Estava
na estrada, colado na janela do ônibus, para variar, escrevendo e nem vi o
tempo passar. Então cheguei.
Entre
o escrever e o lembrar, olhava para o céu muito cinzento, esperando ver o seu
avião.
Àquela
altura do tempo, você poderia estar sobrevoando sobre a estrada que me levava para
casa. Não sei o que procurava no céu, mas tinha certeza que a veria na pequena
janela do avião, me soprando um beijo.
Talvez,
você até veria meu cabelo espetado, feito o Cebolinha do Maurício de Souza e
sinalizasse para eu baixá-lo. Discretamente passei a mão sobre a cabeça.
Quem
sabe faria o sinal de telefone, me lembrando de ligar, assim que chegasse.
Baixei
meus olhos por um momento e os voltei novamente para o céu. As nuvens cinzentas,
não permitiria vê-la na janela. Como sou muito imaginativo, fiz com que
meus olhos ultrapassassem as nuvens e alcançasse seu voo.
Acima
das nuvens, agora mais claras, você lia "Elvis, por ele mesmo" e
sorria para mim.
Ah!
Como é bom escrever. Nessa folha branca e sem vida, posso te recriar, te trazer
de volta. Posso até fazê-la abrir a janela do avião e dizer: "Estou
voltando para você".
Posso
até escrever, que quando abri a porta de nossa casa, você estava lá, me
esperando, com aquele vestido preto de bolinhas brancas.
Mais
um olhar para o céu e, ... Meu Deus!!!
Lá
está você de verdade, na janela.
Não
pude crer, me emocionei e sorri. Levantei a mão timidamente e acenei.
Então você sumiu.
Abri
os olhos e o livro de Elvis estava no chão, junto com meu texto e a caneta.
Dormira,
exausto e saudoso.
De
hoje, até sempre, olharei para cada avião que sobrevoar por mim, acreditando
que está voltando...
Para
mim.
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