quarta-feira, 24 de abril de 2013

Nunca me sinto só.

Toda segunda-feira, encontro abrigo na rodoviária. É um lugar que, à primeira vista, poderia parecer frio e impessoal, mas que, para mim, se tornou um espaço de encontros e reflexões. Os colegas da limpeza e manutenção, com suas rotinas silenciosas, tornaram-se companheiros de jornada. Enquanto eles se movem com precisão, eu me encolho em um banco, tentando aquecer o corpo e a alma.

Numa dessas madrugadas, uma colega se aproximou. Observou o livro volumoso que eu lia — Operação Cavalo de Troia — e perguntou se eu lia a Bíblia. Respondi que sim, e ela, com um olhar penetrante, perguntou se eu era evangélico. Neguei, dizendo que sou apenas crente em Deus. Ela se levantou, murmurou: "É mais fácil assim, né", e voltou ao trabalho.

Fiquei com aquela frase ecoando na mente. O que ela quis dizer com "mais fácil"? Será que a fé verdadeira exige rituais específicos? Ou será que a simplicidade da crença é, de fato, a mais pura?

Decidi procurá-la. A convidei para um chocolate quente, já que o frio cortante da madrugada fazia o nariz arder. Sentamos e conversamos. Ela explicou que, ao entregar-se plenamente a Deus, sem questionamentos, a vida se torna mais leve, mais compreensível. Que a busca por motivos e explicações pode turvar a visão daquilo que Ele nos oferece.

Voltei ao meu banco, agora com uma sensação de paz. A rodoviária, antes vazia e silenciosa, parecia agora um santuário. A solidão deu lugar à companhia divina. Adormeci ali mesmo, com a certeza de que, mesmo nos lugares mais inusitados, nunca estou verdadeiramente só.

Deus está comigo, sempre.



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