Andar no Elevador Lacerda, em Salvador, é uma aventura à
parte.
Só para vocês imaginarem a viagem: saímos da pousada na
Praia do Flamengo, de ônibus coletivo, às 9h30, e chegamos à Praça da Sé às
11h15 — mais de uma hora e meia de percurso.
Está certo que o trajeto foi próximo à orla, com paisagens
lindíssimas, mas quando desci do ônibus, minha poupança tinha o formato do
banco e estava dormente. Ufa!
Logo quando nos aproximamos do elevador, pela Cidade Alta,
começou a muvuca. Era gente de tudo quanto é lado, oferecendo isso ou aquilo;
mal conseguíamos andar. Acho que perceberam que éramos turistas — não sei se
pela minha camisa laranja berrante, tipo uniforme da Holanda, boné fechado e
óculos escuros, traje típico de turistas, quem sabe talvez pela brancura de
neve de minha filhota lindinha ou mesmo pela maneira determinada de mamãe em
proteger sua pequena bolsa. Aliás, estava tão colada ao corpo que, se alguém
tentasse tomá-la, com certeza levaria a roupa dela também. Mas entendo,
Salvador é como São Paulo ou outra grande cidade: movimentada demais.
Mas enfim... depois de conseguir se desvencilhar de todos
esses trabalhadores que ofereciam desde as famosas fitinhas até o trabalho de
guia, conseguimos entrar. Quer dizer, entrar... entramos, mas a fila era tão
grande para pegar o elevador que ficamos para fora mesmo.
Ah! Mas estamos na Bahia, é só aguardar um pouquinho... E lá
estamos nós, noutra fila para entrar no elevador. Não deu tempo nem para
refrescar um pouco; logo as portas se abriram e lá fomos nós para o interior
daquela caixa metálica. É bem verdade que não tivemos nenhuma opção; tá certo
que estávamos ali para isso, mas fomos gentilmente empurrados para entrar de
uma vez. Ainda assim, é muito melhor que o metrô de São Paulo. Aqui deu para
colocar os dois pés no chão.
Começamos a descida e foi uma maravilha, mesmo com o
friozinho na barriga. Fui observando pelas frestas da porta a distância ser
diminuída rapidamente, até chegarmos ao destino — muito legal. Ainda bem que
foi muito rápido; o calor dentro do elevador estava insuportável, muita gente
para pouco espaço... Abriam-se as portas. Lá vamos nós de novo, no caminhar em
massa rumo à saída.
Adorei.
Na saída, tomei mais fitinhas, guias turísticos, vendedores
ambulantes e especialistas em como andar pela Bahia. Ganhei tantas fitinhas que
nem precisava ter comprado para levar de lembrança aos amigos.
Chegamos ao destino: o Mercado Modelo. Simplesmente
incrível. Tudo ao seu redor é bonito e interessante.
Mas antes de rumar para o Mercado, virei-me e olhei
novamente para o elevador, desde o alto até o chão.
É, quando os governos querem fazer algo que funcione, eles
conseguem. É muito dez.
Tirando o boné para coçar a cabeça, comecei a pensar que
teria que fazer o caminho inverso novamente. Meu Deus, que calor!
Lá vamos nós. Fazer o quê?
Foi só virar-me na direção do Mercado Modelo e...
— Não... Não... Mais fitinhas não.
— Obrigado, obrigado, não quero, obrigado...
— Não amarre no meu pulso, por favor...
Ah! Salvador... Como é bom estar aqui.
0 comentários:
Postar um comentário
Obrigado por comentar. Seu comentário e opiniões são muito importante para melhorar o blog.Se não quiser deixar... Fazer o que...