enquanto decidia, abri um
Halls e joguei na boca e fiquei alisando o queixo pensativo e lendo rótulos..
Estava tão distraído que nem percebi alguém se aproximando e chegando bem
perto.
- É difícil decidir, não
é?
Assustei-me com a voz,
apesar de suave, e olhei por trás do ombro rapidamente dando de frente a
ela.
Loira, cabelos longos,
alta, olhos verdes e muito sorridente. Então, me perguntou:
- Precisa de ajuda com
esses produtos?
Como responder... A voz não
saia da boca, salvo, uns "Uuuu.." e "Quuu". Travei
totalmente.
- Você está bem? Parece
meio pálido!
Balancei a cabeça
negativamente e apontei para minha garganta. Começava a ficar sufocado.
- Não consegue falar? É
mudo? Pobrezinho...
Nada. A voz não saia, não
entrava ar nos meus pulmões. Faltava-me o ar desesperadamente. Sentia que ia
desfalecer.
- Nossa... Não esperava
causar tanta impressão assim.
Meu Deus! Acenando
afastei-me bruscamente daquela mulher e bati com as costas nas prateleiras e
senti minhas pernas enfraquecerem, cairia a qualquer momento. Apagaria.
- Caramba! – Disse com
uma voz sensual - Você está ficando roxo.... Nunca imaginei ter a capacidade de
fazer isso com os homens.
Ela afastou-se um pouco,
deixando-me ali, deslizando pela prateleira abaixo, enquanto ia derrubando
vários produtos no chão.
Algumas pessoas ao ouvir
o barulho, correram para saber o que acontecia. O que causava tanto barulho
naquele corredor. Enfim cai no chão batendo minhas nádegas com todo meu peso no
chão.
Foi nesse momento, que o
Halls que estava em minha garganta, saiu voando para bem longe e então todos
entenderam. Eu havia engasgado com a bala. A loira toda sem graça, que se
achava a última bala do pote, saiu de fininho. Ela, percebeu que não era a
causa da minha reação. Na verdade, era a culpada sim. A "maledita"
loira deu-me um baita susto, quase me matou engasgado, fez piadinha e ainda se
achava demais.
Que coisa! Está certo, ela
era bonita? Era. Mas também muito convencida.
Loira por loira, fico com
a minha.... É muito melhor.
Vai vendo.... Se acha.
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