sábado, 9 de março de 2013

Chegando em casa

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Há alguns dias atrás li um texto muito lindo de Max Lucatto, "O seu Pai está em casa". Esse texto me fez ficar refletindo por um bom tempo, enquanto descansava na hora do almoço.

Lembro-me quando meu filho mais velho ficava ansioso, esperando no portão a minha volta pra casa. Via seus olhinhos brilharem e um sorriso puro em seu rosto.

Alguns anos mais tarde, chegaram mais dois filhotes, um casal gêmeo, que tinham a mesma prática. Sempre quando aparecia na rua de casa, lá estavam eles no portão. O menino mais elétrico saia em disparada em minha direção, deixando meu coração em alerta, temeroso de uma queda. A menina dava uns passos pra fora de casa e ficava ali, agachada, olhando, esperando pelo nosso encontro. Sempre esse encontro terminava comigo abraçando aos dois entre beijos e alegrias. O mais velho também aparecia, geralmente motivado pela algazarra dos irmãos. Então virávamos um bolo de abraços, ali mesmo, na entrada de casa.

Passaram-se mais alguns anos e a cena não modificou, apenas renovou. Agora era a caçulinha que ficava na varanda do meu quarto pra me ver chegar. Quando dava o horário de entrar pela rua, sempre estava lá, aguardando-me. E então aquelas cenas antigas se repetiam. Apenas o mais velho já não participava da bagunça, mas nunca deixava de beijar-me ao entrar em casa.

O tempo não para, já cantava Cazuza. E não para mesmo.

A beira de fazer 50 anos, quando me aproximo de casa, às vezes dá uma saudade enorme de tê-los comigo. Pensando nisso, ao fechar os olhos até sinto seus abraços e beijos.

Hoje eles já estão em outro ritmo, já não tema as cabecinhas livres pra lembrar que estou chegando. Pensam na escola, no trabalho, no descanso e até nos namorados. Eu entendo, eles cresceram...

De repente, me pego sorrido. Imagino-os voltando casa, depois do trabalho e meus futuros netinhos correndo ao seu encontro. Os vejo sorrindo ao sentir o aperto do abraço, o questionamento pelo horário ou o pedido por algum doce.

A vida é assim... Passa. Mas é muito bom saber que vivi tudo isso.

Talvez por esse carinho todo que tive deles e que espero ter retribuído a altura, sei que saberão também ter com meus netos.

Hoje quando retorno para casa, depois de mais um dia de e abro meu velho portão ruidoso e enferrujado, é inevitável olhar para a porta da sala e parar por um instante, esperando sair a qualquer momento algum deles correndo de braços abertos em minha direção. Sei que não estão aqui, mas é tão bom imaginá-los assim. Pequeninos, alegres e senti-los felizes.

Por que eles crescem tão rápido?

— Oieee...

— Eeeeeeeeeeeeeee... O pai chegou!

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