domingo, 29 de setembro de 2013
sexta-feira, 27 de setembro de 2013
# 186 - Sigmund Freud
quinta-feira, 26 de setembro de 2013
Cachorrada isso
![]() |
Tìmido, até na hora da foto se esconde |
Não vou dizer
que estou com saudades dele, mas confesso que fico chateado por saber que
sumiu.
De quem estou falando? Do Traíra.
Aquele cachorro de latido rouco, que vivia tentando me pegar
desprevenido, hoje me faz falta. Sempre que passo pelo lugar onde ele fingia
estar distraído para, na hora certa, vir atrás do meu calcanhar, ainda o
procuro com os olhos. Apesar de me manter atento, sei que o Traíra realmente
sumiu.
Moro num bairro semi-rural, afastado do centro da cidade. É
um lugar calmo, mas, infelizmente, muito procurado para o abandono de cães. A
cada dia aparece um novo. Ficam rondando a praça da igreja, talvez esperando
por comida, por carinho. Aos poucos, desaparecem. Normalmente são velhos ou
doentes.
E eu me pergunto: que tipo de pessoa abandona um companheiro
assim? Melhor nem conhecer. Quem faz isso com um cachorro, não deve ser flor
que se cheire.
Quando me mudei pra cá, conheci a "Menina", uma
cadelinha amarela e muito magra. Todas as manhãs, ela ficava ao meu lado
enquanto eu esperava o ônibus da empresa. Comecei a trazer bolacha, bolo,
qualquer coisa. E mesmo nos dias em que eu esquecia, ela continuava ali, fiel,
só esperando minha presença. Sumiu também.
Agora tem o "Tímido", a três quadras daqui, perto
de casa. Um vizinho se encantou por ele e deixa ração todo dia. Tímido é
pequeno, caramelo com preto. Vê gente e já abaixa a cabeça, sai de fininho.
Nunca ouvi um latido dele.
E tem a “Me Deixa”. Nomeei assim por um motivo: toda manhã,
quando passo na rua da casa da minha mãe, ela está ali, numa caixa de papelão
que o morador da primeira casa colocou na calçada. Ganhou até ração e água.
Quando me aproximo pra ver como está, ela rosna. Daí o nome: "Me
Deixa" mesmo.
O que me alegra é que, por aqui, mesmo sem alarde, sempre
tem alguém cuidando desses bichos. Um gesto simples, uma comida, uma casinha
improvisada — carinho de verdade, mais do que muitos “donos” deram um dia.
Hoje, por exemplo, vi algo bonito. Na calçada, uma casinha
de madeira, encostada numa árvore, com um cobertor dentro. Foi colocada ali por
outro morador, pra proteger mais um amigo peludo do frio.
Ainda bem que existe gente assim. Amigo de cachorro.
Porque, no fim das contas, é melhor ter um cachorro amigo...
do que um amigo cachorro.
Que cachorrada.
terça-feira, 24 de setembro de 2013
Truque de Mestre
sábado, 21 de setembro de 2013
# 185 - Mario Lago
Mario Lago
sexta-feira, 20 de setembro de 2013
Eu quero ter todo tempo do mundo
quinta-feira, 19 de setembro de 2013
Coisas da sua cabeça
existem alguns sites que trazem ilusões incríveis, como o Mighty Optical Illusions.
Nele você encontra reproduções de obras de arte, ilustrações e fotos que “enganam” nossos cérebro e sentidos.
É mais ou menos assim: Seu cérebro acredita, naquilo que seus olhos acham que viram e manda uma mensagem para que você pense que é real. Coisa de doido não é?
Muitas vezes são mecanismos da visão que criam essa ilusão e ativam áreas do cérebro passando essa sensação de movimento ou imagens sobre postas.
Alguns artistas conseguiram desenvolver trabalhos que nos permite ver o que não está ali ou ainda que estão mesmo ali, mas que nos confundem se transformando em outra imagem ou que parecem vivos, animados.
Da mesma forma ou de forma parecida, o cérebro "preguiçoso", para economizar energia, e ganhar tempo, busca alguns atalhos mentais. As vezes funciona mas nem sempre...
Na correria pra achar uma resposta, o cérebro corre alguns riscos nos comprometendo. Quando ele pula algumas etapas nesse processo de interpretação, podemos cair em "pegadinhas" facilmente.
Veja algumas "falhas" dele e aproveite para pegar alguns amigos
www.hypescience.com/7-maneiras-de-enganar-seu-cerebro/
quarta-feira, 18 de setembro de 2013
#184 - Paul Valéry
terça-feira, 17 de setembro de 2013
Roubo nas alturas
conhecido como A Torre. Lá, ele é uma espécie de chefe de uma equipe de profissionais "mais ou menos" qualificados, como Lester, Cole, Odessa e Rick, entre outros. A vida de todos vira de cabeça para baixo quando Arthur Shaw, bilionário ocupante da cobertura, é preso pelo FBI por ter cometido uma fraude, transformando o fundo de pensão de toda a equipe em pó. Disposto a recuperar a grana deles, Josh convida um vizinho pra ajudá-lo a descobrir aonde foi parar esse dinheiro para prgá-lo de volta e fazer justiça, tendo em vista que nem o FBI sabe do destino da fortuna.
segunda-feira, 16 de setembro de 2013
O melhor de mim
O melhor de mim
Um romance agradável e muito fácil de ler.
sábado, 14 de setembro de 2013
# 183 - Alfred Hitchcock
sexta-feira, 13 de setembro de 2013
Risos
quinta-feira, 12 de setembro de 2013
O rapaz do sagui
Há histórias
que ficam guardadas em nossa memória e nunca devem sair de lá. Outras têm seu
tempo certo de serem reveladas.
Depois de mais uma manhã de atividades na pequenina capela
onde nosso grupo de jovens se reunia, saímos, eu e mais dois amigos, para tomar
uma cervejinha. O bar ficava bem em frente à capela, e sempre que possível, nos
reuníamos ali.
O papo estava animado, até que um rapaz entrou com um sagui
sobre o ombro direito, chamando a atenção de todos.
Estranhei o silêncio repentino dentro do bar e brinquei,
perguntando:
— O que aconteceu? Será que o dono da banca chegou?
O rapaz, ouvindo minha brincadeira, veio em minha direção.
Não sei por quê, mas estendi a mão para ele e ofereci meu copo de cerveja. Ele,
estranhando minha reação, aceitou e bebeu, enquanto eu brincava com o sagui.
Ao terminar, agradeceu, cumprimentou-me e foi embora. Só
então o bar voltou ao normal, e fiquei sabendo que aquele rapaz era procurado e
considerado perigoso. Atualmente morava no bairro e era bem conhecido — menos
pelo espertinho aqui.
Assim ficou até um mês depois...
Era dia de festa. Nossa comunidade de jovens da capela
comemorava mais um ano de vida. Tudo era alegria.
A comemoração naquele ano já estava organizada e começou
muito bem para nós. A abertura da festa foi um evento esportivo: futebol de
quadra masculino e feminino. Os rapazes venceram por pouco, mas as meninas...
show de bola. Ganharam e bem, da equipe das Lojas Glória.
Voltávamos para casa, deixando as meninas em suas
respectivas casas — costumeiro comportamento dos rapazes daquela época. Quando
chegamos à rua da capela, faltando cerca de duzentos metros para deixarmos a
última menina, paquera de um colega, cruzamos com um rapaz.
Segundo esse colega, o rapaz mexeu com sua paquera, e ele
respondeu algo — nada ofensivo, segundo ele.
Como seguíamos mais à frente, não ouvimos ou vimos nada.
Estávamos descontraídos, comentando os resultados das vitórias. Éramos seis
rapazes e mais a menina. De repente, na subida da rua, próximo à escola
estadual, fomos cercados por uns quinze rapazes, com paus e pedras na mão.
Fizeram um círculo ao nosso redor e ameaçavam nos bater.
Sem entender o que acontecia, eu pedia calma e perguntava o
que havia acontecido.
Aquele mesmo rapaz que provocara o colega disse que ele o
havia “tirado” e queria ver sua coragem agora. Começaram a se aproximar cada
vez mais. Enquanto eu e os colegas nos preparávamos para a briga e pedíamos
calma, um rapaz começou a abrir caminho entre os que nos cercavam, perguntando
o que estava acontecendo.
Era o cara do sagui, também conhecido como Antônio Bala. Vi
como todos o respeitavam — deram um passo para trás.
Ele perguntou a um dos rapazes o que tinha acontecido e
depois veio até mim.
— Oi, Padreco. O que vocês fizeram com o rapaz?
Chamou-me assim por eu estar sempre na capela, embora eu
nunca o tivesse visto por lá.
— Nada, Antônio. Não fizemos nada. Foi só um mal-entendido,
por causa da garota.
— Saia daqui com ela. Ninguém vai fazer nada com vocês.
— Antônio, não precisa acontecer nada. Deixe todos irem
embora. Foi só um mal-entendido. O rapaz até já pediu desculpas.
— Eles querem quebrar vocês. Acho que não foi tão simples
assim, Padreco.
— Como te disse, acredite, foi um mal-entendido. Libere
todos.
Antônio olhou em volta e, de novo, para mim. Colocou as mãos
sobre meus ombros e disse:
— Vai com Deus.
— Tá resolvido. Vão todos embora. E vocês... — disse aos
demais — não quero ver nenhum de vocês por aqui novamente.
— Antônio, eu moro aqui. Passo por aqui todos os dias.
— Tranquilo, Padreco. Não te farão nada. Vamos embora.
Naquela altura, todos soltaram um suspiro. Fora por pouco.
Ninguém mais do nosso grupo passou por ali — exceto eu. Era
caminho de casa.
Dois anos depois, na festa do meu casamento, vieram me
informar que havia um cara querendo entrar no salão de festas, com um presente
que queria me entregar pessoalmente. Fui até a entrada e encontrei, já meio
chapado, o Antônio.
Ele trazia nas mãos uma caixinha pequena. Deixei-o entrar, e
ele me entregou. Era uma xícara com pires — muito bonita, por sinal. Pediu para
tirar uma foto comigo, tomou um copo de chope e foi embora.
Soube que, alguns meses depois, fora morto num confronto com
outro grupo.
Não tenho mais a nossa foto.
Mas a imagem da entrega do seu presente está gravada na lente do tempo.
Nem todo mundo é totalmente ruim.
E nem ninguém é bom demais.
quarta-feira, 11 de setembro de 2013
# 182 - Abraços
terça-feira, 10 de setembro de 2013
Tentando interpretar meus sonhos
segunda-feira, 9 de setembro de 2013
O sorriso de Deus
Num céu todo azul escuro
e eu do meu canto seguro
saí pra observar.
Flutuando na imensidão
vi um sorriso brilhante
ainda que muito distante
chegava bem próximo a mim.
Era um sorriso belo,
sincero e verdadeiro
daqueles que o atinge primeiro
![]() |
Sou Freitas |
Calma, passividade e ternura
uma mistura mágica de emoções
de fortes sentimentos
que fizerem meus pensamentos
ir até você.
Era um sorriso no espaço
pendurado na noite suave
a mais bela pintura
feito um quadro na parede.
Quando o olhei encantado
foi me revelado em detalhes
todos os sonhos meus.
Ontem de noite eu fui velado
Pelo sorriso de Deus
a imagem mais linda que vi
e sem poder resistir
a Ele também sorri.
# 181 - Deus
domingo, 8 de setembro de 2013
Por cinco minutos
Esse sai por dois "reaus" |
Por apenas cinco minutos, perdi o ônibus.
Depois de tanto tempo esperando, lá estava eu outra vez: rodoviária.
Ia ter que passar a noite ali de novo.
É desgastante, incômodo — não há conforto algum. Mas fazer o quê?
Não tinha outra opção.
Pelo menos, eu estava preparado. Sempre conto com a chance de me atrasar.
Apesar do cansaço, mantive a calma.
A rodoviária, ao menos, era segura.
Comi o lanche que havia trazido do trabalho, li um pouco e, como de costume, me debrucei sobre a mochila e cochilei.
Nada agradável... mas também, não era o fim do mundo.
Lá pela meia-noite, o sono veio de vez.
Apaguei.
Acordei com um sobressalto. Sem noção do tempo. Meio zonzo.
O relógio digital, com seus números vermelhos, marcava 2h da madrugada.
Olhei ao redor.
E então percebi.
Não havia ninguém.
Nenhum policial circulando.
Nenhum funcionário da limpeza enceradando o piso como sempre.
A única lanchonete que virava a madrugada — fechada.
Estranhei. Muito.
Olhei para os terminais: nenhum ônibus chegando, nenhum partindo.
Nenhum sequer estacionado nas plataformas.
A maior rodoviária da região estava... deserta.
Absolutamente deserta.
Levantei ainda grogue. Fui até o guichê de passagens.
Estava aberto, com os terminais acesos e as poltronas disponíveis na tela —
mas ninguém por perto.
Chamei.
Nada.
Fui até o balcão de informações. Espiei por sobre o vidro. Vazio.
Uma angústia me tomou. Um nó apertando a garganta.
Andei mais um pouco. Nenhum taxista. Nenhum carregador.
Nenhum viajante nos bancos.
Nada.
Fui ao banheiro. Entrei devagar. Silêncio absoluto.
Chamei por alguém. Minha voz ecoou. Resposta? Nenhuma.
Comecei a tremer. O desespero já dava sinais.
Sentei-me num banco escondido.
Fechei os olhos e comecei a orar.
Foi quando senti uma mão no ombro.
Assustei. Arregalei os olhos.
— Olá, meu amigo. Vamos tomar um café?
Era Willian, meu velho parceiro de outras aventuras.
Na verdade... eu estava sonhando.
E por pouco não perdia outro ônibus.
Levantei, ainda meio grogue, e o cumprimentei.
Fomos tomar um café de dois "reaus".
Quem é bom, sempre aparece.
Dessa vez, desmaiei de cansaço.
E, de novo, por cinco minutos, quase perdi outro ônibus.
Valeu, Willian.
sábado, 7 de setembro de 2013
As aparências enganam II
Depois de
um bom tempo teria novamente que dormir na rodoviária.
— Bom dia, senhor, já foi atendido?
Para alguns, essa abordagem é uma cordialidade típica em um
ambiente comercial. Para outros, é uma intromissão na pesquisa de compra.
Como precisava consertar meus óculos e aproveitar para dar
um bom trato nas lentes, saí em busca de uma ótica.
Entrei em uma loja bonita e vistosa, e para mim, a recepção
foi bem autêntica e acolhedora.
Havia várias meninas atendendo os clientes ou ajeitando os
produtos nos balcões, e o movimento estava bem agitado naquele dia. Porém, uma
pessoa, muito bem vestida, ao me ver meio perdido e desorientado, foi logo ao
meu encontro.
Ela se aproximou sorrindo e disse:
— Bom dia, senhor, já foi atendido?
As meninas estão ocupadas, mas sente-se e fique à
vontade, elas logo irão atendê-lo.
Imaginei que fosse uma supervisora pela atenção. Sentei-me e
sorri. Ela sorriu de volta e ofereceu:
— Bom dia, senhor, já foi atendido?
Quer água, café ou suco?
Surpreso, recusei a gentileza. Retirei meus óculos do estojo
e disse que gostaria de limpá-los e trocar os suportes.
— Bom dia, senhor, já foi atendido?
Permita-me limpá-los, aqui temos o jeito certo de
fazê-lo.
Entreguei meus óculos e a acompanhei com os olhos. Ela os
entregou a um rapaz numa sala com paredes de vidro, apontou-me sorrindo e saiu.
Sob minha vigilância, o rapaz passou um produto nas lentes,
limpou-os e se aproximou de mim com os óculos prontos.
— Bom dia, senhor, já foi atendido?
Aqui estão, senhor. Limpei as lentes e troquei os
suportes. Posso ajudá-lo em algo mais?
Realmente, os óculos estavam perfeitos. Já colocando-os no
estojo, não resisti e perguntei ao rapaz o nome daquela gentil supervisora. Com
certeza, indicaria a loja aos amigos e recomendaria procurá-la.
— Bom dia, senhor, já foi atendido?
Aquela senhora que me entregou meus óculos, como se
chama?
Apontei para a pessoa a quem me referia, que já estava do
outro lado da loja, conversando com outro cliente.
— Bom dia, senhor, já foi atendido?
Senhora... Ah! É a dona Auxiliadora.
Um nome justo, de acordo com o perfil da pessoa.
— Bom dia, senhor, já foi atendido?
Ela é muito simpática e eficiente. É sua supervisora?
O rapaz olhou-me surpreso e começou a sorrir.
— Bom dia, senhor, já foi atendido?
Não, senhor. Ela é a nossa copeira.
Mesmo com os óculos limpos, não pude deixar de sorrir com a
ironia da situação. Verdadeiramente, nem sempre as coisas são como as
enxergamos.
Auxiliadora.
sexta-feira, 6 de setembro de 2013
# 180 - Buda
quinta-feira, 5 de setembro de 2013
Quantos anos você tem?
Quantos anos
você tem?
Era a mais velha do grupo, apesar de ser tão nova.
E então, aquele rapaz, que trocava olhares com ela, apareceu e perguntou:
— Vamos ao clube dançar, na domingueira?
A ideia veio do amigo do rapaz, que parecia ter no máximo 16
anos. Ela, já passava dos vinte, mas tinha um rostinho de 17 — como todas têm.
E achou que o rapaz com quem trocava olhares tivesse seus 19, 20 anos. Ela
então convidou os dois para ir com ela e sua amiga de 16. Aceitaram.
Formaram dois lindos casais de adolescentes.
No meio da conversa, o rapaz perguntou sua idade, com receio
de achar que ela fosse muito velha. Então, com um sorriso, ela mentiu:
— Tenho 17.
Ficou tudo certo. Lá foram eles para o clube.
O clube não era muito longe, então aproveitaram para
caminhar juntos e se conhecer melhor. Na frente, o casal de amigos; alguns
metros atrás, ela e o rapaz, todos de mãos dadas. Cheios de amor pra dar.
Preferiram o caminho mais longo para ter mais tempo juntos,
quem sabe assim se aproximariam mais.
— Imaginava que você fosse bem mais velha. Pensei até que
não se interessaria por mim.
— Que isso! Sou apenas um ano mais velha que você. Vamos
mudar de assunto?
Chegaram à quadra do clube.
O que não esperavam era encontrar uma viatura da polícia bem
na entrada do salão das domingueiras.
Estavam atendendo um chamado, para verificar se menores
estavam tentando entrar no baile sem um responsável maior de idade. Na hora,
ela se lembrou da mentira da idade e sabia que precisaria mostrar o RG para
entrar. Como os outros não sabiam que aquela noite exigia um responsável maior,
insistiram para entrar. Resultado: foram barrados pelos policiais.
— Quantos anos vocês têm?
— Tenho 18, seu guarda. Meu amigo tem 15, e a namorada dele
tem 16. E essa princesa aqui tem 17.
Ele apontou para ela.
— 18... Sei, sinto muito. Sem uma pessoa de maior idade
responsável, vocês não podem entrar.
Ela insistiu para irem embora, com medo de que sua idade
fosse descoberta, mas o rapaz insistiu:
— Poxa, seu guarda, deixa a gente entrar. Vai.
— Nada disso, vão pra casa.
— Pô, seu guarda, já sou um homem.
O policial olhou sério para o rapaz, aproximou-se mais e
falou:
— Tá bom, homenzinho. Quero ver suas identidades, senão seus
pais terão que vir buscá-los aqui.
Pronto. A verdade estava prestes a vir à tona. Ela arregalou
os olhos.
— As identidades de todos.
O policial olhou os documentos.
— Esse aqui tem 16, mas não era 18? Eu sabia... Agora você.
O rapaz, envergonhado, afastou-se, e o amigo estendeu o
documento ao policial.
— Esse tá certo, 15. Fiquem aqui do lado.
Devolvendo os documentos aos rapazes, ele chamou as meninas.
— Quantos anos você tem?
A pergunta era para a amiga.
— 16, seu guarda.
— Dê-me seu RG. Vejamos... 16. Sua mãe sabe que está aqui
com esses rapazes?
— Sim, senhor.
— Sei. E você, quantos anos tem?
Ela engasgou. Tossiu. Esticou a mão para entregar o
documento e disse baixinho:
— 17.
— Quantos? Fale mais alto, minha filha.
Ela olhou para os rapazes, puxou a respiração e disse:
— 17, senhor.
O policial olhou para o parceiro, voltou a olhar o
documento, depois para ela e novamente para o documento, perguntando:
— Quantos anos você tem?
Ela, toda sem jeito, demorou um pouco, olhou nos olhos do
policial e repetiu:
— 17.
Novamente, o policial olhou o documento e a encarou sério:
— Você pode repetir sua idade, por favor?
— 17 e já estou indo pra casa, seu guarda.
Ele sorriu, olhou para o rapaz, entendeu a situação e
devolveu o documento a ela. Mandou-os para casa, mas não deixou por menos:
— Não quero ver vocês, crianças, fora de casa essa hora,
hein? Vão embora.
Alguém acha que ela olhou para trás, para ver o riso dos
policiais ou a cara de perdido dos rapazes?
Arrastando sua amiga, que gargalhava sem parar, deixou os rapazes ali, sem
entender nada.
Pois é...
As coisas aconteceram mais ou menos assim.
quarta-feira, 4 de setembro de 2013
Sofia
terça-feira, 3 de setembro de 2013
# 179 - SunTsu
segunda-feira, 2 de setembro de 2013
Saudades de Elis
Saudades de Elis...
Porque o amor e o ódio se irmanam na fogueira das paixões
Os corações pegam fogo e depois não há nada que os apague
se a combustão os persegue, as labaredas e as brasas são
O alimento, o veneno e o pão, o vinho seco, a recordação
Dos tempos idos de comunhão, sonhos vividos de conviver
As aparências enganam, aos que odeiam e aos que amam
Porque o amor e o ódio se irmanam na geleira das paixões
Os corações viram gelo e, depois, não há nada que os degele
Se a neve, cobrindo a pele, vai esfriando por dentro o ser
Não há mais forma de se aquecer, não há mais tempo de se esquentar
Não há mais nada pra se fazer, senão chorar sob o cobertor
As aparências enganam, aos que gelam e aos que inflamam
Porque o fogo e o gelo se irmanam no outono das paixões
Os corações cortam lenha e, depois, se preparam pra outro inverno
Mas o verão que os unira, ainda, vive e transpira ali
Nos corpos juntos na lareira, na reticente primavera
No insistente perfume de alguma coisa chamada amor.