domingo, 11 de novembro de 2012

Andarilho XVI - Caixa postal


Confesso que não gostei de deixar Marlene para trás daquela forma, enquanto se despedia de seu avô,mas o que me assustava e que também me deixava temeroso era retornar ao encontro de Jorge, mas me pareceu o certo a fazer, então parti.
Marlene me fez prometer fazer contato, para saber que eu estaria bem, depois de saber de toda a história, para tanto deu-me seu celular e disse que ligasse se precisasse de ajuda. E foi assim que parti retornando ao encontro de Jorge, apenas torcendo para que chegasse a tempo.
Levei dois dias pra chegar em Munhuaçu, o dia estava agitado por lá e fui direto para aquela casinha ao lado do correio, estava fechada. Fiquei de longe a observando e a todos nas proximidades, mas na casa parecia não ter ninguém, estava tudo fechado.
Fiquei ali por uns dez minutos decidindo se batia e chamava por Jorge ou ia direto ao correio. Por segurança optei pelo segundo.
Entrei no correio ainda muito receoso e fui ao balcão de informações. Comentei com a pessoa que me atendeu quem eu era e que viera buscar uma encomenda na caixa postal. Ela pediu um documento e se dirigiu a um senhor ao lado, ele me olhou seriamente por alguns segundo e fez sinal de positivo a ela. Ela abriu uma gaveta e trouxe-me uma chave, pediu para que eu assinasse um formulário e a entregou-me, mostrando a direção da caixa a qual a chave pertencia.
Fui caminhando lentamente olhando para os lados até ficar em frente a uma portinha cinza. Olhei mais uma vez para os lados e coloquei a chave girando-a. Ouvi um baixo click, com as mãos tremulas abri lentamente a caixa postal 2103.
Havia um pacote um pouco menos que uma caixa de sapatos e sobre ele um bilhete, a apanhei e li.
"Não abra nada ai, saia o mais rápido possível dai". Fechei novamente a caixa e me dirigi a saída. 
De repente senti uma mão sobre meu ombro, gelei. 
- O senhor tem que devolver essa chave, se quiser podemos tirar uma cópia e enviar ao senhor. - Era o mesmo senhor que estava com a mulher das informações.
Devolvi a chave e sai apressadamente com o pacote de baixo do braço, sempre acompanhado de perto por Dingo. Sei que se houvesse qualquer problema ele me avisaria.
Mais um susto, o celular de Marlene vibrava em meu bolso.
Entrei em um bar peguei o celular e perguntei por um banheiro. Dingo ficou na porta do bar sentado.
- Alô... - Disse meio a gaguejar.
- Sou eu Marlene, aonde está?
Expliquei a Marlene tudo que aconteceu e ela me disse que estava na cidade também. Contara tudo ao irmão que resolveu vir atrás de mim e é lógico ela veio também. Estavam em frente ao correio. Fiquei de ir ao seu encontro.
Quando sai do banheiro Dingo não mais estava na porta. Olhei para os lados e o local estava vazio, estremeci. Dei dois passos em direção a porta quando ouvi uma voz me chamando.
Virei bem devagar e um senhor com uma vassoura na mão apontou-me um canto, que olhei desconfiado. Lá estava Dingo comendo algo.
- Tem que dar água ao seu cão, meu amigo. Estava morrendo de sede. - E eu de medo.
Agradeci chamei Dingo e saímos do bar.
Logo ouvi uma buzina do outro lado da rua, atravessei rapidamente, não disse a Marlene nem a Rodrigo, mas achei que estava sendo observado.
Saímos da cidade o mais rápido possível e quase Dingo fica pra trás se não fosse o amor pela sua dona. Pulou em seu colo pelo vidro do carro, como se a janela fosse uma porta enorme aberta e começou a lambe-la.
A última coisa que vi pelo retrovisor do carro foi a placa volte sempre.
Pra mim... Nunca mais.

0 comentários:

Postar um comentário

Obrigado por comentar. Seu comentário e opiniões são muito importante para melhorar o blog.Se não quiser deixar... Fazer o que...