Nunca fui muito fã de fogos de artifício. São lindos, é verdade — uma explosão de cores e encantamento no céu —, mas sua beleza é proporcional ao perigo que representam.
Este ano, decidi fazer diferente do habitual. Preferi não me juntar às comemorações de Natal e Ano Novo. Um velho conhecido, o dedão do pé esquerdo, voltou a dar trabalho, e achei melhor me poupar de futuras dores ficando em casa.
Passei o Natal em paz, apenas na companhia do meu fiel companheiro, o Twoo. Só nós dois. Tentei colocá-lo no clima da festa e vesti um gorro de Papai Noel nele. Após várias tentativas frustradas e uns dez minutos correndo pelo quintal atrás daquele danadinho, desisti. Ele venceu. Ainda assim, foi um Natal tranquilo. Diferente, mas nem por isso ruim.
Já na virada do ano, ainda estava em dúvida se sairia ou não. A dúvida acabou quando, ironicamente, dei outra topada com o mesmo dedo machucado meses atrás. Pronto. Fiquei. Mais uma vez, só eu e o Twoo.
Preparei uma torta de palmito e deixei a vodca gelando no congelador. Aproveitei para mandar mensagens de Ano Novo aos amigos. É bonito ver tantas mensagens positivas, cheias de paz, amor e esperança. Dá vontade de congelar esse clima e espalhá-lo pelos outros 364 dias do ano.
A noite estava agradável. Levei uma cadeira até a área de serviço e fiquei ali, apreciando o silêncio e a brisa suave. Por volta das onze, entrei para ver TV, me despedi do Twoo, que continuou deitado próximo à porta, atento.
Quando o relógio marcou meia-noite, os fogos começaram a explodir no céu. Olhei para o Twoo, esperando vê-lo assustado, mas ele estava estranhamente quieto. Fiquei aliviado, achando que, finalmente, havia superado o medo. Abri a porta para sair... ou melhor, tentei sair. Fui atropelado por ele, que entrou em disparada pela casa, literalmente passando por cima de mim.
O coitado estava em pânico, sem conseguir nem latir. Levantei e o chamei, mas ele não respondeu. Não estava na cozinha, nem na sala, nem no quarto. Olhei debaixo da cama, atrás da árvore de Natal... nada. Eu sabia que ele tinha entrado, afinal, eu estava com o joelho doendo de prova. Então ouvi um barulho vindo do banheiro. Lá estava ele, encolhido atrás da porta.
Que dó.
Aproximei-me devagar e o chamei com carinho. Quando peguei na coleira, ele disparou novamente — e, claro, lá fui eu ao chão mais uma vez. Desde que cresceu, acho que nunca caí tanto.
Ele correu até o portão e começou a latir desesperadamente, como se pedisse aos céus: “Chega de barulho, por favor!” Sentei-me na mureta da varanda e fiquei ali com ele, solidário. Nós dois, olhando as luzes no céu. Mesmo belas, ainda assustavam.
Feliz Ano Novo, Twoo.
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