Esse sai por dois "reaus" |
Por apenas cinco minutos, perdi o ônibus.
Depois de tanto tempo esperando, lá estava eu outra vez: rodoviária.
Ia ter que passar a noite ali de novo.
É desgastante, incômodo — não há conforto algum. Mas fazer o quê?
Não tinha outra opção.
Pelo menos, eu estava preparado. Sempre conto com a chance de me atrasar.
Apesar do cansaço, mantive a calma.
A rodoviária, ao menos, era segura.
Comi o lanche que havia trazido do trabalho, li um pouco e, como de costume, me debrucei sobre a mochila e cochilei.
Nada agradável... mas também, não era o fim do mundo.
Lá pela meia-noite, o sono veio de vez.
Apaguei.
Acordei com um sobressalto. Sem noção do tempo. Meio zonzo.
O relógio digital, com seus números vermelhos, marcava 2h da madrugada.
Olhei ao redor.
E então percebi.
Não havia ninguém.
Nenhum policial circulando.
Nenhum funcionário da limpeza enceradando o piso como sempre.
A única lanchonete que virava a madrugada — fechada.
Estranhei. Muito.
Olhei para os terminais: nenhum ônibus chegando, nenhum partindo.
Nenhum sequer estacionado nas plataformas.
A maior rodoviária da região estava... deserta.
Absolutamente deserta.
Levantei ainda grogue. Fui até o guichê de passagens.
Estava aberto, com os terminais acesos e as poltronas disponíveis na tela —
mas ninguém por perto.
Chamei.
Nada.
Fui até o balcão de informações. Espiei por sobre o vidro. Vazio.
Uma angústia me tomou. Um nó apertando a garganta.
Andei mais um pouco. Nenhum taxista. Nenhum carregador.
Nenhum viajante nos bancos.
Nada.
Fui ao banheiro. Entrei devagar. Silêncio absoluto.
Chamei por alguém. Minha voz ecoou. Resposta? Nenhuma.
Comecei a tremer. O desespero já dava sinais.
Sentei-me num banco escondido.
Fechei os olhos e comecei a orar.
Foi quando senti uma mão no ombro.
Assustei. Arregalei os olhos.
— Olá, meu amigo. Vamos tomar um café?
Era Willian, meu velho parceiro de outras aventuras.
Na verdade... eu estava sonhando.
E por pouco não perdia outro ônibus.
Levantei, ainda meio grogue, e o cumprimentei.
Fomos tomar um café de dois "reaus".
Quem é bom, sempre aparece.
Dessa vez, desmaiei de cansaço.
E, de novo, por cinco minutos, quase perdi outro ônibus.
Valeu, Willian.
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