segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Não desejo mal a quase ninguém


Eu também posso não gostar e pronto! Tô de mal.
Quando se é criança é muito mais fácil, basta dizer que está de mal e já "elvis".
Comigo acontecia sempre isso, com meus amigos, com meus irmãos, na escola e em tudo que eu participava. Afinal sempre tem um chato pra discordar ou não aceitar o que você tem absoluta certeza, só pra te contrariar ou ainda alguém que te aborreça, amole ou provoque.
Antigamente era muito melhor, bastava cruzar os dedos, beijá-lo e dizer "tô de mal", nem importava se era mal com "u" ou com "ele". Só o que importava, era deixar bem claro ao desafeto, que nunca mais queria vê-lo na minha frente. Tudo bem que esse nunca mais, durava a eternidade de um ou dois dias ou um pouco mais que algumas horas.
Era muito simples, tudo sumia e esquecia-se tudo assim, do nada. Mas quando a coisa era muito séria, era necessário cruzar o dedo mínimo com o desafeto e ficar enfim "de paz".
Às vezes durava um pouco mais, coisa de semana, principalmente com irmão mais velho, no meu caso, mais véio mesmo. Eles sempre acham que podem tudo, basta a mãe e o pai saírem e ninguém mais se lembra do ato da princesa Isabel. Está abolida a abolição, eles sempre pensam que somos seus escravos.
Hoje tudo mudou. Se algo parecido acontece, não adianta mais cruzar dedos e beijá-los. Não tem efeito.
Em algum momento foi desativado essa magia, ninguém entende quando.
Se pisarem na bola com você ou vice-versa, o "tô de mal", se transforma em "você me paga", o esquecer, não mais existe.
Mesmo aquela sinceridade explícita demonstrada imediatamente, que não havíamos gostada de algo, foi-se. Agora o que predomina, é o fuzilamento de olhar, a cada piscar é uma rajada ou o boicote nas ações com o planejamento da desforra. Sem contar com o beijo cínico... Puro veneno.
Nós crescemos, evoluímos e vamos ano a ano tornando-nos mais vividos, experientes e quando percebemos... O que fizemos foi regredir.
Nas rodas do café, na mesa do almoço, na beira do muro, o tempo todo é isso... Aquela é uma Naja... Aquele é um Casca(vel), só falta o guiso. A coisa é tão envolvente que nós mesmos que criticamos tanto, nos vemos fazendo a mesma coisa, agindo igual.
A essa altura, depois de alguns anos, trocamos esse "tô de mal" pelo "ignorar", mas não percebemos que somos nós mesmos que começamos a ignorar tudo. Ignorar que somos maduros e que poderíamos relevar alguns comportamentos fora do que chamamos "padrão". Chegamos até a ignorar a nossa própria vida e passamos a cuidar da vida dos outros.
Não podemos mudar tudo e acho que nem devemos tentar faze-lo. As coisas são como são.
Eu particularmente sigo a frase da música de Lulu Santos, "Não desejamos mal a quase ninguém...".
Afinal, ninguém é de ferro.

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