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Há alguns
dias atrás li um texto muito lindo de Max Lucatto, "O seu Pai está em
casa". Esse texto me fez ficar refletindo por um bom tempo, enquanto
descansava na hora do almoço.
Lembro-me
quando meu filho mais velho ficava ansioso, esperando no portão a minha volta
pra casa. Via seus olhinhos brilharem e um sorriso puro em seu rosto.
Alguns
anos mais tarde, chegaram mais dois filhotes, um casal gêmeo, que tinham a
mesma prática. Sempre quando aparecia na rua de casa, lá estavam eles no
portão. O menino mais elétrico saia em disparada em minha direção, deixando meu
coração em alerta, temeroso de uma queda. A menina dava uns passos pra fora de
casa e ficava ali, agachada, olhando, esperando pelo nosso encontro.
Sempre esse encontro terminava comigo abraçando aos dois entre beijos
e alegrias. O mais velho também aparecia, geralmente motivado pela algazarra
dos irmãos. Então virávamos um bolo de abraços, ali mesmo, na entrada de casa.
Passaram-se
mais alguns anos e a cena não modificou, apenas renovou. Agora era a caçulinha
que ficava na varanda do meu quarto pra me ver chegar. Quando dava o horário de
entrar pela rua, sempre estava lá, aguardando-me. E então aquelas cenas antigas
se repetiam. Apenas o mais velho já não participava da bagunça, mas nunca
deixava de beijar-me ao entrar em casa.
O
tempo não para, já cantava Cazuza. E não para mesmo.
A
beira de fazer 50 anos, quando me aproximo de casa, às vezes dá uma saudade
enorme de tê-los comigo. Pensando nisso, ao fechar os olhos até sinto seus
abraços e beijos.
Hoje
eles já estão em outro ritmo, já não tema as cabecinhas livres pra lembrar que
estou chegando. Pensam na escola, no trabalho, no descanso e até nos namorados.
Eu entendo, eles cresceram...
De
repente, me pego sorrido. Imagino-os voltando casa, depois do trabalho e meus
futuros netinhos correndo ao seu encontro. Os vejo sorrindo ao sentir o aperto
do abraço, o questionamento pelo horário ou o pedido por algum doce.
A
vida é assim... Passa. Mas é muito bom saber que vivi tudo isso.
Talvez
por esse carinho todo que tive deles e que espero ter retribuído a altura, sei
que saberão também ter com meus netos.
Hoje
quando retorno para casa, depois de mais um dia de e abro meu velho portão
ruidoso e enferrujado, é inevitável olhar para a porta da sala e parar por
um instante, esperando sair a qualquer momento algum deles correndo
de braços abertos em minha direção. Sei que não estão aqui, mas é tão bom
imaginá-los assim. Pequeninos, alegres e senti-los felizes.
Por
que eles crescem tão rápido?
—
Oieee...
— Eeeeeeeeeeeeeee... O
pai chegou!
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