domingo, 18 de novembro de 2012

Andarilho XVII - O último pedido


Já rodávamos por quase duas horas e eu segurava firmemente. No início até tentaram puxar conversa comigo, mas respondia em monossílabas e então entenderam que não queria falar, só havia silêncio e sentia às vezes o olhar, tanto de Rodrigo como o de sua irmã. Confesso que às vezes me pegava olhando para a caixa, perdido em meus pensamentos, que nem sei o que eram naquele momento.
Sei que também ficaram  impressionados com o bilhete deixado por Jorge, por isso ninguém falava em parar. Até que avistamos um restaurante e resolvemos parar para comer algo, estava na hora de sabermos o que tudo isso significava. Rodrigo então encostou.
Parecia que fazia séculos que não comia algo. Não me separei da caixa. Pegamos uma mesa afastada para termos mais privacidade e comemos em silêncio. Foi Marlene quem quebrou o silêncio e tocou no assunto.
- Já que estamos bem longe daquela cidade, alimentados e já sabemos de toda a história, acho que já está na hora de acabar com todo esse mistério. Você vai abrir essa caixa?
Olhei-a nos olhos e sorri. Ela tinha a razão. Coloquei a caixa sobre a mesa, li mais uma vez o bilhete de Jorge e desatei o nó. Eles se aproximaram  mais , mas não antes de todos nós olharmos em volta pra ver se alguém nos observava.
Dentro da caixa tinha um envelope, uma carta e um pacote embrulhado com pano. Abri o envelope e caiu uma foto. Peguei-a e era de Jorge, havia ao seu lado uma bonita mulher sorrindo e a frente deles um garoto com seus 8 anos aproximadamente. Mostrei aos demais, mostrando Jorge e comentando que os demais deviam ser a esposa e um possível filho. Abri um papel e li para eles.
“Olá meu amigo”. Como te disse preciso de um último favor. Provavelmente quando estiver lendo essa, se dei sorte, estarei muito longe sem chances de voltar ou se não dei sorte... Bem você sabe de tudo.
Desde que te conheci sabia que poderia confiar em você, que se precisasse me ajudaria. Veja como uma grande armação daquele que nos criou e sou grato por isso. Desculpe por te envolver, mas na verdade não tive escolha. Um conselho antes de te pedir o favor, sai da estrada esqueça sua busca, arrume alguém e viva o melhor que puder, é muito bom ter quem amamos ao nosso lado, não a deixe distante, traga pra bem perto. Sei que achará alguém tão bom quanto você. Dentro desse pano enrolado achará o suficiente pra fazer o que te peço o último pedido de um amigo. Há nele todas as informações necessárias e orientações, mas, por favor, não conte tudo que aconteceu a quem contatar, apenas diga que me conheceu e que lhe pedi esse favor. Mais uma vez te agradeço, obrigado. Fique com Deus. Jorge.”
Fechei a carta, olhei para meus novos amigos e percebi uma lágrima nos olhos de Marlene, peguei o pacote e abri.
Meu Deus!!
Dentro do pacote havia dinheiro, mas muito dinheiro e mais um papel. Assustado fechei rapidamente a caixa e olhei para eles, pareciam  tão assustados quanto eu.
Puxei a caixa para meu colo e imediatamente olhamos para os lados. Não havia quase ninguém por ali e acredito que ninguém percebera nossa agitação. Rodrigo se levantou e foi pagar a conta, enquanto eu e Marlene saímos em direção ao carro, onde Dingo estava a nos esperar.
Rodrigo se juntou a nós e perguntou:
- O que vamos fazer?
- Vamos embora daqui, já. - Respondi entrando no carro.







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