Estava muito bom assim, sentindo o vento no rosto...
Respirei bem fundo e deixei o ar e o
cheiro do mar invadir meu pulmão. Parecia até que com o ar, entrava em meu
corpo um pouquinho do mar, o seu sabor...
Dei um passo rumo a ele...
O vento aprecia acariciar meu rosto,
primeiro levemente, mas quando dei mais um passo afrente, parecia me apalpar
sentindo na minha pele todos os anos que passei ali. Que vivi vendo tudo que
ele me oferecia.
Uma gaivota deu um voo rasante e soltou um
barulho agudo, como se cobrasse sua comida, que, aliás, também foi minha por
tantas vezes. Peixes saborosos. Assados, cozidos, com molho branco ou vermelho.
Como era gostoso desfiá-lo e deixar derreter na boca seu sabor.
Mais um passo a frente e parecia que eu estava
flutuando sobre as ondas. Seu som era continuo e firme. Sorri levemente ao
lembrar-me das ondas quebrando-se em minhas pernas, na beira da praia, enquanto
observava os minúsculos siris se enfiando dentro da areia.
Outro passo e senti falta de firmeza onde
pisava. Não como quando caminhava na areia e a água atingia meus pés,
descalços, levando um puco de grãos debaixo de meus pés, dando a impressão que
afundaria. Ás vezes até perdia o equilíbrio, abria os braços e me recompunha.
Como adora acordar muito cedo e sair no
convés do navio para ver o sol nascer. Sentir os primeiros raios forçando-me a
cerrar os olhos pelo seu brilho. Não como agora, neste horário, com ele forte,
me atingindo direto e queimando minha face. Forçando minha garganta, irritar-se
com a sede. Não me lembro de quando foi meu último gole de água, muitas vezes
substituída pelo gosto amargo do rum. Na verdade ele nos ajudava mais. Matava
nossa sede, nos dava coragem e animava. Não era só eu, era toda a tripulação.
Acho que esse era o último passo... Senti
o nervosismo de quem estava ali, mas eu estava calmo. Mesmo sabendo que essa
seria a última vez que passaria por ali.
Então ouvi a voz do capitão e os demais:
- Vamos logo com isso.
- É... Anda logo, jogue esse pirata da
prancha. Os tubarões estão com fome.
Então ouvi o tchibum...
- Homem ao mar...
E todos cantavam:
-How, how, how... E uma garrafa de rum.
- How, how, how... E uma garrafa de run.
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