quarta-feira, 25 de abril de 2012

A Águia e a Loba - Parte II


Ela, a Loba.

Depois de vagar entre escarpas e trilhas pedregosas, ela estava cansada.
Precisava de um lugar tranquilo, seguro. Havia percorrido muito... E precisava parar.
Seu corpo pedia descanso. Mas mais do que isso, era a alma que se sentia exausta.

Já fazia tempo desde que começou sua busca.

Procurava por um companheiro.

Vivia triste.

Na verdade, até havia encontrado um, alguns meses atrás.

Era insistente, determinado — não lhe deu sossego até que ela cedeu.

Ela o considerava bom. Gentil.

Ele morava mais ao norte e sempre tentava agradá-la, trazendo coisas de que ela gostava.

Mas ainda assim… ela partiu. Sabia que faltava algo.

Seguiu caminhando, esgueirando-se entre sombras e silêncios, sempre ocultando parte de si.

Nunca mostrava o rosto por inteiro — não se sabia ao certo se por timidez, desconfiança… ou proteção.

Sabia que era bonita, e que seus olhos exerciam atração.

Mas sempre que alguém tentava vê-la… ela sumia.

Escondia-se.

Naquela tarde, deitou-se desanimada sob duas rochas que formavam um arco, protegida entre arbustos.

Apoiou a cabeça nas patas e olhou para o céu, num gesto de puro cansaço.

Foi então que viu algo.

Lá no alto, algo prateado deslizava entre as nuvens, em movimentos suaves.
Piscou, forçou os olhos — queria entender o que era.

De repente, aquilo começou a descer. Rápido demais.

Levantou-se num pulo, atenta.

O brilho tentava retomar o voo... Conseguiu por um momento...

Mas logo começou a cair de novo. E caiu.

Desabou na copa de uma árvore enorme, desaparecendo entre as folhas.

Sem hesitar, ela correu em direção à queda.

Se aproximava quando viu algo se mexer entre os galhos partidos.

Parou. Observou.

Estava atrás de uma galhada, caída como consequência do impacto.
Não conseguia ver bem — o que quer que fosse, ainda estava oculto.

Precisava atravessar os arbustos para enxergar melhor.

Foi então que se assustou — algo saltou do chão para o alto com rapidez felina.
Ela recuou instintivamente.

Esperou. E recomeçou a se mover, dessa vez com mais cautela.

Com o focinho, foi abrindo espaço entre a folhagem.

Como era de seu feitio, revelou apenas um quarto de sua face, o suficiente para espiar.

E então, a Loba o viu.

Era uma Águia.




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