terça-feira, 26 de março de 2013

Eu queria ser Beethoven




Percebi ainda adolescente, que tínhamos muito em comum. Eu e Beetho. Desculpem a intimidade, mas é que Beetho é meu chapa e minha inspiração, desde os idos anos 70.
Nossa trajetória de vida tem muitos pontos em comum.
Como ele, eu também nunca me aprofundei muito nos estudos, mas sempre achei que um dia conseguiria melhorar. Quem sabe, sair do técnico e ser um doutor, de preferência advogado, porque na medicina, eu precisaria mais de socorros que os meus pacientes. Não gosto de ver sangue...
Aos oito anos, Beetho já estudava com o melhor mestre de cravo de sua cidade. Eu também era ligado a música, quer dizer, de outra forma... Eu sempre dançava. 
Tentei me aventurar na música e fui aprender violão.
Não posso dizer que meu primeiro professor era o melhor mestre da minha cidade, mas devia ser muito bom, afinal conseguiu fazer eu aprender a tocar e até a compor. E foi justamente aí, que a melodia desandou.
Inspirado nas músicas de Beethoven, eu resolvi compor um música que tivesse, na sua introdução, um trecho de sua composição. É claro que a preferida era sua sinfonia inacabada,, mas não rolou.
Bem, apelei para outro monstro da música clássica, peguei uma parte da música de Chopin.
Só pelo título da composição, acho que já saberá qual foi a escolhida... 
- “Agora teremos mais um participante no palco deste grande e animado festival. Com música e letra de Ademir de Freitas - sou eu – Vamos ouvir a canção: “Apocalipse!”. - Foi assim que eu e meu grupo, fomos anunciados. 
Eu e mais alguns malucos, que na época ainda me achavam normal, subimos no palco, todos de preto, enfrentando uma plateia que estava em brasa e ensandecida de tanta agitação com as apresentações anteriores.
No mesmo instante, parou tudo no colégio "Carlão", em Santo André. 
Subimos e nos preparamos sem qualquer ruído ou manifestação, sem mostrar qualquer reação aos apupos de alguns que nos conheciam. Em silêncio nos olhamos e olhamos para a plateia e o júri. Então a Gui, uma das "normais" do nosso grupo, começou a introdução da marcha fúnebre de Chopin, com a flauta doce.
Caracas! Pensei que a escola ia explodir. Foi um misto de vaias, gritos e aplausos, tornando totalmente indecifrável o sentimento de quem nos ouvia. Loucura.
Ah!... Não pensem que fomos convidados a nos retirar do palco. No final muitos cantavam seu refrão, digamos não tão propício pra um animado festival...
"Tum... 
Tum...
Tum, tum... 
Tum... Tum, tum,
Tum, tum... Tum, tum... (E a voz tétrica)
“Apocalipse”
Saímos da mesma forma que entramos... Em silêncio, um após o outro. 
Ganhamos o festival?
Claro que não. Saímos o mais rápido possível do colégio enquanto tínhamos condições.
He, he, he...
Ouvimos dizer, alguns dias depois, que um bando de loucos, acabou com festival do "Carlão".
Estão vendo... Tem louco pra tudo... Eu, hein!
Se eu fosse Beethoven ou Chopin, todos adorariam e achariam o máximo... Eu acho.

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