quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Halloween, um verdadeiro dia das bruxas.

Esse mês já "Elvis". Foi-se o Dia das Crianças e o da Padroeira, e eu não ganhei minha Caloi. Deve ser porque não achamos mais Caloi nas lojas, ou ainda, porque a padroeira não me achou bem comportado nesse ano.
Não tem problema, vamos tocando a vida como ela é. Que venha o Halloween.
Aliás, que dia mais... Estranho.
Aqui o chamamos de Dia das Bruxas, mas não tem a força como nos EUA ou Europa.
Pois bem, eu vivi assim minha primeira experiência de Halloween...
Lá estava eu de Conde Drácula indo a primeira festa de Halloween.
Como nunca tinha participado de algo parecido, estava um tanto constrangido e inconformado quando me olhava no espelho e via aquelas olheiras feita com tinta preta para pele.
A capa, o colete e o cabelo, até que ficaram legais, mas minha dentadura de vampiro incomodava muito.
Meu amigo estava atrasado, ficara de me dar uma carona as 21h00 e já eram 22h10. Foi só pensar nisso e tocou meu celular. Era o atrasildo me dizendo que era para eu espera-lo no portão, que ele já estava chegando.
Saí meio sem jeito, com aquela capa enorme balançando, e fui para frente de casa... Vai vendo...
Assim que fechei o portão e virei-me, dei de cara com o vizinho chegando com a família. O carro estava lotado. Ele, a mulher, as duas filhas e um sardentinho, que tive a impressão de já conhecer de algum lugar. Olhavam-me assustados, tanto que o vizinho quase bateu seu carro ao entrar na garage.
Achei melhor entrar em casa e esperar lá dentro mesmo, mas cadê as chaves? O meu portão, fecho com um cadeado velho, que sempre trava e eu sempre esqueço de trocá-lo. Como meu colega me daria carona sai sem as chaves e tranquei o cadeado. Pronto arrumei pra cabeça, como entraria novamente? .
Nada do colega, nada de entrar em casa e os vizinhos me olhando estranhamente... Que mico.
Bem, quem está na chuva...
Como não pude entrar novamente em casa, resolvi andar um pouco e esperar o colega mais adiante. Outra ideia infeliz.
Apareceu sei lá de onde, dois cachorros e vieram rosnando pra mim, tentei intimidá-los ameaçando jogar algo neles, mas minha mensagem não foi compreendida. Não é que os dois avançaram contra mim, mordendo e puxando minha capa. Tentei chutar um errei e cai. Os dois começaram a puxar e rasgar minha roupa até que dei um grito tremendo e os safados me largaram e correram embora.
É claro que levantei falando um monte de palavrões e rogando pragas contra aqueles pulguentos. Acho que a cena foi tão bizarra que os moradores preocupados com a barulheira chamaram a polícia. Voltei para frente de casa disposto a entrar e desistir da festa.
Lembrei-me que estava sem as chaves e resolvi pular o portão. Assim que comecei a escalar,  pisei na minha capa, perdi o equilíbrio, escorreguei e cai. 
Mas minha calça salvou-me de um tombo feio. Ela enroscou numa das lanças do portão e deixou-me dependurado de cabeça para baixo, evitando bater minha cabeça no chão. Foi então que percebi a chegada de um carro e uma iluminação vermelha a piscar, pelas minhas costas e escutei o som forte da sirene.
Nem tive tempo de virar a cabeça, pra ver o que era e já ouvi:
- Hei morcegão... Vamos descendo bem devagar daí.
- Esta é minha casa senhor policial.
- Sei morcegão. Com certeza estava subindo ai, para dormir de cabeça pra baixo. Vamos descendo morcegão, você está literalmente enroscado.
Bem... Resumindo...
Passei a noite de Halloween na delegacia e só sai quando os colegas chegaram e explicaram tudo ao delegado.
Dia das Bruxas...
Vai vendo.




quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Um dia com meus filhotes

Saio de casa às seis e vinte. Pego o ônibus na porta de casa, enquanto o Twoo uiva, com as patinhas sobre o portão, inconformado ao me ver saindo e iniciando mais uma maratona.

Vinte minutos depois, já estou chegando na rodoviária de Caçapava, pronto pra pegar o segundo ônibus — agora rumo a São José dos Campos. Antes, compro uma água e minhas saborosas batatinhas de salsa e cebola.

Plu favô, não tem tlocado, moço?

Não tive como não sorrir para o atendente de procedência coreana — seja pelo sotaque engraçado ou pelo atendimento atencioso. Mas, infelizmente, como eu realmente não tinha “tlocado”, acredito que a palavra que ele murmurou ao virar as costas para buscar o troco não tenha uma tradução assim tão... cortês.

Mais alguns minutos e lá vou eu, rumo a São José dos Campos.

Antes de chegarmos à rodoviária, algumas pessoas descem pelo caminho. Duas senhoras, prestes a descer, comentam com o motorista:

— Seu motorista, a empresa não devia permitir que as pessoas fiquem assim de agarra-agarra dentro do ônibus, ainda mais mulher com mulher e homem com homem. Isso é falta de respeito com a gente! Deviam colocar uma placa proibindo isso. Se quiserem, que vão pra um motel!

Enquanto a senhora indignada descia, fiquei imaginando como seria essa tal placa...

“Proibido agarramento entre pessoas do mesmo sexo”
ou
“É vedado a indivíduos do mesmo sexo trocarem beijos, apertos e outros”...

Complicado isso.

Mas como homem também é um bicho curioso, fiquei observando todos que desceram na rodoviária, tentando detectar quem causara tanta revolta. Só vi senhores e senhoras da terceira idade... Será?

As coisas andam mesmo sem freio.

Sempre que chego à rodoviária de São José dos Campos procuro meu amigo Willian, mas como nunca o encontro, sigo direto em direção a Jacareí — o terceiro ônibus do dia. São mais trinta e cinco minutos pela via Dutra. Ainda bem que sempre trago um livro.

As horas? Quase nove. Já rodando há quase três horas.

Chego a Jacacity e vou direto ver o primeiro filhote, numa loja de ferragens. Incrível como cresceu. É por isso que a gente envelhece — eles têm pressa de crescer, e nós é que ficamos velhos.

Ele pede uma saída e vamos tomar o café da manhã juntos. Bolinho de bacalhau e refrigerante. Talvez até encontrasse meu velhinho predileto por ali, mas dessa vez não deu certo.

— A conta é dele. O pai paga!

É... certas coisas não mudam mesmo.

Pego mais um ônibus — o quarto do dia — até a casa das filhotas...

Enfim, depois de quatro ônibus e três horas e trinta minutos, cheguei.

O velhinho está por ali, próximo ao portão da casa. Sempre nos esbarramos no mercadão também. Pessoa incrível.

A caçula sempre está acordada.

— Pai, põe crédito no meu celular?

Sempre muito acordada.

Já a gêmea, dormindo feito uma princesa. E não é o sapo aqui que vai acordá-la. Aliás, faz um belo casal com seu irmão gêmeo. Dois dorminhocos. Ele também está dormindo.

Qualquer sacrifício vale a pena para comer a deliciosa macarronada da Tatá, tomar um bom vinho com meu velhinho e curtir meus filhotinhos.

Pena que depois vem a maratona da volta…
E, na velha mochila, levo também as saudades desses filhotes maravilhosos.

Mas logo volto.

terça-feira, 29 de outubro de 2013

Apenas palavras...

Mesmo quando minha voz não sai,
ou quando meu sentimento me trai,
sei que poderia dizer mais.
Quando de repente me vejo só,
articulo pensamentos de dó,
sei que poderia fazer mais.
Se eu tento chamar atenção,
expor o que carrego na mão,
sei que poderia mostrar mais.
Na esperança de um olhar,
na alegria do tocar,
sei que poderia te sentir mais.
Perceber o pulsar do coração,
me guiar na escuridão,
sei que poderia ouvir mais.
Mas quando o silencio diz,
que já não sou mais feliz
sei que poderia amar mais.
Se o sol não reflete o dia,
e a noite não mais me sacia,
Sei que me perderia mais.
Quando o acordar não se repete,
e a vida toda se inverte,
sei que não vivi aqui demais.
Se todo escrito a deixa brava,
então as letras formam apenas palavras,
eu já posso dormir em paz.
Sou Freitas -1979

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

sábado, 26 de outubro de 2013

Esse meu cachorro...

Meu cocholo, como diz o Jackie, se machucou.
Mas também… o Twoo faz coisas que não dá pra acreditar.
Se enfia em cada lugar, sem contar os estragos que causa.
Camisas arrastadas pelo quintal, óculos pegos do sofá quando virei as costas por um segundo, a destruição do rodo, da vassoura, da pazinha, cestos de lixo, esponjas… e por aí vai.

Algumas coisas até consegui salvar: meias e toalhas que estavam no varal, quando o flagrei com a boca cheia.
O cara de pau soltou devagar, abaixou a cabeça, arrastando o focinho perto do chão e saiu de fininho…
Como se nada tivesse acontecido. Como se eu não tivesse visto!

E o susto que levei ao abrir a torneira do tanque e ver a água vazar direto nos meus pés?
Pois é. Ele destruiu os canos que levavam a água pro esgoto.
Maledito cocholo… Bem...

Quando cheguei em casa e mexi no cadeado do portão, nada aconteceu.
Estranhei.
Bati o cadeado, fazendo barulho, e... nada.
Cadê meu cocholo?

Chamei por seu nome, e o vi esticando a cabecinha pela mureta da varanda.
Realmente, algo estava errado.

Fechei o portão e fui até meu amiguinho.
Estava com a patinha dianteira direita levantada. Pobrezinho...

Guardei tudo e fui ver o que havia acontecido.
Não encontrei ferimento.
Com certeza enfiou a pata em algum lugar e se machucou tentando tirar.

Cuidei dele. Enfaixei a patinha, deixei água e ração perto e fui tentar entender o que tinha acontecido.
Nenhuma evidência. O quintal em ordem, nada destruído, nada espalhado. Tudo em seu lugar.

Vai ver foi mesmo no portão.
Sei bem do que ele — e outros bichos — são capazes…

Queria até postar uma foto dele aqui, com a patinha enfaixada.
Mas adivinha?

Ele destruiu o cabo de conexão do meu celular.

Urgh!
Vê se pode!






















sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Amo demais. Felicidade em dose dupla.

Às vezes, quando menos esperamos, recebemos pessoas incríveis em nossa vida.

Ela... Nasceu primeiro e já deve ter nascido muito séria. Acredito que nem deve ter chorado, quando recebeu a palmadinha do médico. Deve apenas, ter virado sua cabecinha e o encarado.
Já mais crescidinha, ganhou o apelido de "Maria Tombo", claro, colocado por um pai "bobão", ou seria "babão"? Era descuidar um segundo e pronto, ela caia de algum lugar. Era do berço, da cama, andando... Impressionante.
Um pouco mais grandinha... Tinha cachinhos lindos, era muito fofinha, sorridente e charmosa... Paparicada por todo mundo, principalmente pelo avô e já não caia tanto, ficara muito espertinha.
Era minha referência e não me deixava ficar pra baixo. Sempre que me abalava ou chegava em casa cabisbaixo, lá vinha ela com seus bracinhos abertos me encher de carinhos.
Virou menina... Os cachinhos começaram a sumir, as perninhas cresceram e ela alcançou a altura de meu peito. Magrinha, delicada, ainda me recebia da mesma forma, quando voltava de um dia difícil, com um sorriso e abraços.
Não demorou muito e se tornou mocinha. 
Ficava cada vez mais lindinha. Infelizmente, não era apenas eu que achava assim. Logo os garotos a estavam assediando e como tinha que ser, meu ciúme apareceu e às vezes eu sei, até exagerei nos cuidados. Era a minha princesa.

Ele... Chegou ao mundo alguns minutos depois, como eu. No mínimo deve ter mostrado um sorriso quando recebeu a palmadinha ou até piscou para a enfermeira. Já mais crescidinho, muito esperto, deixava-nos muito ligados, pois era virar as costas e pronto... Mais uma arte pra sua conta. Era o protegido do padrinho, titio e principalmente da avó.
Um pouco mais grandinho... Usava um baldinho azul na cabeça e tinha uma energia inigualável. Extremamente carinhoso e atencioso com o pai, mas totalmente desligado do mundo.
Foi meu estímulo, sempre com uma coisa nova a me apresentar. Muito criativo, mesmo quando desmontava minhas coisas e largava num canto, sempre voltava e tentava resolver. Animava-me a seguir tentando tudo de novo e de novo.
Virou um moleque... Magrinho e ágil. Era a alegria da casa. Dançava, imitava pessoas, sempre sorrindo e inventando mil travessuras. Deitava em meu colo e deixava-me acariciar aquele cabelinho liso e fino, como o meu. Até minha marca de nascença ele copiou, nos marcando pra sempre.
Ele também cresceu rápido.
Esperto, amigo, se relaciona facilmente com qualquer pessoa. Novamente, o ciúme se apresentou, mas em relação a sua liberdade. Solto, livre, sei que também exagerei com cuidados e vigias.

Enfim... Por que estou tão saudosista?

Faz dezenove anos que me apaixonei por essa dupla. Dezenove anos, que me emocionei com meus filhotes gêmeos chegando a esse mundo e que carrego o orgulho de ser pai. E não apenas uma vez, mas duas, ao mesmo tempo. Um presente de Deus, em dose dupla.
Dezenove anos, que amo incondicionalmente o casal mais lindo do mundo. Dois nenéns que me fizeram chorar quando chegaram e que me fazem chorar nesse momento de lembrança que escrevo. Que me fizeram sorrir, enquanto iam crescendo me dando tantas alegrias e que me ensinaram que amar um filho, é muito mais que ser pai. 
É chorar cada vez que a saudade me invade, é sorrir cada vez que nossos braços se encontram. É viver a cada dia, agradecendo a Deus pelo duplo presente que me deu.

Feliz aniversário, meus filhotinhos amados.

Amo vocês, com toda força de meu coração.


segunda-feira, 21 de outubro de 2013

sábado, 19 de outubro de 2013

Numa noite escura e fria.

A noite estava bem escura naquele dia. Não havia lua. Devia ser por volta de uma da manhã quando eu regressava pra casa. O dia tinha sido difícil e terminava ali, comigo voltando da faculdade.

Um vento forte e gelado soprava quando desci do ônibus. Junto comigo, apenas mais três pessoas desceram.
Não era comum o ônibus estar tão vazio naquele horário. É verdade que estávamos uns 45 minutos atrasados por causa de um acidente no centro. Levaram pelo menos meia hora pra liberar a rua e nos deixarem passar.

No caminho até o bairro afastado onde moro, passamos pelo cemitério municipal. Foi ali que vi, encostado no muro, um homem de terno e chapéu brancos. Como sempre estou lendo no ônibus, só o percebi de relance e voltei à leitura.

O trajeto até o bairro lembra uma serra, com iluminação parcial — visibilidade quase nula. Escuridão por todo lado. Mas enfim, chegamos.
Desci e me pus a caminhar depressa. São quatro quadras da praça até minha casa. Mal comecei a andar naquela rua deserta, senti uma presença.
Parei.
Virei-me.
Do outro lado da praça, lá estava ele: o homem de terno branco. Caminhava devagar, atravessando a rua, vindo na minha direção.

Lembrei imediatamente de tê-lo visto em frente ao cemitério. Seria o mesmo?

Não esperei confirmação. Acelerei os passos.
Não olhei mais pra trás. Enquanto caminhava, tentei ouvir qualquer som naquela madrugada silenciosa.
Foi então que, ao chegar à segunda quadra, algo estranho aconteceu.

A luz do poste, logo na primeira casa, apagou-se subitamente.
Assustei-me.
Parei.
Olhei para a luminária escura. E continuei, agora mais rápido.

Venci a segunda quadra o mais rápido que pude.
Na terceira, a mesma coisa: a luz também se apagou.

Parei outra vez. Lentamente, virei-me para trás.
Ninguém.
Mas aí, me veio à mente aquelas cenas de filme, quando o cara vira de novo pra frente e... BU!
Meu coração acelerou. Virei bruscamente, já esperando o susto.

Nada.

Correr não é bem minha especialidade... mas acho que comecei a flutuar.

Já perto de casa, com apenas três casas faltando, enfiei a mão no bolso pra pegar as chaves.
As encontrei, mas ao puxá-las... caíram no chão.

Sem iluminação, levei preciosos segundos pra achá-las. E com a sensação de que alguém podia se aproveitar daquele momento, mal recuperei as chaves e segui adiante, sem olhar pra trás, com a certeza de que os passos que vinham distantes estavam agora perigosamente perto.

Cheguei.
Enfiei a chave no cadeado do portão. Foi quando BUM! — uma pancada forte me fez quase ter um enfarte.

Era o Twoo.

Como sempre, me recepcionando com aquele entusiasmo canino.
Provavelmente minha mãe, ao alimentá-lo, esqueceu-se de acender as luzes. Tudo estava escuro.

Abri o portão o mais rápido que pude e entrei. Enfim em casa. São e salvo.

Então você me pergunta...

E o homem de branco?

Bem...

Sei lá. Talvez tenha sido só coincidência.

Claro...
Pra quem acredita em coincidências.

Eu?
Eu não.

Até parece... Mas não é.

Imagens legais de situações que parecem ser reais , mas não são. Vai vendo...


Oposição, não se animem. Não aconteceu nada disso.
Dilminha estava apenas passando ao lado de um militar, que em respeito estendeu sua espada.

























sexta-feira, 18 de outubro de 2013

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

O tempo não para

Ainda bem que o tempo não para...
Não teria tirado o espanto de papai ao dar os primeiros passos
nem sentido o calor de mamãe, na proteção do primeiro abraço.
Ficaria sem a possibilidade, de correr e brincar na rua,
de deitar na grama depois do futebol, observando a lua.
Ainda bem que o tempo não para...
Como eu faria para te encontrar e ter tantos momentos bons,
sair aos sábados ou deitar em seu ombro ouvindo um som.
Meu filho Biel
gargalhar ao beber com os amigos,
correr riscos, sem temer os perigos.
Ainda bem que o tempo não para...
como veria no hospital, através do vidro
meu filhote no berço, após ter nascido.
brincar com ele, vestido de coelhinho
enquanto crescia e deixava de ser menininho.
Ainda bem que o tempo não para...
Não ficaria nem um pouco enciumado,
ao ver a filha apresentar o namorado.
Também perderia a alegria de pular e cair no chão
de ver em pleno Maracanã, meu time ser campeão.
Ainda bem que o tempo não para...
Não veria os primeiros cabelos brancos surgir
os vários problemas, então insolúveis, sumir.
Uma nova vida se apresentar e
 mais alegrias por chegar.
Ainda bem que o tempo não para...
Adoro viver um dia de cada vez,
olhar o sol em sua altivez,
a chuva trazendo o cheiro da terra
a neblina cobrindo a serra.
Ainda bem que o tempo não para... 
Senão, não veria chegar sua velhice,
Contemplar a pele fina ou a sua meiguice
Não envelheceria também ao teu lado 
sabendo que cheguei aqui sendo muito amado.
Ainda bem que o tempo não para...
Assim posso escrever hoje aqui
que pessoa mais feliz nunca vi,
Que o tempo enquanto me faz envelhecer
traz a certeza de que vou morrer
Ainda bem que o tempo não para...

Obrigado por ter me permitido viver.


segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Excel - Girar a posição de um gráfico de pizza

Se você criou um gráfico e achou que sua posição não ficou boa, poderá organizá-lo na posição que quiser, alterandoconforme mais lhe agrada.
Suponhamos que você queira girá-lo no sentido horário, então selecione o gráfico já gerado, clicando sobre a pizza. Perceba que quando seleciona o gráfico, abres no alto da tela a aba Ferramentas de Gráfico.

Em Ferramentas de Gráfico, selecione a guia Formatar, selecione Formatar Seleção. Abrirá a janela abaixo:
Na janela Formatar Séries de dados, digite no campo Ângulo da primeira fatia, o número 180 para alteração da rotação do gráfico.

Perceba que alterou totalmente a organização das informações.



GANHE DINHEIRO NA INTERNET


sábado, 12 de outubro de 2013

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Fugindo de casa

Era perto de duas da tarde. O peso das últimas horas já me esmagava e já não aguentava mais.

Fui até meu quarto e peguei a latinha de leite que guardava no fundo do armário. Lá dentro, tudo o que eu tinha: um real e cinquenta em moedas e quinze bolinhas de gude. Joguei tudo no bolso, coloquei um agasalho e saí de casa. Decidido. Não ia mais voltar.

Não vou falar o porquê disso, acho que não tem mais importância, apenas que eu precisava fazê-lo.

Antes de passar pelo portão, parei para acariciar Zero. Ele abanava o rabo, alheio ao peso da despedida. Zero entrou na minha vida quando fiz sete anos, presente do tio Antônio. retinho, com focinho e patas brancas, parecia feito para mim. Tio Antônio dizia que sabia disso desde o dia em que o viu. E Zero parecia saber também. Assim que saiu do colo do meu tio, correu para mim sem hesitar.

Adotei o nome que meu pai usava quando brigava com ele: Zero. Ele dizia:

"Esse cachorro não vale nada", ele dizia. "Zero em higiene, zero em comportamento, só suja a casa, come chinelo e late o tempo todo." Apesar do tom, o nome pegou e assim ficou.

Bem, triste deixei Zero para trás. Fechei o portão e acho que foi pela primeira vez. Minha mãe sempre gritava para eu fechar o portão quando saía. Mas, como sempre, era tarde, eu já estava longe demais para voltar. Para dizer a verdade, eu até ouvia, mas nunca voltava para fechar. E agora também era.

Estava magoado. Meus pais exigiam muito de mim e nada do meu irmão mais novo, Luizinho. Até meus brinquedos favoritos foram passados para ele. E ele? Quebrou tudo. Não era só isso. Era uma gota num copo já cheio. Mas prefiro não entrar nesses detalhes.

Lá estava eu caminhando pelas ruas do bairro, com a cabeça cheia de planos para sumir pelo mundo. Passei pelo bar do Tomé, pelo açougue do Lucas e vi os meninos se reunindo no campinho para jogar contra o time da rua de cima. Não resisti. Por mais que eu quisesse fugir, uma disputa dessas era sagrada. 

Sabia que o time teria dificuldades sem mim. Tirei minha blusa e deixei minhas bolinhas de gude ao pé da trave aos cuidados do Frangão, nosso goleiro. Ele não ganhara o apelido por tomar gols, mas por ser magro e com o pescoço comprido, como os frangos dependurados no açougue do Lucas.

Já eu era o homem do meio-campo, desarmando os adversários e armando nossas jogadas. Às vezes, até fazia um gol. Antes disso, jogava na zaga e ganhei o apelido de Bodinho. Diziam que eu partia para cima com a cabeça baixa, como um bode, e acertava a bola — ou o adversário.

Mas depois de causar alguns pênaltis, fui escalado no meio-campo e nunca mais saí dali. Descobri o meu lugar.

O jogo foi emocionante. Eles marcavam, nós empatávamos. No fim, viramos o placar e vencemos. A comemoração foi calorosa, cheia de abraços e provocações aos rivais. Já estava saindo do campo quando Frangão me chamou para pegar minhas bolinhas. E aí me lembrei: eu estava fugindo. Mudei de direção, voltando ao meu plano.

Já estava a uma boa distância do campo, quando Galo Seco me chamou aos berros. Galo Seco era irmão do Frangão e tinha esse apelido por ter sido pego com a boca na botija, atirando pedra de bodoque no galo do seu Gervásio. Dizem que o velho Gervásio o agarrou pelo calção e ele saiu correndo fazendo poeira, mas sem sair do lugar. Parecia estar naquela máquina estranha que o povo da cidade compra para correr em cima. Coisa besta.

Voltei correndo até ele. Estava animado e me convidou para ir ganhar mais bolinhas dos moleques da rua de cima. Como já tínhamos dado uma surra neles no campinho, podíamos fazer barba e cabelo, ganhando tudo.

Bem, como já contei, meu fraco eram aquelas bolinhas. Não pensei duas vezes. Poderia fugir depois e com certeza com muito mais bolinhas no bolso.

Da nossa rua era eu, Galo Seco e Guto.

Enfrentamos dois magrelos e um garoto dentuço, o Martelo. Nunca tinha visto o tal Martelo antes, mas não hesitamos. Depois de um tempo, os três saíram sem nada — limpamos os bolsos deles. Esses moleques da rua de cima são uns perdedores.

Bem, tinha que continuar minha fuga. Voltamos ao campinho vitoriosos, dividindo o "prêmio".

Quando chegamos lá, ainda tinha muitos moleques soltando pipas e jogando bola. Contamos para eles sobre nossa vitória, mostramos as bolinhas que ganhamos e ficamos por ali, vendo as disputas de pipas.

Enquanto contávamos aos outros, uma pipa vermelha e branca surgiu no céu. Jacson estava na disputa, e todos se reuniram ao redor para torcer. Ali, todo mundo era entendido em pipas e enchiam Jacson de orientações e palpites.

- Solta a linha! Vai para cima! Agora, agora... Não o deixe ficar por cima... Para a direita! Para a esquerda! Cuidado com a rabiola dele...

E não é que Jacson conseguiu cortar?

Quando cortou a linha da outra pipa a correria começou. A pipa planava pelo vento, indo longe. Eu, o mais rápido, disparei. Ela caiu no pomar do seu Jeremias. Pulei a cerca e, com um salto certeiro, peguei a linha.

Enrolei-a rapidamente na mão, até que a pipa veio em minha direção e a peguei.

Todo feliz, saí orgulhoso do pomar do seu Jeremias com a pipa nas mãos. Os moleques me cercaram para vê-la. Realmente era uma pipa muito bonita e agora era minha. Meu troféu

De volta ao campinho, mostrei a pipa aos meninos, mas o dia estava terminando. As mães começaram a chamar, e cada um foi para sua casa. Eu também. Realmente, já estava terminando a tarde. O dia passará rápido demais.  

O dia foi lucrativo demais, ganhamos no futebol e limpamos as bolinhas dos caras da rua de cima e eu ainda peguei aquela bela pipa.

Quando entrei pelo portão, minha mãe apareceu e disse para eu me lavar. O jantar era costelinha — minha favorita. Corri para o banheiro. Enquanto tirava as bolinhas dos bolsos, minhas moedas caíram no chão. Olhei para elas e me lembrei: eu ia fugir.

Mas eu estava muito cansado e teria costelinha para o jantar.

Então pensei...

- “Ah!” Outro dia eu fujo”.

Só para saberem, isso aconteceu há vinte e dois anos atrás e nunca larguei de mamãe, papai, Zero e nem do Luizinho.

Ah! E claro, muito menos as costelinhas de mamãe.

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Caminhos do vento

Furações e tufões,
arrasam tudo matando vidas.
Mas você sopra  brando,
sopra a brisa.
Segue-se despercebido
Achado, talvez perdido
mas segue forte robusto
certo ou incerto
para longe ou perto.
Caminhos
do vento, do tempo
destinos... vendo,
 sorrisos,
prantos, meninos.
Ruma firme, forte, esquecido
ma no caminho já traçado.
Sobre terras e mares, já marcados
de amor e carinhos,
de dor e espinhos, de azar ou de sorte
de alegrias ou tristezas,
de vida ou de morte.


Sou Freitas 12/03/1980

domingo, 6 de outubro de 2013

sábado, 5 de outubro de 2013

Mais uma do Twoo - O medo

Isso já acontecia há algum tempo e, por mais que eu tentasse entender, não conseguia. Até hoje.

Mais uma vez acordei no meio da madrugada, ouvindo aquele barulho. Fiquei em silêncio absoluto, tentando identificar a origem. Como sempre, parecia vir da cozinha. E, como sempre, o medo se espalhava em minha alma como uma névoa gelada.

A imagem da caixa de facas de churrasco me veio imediatamente à mente. Estava sobre a mesa, separada para emprestar a alguém. Era um jogo completo: garfo, pegador, amolador e várias facas, tudo arrumado numa caixa forrada com veludo azul-escuro.

Tive a nítida impressão de ouvir a dobradiça da tampa, que rangia toda vez que era aberta. Me amaldiçoei por nunca tê-la lubrificado. Encolhi-me na cama, puxando o lençol até o pescoço. O medo, que antes apenas me alertava, agora me paralisava. Eu não conseguia reagir.

Seriam... passos? Passos lentos, quase arrastados, vindos do corredor? Pareciam atravessar a sala, se aproximando do meu quarto.

Junto deles, um som agudo, como o de giz riscando um quadro negro. Alguém ou alguma coisa parecia arrastar algo ao longo da parede... ou do chão. Aquilo gelou minha espinha. Seria uma daquelas facas?

Tentei gritar. Nada. Minha garganta travada, sem ar, sem som. Só medo.

A porta do corredor — ela estava aberta! Ligava a sala aos quartos. Por que eu não a fechei?

O ruído agudo estava cada vez mais próximo. Eu precisava levantar e travá-la com o cabideiro do meu quarto. Mas não conseguia me mover. Minhas pernas, cobertas pelo edredom, se negavam a obedecer. O medo havia se instalado nas entranhas.

Dessa vez era diferente. O medo estava mais forte, mais denso, quase palpável. Comecei a suar.

Lembrei de outra noite, duas da manhã. Um barulho na cozinha. Silêncio logo em seguida. Ninguém se levantou. No dia seguinte, ninguém comentou. Será que só eu ouvira?

Agora, porém, os sons eram mais claros: o ranger da dobradiça, os passos, o arrastar agudo. Alguém mais precisava estar ouvindo também. Ou estariam todos petrificados como eu?

O barulho cessou.

Tudo ficou em silêncio. Até a rua, sempre ruidosa, emudeceu. Nenhum carro, nenhuma risada. Nem o mundo ousava se mexer.

Acho que, como eu, ele também parou para ouvir. Procurando sinais de vida atrás das portas. E eu estava ali. A apenas uma porta de distância.

Minhas mãos estavam geladas. As pernas, tremendo. Tentei emitir um som. Nada. A garganta ainda trancada.

Então ouvi. A porta do corredor sendo aberta. Só alguns passos mais... e estaria diante da minha.

A única coisa que eu podia fazer era trancá-la. Num esforço tremendo, deslizei o corpo pela cama, tateei os móveis no escuro. A porta estava entreaberta. Não tive coragem de olhar pela fresta. Apenas empurrei com cuidado, evitando o menor som. Estava tudo escuro no corredor. Se ele estivesse ali, não me veria.

Parei. Uma respiração próxima à porta me fez congelar.

Continuei com cuidado. Quando a fechadura encaixou, fez um pequeno "clique". Barulho demais.

Rapidamente passei o trinco.

Ele ouviu.

O som mudou de direção. Veio direto para minha porta.

Dei dois passos para trás e esbarrei na escrivaninha. Estático. Olhos fixos na porta. Um ranger suave. Alguém encostado do lado de fora, ouvindo.

Segurei a respiração.

Então, um novo som: algo riscando a porta.

Meu Deus... uma faca?

Fui até a cama, peguei os braços soltos do cabideiro — aqueles que sempre caíam e que eu vivia prometendo consertar. Pela primeira vez, agradeci por não ter cumprido a promessa.

Com os pedaços de madeira nas mãos, eu estava pronto para enfrentar seja lá o que fosse, mesmo tremendo por inteiro.

O som se afastou.

Seguiu pelo corredor... até o quarto ao lado.

Meu celular tocou.

Droga! Estava carregando... na sala. Claro. Sempre esqueço de carregar. Justo naquela noite, lembrei.

Com ele, poderia pedir ajuda. Fiquei esperando que alguém atendesse... e ouvi o som do aparelho sendo atirado ao chão.

Não havia mais dúvidas. Alguém estava ali. E sabia que eu também estava.

A porta do quarto da minha mãe se abriu.

Conhecia aquele rangido. Era ela. Precisava protegê-la.

Num impulso, atirei o cabideiro ao chão, destravei a porta e corri...

... e dei de cara com o invasor.

Era tarde demais.

A luz se acendeu.

— Filho, deixou a porta aberta de novo! Olha só a bagunça que o Twoo fez. Você não alimentou o bichinho, até seu celular ele jogou no chão!

Voltei a mim.

O barulho era da bandeja de comida sendo arrastada casa afora. O riscado na porta, apenas uma tentativa de me chamar.

Tudo não passava de mais uma das artes do Twoo. O resto... foi só meu medo alimentando minha imaginação.

Coloquei o danado pra fora, dei-lhe o que comer, pedi desculpas à mãe com um beijo na face e voltei, ainda suado e com o coração retomando 

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

O lado bom da vida

O lado bom da vida

Pat Peoples, um ex-professor de história na casa dos 30 anos, acaba de sair de uma instituição psiquiátrica. Convencido de que passou apenas alguns meses naquele “lugar ruim”, Pat não se lembra do que o fez ir para lá. O que sabe é que Nikki, sua esposa, quis que ficassem um "tempo separados". 

Tentando recompor o quebra-cabeças de sua memória, agora repleta de lapsos, ele ainda precisa enfrentar uma realidade que não parece muito promissora. Com seu pai se recusando a falar com ele, sua esposa negando-se a aceitar revê-lo e seus amigos evitando comentar o que aconteceu antes de sua internação, Pat, agora um viciado em exercícios físicos, está determinado a reorganizar as coisas e reconquistar sua mulher, porque acredita em finais felizes e no lado bom da vida. 
À medida que seu passado aos poucos ressurge em sua memória, Pat começa a entender que "é melhor ser gentil que ter razão" e faz dessa convicção sua meta. Tendo a seu lado o excêntrico (mas competente) psiquiatra Dr. Patel e Tiffany, a irmã viúva de seu melhor amigo, Pat descobrirá que nem todos os finais são felizes, mas que sempre vale a pena tentar mais uma vez.


Opinião:

Um livro muito interessante e comovente. A história de Pat nos faz pensar mais sobre o que realmente é o lado bom da vida.