quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Uma noite do barulho

Era o último do dia, e deixamos 2013 para trás. Uma noite do barulho.
Estava tão distraído com meus escritos, que quando percebi, já havia escurecido.
Até aí, sem problemas. Pelo menos eu achava que não tinha, até notar que deixei a porta da sala aberta até aquela hora.

Resmungando comigo mesmo pelo esquecimento, fechei-a imaginando a invasão de pernilongos e como a noite seria difícil.
Como sempre, tomei um bom banho, comi algo bem leve e fui pra cama. Dormir? Que nada. Ia escrever mais um pouco. As ideias estavam brotando e não queria perder o ânimo.

Preparei minha vodca gelada, acertei minha mesinha de cama improvisada — uma placa de eucatex onde se lê “Aluga-se”. É a mesma que estava pendurada no portão quando aluguei esta casa. Pequena, leve e prática para apoiar o note. Um dia eu crio vergonha e compro algo decente, mas por enquanto, ela resolve.

Chovia, refrescando a noite. Fiquei até umas 23h, entre escrevendo e vendo o Dr. House. Quando o sono apertou, desliguei tudo, guardei minhas coisas e me preparei para dormir.
Pensei que teria uma noite tranquila e justa de bons sonhos. Quase…

Bastou eu apagar a luz, começou a cantoria.
Cri, cri, cri...
Essa não — um grilo entrou no meu quarto!
Provavelmente o infeliz aproveitou meu esquecimento da porta aberta e achou algum cantinho pra se acomodar.

Cri, cri, cri...
Não tinha jeito. Teria que levantar e expulsar o cantor invasor.
O problema é que, assim que acendi a luz, ele parou.
Como parecia vir da sala, fui até lá procurar o inseto. Olhei pelos cantos, debaixo dos móveis… nada. Será que minha busca assustou o bicho e ele se mandou?

Voltei pra cama e apaguei a luz.
Cri, cri, cri...
Ainda estava por ali.

Acendi a lâmpada. Silêncio.
Assim não dava! Ele cantava no escuro e calava-se no claro.
Comecei a apagar e acender a luz tentando localizar o ponto exato do som. Fiquei uns vinte minutos nessa, mexendo em tudo: móveis, tênis, cortinas. O desgraçado parecia mudar de esconderijo.

Mais vinte minutos depois, finalmente o cerquei no banheiro. Vitória! Agora sim, poderia dormir em paz.
Acendi o que deveria ser a última luz da noite… ou pelo menos tentei. A lâmpada queimou.
Ótimo. Como achar o grilo agora?

Fui buscar outra lâmpada. Enquanto a rosqueava no soquete, ouvi um “tuff”. Todas as luzes apagaram. Fiz algum curto e desarmei o disjuntor.
Teria que ir até o relógio de energia, próximo ao portão. E claro, estava chovendo.

Ainda de pijama, coloquei os pés pra fora e... lá veio o Twoo, meu cachorro, com as patas sujas de barro, pulando em cima de mim.
Lá fui eu pro chão com guarda-chuva e tudo. Entre meus gritos e as lambidas do cão, consegui chegar ao relógio e religar tudo.

Voltei pra dentro, molhado, sujo e pra lá de bravo.
Coitado do grilo — já já vai desejar ter nascido joaninha.

Troquei a lâmpada (com mais cuidado dessa vez). E lá estava ele, o tagarela, de boa, me encarando da janelinha do banheiro.
Quando dei o primeiro passo em sua direção, o covarde fugiu. Foi embora.

Tudo bem, pelo menos agora dava pra dormir. Tomei outro banho, troquei de roupa e voltei pra cama.
Apaguei a luz e… zum... zummm... zzzzum...
Agora eram os pernilongos. Milhares. Milhões.

— Meu Deus! Vocês combinaram revezamento?

Acendi as luzes. Nada.
Como conseguem se esconder tão rápido?

Fui buscar o inseticida, quase dormindo em pé.
Descarreguei o tubo inteiro. Acabei com os micros-helicópteros barulhentos.
Mas o quarto ficou irrespirável de tanto veneno.

Resultado:
São duas e meia da manhã e cá estou eu, escrevendo mais esse texto.

Vai vendo...







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