sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Cartas de amor

Quando estávamos juntos, ela me enlouquecia de amor... então a deixei. Quando recebi sua primeira carta de amor, apaixonei-me de imediato. Era linda. Dizia coisas simples, mas de um jeito vibrante, cheio de luz. Não soube ao certo quantas vezes li e reli — talvez duas ou três dezenas de vezes. Era incrível. Pensei que seria a única, mas, para minha surpresa, chegou a segunda. Era mais singela, falava de coisas que um dia faríamos juntos. Coisas simples, como andar de mãos dadas na praia ao entardecer. A parte que mais gostei foi a descrição do nosso primeiro beijo. Parecia que ela estava ali, bem na minha frente. Confesso que fechei os olhos esperando sentir seus lábios. Tinha que conhecê-la. Precisava conhecê-la. E era tudo mais lindo ainda. Cada palavra que escreveu para mim virou realidade. Disputas pela última pipoca no parque da cidade, o rolar na grama num piquenique à beira do lago, a praia e o beijo. Para minha surpresa, ela continuou a escrever as cartas de amor. Minha ansiedade por recebê-las era tão visível que qualquer um notaria. Eu me recusava a sair às terças-feiras, pois sabia que elas chegariam. Sentava em frente ao portão e esperava o carteiro. E, antes mesmo que ele as colocasse na caixa de correio, eu já as tinha nas mãos. O abraço no alto da roda-gigante, o deitar de sua cabeça no meu ombro, o tiro ao alvo nas bexigas com as quatro mãos sobre a mesma arma, o jogo de argolas — onde juntávamos os dedos antes do arremesso... tudo estava escrito. E tudo acontecia com um amor fantástico. Eu sentia seu carinho através das palavras. No dia seguinte às cartas, saíamos. E era sempre igual ao que ela havia escrito. Minha paixão cresceu tanto que começou a me sufocar. Eu precisava dela como o ar que respiro. Seus beijos eram meu alimento. Seus carinhos, minha proteção. Tudo nela era insuportavelmente necessário para minha existência. Ficamos juntos por três longos meses. Sempre abraçados, colados um ao outro — uma vez por semana. Eu queria mais, muito mais. Mas as cartas continuavam a chegar, uma por semana. Achei que enlouqueceria de tanto amor. Mas ela nunca me deixou levá-la até sua casa, e nunca passou uma noite comigo. Nossos encontros eram sempre no meio da semana, nunca nos finais de semana. Não me importava. Ela era minha. Sabia que, uma hora, assumiríamos nosso amor. Então, numa terça qualquer, o carteiro não veio. Fiquei até o início da noite e nada. Apavorado, entrei em casa e procurei seu telefone. Liguei, mas ninguém atendeu. Saí como estava e fui em busca de sua casa. Nunca tinha feito isso. Mal sabia seu endereço ao certo. Raciocinei, juntei todas as pistas que ouvira nesses três meses... e consegui descobrir sua rua. Andando com o carro devagar, olhava casa por casa. Fui e voltei umas cinco vezes. E então a vi. Numa casa branca, no fim da rua, ela saiu ao portão. Olhava na direção contrária à minha. A noite me ocultava atrás do volante. Quando coloquei a mão na maçaneta para sair do carro, outro carro parou diante do portão dela. Ela sorriu e foi ao encontro do veículo. Duas crianças desceram correndo, abraçando e beijando-a. Do outro lado, um homem surgiu com pacotes nas mãos. Caminhou até ela, a abraçou e a beijou com ternura. E então, ouvi uma das crianças chamá-la de “mamãe”. Entendi tudo. Por isso tanto mistério. Tínhamos um amor por cartas. Um dia por semana para nos tocarmos. E só. Muito triste, dei partida no carro e passei por eles sem ser notado. Doía vê-los ali, tão felizes... então acelerei e fugi sem rumo. Liguei o som do carro, na tentativa de acalmar a dor, buscando qualquer música que distraísse meu coração partido. Mas, dos alto-falantes, saiu a voz suave e doce de Paula Toller e os Abóboras Selvagens cantando: "Alice, não me escreva esta carta de amor..." O nome dela também era... Alice. Acho que esse foi o nosso fim.

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Quem nasceu primeiro?


Mais alguns famosos, que podem terem sido separados no berçário, em algum canto qualquer do mundo, segundo o site Whiplash.net.

A pergunta que fica no ar é... Quem nasceu primeiro?

1 - Seria o Kiko, o quinto elemento dos The Beatles ou ele enfim acho seu irmão mais velho, Kicoisafeia?

Kiko do Chaves x Paul McCartney


2 - No caso abaixo, nem precisa de DNA, o nariz já basta pra desconfiar que alguém pulou o muro. Sobre, quem nasceu primeiro, vai na moeda.

Alice Cooper x Emerson Fitipaldi



3 - Caracas!!! Esses dois não tem como negar cara de um, focinho de outro. Os óculos eles  pegaram emprestado para foto. 

Bono (U2) x Robin Willians



4 - Ah, não... Ai já é sacanagem... Como fizeram isso com o Alice Cooper? Mas que se parecem... É fato.

Gretchen x Alice Cooper


quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

A morte e vida de Charlie

A morte e vida de Charlie

Titulo original: Charlie St, Cloud

Diretor: Burr Steers

Gênero: Drama/Romance

Lançamento: 2013

Elenco: Zac Efron, Amanda Crew, Charlie Tahan



Sinopse: 


No Filme Online A Morte E Vida De Charlie, Os irmãos Charlie (Zac Efron) e Sam (Charlie Tahan) formavam uma dupla e tanto, mas um trágico acidente os separou. Apesar disso, Charlie conseguiu manter contato com ele após a morte e tornou-se um cara estranho e recluso, abandonando seu futuro para trabalhar no cemitério da pequena cidade. Anos mais tarde, Charlie reencontra uma jovem da escola (Amanda Crew) e passa a sentir por ela uma forte atração. Agora, ele precisa decidir entre manter a promessa que fez ao irmão de nunca mais o abandonar, ou seguir o desejo de seu próprio coração e dar um novo rumo para a sua vida.


Opinião: 

Nota 7 - Um drama leve e gostoso de assistir, até tenta surpreender, mas é muito comum. Vale a pena ver.


segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Nem todo dia é perfeito

Estava muito bom assim, sentindo o vento no rosto...

Respirei bem fundo e deixei o ar e o cheiro do mar invadir meu pulmão. Parecia até que com o ar, entrava em meu corpo um pouquinho do mar, o seu sabor...
Dei um passo rumo a ele...
O vento aprecia acariciar meu rosto, primeiro levemente, mas quando dei mais um passo afrente, parecia me apalpar sentindo na minha pele todos os anos que passei ali. Que vivi vendo tudo que ele me oferecia.
Uma gaivota deu um voo rasante e soltou um barulho agudo, como se cobrasse sua comida, que, aliás, também foi minha por tantas vezes. Peixes saborosos. Assados, cozidos, com molho branco ou vermelho. Como era gostoso desfiá-lo e deixar derreter na boca seu sabor.
Mais um passo a frente e parecia que eu estava flutuando sobre as ondas. Seu som era continuo e firme. Sorri levemente ao lembrar-me das ondas quebrando-se em minhas pernas, na beira da praia, enquanto observava os minúsculos siris se enfiando dentro da areia.
Outro passo e senti falta de firmeza onde pisava. Não como quando caminhava na areia e a água atingia meus pés, descalços, levando um puco de grãos debaixo de meus pés, dando a impressão que afundaria. Ás vezes até perdia o equilíbrio, abria os braços e me recompunha.
Como adora acordar muito cedo e sair no convés do navio para ver o sol nascer. Sentir os primeiros raios forçando-me a cerrar os olhos pelo seu brilho. Não como agora, neste horário, com ele forte, me atingindo direto e queimando minha face. Forçando minha garganta, irritar-se com a sede. Não me lembro de quando foi meu último gole de água, muitas vezes substituída pelo gosto amargo do rum. Na verdade ele nos ajudava mais. Matava nossa sede, nos dava coragem e animava. Não era só eu, era toda a tripulação.
Acho que esse era o último passo... Senti o nervosismo de quem estava ali, mas eu estava calmo. Mesmo sabendo que essa seria a última vez que passaria por ali.
Então ouvi a voz do capitão e os demais:
- Vamos logo com isso.
- É... Anda logo, jogue esse pirata da prancha. Os tubarões estão com fome.
Então ouvi o tchibum...
- Homem ao mar... 
E todos cantavam:

-How, how, how... E uma garrafa de rum.
- How, how, how... E uma garrafa de run.

domingo, 26 de janeiro de 2014

# 213 - Mário Lago

Pensamento Vivo -213

Fiz um acordo de coexistência pacífica com o tempo. Nem ele me persegue, nem eu fujo dele. Um dia a gente se encontra. 

                                                        Mário Lago

sábado, 25 de janeiro de 2014

Dá um tempo...

Assistindo algumas matérias no jornal local, fiquei a refletir...

Para variar, nessa época alagou tudo em São Paulo, piscinões, córregos, rios, tudo enchendo, transportando e arrastando um monte de lixo para as ruas e casas. Coisa de dar dó mesmo.
Antes das chuvas o que víamos eram políticos disputando o comando e organização de bairros e vilas, agora, o que vemos é um empurrando para o outro. Ninguém assume nada.
Todo mundo sabe que em outubro, eles estarão de volta, com a maior cara de pau pedindo votinhos, e o pior, esse mesmo povo que hoje chora e lamenta, votam neles de novo.
Aquele dito cujo da FIFA, que falou muita bobagem da gente, veio aqui para o sorteio e foi tratado com um ilustre visitante, até uma modelo linda arrumou para deixá-lo mais feliz. Os que criticaram pelas besteiras e ofensas que disse, estavam todos lá, no sorteio da copa, aplaudindo o fulano.
O presidente norte-americano roda o mundo falando de paz, distribuindo sorrisos e recebendo Nobel durante o dia e a noite seu país vende armas para o mundo todo. Assim conseguem um bom argumento pra invadir algum lugar e pregar o desarmamento.
Gente colocando fogo em ônibus por causa das enchentes... Qual a relação nisso?
O mundo criticando o trabalho escravo, o trabalho infantil e correndo atrás da China em busca de dólares explorado pelo preço baixo da mão de obra, muitas vezes feitas em condições sub-humanas.
Para tudo isso e muito mais que não escrevo aqui para não ficar mais chateado, a solução é o tempo.
Tempo de mandatos para resolverem eternos problemas. Tempo para construírem estádios caríssimos, mas sem tempo para reformar um hospital. Tempo pra visitar vitimas de guerra que não tiveram tempo de escapar a tempo, dos disparos das armas que chegaram no “just in time” de ser utilizadas.
 Na verdade... A reflexão me ajudou a descobrir que...

O tempo, não é nada mais que uma mentira.

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Não quero falar

Não importa mais...

É assim que defino, coisas que aos poucos vou deixando para trás. Coisas do passado, coisas que até tiveram uma certa importância ou que chegou a marcar, mas não importam mais.

Lembro-me que era muito importante para mim, que fiz sacrifícios, me desgastei, mas ficaram para trás.
Mas agora, não digo mais nada.
Mesmo que passei dias imaginando como falar, horas escolhendo palavras, ensaiando formas, não direi nem uma sílaba.
Assim trato as coisas que deixei pra trás. Coisas que já não me pertence mais, que joguei fora.
Ignoro, me desfaço, até disfarço e nem ligo.
Por que falar de algo que não existe? Algo que nem sei ao certo se existiram. Que já não está mais na memória... O que era que estávamos falando mesmo?
É isso... Não falo mais nada... Pronto
Tá dito.

E ainda tem gente que diz que só observa.

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

# 212 - IRA!

Pensamento Vivo - 212 


 "Por isso hoje Estou tão triste Por que querer está Tão longe de poder?... E quem eu quero Está tão longe Longe de mim..."

IRA!

domingo, 19 de janeiro de 2014

Vai que chove!

Todo mundo tem um amigo esquisito. Eu também tenho. Já contei umas presepadas que aconteceram comigo, com alguns amigos — mesmo os anônimos — e até com meus irmãos. Mas tem uns que são “hors concours”. Únicos. Inexplicáveis. Fim de ano por aqui é calor forte, sol estalando, mas também época das chuvas. E não são chuvas simples, não. Quando vêm, vêm com força, arrastando árvore, enchendo rua, deixando tragédia. E o Jairo — ou Pedro, ou Zé, tanto faz, aqui é Jairo mesmo — tem pavor de uma coisa só: trovão e relâmpago. O homem entra em modo de sobrevivência quando escuta o primeiro estalo no céu. Se puder, não sai de casa. E se precisar sair, sai como se fosse enfrentar o apocalipse. Tínhamos combinado um encontro no sábado, ali perto do fim do ano, só pra encerrar bem e brindar o que ficou pra trás. Centro da cidade, chopp gelado, risadas e conversa jogada fora. Além do Jairo, foram chegando os de sempre: Toshibinha, colega do trabalho; Laranjinha, do bairro; Mano Véio, meu filhote e um sobrinho. Um a um, foram se ajeitando na mesa, pedindo as porções, derrubando as torres de chopp. Tudo corria bem até Jairo aparecer. Silêncio geral. O cara chegou com um boné enorme, uma blusa grossa, uma mochila parecendo de acampamento e um guarda-chuva gigante — daquele tamanho que parece guarda-sol de praia. Ou tenda de circo. Ninguém entendeu nada. Mal sentou, começaram as piadas. — Jairinho, fala sério! Com esse sol maravilhoso e você vindo assim... Tá maluco, cara? Esse guarda-chuva é o quê, familiar? Cabe você e seus sete filhos aí? A turma caiu na gargalhada. Jairo era o alvo do momento, mas nem ligava. Só ria, tirava as coisas do colo e ia se ajeitando, como se fosse a coisa mais normal do mundo. Depois da terceira ou quarta torre, e da sexta ou sétima porção, fui até ele. — Jairinho... agora, entre nós, fala aí. Por que veio assim, véio? A meteorologia garantiu: nada de chuva até o ano novo. Tem uma semana que não cai uma gota! Olha lá fora, sol rachando. Sei que você tem seus medos, mas hoje você exagerou. Isso aí parece uma arma de tão grande. Ele olhou pra mim com aquela cara tranquila e mandou: — Sei lá, Berin... vai que chove? Toshibinha, que já tava mais alegre que o normal, levantou o copo: — Deixa o Jairinho com o circo dele, Berin! Vamos comemorar! Que a chuva do Jairinho seja menor do que o tanto de chopp na mesa. Saúde! Todo mundo brindou rindo. Claro que não ia chover. Na hora de ir embora, quem não bebeu virou motorista da vez. O escolhido? Mano Véio. Digamos que ele não estava exatamente sóbrio, mas também não era o mais bêbado — só o mais animado. Entramos todos no carro, cantando Barão Vermelho a plenos pulmões, quando os primeiros pingos apareceram no para-brisa. Do nada, o céu desabou. Silêncio dentro do carro. Nos olhamos. Um relâmpago cortou o céu. Começamos a rir. Não é que choveu? Mesmo com aquele sol lindo de fim de tarde, caiu um toró que parecia castigo. Todo mundo chegou em casa encharcado. Menos um. Jairo. O único seco. Afinal... vai que chove, né?

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Questão de tempo

Questão de tempo

Titulo original: About time

Diretor: Richard Curtis

Gênero: Romance

Lançamento: 2013

Elenco: Domhnal Gleeson, Rachel McAdans,Bill Nighy



Sinopse: 



Ao completar 21 anos, Tim (Domhnall Gleeson) é surpreendido com a notícia dada por seu
pai (Bill Nighy) de que pertence a uma linhagem de viajantes no tempo.
Ou seja, todos os homens da família conseguem viajar para o passado, bastando apenas ir para um local escuro e pensar na época e no local para onde deseja ir. Cético a princípio, Tim logo se empolga com o dom ao ver que seu pai não está mentindo. Sua primeira decisão é usar esta capacidade para conseguir uma namorada, mas logo ele percebe que viajar no tempo e alterar o que já aconteceu pode provocar consequências inesperadas.

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Viver Juntos

Tomara
Que você volte depressa
Que você não se despeça
Nunca mais do meu carinho
E chore, se arrependa
E pense muito
Que é melhor se sofrer junto
Que viver feliz sozinho

Tomara 
Que a tristeza te convença
Que a saudade não compensa
E que a ausência não dá paz
E o verdadeiro amor de quem se ama
Tece a mesma antiga trama
Que não se desfaz

E a coisa mais divina
Que há no mundo
É viver cada segundo
Como nunca mais...


Vinicius de Moraes

domingo, 12 de janeiro de 2014

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Fugindo do hospital


Ah, tempos difíceis… Ainda bem que estão longe, bem longe. Mas minha memória rebelde, sem causa e tão tagarela quanto meus dedos, insiste em me levar de volta a certos momentos.

O ano era… era… bem, não lembro. Mas sempre achei bonito começar assim. Desculpe, falha nossa. Enfim, digamos que foi há alguns anos.

Era um domingo, por volta das onze da noite. Tinha recebido algumas visitas: um casal de amigos e minha mãe. Agora, debruçado no beiral da varanda do hospital, observava as luzes do bairro e os ônibus passando na avenida. Pensava em como faria para fugir dali.

Sim, fugir. Estava internado havia quase três meses no Hospital São Paulo, na Vila Mariana. Esperava por uma cirurgia de correção que parecia nunca chegar. Toda segunda-feira, bem cedo, eu corria até a recepção da ala para ver se meu nome estava na lista de cirurgias do dia. E nada. A espera me angustiava tanto que decidi: se meu nome não estivesse na lista na próxima manhã, eu fugiria.

Sabia que, à noite, as enfermeiras costumavam escrever no quadro negro da recepção os nomes dos pacientes operados no dia seguinte. Meu plano era esperar todos dormirem, checar o quadro e, se meu nome não estivesse lá, dar no pé antes do amanhecer.

Fiquei jogando damas até as 22h com um outro paciente. Quando ele foi dormir, desejei boa noite e fui para meu quarto. Mas dei de cara com uma das enfermeiras no corredor.

— O que faz aqui? Sabe que o horário de circular é até às 20h.

— Desculpa, tava apertado e fui ao banheiro.

— Sei… Só pra constar, o banheiro é pro outro lado.

Entrei no quarto de fininho e fiquei quieto por uma hora. Quando achei que estava tudo calmo, levantei ainda de pijama, peguei minha sacola e fui andando silenciosamente pelo corredor. Sabia que as duas enfermeiras ficavam conversando na copa, atentas apenas às campainhas dos quartos.

Cheguei perto da recepção. Mas justo quando ia olhar o quadro… dei de cara com a outra enfermeira.

— O que você está fazendo aqui?

— Estava indo ao banheiro…

— Banheiro, né? Sei. Volte pro seu quarto. E não quero mais ver você aqui.

Enquanto me virava, consegui espiar rapidamente o quadro. Meu nome? Nada. Nada de cirurgia no dia seguinte.

Voltei pro quarto, mas fiquei acordado, imóvel. Quando achei que já era seguro, peguei a sacola e fui tentar sair.

Atravessei a porta… e lá estava ela, a mesma enfermeira, de braços cruzados, encarando firme.

— Vai aonde?

— Eu… ia ao…

— Já sei. Ao banheiro, não é, senhor Diarreia? Pra cama. Agora. E não levante mais!

Pelo tamanho da mulher e sua firmeza, não tive escolha. Voltei pra cama e lamentei minha derrota até o sono chegar. Quando finalmente peguei no sono...

— Acorde, senhor Diarreia! Tá na hora!

Tentei abrir os olhos, mas o sono era mais forte. Ela insistiu, me chamou mais vezes, me sacudiu… nada. Dormi como uma pedra.

Quando finalmente acordei, soube que minha cirurgia fora cancelada. As enfermeiras do turno da manhã, que não sabiam de nada, tinham colocado meu nome no quadro. As do turno anterior, claro, avisaram: “Cuidado com o senhor Diarreia”. Quando não consegui acordar, o médico, preocupado, mandou cancelar a operação e pediu um check-up completo. Resultado: fiquei sob observação.

Resumo da ópera: mais uma semana no hospital, tomando soro na veia, sem comer direito e sem operar… tudo porque dormi demais.

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Dr. House

Dr. House

Titulo original: House, M.D.

Diretor: David Shore, Liz Friedman, David Foster

Gênero: Drama

Lançamento: 2004 - 2012

Elenco: Hugh Laurie, Jesse Spencer, Olivia Wilde



Sinopse: 



Um médico dissidente anti-social que se especializou em medicina diagnóstica faz o que for preciso para resolver casos intrigantes que vêm o seu caminho usando seu time de médicos e sua inteligência. A série segue a vida de anti-social, dor assassino viciado, médico espirituoso e arrogante.

domingo, 5 de janeiro de 2014

Fogos de artifícios

Nunca fui muito fã de fogos de artifício. São lindos, é verdade — uma explosão de cores e encantamento no céu —, mas sua beleza é proporcional ao perigo que representam.

Este ano, decidi fazer diferente do habitual. Preferi não me juntar às comemorações de Natal e Ano Novo. Um velho conhecido, o dedão do pé esquerdo, voltou a dar trabalho, e achei melhor me poupar de futuras dores ficando em casa.

Passei o Natal em paz, apenas na companhia do meu fiel companheiro, o Twoo. Só nós dois. Tentei colocá-lo no clima da festa e vesti um gorro de Papai Noel nele. Após várias tentativas frustradas e uns dez minutos correndo pelo quintal atrás daquele danadinho, desisti. Ele venceu. Ainda assim, foi um Natal tranquilo. Diferente, mas nem por isso ruim.

Já na virada do ano, ainda estava em dúvida se sairia ou não. A dúvida acabou quando, ironicamente, dei outra topada com o mesmo dedo machucado meses atrás. Pronto. Fiquei. Mais uma vez, só eu e o Twoo.

Preparei uma torta de palmito e deixei a vodca gelando no congelador. Aproveitei para mandar mensagens de Ano Novo aos amigos. É bonito ver tantas mensagens positivas, cheias de paz, amor e esperança. Dá vontade de congelar esse clima e espalhá-lo pelos outros 364 dias do ano.

A noite estava agradável. Levei uma cadeira até a área de serviço e fiquei ali, apreciando o silêncio e a brisa suave. Por volta das onze, entrei para ver TV, me despedi do Twoo, que continuou deitado próximo à porta, atento.

Quando o relógio marcou meia-noite, os fogos começaram a explodir no céu. Olhei para o Twoo, esperando vê-lo assustado, mas ele estava estranhamente quieto. Fiquei aliviado, achando que, finalmente, havia superado o medo. Abri a porta para sair... ou melhor, tentei sair. Fui atropelado por ele, que entrou em disparada pela casa, literalmente passando por cima de mim.

O coitado estava em pânico, sem conseguir nem latir. Levantei e o chamei, mas ele não respondeu. Não estava na cozinha, nem na sala, nem no quarto. Olhei debaixo da cama, atrás da árvore de Natal... nada. Eu sabia que ele tinha entrado, afinal, eu estava com o joelho doendo de prova. Então ouvi um barulho vindo do banheiro. Lá estava ele, encolhido atrás da porta.

Que dó.

Aproximei-me devagar e o chamei com carinho. Quando peguei na coleira, ele disparou novamente — e, claro, lá fui eu ao chão mais uma vez. Desde que cresceu, acho que nunca caí tanto.

Ele correu até o portão e começou a latir desesperadamente, como se pedisse aos céus: “Chega de barulho, por favor!” Sentei-me na mureta da varanda e fiquei ali com ele, solidário. Nós dois, olhando as luzes no céu. Mesmo belas, ainda assustavam.

Feliz Ano Novo, Twoo.

sábado, 4 de janeiro de 2014

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Apenas Palavras... - Meu 2º Livro

Enfim, mais um livro...
Nunca pensei que em tão pouco tempo, conseguiria realizar o sonho de publicar um livro e muito menos, de fazê-lo por duas vezes.
No primeiro, "Cinquenta anos, já?", foi o desejo de comemorar meu cinquentenário de uma forma totalmente inusitada, ou mesmo, intencionada.

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Uma noite do barulho

Era o último do dia, e deixamos 2013 para trás. Uma noite do barulho.
Estava tão distraído com meus escritos, que quando percebi, já havia escurecido.
Até aí, sem problemas. Pelo menos eu achava que não tinha, até notar que deixei a porta da sala aberta até aquela hora.

Resmungando comigo mesmo pelo esquecimento, fechei-a imaginando a invasão de pernilongos e como a noite seria difícil.
Como sempre, tomei um bom banho, comi algo bem leve e fui pra cama. Dormir? Que nada. Ia escrever mais um pouco. As ideias estavam brotando e não queria perder o ânimo.

Preparei minha vodca gelada, acertei minha mesinha de cama improvisada — uma placa de eucatex onde se lê “Aluga-se”. É a mesma que estava pendurada no portão quando aluguei esta casa. Pequena, leve e prática para apoiar o note. Um dia eu crio vergonha e compro algo decente, mas por enquanto, ela resolve.

Chovia, refrescando a noite. Fiquei até umas 23h, entre escrevendo e vendo o Dr. House. Quando o sono apertou, desliguei tudo, guardei minhas coisas e me preparei para dormir.
Pensei que teria uma noite tranquila e justa de bons sonhos. Quase…

Bastou eu apagar a luz, começou a cantoria.
Cri, cri, cri...
Essa não — um grilo entrou no meu quarto!
Provavelmente o infeliz aproveitou meu esquecimento da porta aberta e achou algum cantinho pra se acomodar.

Cri, cri, cri...
Não tinha jeito. Teria que levantar e expulsar o cantor invasor.
O problema é que, assim que acendi a luz, ele parou.
Como parecia vir da sala, fui até lá procurar o inseto. Olhei pelos cantos, debaixo dos móveis… nada. Será que minha busca assustou o bicho e ele se mandou?

Voltei pra cama e apaguei a luz.
Cri, cri, cri...
Ainda estava por ali.

Acendi a lâmpada. Silêncio.
Assim não dava! Ele cantava no escuro e calava-se no claro.
Comecei a apagar e acender a luz tentando localizar o ponto exato do som. Fiquei uns vinte minutos nessa, mexendo em tudo: móveis, tênis, cortinas. O desgraçado parecia mudar de esconderijo.

Mais vinte minutos depois, finalmente o cerquei no banheiro. Vitória! Agora sim, poderia dormir em paz.
Acendi o que deveria ser a última luz da noite… ou pelo menos tentei. A lâmpada queimou.
Ótimo. Como achar o grilo agora?

Fui buscar outra lâmpada. Enquanto a rosqueava no soquete, ouvi um “tuff”. Todas as luzes apagaram. Fiz algum curto e desarmei o disjuntor.
Teria que ir até o relógio de energia, próximo ao portão. E claro, estava chovendo.

Ainda de pijama, coloquei os pés pra fora e... lá veio o Twoo, meu cachorro, com as patas sujas de barro, pulando em cima de mim.
Lá fui eu pro chão com guarda-chuva e tudo. Entre meus gritos e as lambidas do cão, consegui chegar ao relógio e religar tudo.

Voltei pra dentro, molhado, sujo e pra lá de bravo.
Coitado do grilo — já já vai desejar ter nascido joaninha.

Troquei a lâmpada (com mais cuidado dessa vez). E lá estava ele, o tagarela, de boa, me encarando da janelinha do banheiro.
Quando dei o primeiro passo em sua direção, o covarde fugiu. Foi embora.

Tudo bem, pelo menos agora dava pra dormir. Tomei outro banho, troquei de roupa e voltei pra cama.
Apaguei a luz e… zum... zummm... zzzzum...
Agora eram os pernilongos. Milhares. Milhões.

— Meu Deus! Vocês combinaram revezamento?

Acendi as luzes. Nada.
Como conseguem se esconder tão rápido?

Fui buscar o inseticida, quase dormindo em pé.
Descarreguei o tubo inteiro. Acabei com os micros-helicópteros barulhentos.
Mas o quarto ficou irrespirável de tanto veneno.

Resultado:
São duas e meia da manhã e cá estou eu, escrevendo mais esse texto.

Vai vendo...







quarta-feira, 1 de janeiro de 2014