Em 1978 eu seguia ainda meio abalado pela perda de meu ídolo Elvis Presley, achei na música inspirado por ele como manisfestar meus sentimentos e comecei a tocar violão estava então com 15 anos e foi quando um acontecimento mexeu comigo, a escolha de Karol Jozéf Wojtyla para Papa. Logo de cara mostrava que seria uma pessoa diferenciada das últimas que passaram pelo mesmo processo, escolheu o nome de João Paulo II para homenagear seu antecessor que ficará um período muito pequeno neste lugar.
Hoje não sou religioso, mas naquela época eu participava ativamente do grupo de jovens da paróquia da minha região e foi uma festividade muito grande a escolha de Karol.
Sua história foi mostrada em todo tipo de mídia, a história do polonês que sobreviveu a segunda guerra e era agora o novo Papa, e é claro que devorei tudo isso.
Dois anos após sua pontificação veio um dos acontecimentos mais importantes da história de nosso país, ele o Papa João Paulo II veio ao Brasil, foi uma febre no país, rapidamente começou a ser divulgado os dias e locais por onde passaria e é claro que São Paulo estava na rota e eu me inclui em sua rota também.
Aprendi a tocar e cantar a música criada para saudá-lo "A benção João de Deus", acho que a toquei quase mil vezes, antes, durante e depois de sua passagem. Foi muito difícil e complicado, mas fui até o Morumbi para vê-lo, eu e mais 150 mil pessoas, joguei o violão nas costas e me misturei a essa multidão.
Foi um dia duríssimo, frio, garoa, fome, sede, tudo o que uma aventura nos proporciona quando não nos preparamos pra ela. Cantamos e nos confraternizamos nas rampas, corredores, muretas, onde era possível, bastava começar uma canção e tinha um monte de gente fazendo coro, isso tudo aconteceu o dia todo e a todo momento durante a espera da abertura os portões.
Entramos no estádio e fui furando frentes até encostar o peito na grade, o mais próximo ao campo, o estádio estava impressionantemente lotado, era a festa mais linda que eu já vira, todos vibrando, cantando e saudando, quando de repente foi anunciado pelo auto-falantes sua entrada no estádio, primeiro um silêncio absurdo e depois gritos e euforia.
Então ele passou... A uns quinhentos metros de mim em seu carro cercado de seguranças, olhou e acenou, foi como se tivesse acenado diretamente a mim, meu coração disparou... chorei.
Não me perguntem como voltei, realmente não sei... Estava entorpecido.
Deste dia adiante, acompanhei tudo o que se referia a ele, tive um acesso de revolta quando quase lhe tiraram a vida naquele atentado e depois senti-me pequeno, minúsculo quando esse grande homem perdoou seu agressor.
Com os anos avançando rapidamente e depois de tantos problemas com sua saúde, o vi novamente vir ao Brasil em outubro de 1997, debilitado e fraco, nessa altura da vida eu já havia me desligado de tudo relacionado a religião, mas me senti muito mal ao vê-lo com toda aquela fragilidade ser o mesmo homem que me inspirou e que deixei pra trás.
Dessa vez não tive aquele mesmo impeto de jovem para reencontrá-lo, fiquei em casa vendo pela TV, mas novamente depois de 17 anos, ao vê-lo meu coração disparou e veio-me a lembrança de tudo que vivi em 1980 e uma lágrima caiu de meus olhos.
Um homem de frases determinadas como: "Se Deus é brasileiro, o Papa é carioca", que beijava toda terra que pisava em respeito ao solo que o recebia, só podia realmente ser filho de Deus, corajoso, humilde, simples, um verdadeiro representante do Pai.
No dia, 2 de abril de 2005, eu choraria pela última vez motivado por esse ser humano incrível, o polonês Karol, o Papa João Paulo II, ele faleceu no meio da tarde, porém antes deixou mais um momento marcante, dizendo a seus assessores: "Deixe-me partir para casa do Pai", horas depois entrou em coma e faleceu.
A benção João de Deus... Saudades.
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