quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Cachorrada isso

Tìmido, até na hora da foto se esconde

Não vou dizer que estou com saudades dele, mas confesso que fico chateado por saber que sumiu.

De quem estou falando? Do Traíra.

Aquele cachorro de latido rouco, que vivia tentando me pegar desprevenido, hoje me faz falta. Sempre que passo pelo lugar onde ele fingia estar distraído para, na hora certa, vir atrás do meu calcanhar, ainda o procuro com os olhos. Apesar de me manter atento, sei que o Traíra realmente sumiu.

Moro num bairro semi-rural, afastado do centro da cidade. É um lugar calmo, mas, infelizmente, muito procurado para o abandono de cães. A cada dia aparece um novo. Ficam rondando a praça da igreja, talvez esperando por comida, por carinho. Aos poucos, desaparecem. Normalmente são velhos ou doentes.

E eu me pergunto: que tipo de pessoa abandona um companheiro assim? Melhor nem conhecer. Quem faz isso com um cachorro, não deve ser flor que se cheire.

Quando me mudei pra cá, conheci a "Menina", uma cadelinha amarela e muito magra. Todas as manhãs, ela ficava ao meu lado enquanto eu esperava o ônibus da empresa. Comecei a trazer bolacha, bolo, qualquer coisa. E mesmo nos dias em que eu esquecia, ela continuava ali, fiel, só esperando minha presença. Sumiu também.

Agora tem o "Tímido", a três quadras daqui, perto de casa. Um vizinho se encantou por ele e deixa ração todo dia. Tímido é pequeno, caramelo com preto. Vê gente e já abaixa a cabeça, sai de fininho. Nunca ouvi um latido dele.

E tem a “Me Deixa”. Nomeei assim por um motivo: toda manhã, quando passo na rua da casa da minha mãe, ela está ali, numa caixa de papelão que o morador da primeira casa colocou na calçada. Ganhou até ração e água. Quando me aproximo pra ver como está, ela rosna. Daí o nome: "Me Deixa" mesmo.

O que me alegra é que, por aqui, mesmo sem alarde, sempre tem alguém cuidando desses bichos. Um gesto simples, uma comida, uma casinha improvisada — carinho de verdade, mais do que muitos “donos” deram um dia.

Hoje, por exemplo, vi algo bonito. Na calçada, uma casinha de madeira, encostada numa árvore, com um cobertor dentro. Foi colocada ali por outro morador, pra proteger mais um amigo peludo do frio.

Ainda bem que existe gente assim. Amigo de cachorro.

Porque, no fim das contas, é melhor ter um cachorro amigo... do que um amigo cachorro.

Que cachorrada.















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