domingo, 31 de março de 2013

De Quem é Esse Ovo de Páscoa?

Sempre tivemos a tradição de esconder os ovos de Páscoa. Meus filhotes adoravam! Era muito divertida, a caça aos ovos.

Façam essa brincadeira! Além de divertida, garanto que seus filhos nunca esquecerão.

Ah! Se conseguir um tempinho, leia essa história para se distrair — e, quem sabe, se inspirar num novo lugar para esconder os ovos. Acho que vai gostar... Bem, espero!


Havia, num pequeno sítio — não sei se em Caçapava/SP ou em outro lugar — um bom velhinho que criava um galo e um coelho.

O galo era vistoso, com uma linda crista vermelha. Todo dia, cantava forte para acordar seu dono, que assim não perdia a hora do trabalho.
Já o coelho era malhado, branco com manchas amarelas e pretas. Assim que o galo cantava, o coelho começava a correr de um lado ao outro, fazendo a maior algazarra — e o dono pulava da cama para ver a bagunça.

Na véspera da Páscoa, os dois bichinhos combinaram de dar um presente ao seu dono. Depois de muito pensar, decidiram: dariam um ovo de Páscoa!

O galo, que conhecia todas as galinhas da redondeza, ficou encarregado de arrumar um vistoso ovo. O coelho, por sua vez, providenciaria uma maneira de enfeitá-lo.

Na noite da véspera, lá estavam eles, no quartinho de bagunças, tentando enfeitar o ovo. Procuraram de todas as formas... e nada.

Foi então que o coelho, com seu olhar atento, viu uns potes coloridos numa prateleira e resolveu tentar pegá-los.

Assim que começou a escalar as velhas prateleiras, elas balançaram... e tombaram, derrubando tudo por cima dos dois bichinhos! As latas de tinta rolaram para todo lado, espalhando tinta colorida por onde passavam.

Quando a dupla se refez do susto, percebeu que o ovo estava completamente colorido e brilhante.

Pronto! Estava enfeitado.

Agora era só esperar o dia nascer: cacarejar para acordar o velhinho e fazer uma bagunça daquelas para chamar sua atenção.

E assim fizeram.

Quando o velhinho correu ao local para ver o que acontecia, parou na porta do quarto de bagunças... e ficou de boca aberta:

— Que bagunça!

Olhou para o lado e viu os dois bichinhos sujos de tinta e, entre eles, o ovo todo colorido.

Então, compreendeu... Bem, quase tudo.

Coçou a cabeça, olhou para o ovo, olhou para o galo, olhou para o coelho... e comentou:

— Sei não... pra mim, esse galo é franga. Canta fino e agora bota até ovo!

Moral da história:
Compre o ovo, esconda num lugar acessível e seguro. Se quiser, deixe também umas pegadinhas do coelho para seus filhotes encontrarem mais fácil.
Mas não se esqueça de explicar que coelho não bota ovo... e muito menos o galo!

Feliz Páscoa!


sexta-feira, 29 de março de 2013

Receita Rápida - Dia de Bacalhau

Ah! Como é bom a Semana Santa...
Quando adolescente tinha uma vida agitada nessa época. Começava na quinta-feira e terminava apenas no domingo de Páscoa, com muito chocolate.
Iniciava com a vigília na quinta, onde virávamos a noite cantando e orando com o grupo de jovens. Assim que amanhecia o dia, saíamos para enfeitar o percurso da procissão até a hora do almoço.
Então vinha o momento mais gostoso:  comer a bacalhoada. Para compensar o desgaste físico e mental da virada. Para complementar, no café da tarde tinha o bolinho de bacalhau.
Pra relembrar esses momentos bons, deixo aqui uma pequena receita rápida de bacalhau com batatas...

Espero que tenha deixado cerca de 750gr de bacalhau de molho um dia antes...
Coloque em uma panela grande, em fogo baixo,  o pouco de azeite e alhos picados. Depois de fritos adicionar o bacalhau com cuidado. Mexa devagar até ferver.
Descasque batatas e corte em rodelas grossas e acrescente-as na panela. Pode se desejar , pedaços de tomate e pimentão.
Cubra tudo com água e coloque salsinhas... Pronto.

Em 20 minutinhos estará pronta... Fácil não é?
Se quiser, ainda poderá levá-la ao forno para dar uma douradinha.
Chic pra comer com um arroz branco, acompanhado de um bom vinho tinto.


Bom feriado e pra quem é mais religioso muita fé e bom final de semana.


quinta-feira, 28 de março de 2013

Correndo Sem Parar


Quer manter a forma?

Foi dada a largada de 2013!

Os primeiros 100 metros...
Depois de comemorar mais um aniversário, parece que tudo acelerou.
Até então tudo vinha andando num ritmo rápido, porém controlável. As coisas vinham acontecendo no seu devido tempo. A vida, pra variar, sempre me aprontando algo, como: noites mal dormidas em rodoviária, amigos pagando café e outros. Mas, depois dos cinquenta, tudo disparou.

200 metros...
Começamos pela Faculdade. O que era morno demais e cansativo, começou a engrenar e acelerar. Já terei as primeiras provas, só tenho que estudar e tudo correrá bem. Mas tenho que andar a passos largos com os trabalhos pra entregar. O problema, é ainda dormir na rodoviária. O frio vai chegar e nem café pago vai ajudar.

Curva à direita...
No trabalho, o bicho que já pegava, agarrou e não quer largar. Sempre mais demanda e agora tenho que preparar apresentações para treinamento e capacitar o pessoal. Acho que comecei a sentir o tempo escapar...

Tomando água pelo caminho...
Férias... Ah! Isso é bom. Mas tô na correria. Vou com a filhota caçula e minha velhinha pra Bahia. Óxente! E depois pra Pernambuco... Eeeeeeeeeeee! Muitas coisas pra arrumar, comprar, acertar hotel, passagens, condução, roteiro e ainda cuidar das duas... A filhota nem precisa dizer muito... Tá princesa e tem muito sapo por aí querendo se transformar. Vai vendo... Mamãe é que me preocupa. A velhinha acelera mais que o Massa e até dança do ventre e Pilates voltou a fazer. Tudo pra estar em forma pra viagem. Nem quero pensar o que irá aprontar em Salvador. Haja pernas pra acompanhar, principalmente no meu caso.

Passando pelos últimos...
Ainda tenho os cursos via net: Excell avançado pela empresa, internet marketing para os meus negócios, estudo de montagem de loja virtual, produção de vídeos... Falaremos disso tudo por aqui, aff...

Chegando aos 800 metros...
Ah! É claro... Não posso esquecer... Ainda tem meu primeiro livro.
Tenho que voar pra promovê-lo, está chegando e nem consegui preparar um bom programa para divulga-lo. Ideias, eu as tenho e muitas, mas o folego parece que não querer acompanha-las. Toma mais velocidade na vida... 

Desviando dos obstáculos...
E ainda tenho uma casa pra cuidar e me preocupar com o cachorro Traíra pelo caminho.

Enxergando o pelotão da frente...
Pensando bem, nem dá tempo pra reclamar das peripécias que a vida me apronta e nem mesmo ando tagarelando através de meus dedos com antes... A linha de chegada ainda está muito longe. Sinto-me em plena corrida de São Silvestre, no meio daquele pelotão enorme, correndo pra pelo menos me aproximar da elite e quem sabe aparecer na TV.
Namorar, passear, ver jogos de corpo presente do meu querido Santo André... Nem pensar. 

Embolado entre os primeiros...
Com tantas coisas acontecendo ao mesmo tempo, só mesmo contando com meu amigo, lá de cima, pra me refazer e não deixar a peteca cair. E é bem isso mesmo. Volta e meia, Ele dá uns tapinhas pra me deixar pro alto.

Vendo a linha de chegada...
Vâmo que vâmo... Mal dá pra terminar este post. Fui! Senão perco o ônibus e aí só correndo mesmo... Inté.

Olha eu aqui na chegada!!!

Em tempo... IMPORTANTE! Eu tô mais para o carinha cabeludo da imagem.



Sua Saúde em Primeiro Lugar

terça-feira, 26 de março de 2013

Eu queria ser Beethoven


Percebi ainda adolescente que tínhamos muito em comum: eu e Beetho.

Desculpem a intimidade, mas Beetho é meu chapa e minha inspiração desde os idos dos anos 70. Nossa trajetória de vida tem vários pontos em comum.

Como ele, também nunca me aprofundei muito nos estudos, mas sempre achei que, um dia, conseguiria melhorar. Quem sabe sair do técnico e ser um doutor — de preferência advogado, porque, na medicina, eu precisaria mais de socorros que meus pacientes. Nunca gostei de ver sangue...

Aos oito anos, Beetho já estudava com o melhor mestre de cravo de sua cidade. Eu também era ligado à música. Quer dizer, de outro jeito... Eu dançava. Muito.

Tentei me aventurar além e fui aprender violão.

Não posso dizer que meu primeiro professor era o melhor da cidade, mas devia ser bom: afinal, conseguiu fazer eu aprender a tocar — e até a compor! Foi aí que a melodia desandou.

Inspirado pelas músicas de Beethoven, resolvi compor uma canção que começasse com um trecho de sua obra. A preferida, claro, seria sua Sinfonia Inacabada. Mas... não rolou.

Bem, apelei para outro monstro da música clássica: Chopin.

Só pelo título da composição, acho que já dá para imaginar qual foi a escolhida.

"Agora teremos mais um participante neste grande e animado festival! Com música e letra de Ademir de Freitas — eu mesmo —, vamos ouvir a canção: Apocalipse!"

Foi assim que eu e meu grupo — um bando de malucos que na época ainda me achava normal — fomos anunciados.

Subimos no palco, todos de preto, diante de uma plateia em brasa, ensandecida de tanta agitação.

No mesmo instante, parou tudo no colégio Carlão, em Santo André.

Sem um ruído, nos preparamos. Olhamos para a plateia. Olhamos para o júri. Em silêncio absoluto.

Então a Gui, uma das "normais" do grupo, iniciou a introdução da Marcha Fúnebre de Chopin... na flauta doce.

Caracas!

Pensei que a escola ia explodir. Um misto de vaias, gritos e aplausos tomou conta do lugar. Era impossível decifrar o que sentiam.

Loucura.

Ah! Não pensem que fomos convidados a nos retirar. Pelo contrário: no final, muitos já cantavam o refrão — digamos, nada propício para um festival animado:

Tum...
Tum...
Tum, tum...
Tum... Tum, tum...
Tum, tum... Tum, tum... (e a voz tétrica)
Apocalipse!

Saímos da mesma forma que entramos: em silêncio. Um após o outro.

Ganhamos o festival?

Claro que não.

Saímos o mais rápido possível do colégio — enquanto ainda tínhamos condições.

He, he, he...

Soube dias depois que um bando de loucos acabou com o festival do Carlão.

Estão vendo? Tem louco pra tudo.

Eu, hein.

Se eu fosse Beethoven ou Chopin, todo mundo teria adorado e achado o máximo.

Eu acho.

 






segunda-feira, 25 de março de 2013

domingo, 24 de março de 2013

2 Editoras Testadas Para Publicar Seu Livro On Line

Sempre tive o sonho de escrever um livro, mas sabia o quanto era caro isso.
Consultei algumas editoras e a cada consulta, ficava mais desencorajado. Algumas eram até possíveis, mas comprometeria outros planos futuros.
Depois de muito tentar, achei uma do tamanho de meu bolso. Bem, como meu bolso não anda lá essas coisas...
O próximo passo era escolher e preparar os textos. Decidi fazer uma pequena coletânea de textos daqui do blog SouFreitas, onde escrevo a mais de 2 anos. São pequenas crônicas, retiradas de minha vivência nesse mundo fascinante e mais alguns poemas.
O primeiro desafio já foi bastante complicado, como escolher os textos? Colocar esse, deixar aquele de lado, enfim consegui selecionar. Próximo passo: correção ortográfica. 
Inicialmente apelei para o word, depois consegui uma expert pra me ajudar e deu certo. Agora era fazer a diagramação.
Seguindo os requisitos pedidos pela editora, eu mesmo diagramei o livro. Apanhei pacas, porém com um pouco de jeito e paciência, rolou. Parecia até muito simples, mas com tantos detalhes como: fontes, espaços, índice e organização, deu um trabalhão, mas também saiu.
Agora faltava a capa. Mais problemas.
Fiz vinte modelos até escolher uma, mas no dia de enviar mudei tudo. Veio uma ideia de última hora e deu certo. Ficou muito bom.
Com tudo em mãos enviei á editora. Daí, até criarem a prova do livro, foi um parto. Ligações, comentários, prova com alguns erros e depois de muita canseira e ansiedade, consegui de novo.
Com esse tempo todo de espera, o livro ainda não ficou pronto até a presente data, resolvi pesquisar mais e encontrei alguns sites interessantes para publicar o mesmo livro online. Já que estava com o livro pronto, decidi testa-los e funcionou muito melhor que a tentativa anterior, bastaram apenas alguns ajustes.  Consegui publicar em alguns sites e já obtive retorno. A qualidade também é muito boa, tanto quanto ao que foi feito direto com a editora. A diferença, é que você tem que fazer tudo que envolve a publicação, sozinho. Com um pouco de atenção e dedicação, qualquer um consegue. Veja os sites, onde publiquei com meus comentários.
  • https://www.clubedeautores.com.br/authors - Foi o primeiro que publiquei. Muito fácil para publicar, requer um pouco de atenção em algumas etapas, porém o custo do livro para venda é mais caro. 
  • http://www.perse.com.br - Tranquilo para publicar, na mesma linha do anterior. É importante checar o pdf gerado com atenção, pode sair distorções. O bom da Perse é um preço final melhor para seu livro. 

Em breve publicarei um passo a passo aqui.



domingo, 17 de março de 2013

O homem da pedrinha azul

 

Sempre gostei muito de jogar pedrinhas e, sem falsa modéstia, era muito bom nesse jogo divertido.

Naquela época, a cidade estava em alvoroço. Diziam que era por causa de um homem chamado de Rei e também pela proximidade da Páscoa.

Devido a toda essa agitação, eu, Haab e Zafet decidimos encontrar um lugar mais tranquilo para desafiar os meninos da vila próxima à residência do governador.

A vila era conhecida como "Entrada do Governador", por estar situada diante da casa do estrangeiro enviado pelo imperador para governar nossa cidade.

Meu pai não gostava dele e dizia que esse homem, que seria Rei, iria mandá-lo embora de nossa terra.

Não sei bem o motivo, mas se papai não gostava dele ou dos guardas que trabalhavam para ele, eu também não gostava.

Escolhemos o Morro das Cruzes como novo local para nossos desafios. Era ali que os ladrões pagavam por seus crimes.
Como era véspera de festa, o lugar estava deserto. Todos estavam em um tal de tribunal, julgando aquele homem que seria Rei.
Acho que iam dar-lhe uma coroa. Sei lá.

Pelas ruas estreitas da vila, nós três corremos em disparada para o morro, ansiosos para chegar primeiro e escolher um bom lugar para jogar.

Ao chegarmos, encontramos alguns homens discutindo sobre três espaços destinados aos futuros prisioneiros.

Não demos muita atenção. Fomos para um canto, limpamos a área e começamos a planejar nosso jogo.

Depois de um tempo, chegaram os primeiros meninos carecas. Eram dois. Um deles eu conhecia bem; já o havia derrotado antes.

Ele, o maior, carregava suas pedrinhas na mão, enquanto o outro as trazia amarradas na cintura, dentro de um saquinho.

Começamos a acertar as regras do jogo. Eu estava ansioso para ganhar suas pedrinhas.

Não demorou muito e apareceram mais dois piolhentos. Hoje, teríamos mais pedrinhas para nossa coleção!

O jogo consistia em acertar nossa pedrinha na do outro menino.
Quem começava escolhia um adversário, que lançava sua pedrinha a certa distância.

O desafiador tinha duas jogadas para acertá-la. Se errasse, a vez passava para o desafiado, que escolhia outro alguém e iniciava uma nova disputa.

Quem acertava ficava com a pedrinha do outro.

Eu tinha uma pedrinha da sorte que nunca me deixara na mão. Era muito bonita, de um azul profundo.

Quem me dera foi um homem que chegara à cidade montado em um burrinho, recebido por todos como se fosse o governador.
Corri junto com meus pais para vê-lo entrar na cidade. Cheguei bem perto dele e, quando desceu do animal, toquei-o.
Ele virou-se para mim e, sorrindo, entregou-me essa pedrinha, dizendo:

— Diga aos que confiam que eu voltarei. Construa sua fé.

Gostei dele. Mas acho que ele não entendia nada de pedrinhas.
Não dá para construir algo com pedras tão pequenas...

A multidão o levou para longe de mim, enquanto eu admirava a pedrinha azul.

Zafet iniciou o jogo desafiando o careca da bolsinha. Ele tirou duas pedrinhas pretas da bolsa.

Já as vira antes — eram do morro que cuspia fogo, de uma terra distante. Algum viajante deve tê-las trazido e dado ao careca piolhento.

Zafet pegou sua pedrinha número dois, a menos bonita, uma amarelada. Guardou a melhor para outra rodada.
Ele a chamava de pedra de oliva, por ser meio verde, encontrada perto das oliveiras. Era sua pedrinha da sorte.

O piolhento iniciou o jogo, atirando sua pedra bem longe — mas não o suficiente para Zafet.

Ele juntou as mãos com a pedrinha dentro, balançou três vezes para dar sorte e a lançou.

Corremos todos para ver onde caíra; ficou a uns três passos da pedrinha do careca.

Formamos um círculo em volta das pedras.
Zafet pegou sua amarelada do chão, soprou-a, balançou e jogou novamente. Errou.

Os piolhentos comemoraram pulando sem parar.

Como Zafet pôde errar? Sempre o achei muito bom nesse jogo... depois de mim, é claro.

Mas acho que a pedrinha do careca não era tão bonita. Zafet nem se esforçou para acertar.

Era a vez dos meninos carecas desafiarem.

Um dos dois que chegaram depois pediu a vez e mostrou sua pedrinha, muito branca com um risco preto. Realmente era bonita.
Olhando-me, disse:

— Quero sua pedrinha azul, perdedor!

Não sei por quê, mas senti um frio na barriga.

Peguei minha pedrinha, limpei-a na roupa e mostrei a todos.
Eles se aproximaram e, como se nunca tivessem visto uma pedrinha azul, ficaram calados, olhando para minha mão.
Todos os meninos já conheciam minha fama de vencedor com ela.

Afastei-me, respirei fundo, olhei mais uma vez para minha pedrinha... e a arremessei.

Nesse momento, começou uma confusão. Gente apareceu de todo lado.

Não perdi minha pedrinha azul de vista, mas não podia pegá-la — senão teria que entregá-la ao desafiador, como desistência.

Afastamo-nos um pouco e logo entendemos a confusão.
Iam executar mais alguns ladrões ali.

Os soldados afastavam as pessoas com suas lanças e faziam um cerco no local, quando chegou um dos ladrões.

Todos sabiam que ele ia ser punido.

Logo após, chegou o outro. Esse eu conhecia — foi preso perto de casa, também por roubo.

Os soldados o arrastaram à força, causando uma tremenda confusão.

De repente, a multidão começou a se afastar, abrindo caminho para o terceiro a ser punido.

Imediatamente o reconheci.

Era o homem que me deu a pedrinha azul.

Aquele que chegou à cidade montado em um burrinho.
O homem que estava no tribunal e diziam que ia ser Rei.

As pessoas falavam que ele curava os doentes e brincava com as crianças.

Todos diziam que iria mandar os estrangeiros embora de nossa cidade.
E agora... estava ali, para ser punido.

Eu não entendia mais nada.

Os piolhentos, com medo dos soldados, saíram correndo. E com eles, meus amigos Zafet e Haab.

Fiquei apenas eu, olhando para aquele homem que carregava um grande pedaço de madeira amarrado às costas, sobre os ombros.
Estava todo machucado, com espinhos na cabeça.

Não consegui sair do lugar.

Mas não perdi de vista minha pedrinha azul.

O jogaram no chão, bem perto da minha pedrinha.
Fiquei parado. Quieto.

Fiquei paralisado enquanto um soldado pegava um cravo enorme e furava seu pulso.

Estava tão assustado que gritei ao ver a cena.

Foi então que um soldado me viu e veio em minha direção.
Pensei: "Tenho que pegar minha pedrinha".

Não ia sair dali sem ela.

Corri, desviei do soldado e cheguei perto daquele homem.
Como se tivesse adivinhado minha presença, ele virou o rosto para meu lado e viu-me agachando para pegar a pedrinha.

Olhou-me tristemente e falou, com a voz fraca:

— Diga que confiem. Eu voltarei.

Nesse momento, bateram o segundo cravo no outro pulso.
Ele gemeu, fez uma cara de dor...

E vi uma lágrima rolar de seus olhos.

O soldado me pegou pela roupa e me arrastou para fora daquele lugar, jogando-me longe.

Ainda no meio do pó, todo arranhado, levantei-me.
Abri a mão.

A pedrinha azul estava ali.

Não consegui mais tirar os olhos daquele homem.
Vi quando o levantaram na cruz e o feriram mais uma vez com a lança.

O que teria ele feito de tão horrível para o machucarem assim?
Ele chegou numa tremenda festa...

E diziam que ajudou tanta gente...

Não sei quanto tempo fiquei ali parado, olhando.
De repente, o homem levantou os olhos para o céu e falou alguma coisa — acho que para seu pai.

Então, deixou cair a cabeça.

De repente, tudo começou a tremer. Escureceu.
Fez um barulho tão forte que tive que tapar os ouvidos.
Tremeu tanto, que todos caíram ao chão.

E... ficou tudo em silêncio.

Muitos saíram correndo de medo.

Eu, não.

Fiquei ali parado, vendo-o.

Ele não se mexia mais.

Os poucos que não correram começaram a ir embora.
Eu fiquei mais um tempo ali, parado.

Vendo tudo com minha pedrinha na mão.

Não entendia por que aquele homem me falou aquilo...
De confiar.

Duas vezes.

E por que ele me deu a tal pedrinha azul?

Vi os soldados retirando-o e entregando seu corpo para um homem rico e algumas mulheres.

Sem saber o porquê, segui aquelas pessoas que levavam o corpo do Homem da Pedrinha Azul.

Uma das mulheres que o acompanhavam — descobri depois — era sua mãe.

Foi ela quem percebeu que eu os seguia.

Ela parou, voltou-se, e olhou-me com seus olhos tristes de chorar.
Aproximou-se de mim, passou a mão sobre minha cabeça e disse:

— Filho, vá para casa. Seu pai o espera.

Fiquei com pena dela, mas obedeci.
Voltei para casa bem devagar.

Também triste pela morte daquele homem bom.

Quando entrei em casa, pelos fundos, meu pai assustou-se e, gritando, mandou-me ficar quieto.

Estava consolando um homem forte e barbudo.
Este homem estava sentado no chão, com as mãos cobrindo o rosto, e balançava a cabeça dizendo sem parar:

— Meu mestre... meu mestre... eu o deixei!

Ele chorava pelo homem que vi ser crucificado.

E não parava de repetir aquelas palavras.

Então, me aproximei devagar, toquei em suas mãos e estendi a minha, com a pedrinha azul na palma.

Repeti as palavras que o Homem me disse:

— Diga que confiem. Eu voltarei.

Ele parou de balançar a cabeça.

Tirou as mãos do rosto e olhou-me nos olhos.

Depois voltou-se para a pedrinha azul e minha mão.

Pegou-a lentamente, e com o olhar assustado, perguntou:

— Onde a encontraste? Eu a dei ao Mestre!

Quando contei toda a história, ele levantou-se, me devolveu a pedrinha azul e disse a meu pai:

— Vou ao encontro da Senhora. Ela precisa de mim.

Meu pai, segurando em seu braço forte, suplicou:

— Não vá, Pedro. Os soldados também o pegarão!

O homem então se virou para mim.
Segurou os meus ombros.

E repetiu as minhas palavras:

— Diga a todos que confiem. Ele voltará.

Ele enxugou as lágrimas, saiu pela porta...

E nunca mais o vi.

Acho que foi por causa da pedrinha azul.
Ela... era Dele.

Do Homem que voltará.

quarta-feira, 13 de março de 2013

O Traíra


Adoro animais de estimação de todo tipo, só não gosto de aves presas em gaiolas. Aliás, estou em busca de um cachorro. Só não adotei ainda porque não me identifiquei com nenhum.

Pois bem... adoro cães. Menos... o Traíra.

Traíra é o nome que dei a um cachorro traiçoeiro que vive solto na minha rua. Ainda não sei quem é seu dono, mas preciso descobrir logo.

Quando me mudei para minha casa nova, em Caçapava, logo pensei em adotar um cão. Talvez para amenizar a saudade do Beethoven, o comedor de chinelos. O Beto, como o chamávamos, ficou na casa antiga com minhas filhotas.

Comecei então a procurar. Falei com alguns amigos, com o Maninho, e por mais ofertas que surgiram, ainda não encontrei meu companheiro. Já até planejei o canil: um espaço protegido, agradável e confortável. Como meu quintal é enorme, ele terá terreno suficiente para se esticar à vontade.

No caminho de casa até o ponto de ônibus, onde pego carona para o trabalho, levo uns dez minutos de boa, tranquilo e despreocupado. Coloco o fone de ouvido, programo Elvis, System, Aerosmith e companhia no MP3, e sigo descontraído. Uma beleza... era.

De umas semanas pra cá, comecei a ter problemas.

No meio do percurso, conheci um cachorro de pequeno porte, mestiço de sei lá o quê com sei lá mais o quê — tipo, vira-lata mesmo. Ele é pretinho e, pelo latido rouco e fraco, deve ser um tanto velhinho.

Sempre esteve ali, mas passava despercebido.

Um dia, distraído, andando no ritmo de Keine Lust, do Rammstein, balançando a cabeça e nem prestando atenção em nada, fui surpreendido: o cachorro saiu sabe-se lá de onde e quase mordeu minha canela! Foi um susto e tanto.

Como reagi rápido, ele se afastou latindo e me encarando de longe, como quem dizia: “Da próxima eu acerto!”

Isso se repetiu por três dias consecutivos. Acabei tendo que aposentar os fones de ouvido para prestar atenção nele.

O bichinho é esperto: espera eu passar e, quando estou de costas, corre para tentar me morder. Daí o simpático nome: Traíra.

Numa dessas tentativas de ataque, tentando me esquivar, pisei na sujeira de outro cachorro. Isso mesmo, enfiei o pé na... Eca! Que ódio. Tive que voltar pra casa e quase nem consegui trabalhar naquele dia.

Na semana passada... Vai vendo...

Voltando pra casa, vi o Traíra na calçada, uns 100 metros à frente. Imediatamente atravessei a rua para o outro lado. E não é que o Traíra fez o mesmo?

Atravessei de volta. E ele também. A uns 100 metros de distância, a gente ficou nesse vai-e-vem ridículo.

Não acreditei.

Preparei-me para o confronto e fui em frente. Passei próximo a ele, pronto para me defender. Mas o Traíra apenas me olhou, deitou-se na calçada e me ignorou solenemente. Pode isso?

Não sei se fiquei surpreso ou decepcionado, mas segui caminho, de olho nele. E nada aconteceu.

Desde esse dia, nem seu latido fraco eu ouço mais.

Não sei se é estratégia para que eu baixe a guarda ou se simplesmente se acostumou comigo.

Mas, como o nome que lhe dei faz jus à sua reputação, sigo em alerta. Nem música escuto mais enquanto passo por ele.

Vai que...

Uma vez Traíra, sempre Traíra.




terça-feira, 12 de março de 2013

# 143 - NeoqJav

Pensamento Vivo - 143


"Bastaria as pessoas serem mais sinceras, honestas e humildes, que veríamos comportamentos maravilhosamente diversificados, personalidades espontaneamente interessantes, equívocos rapidamente resolvidos, decisões amplamente mais libertas, preconceitos instantanemente eliminados e atitudes surpeendentemente menos egoístas."

segunda-feira, 11 de março de 2013

O voo


O voo

Titulo original: Fligth

Diretor: Robert  Zemeckis

Gênero: Drama

Lançamento: 2012

Elenco: Denzel Washington, Kelly Reilly,  Don Cheadle



Sinopse: 



Whip (Denzel Washington) está separado de sua esposa e filho, é um experiente piloto da aviação comercial, mas tem sérios problemas com bebidas e drogas. Certo dia, ele acabou salvando a vida de diversas pessoas quando a aeronave que pilotava apresentou uma pane, mas sua frieza e conhecimento permitiu que uma aterrisagem, praticamente, impossível acontecesse. Agora, apesar de ser considerado um herói por muitos e contar com o apoio de amigos, ele se vê diante do jogo de empurra na busca pelos culpados da queda e das mortes ocorridas. É quando seus erros e escolhas do passado passam a ser decisivos para definir o que ele irá fazer de seu futuro. (www.adorocinema.com)


Opinião: 

Pra inicio de conversa, se tem Denzel... O filme é bom. E esse como os outros vale a pena, Um drama interessante com um final previssível, porém não desvaloriza o filme. Denzel tinha que ganhar o Oscar, mas não deram a ele.





Ganhe Dinheiro Sem Sair de Casa

domingo, 10 de março de 2013

sábado, 9 de março de 2013

Chegando em casa

pedagogiadoser.blogspot.com

Há alguns dias atrás li um texto muito lindo de Max Lucatto, "O seu Pai está em casa". Esse texto me fez ficar refletindo por um bom tempo, enquanto descansava na hora do almoço.

Lembro-me quando meu filho mais velho ficava ansioso, esperando no portão a minha volta pra casa. Via seus olhinhos brilharem e um sorriso puro em seu rosto.

Alguns anos mais tarde, chegaram mais dois filhotes, um casal gêmeo, que tinham a mesma prática. Sempre quando aparecia na rua de casa, lá estavam eles no portão. O menino mais elétrico saia em disparada em minha direção, deixando meu coração em alerta, temeroso de uma queda. A menina dava uns passos pra fora de casa e ficava ali, agachada, olhando, esperando pelo nosso encontro. Sempre esse encontro terminava comigo abraçando aos dois entre beijos e alegrias. O mais velho também aparecia, geralmente motivado pela algazarra dos irmãos. Então virávamos um bolo de abraços, ali mesmo, na entrada de casa.

Passaram-se mais alguns anos e a cena não modificou, apenas renovou. Agora era a caçulinha que ficava na varanda do meu quarto pra me ver chegar. Quando dava o horário de entrar pela rua, sempre estava lá, aguardando-me. E então aquelas cenas antigas se repetiam. Apenas o mais velho já não participava da bagunça, mas nunca deixava de beijar-me ao entrar em casa.

O tempo não para, já cantava Cazuza. E não para mesmo.

A beira de fazer 50 anos, quando me aproximo de casa, às vezes dá uma saudade enorme de tê-los comigo. Pensando nisso, ao fechar os olhos até sinto seus abraços e beijos.

Hoje eles já estão em outro ritmo, já não tema as cabecinhas livres pra lembrar que estou chegando. Pensam na escola, no trabalho, no descanso e até nos namorados. Eu entendo, eles cresceram...

De repente, me pego sorrido. Imagino-os voltando casa, depois do trabalho e meus futuros netinhos correndo ao seu encontro. Os vejo sorrindo ao sentir o aperto do abraço, o questionamento pelo horário ou o pedido por algum doce.

A vida é assim... Passa. Mas é muito bom saber que vivi tudo isso.

Talvez por esse carinho todo que tive deles e que espero ter retribuído a altura, sei que saberão também ter com meus netos.

Hoje quando retorno para casa, depois de mais um dia de e abro meu velho portão ruidoso e enferrujado, é inevitável olhar para a porta da sala e parar por um instante, esperando sair a qualquer momento algum deles correndo de braços abertos em minha direção. Sei que não estão aqui, mas é tão bom imaginá-los assim. Pequeninos, alegres e senti-los felizes.

Por que eles crescem tão rápido?

— Oieee...

— Eeeeeeeeeeeeeee... O pai chegou!