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Acessar o lençol I - Mui amigo |
Após contar para minha querida a presepada que fiz ao comprar
um lençol errado para um amigo, ela sugeriu que eu comprasse um para nós
também.
Ela estava na casa da minha sogra e só voltaria no fim de
semana. Como era início da semana, pediu ainda que eu deixasse o lençol de
molho para tirar a goma. Queria vê-lo arrumadinho na cama e estreá-lo comigo no
sábado. Senti um clima.
Quando ia desligar o celular, ela me chamou rapidamente para
dizer algo importante:
— Amor, não compre amarelo, pode ter estampas estranhas...
rsrs.
Muito engraçadinha da parte dela. Desliguei o celular
ouvindo, ao fundo, suas gargalhadas.
Fui às compras no mesmo dia. Dessa vez, nada poderia dar
errado: li e reli a embalagem, pedi ajuda ao vendedor, liguei para ela, e
juntos escolhemos a cor. Nada de amarelo, nada de estampa. Ela adorou a minha
sugestão: azul. Conferido, pago e levado para casa.
Nem preciso dizer da minha ansiedade para que chegasse o
sábado.
Enfim, chegou. E com ele, o meu amor.
Conversamos até tarde. Ela me contou as novidades, falou dos
pais, enquanto tomávamos um vinho — para criar um clima e estrear o novo
lençol. E lá fomos nós para o quarto.
(Deixemos aqui um pouco de mistério. Só digo que ela adorou
o lençol.)
No dia seguinte, levantei-me primeiro e preparei o café.
Enquanto lia o jornal, vi que ela acordou, pegou sua toalha branca predileta —
aquela que dizia ser "fofa como nuvem" — e foi tomar banho.
Passados uns quinze minutos, escutei do banheiro:
— Meu Deus! O que aconteceu comigo?
Larguei o jornal e prestei atenção.
— Não pode ser! Amor, vem cá, rápido!
Corri até o banheiro.
— Olha só minha toalha! Está toda azulada! Você deixou o
lençol de molho para tirar a goma, como te pedi?
Lençol... Goma... Caracas! Esqueci-me. Acho que minha careta
me entregou.
Bem, com o estrago feito, o que restava dizer?
— Esqueci, querida... Mas você está ainda mais lindinha,
minha Avatar.
Nem preciso dizer a resposta. O bicho pegou.
O problema maior foi quando percebemos que nossos pés e mãos
também estavam azulados.
Demorou quase uma semana para a tinta sair da gente.
Nem posso mais brincar com o assunto. Quando chamo minha
Avatar de brincadeira, ela se aborrece...
— Tá bom... desculpa. Não é Avatar... é querida.
— Minha Smurfette?
Piada infeliz. Resultado: uma semana de castigo. (Se
é que me entendem.)
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