segunda-feira, 25 de novembro de 2013

A Roda Gigante


Saindo do trabalho, Daniel — um colega recém-chegado na empresa — me convidou para ir até a unidade móvel de um grande parque de diversões que estava montado na cidade.

Chegamos lá por volta das 20h. Demos um giro para conhecer os brinquedos: montanha-russa, Paradise, carrinhos de bate-bate e muitos outros. O mini parque estava bem legal e bastante movimentado.

Fomos direto pra montanha-russa. Show de bola! Gostamos tanto que voltamos pra fila. Enquanto eu segurava nosso lugar, Daniel foi comprar umas pipocas. Acho que ele queria me agradar por ter conseguido aquela oportunidade pra ele na empresa.

Eu havia falado com meu chefe, um espanhol, e ele topou colocar o Daniel no laboratório. Precisava de alguém pra me ajudar, e ele estava desempregado fazia tempo, bem apertado nas contas.

Depois de uns 20 minutos (achei até que ele tinha se perdido, já que é meio atrapalhado), Daniel apareceu — acompanhado de duas meninas. Apresentou a dupla e, apesar da chiadeira da galera na fila dizendo que eram nossas namoradas, colocou as duas com a gente.

Fomos de novo na montanha-russa e depois partimos pra outro brinquedo. Tudo estava indo bem. Daniel já abraçava uma das meninas, e eu, do meu lado, só conversava com a outra. Na época, eu namorava sério e não queria enrosco. Mesmo ela sendo muito bonitinha, minha ideia era só me divertir e dar risada. Mantive a fidelidade.

Entramos em mais alguns brinquedos. Enquanto meu amigo já estava aos beijos com a menina dele, a que estava comigo jogava charme. Chegou a segurar minha mão, mas a gente só ria e conversava.

Até que ela teve uma ideia:

— Vamos na Roda-Gigante!

Na hora pensei: Ferrou.

Tentei argumentar, mas fui vencido pelo trio e lá fomos nós. Compramos pipoca e esperamos nossa vez na fila. Todos estavam animados — menos eu, com a cara de quem vai ser demitido da própria vida.

Daniel me puxou de lado e perguntou:

— O que foi? A menina é uma gracinha, bora curtir!

— Daniel, você sabe que eu tô namorando sério. Vai que alguém me vê aqui e conta pra ela…

— Que nada, cara! Quem vai te ver aqui? Essa é a Roda-Gigante! Uns beijinhos não vão te matar. Olha que princesinha…

Sei…

Chegou a nossa vez. Primeiro foi meu colega com a menina dele, depois — uns quatro bancos depois — lá fui eu.

Na primeira volta, passamos tranquilos pelo operador. A fila ainda estava enorme. Na segunda volta, a roda parou umas três vezes pra trocar os passageiros. Quando passamos de novo pelo operador, lá estava ela: uma prima da minha namorada, bem na frente da fila, com mais duas amigas.

Ela me olhou surpresa, enquanto a roda me levava de novo pro alto. Na hora eu soube: Tô ferrado.

Essa prima vivia na casa da minha namorada. Ia contar. Tava escrito.

A Roda-Gigante parou com a gente bem no topo — provavelmente pra ela subir.

A menina ao meu lado se encolheu e disse:

— Tô com frio… me abraça?

Ah, tá.

Olhei sério pra ela e respondi, direto como um cavalo chucro:

— Minha querida, fecha a blusa, porque não vou te abraçar, não.

Assim que descemos, as duas meninas sumiram — literalmente. Mas a prima? Ah, essa não sumiu, não. Bastaram alguns passos e ouvi:

— Oi, primo. Não foge de mim, não.

— Que isso, prima… Só ia comprar um refrigerante.

— Tá. Nem vem com conversinha. Fica comigo ou conto tudo pra tua namoradinha.

De queixo caído e ainda tonto, fui puxado pelo braço de volta pra Roda-Gigante. Nem achei mais o Daniel. A essa altura, ele deve ter ficado na mão… enquanto eu subia de novo, agora com outra menina.

O que aconteceu no restante da noite?

Ah… deixo por conta da imaginação de vocês.

Primas… vai vendo.


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