sábado, 16 de fevereiro de 2013

A versão de um Pai

As mulheres dizem a verdade, quando falam de como não é fácil ter um filho. É fato. Já quando dizem que os homens não sabe o que é isso... Bem, talvez alguns... Mas nem todos...
Quando recebeu a notícia, o sorriso foi sua primeira reação, a segunda, beijar a esposa e ter o cuidado de não apertar a barriga, ainda muito pequena. Não importa, seu filho estava lá.
Já no segundo mês, ainda eufórico, começou a pensar como faria para comprar o berço? Era caro e ele não tinha recursos. Seu salário não era muito bom e sua mulher não trabalhava. Mas ainda assim, tinha tempo e iria se virar. Seu filho não dormiria numa gaveta como ele dormiu. Começou a fazer hora extra todos 2 dias da semana.
Quarto mês, a barriguinha da esposa estava bem destacada e era linda. Ele teve uma gripe muito forte, mas não parou de trabalhar, não podia. Nascera numa casa muito pobre, mas seu filho, nasceria num hospital. Um lugar seguro e com enfermeiras cuidando dele. Prometeu ao filho, que ainda na barriga da mãe, sorria ao ver sua preocupação.
Já haviam conseguido um pequeno enxoval quando chegou o sexto mês. O berço ainda não chegara, mas ele conseguiu comprar um de segunda mão. De um amigo do trabalho. A pequena cunhada agora estava morando em sua casa, para ajudar a mulher, ainda assim, ele chegava do trabalho e lavava a louça da janta e limpava o quintal. Antes de descansar, acariciava seu filho e dizia o quanto o amava.
No oitavo mês, ele tinha toda ansiedade possível. Conversava com o filho, alisando a barriga da mãe, apesar de agora estar fazendo horas extras todos os dias. De forma alguma deixaria faltar o melhor pra alimentação de sua esposa. Ela tinha que estar forte, pra quando a hora chegasse, nem que ele tivesse que arrumar um trabalho extra. 
Chegou o nono mês, a qualquer momento seu filho chegaria. Apesar da fisionomia de cansaço estampada em seu rosto, não deixava de sorrir em momento algum. Mal chagava do trabalho, tomava seu banho e ia lá acariciar a barriga e conversar com seu filho. Depois jantaria, tirar ia o lixo pra fora e resolveria um problema com a água.
Estava ainda na empresa, apesar de seu horário normal já ter encerrado, quando seu chefe o chamou com uma fisionomia séria. Mandou-o sentar e informou que seu cunhado ligara.  Seu filho acabara de nascer. Seus olhos encheram-se de lágrimas ao olhar o sorriso estampado e os braços abertos do chefe, dando-lhe os parabéns e o dispensando para ir ver seu filho.
Seu coração estava acelerado quando chegou ao hospital. Chamou uma enfermeira que indicou o quarto da esposa. Todos estavam lá: sua mãe, irmãos, sogra, cunhados, primos, até o médico... Só faltava ele.
Entrou recebendo abraços e parabéns de todos, até chegar junto a cama. Sua esposa sorria feliz e ao seu lado, nos seus braços estava ele. Seu filho.
Abraçou sua esposa chorando e perguntando se ela estava bem, se tudo dera certo, se não sentia dores... Diante tanta preocupação sua, o médico o tranquilizou que tudo ocorrerá bem e que ela logo iria pra casa. Só então olhou pra seu filho e sorriu...
Teve medo de segurá-lo, não tinha jeito pra isso... Sua sogra o ajudou apegar a criança e disse-lhe para acostumar, pois ainda iria segurar muito sua filha.
Filha? Era uma menina! Linda, pequenina... Com mãozinhas fortes a apertar-lhe o dedo. 
Quando questionado sobre o nome, olhou para todos, um a um e para esposa dizendo:

- Será Maria, como a mãe de Jesus e como minha querida esposa. Maria Clara.

Essa pequena história, aconteceu realmente. Não sei se aqui ou em outro lugar, mas aconteceu e acontece a cada Maria Clara que nasce. A diferença é que ele ainda faz horas extras no trabalho, cuida de sua casa, se preocupa com a comida e com a saúde de todos, enquanto Maria Clara vai crescendo, ainda na sua mão.
Homem ou mulher, ninguém sabe realmente a dimensão, o tamanho ou a intesidade do amor, da dor e do sacrifício de outra pessoa. Não tem como medir. Nem julgar... É assim que foi feito...


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