Todo mundo
tem amigos esquisitos, não sou diferente.
Já contei
algumas presepadas que aconteceram comigo e também com meus amigos, mesmo que
anônimos e nisso incluí meus brothers.
Bem, mas
tenho alguns amigos que são "hors concours", únicos.
De
dezembro para frente, é época de muito calor e numa proporção menor, chuvas.
Menor, mas com uma força descomunal, que todo ano deixa um rastro de tragédias.
Jairo, ou
Pedro, ou Zé, não importa o nome, ele é meu amigo e estava preocupado com as
chuvas fortes que estavam caindo, mas principalmente com os raios e relâmpagos
que as antecediam. Tinha pavor de tudo isso, então, fazia o possível para não
sair em dias assim, ou, como tudo acontecia geralmente do meio para o final da
tarde, evitava sair nesses horários.
Havíamos
combinado de sair no sábado, antes do final do ano, para comemorarmos mas esse
ano que deixaríamos para trás, nos encontraríamos no centro da cidade, para
tomar chopp, relaxar e conversar. Além de Jairo, mais alguns amigos
participariam, Toshibinha (colega de trabalho), Laranjinha (colega do bairro),
mano véio, meu filhote e um sobrinho. Aos poucos foram chegando um a um, eram
apresentados aos que não conheciam, enquanto a torre de chopp era colocada na
mesa.
A
conversa ia solta quando Jairo chegou e todos o olharam estranhamente. O cara
trazia um boné enorme na cabeça, um guarda-chuva, daqueles que mais parecem
guarda-sol de praia ou uma tenda de circo, blusa e uma mochila. Ninguém
entendeu nada.
Foi só
Jairo sentar e cumprimentar o pessoal começou a gozação.
-
Jairinho, fala sério! Com um sol maravilhoso desse e você todo equipado
assim...
- Tá
maluco cara, que guarda-chuva é esse? É familiar, para carregar toda sua
família de uma só vez?
A gozação
comia solta, mas ele nem ligava. Jairo era a bola vez nas gozações.
Depois da
terceira ou quarta troca de nossa torre de chopp, algumas porções e muitas
conversas, aproximei-me de Jairo e perguntei:
-
Jairinho, pode contar pra mim, porque vei assim véio, a metereologia disse que
chuva agora só depois do Ano Novo. Faz pelo menos uma semana que não chove, e
olhe só que sol lindo lá fora. Sei que você tem lá seus medos, mas acho que tá
exagerando. Isso parece uma arma de tão grande.
- Sei não
Berin, vai que chove?
- Vai
Berin, deixe Jairinho de lado com o circo dele. Vamos comemorar mais um ano bom
pra todos nós e que a chuva do Jairinho seja menor do que a quantidade de chopp
na mesa. Saúde!
É claro
que todos deram risadas de Jairo e acompanharam o brinde. Não choveria.
Quando
deu a hora de irmos embora, quem não bebeu chopp, levaria cada um pra sua casa,
o amigo solidário da vez foi Mano véio. Digamos que estávamos quase todos bem,
mas Mano véio estava melhor.
Quando
pegamos a avenida principal, com todos cantando Barão vermelho acompanhando o
som do carro, começou a cair alguns pingos de chuva no para-brisa e de repente
desabou uma forte chuva. Todo mundo parou de cantar e nos olhamos.
Não é que
choveu!
Mesmo com
um sol maravilhoso de fim de tarde e com uma chuva dessa o único a chegar em
casa seco foi Jairo. Está certo que tudo era farra naquela altura e ninguém se
incomodou de molhar, mas esse Jairinho...Vai vendo.
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