quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Um dia com meus filhotes

Saio de casa às seis e vinte. Pego o ônibus na porta de casa, enquanto o Twoo uiva, com as patinhas sobre o portão, inconformado ao me ver saindo e iniciando mais uma maratona.

Vinte minutos depois, já estou chegando na rodoviária de Caçapava, pronto pra pegar o segundo ônibus — agora rumo a São José dos Campos. Antes, compro uma água e minhas saborosas batatinhas de salsa e cebola.

Plu favô, não tem tlocado, moço?

Não tive como não sorrir para o atendente de procedência coreana — seja pelo sotaque engraçado ou pelo atendimento atencioso. Mas, infelizmente, como eu realmente não tinha “tlocado”, acredito que a palavra que ele murmurou ao virar as costas para buscar o troco não tenha uma tradução assim tão... cortês.

Mais alguns minutos e lá vou eu, rumo a São José dos Campos.

Antes de chegarmos à rodoviária, algumas pessoas descem pelo caminho. Duas senhoras, prestes a descer, comentam com o motorista:

— Seu motorista, a empresa não devia permitir que as pessoas fiquem assim de agarra-agarra dentro do ônibus, ainda mais mulher com mulher e homem com homem. Isso é falta de respeito com a gente! Deviam colocar uma placa proibindo isso. Se quiserem, que vão pra um motel!

Enquanto a senhora indignada descia, fiquei imaginando como seria essa tal placa...

“Proibido agarramento entre pessoas do mesmo sexo”
ou
“É vedado a indivíduos do mesmo sexo trocarem beijos, apertos e outros”...

Complicado isso.

Mas como homem também é um bicho curioso, fiquei observando todos que desceram na rodoviária, tentando detectar quem causara tanta revolta. Só vi senhores e senhoras da terceira idade... Será?

As coisas andam mesmo sem freio.

Sempre que chego à rodoviária de São José dos Campos procuro meu amigo Willian, mas como nunca o encontro, sigo direto em direção a Jacareí — o terceiro ônibus do dia. São mais trinta e cinco minutos pela via Dutra. Ainda bem que sempre trago um livro.

As horas? Quase nove. Já rodando há quase três horas.

Chego a Jacacity e vou direto ver o primeiro filhote, numa loja de ferragens. Incrível como cresceu. É por isso que a gente envelhece — eles têm pressa de crescer, e nós é que ficamos velhos.

Ele pede uma saída e vamos tomar o café da manhã juntos. Bolinho de bacalhau e refrigerante. Talvez até encontrasse meu velhinho predileto por ali, mas dessa vez não deu certo.

— A conta é dele. O pai paga!

É... certas coisas não mudam mesmo.

Pego mais um ônibus — o quarto do dia — até a casa das filhotas...

Enfim, depois de quatro ônibus e três horas e trinta minutos, cheguei.

O velhinho está por ali, próximo ao portão da casa. Sempre nos esbarramos no mercadão também. Pessoa incrível.

A caçula sempre está acordada.

— Pai, põe crédito no meu celular?

Sempre muito acordada.

Já a gêmea, dormindo feito uma princesa. E não é o sapo aqui que vai acordá-la. Aliás, faz um belo casal com seu irmão gêmeo. Dois dorminhocos. Ele também está dormindo.

Qualquer sacrifício vale a pena para comer a deliciosa macarronada da Tatá, tomar um bom vinho com meu velhinho e curtir meus filhotinhos.

Pena que depois vem a maratona da volta…
E, na velha mochila, levo também as saudades desses filhotes maravilhosos.

Mas logo volto.

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