quarta-feira, 25 de junho de 2025

Um dia com Ele

 


Depois de uma conversa com um amigo, uma pergunta ficou martelando na minha cabeça:

— Com quem você passaria um dia, se pudesse escolher qualquer pessoa?

Respondi sem pensar, mas algo naquela pergunta grudou em mim. Fiquei imaginando... e talvez fosse assim:

Simplesmente abri os olhos. E Ele estava ali. Na minha frente.

Como reconhecê-Lo se nunca O vi?

— Olá. Tudo bem com você? — disse Ele com a voz mais serena que já ouvi.

— Sim... — respondi, meio zonzo — Onde estou? Quem é você?

— Você queria passar um dia comigo — disse abrindo os braços com um sorriso calmo.

— Aqui estou.

Olhei ao redor. Estávamos sentados em bancos macios, no meio de um imenso campo gramado, salpicado de pequenas flores amarelas e brancas. O lugar transbordava paz.

— Você escolheu esse cenário. Acredito que, no fundo da sua mente, era o que desejava para este momento.

— É lindo... — murmurei, encantado.

— Você tem um gosto maravilhoso. Também adoro lugares assim, onde reina a calma.

— Você é Ele? Digo, o Senhor?

— Sim, sou — respondeu, com um leve sorriso.

Tudo ali parecia retirado de um sonho. O céu começava a se tingir de laranja com o nascer do sol. Animais pastavam ao longe, com uma leveza inacreditável, contornando as flores como se respeitassem a beleza delas.

— Eu... morri? — perguntei, surpreendentemente tranquilo.

— Não, meu amigo. Você apenas desejou estar aqui. E Eu vim ao seu encontro.

— É... eu desejei muito. Só nunca imaginei que seria possível.

— E como você está? Apesar de tudo isso estar acontecendo agora?

Virei para olhá-Lo de frente. E então percebi algo estranho: eu O via com nitidez, mas não conseguia descrevê-Lo. Era como se minha mente não soubesse processar o que via. Não havia cor, idade, raça ou traço específico. Mas eu sabia, com todo o meu ser, que era Ele.

— Não se preocupe com isso — disse, lendo meus pensamentos. — Apenas relaxe.

Ele riu levemente, e percebi que estava se divertindo com minha tentativa frustrada de descrevê-Lo.

— Acho que estou bem. Mas, sinceramente, não sei o que dizer. O que perguntar. É tudo tão... surreal.

— Tudo bem. Fique à vontade. Podemos apenas conversar, se quiser.

— Esse lugar... é lindo demais. — Foi só o que consegui dizer.

— E você ainda não viu tudo. Olhe para a esquerda. Sei que você gosta de lagos.

E, como se um pintor começasse a desenhar diante de mim, surgiu um pequeno lago de águas cristalinas. Era mágico.

— Vamos pescar?

Antes que eu respondesse, já estávamos à beira do lago, cada um com uma vara de pesca na mão.

— Também gosto de pescar. Costumavam me chamar de pescador de homens. Sou bom nisso — disse Ele, com um sorriso brincalhão.

Olhei surpreso e, antes que pudesse responder, Ele apontou:

— Acho que você pegou um.

Puxei a linha com entusiasmo e vi o peixe deslizar na água, relutante. Sorri. Adoro pescar. Ele sabia.

Conversamos sobre tudo. O lago, o céu, os cachorros que eu amava, os trovões que eu não suportava. Falamos sobre o espaço, o mar, a vida. Nada de perguntas profundas. Apenas conversa. Natural, leve.

Em algum momento, confessei que nunca teria coragem de andar sobre as águas — só de pensar, me dava arrepios. Ele riu, aquele riso gostoso, longo.

Ele também fisgou um peixe. Quando olhei o cesto ao lado Dele, estava cheio.

— Ei, isso não é justo! Você multiplicou seus peixes!

Caímos na risada. Rimos até as lágrimas escorrerem. Foi um dia perfeito.

O tempo passou devagar. E, quando percebi, já era hora de ir.

Abracei-O com força. Agradeci, com o coração transbordando. E foi então que percebi: não fiz nenhuma daquelas perguntas importantes que eu sempre quis. Nenhuma. E não senti falta.

Ele colocou a mão no meu rosto, depois em meus ombros, e disse:

— Nada é mais importante que você. Siga seu caminho com amor e simplicidade.

Ajude, se puder. E, se não puder, pense com fé: tudo ficará bem. E ficará.

Uma lágrima escorreu. Ele me abraçou mais uma vez. E eu só consegui dizer:

— Eu te amo.

Abri os olhos.

Minha família estava reunida ao meu redor, cantando parabéns. Era meu aniversário.

Obrigado pelo presente.

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