Saindo do
trabalho, Daniel — um colega recém-chegado na empresa — me convidou para ir até
a unidade móvel de um grande parque de diversões que estava montado na cidade.
Chegamos lá por volta das 20h. Demos um giro para conhecer
os brinquedos: montanha-russa, Paradise, carrinhos de bate-bate e muitos
outros. O mini parque estava bem legal e bastante movimentado.
Fomos direto pra montanha-russa. Show de bola! Gostamos
tanto que voltamos pra fila. Enquanto eu segurava nosso lugar, Daniel foi
comprar umas pipocas. Acho que ele queria me agradar por ter conseguido aquela
oportunidade pra ele na empresa.
Eu havia falado com meu chefe, um espanhol, e ele topou
colocar o Daniel no laboratório. Precisava de alguém pra me ajudar, e ele
estava desempregado fazia tempo, bem apertado nas contas.
Depois de uns 20 minutos (achei até que ele tinha se
perdido, já que é meio atrapalhado), Daniel apareceu — acompanhado de duas
meninas. Apresentou a dupla e, apesar da chiadeira da galera na fila dizendo
que eram nossas namoradas, colocou as duas com a gente.
Fomos de novo na montanha-russa e depois partimos pra outro
brinquedo. Tudo estava indo bem. Daniel já abraçava uma das meninas, e eu, do
meu lado, só conversava com a outra. Na época, eu namorava sério e não queria
enrosco. Mesmo ela sendo muito bonitinha, minha ideia era só me divertir e dar
risada. Mantive a fidelidade.
Entramos em mais alguns brinquedos. Enquanto meu amigo já
estava aos beijos com a menina dele, a que estava comigo jogava charme. Chegou
a segurar minha mão, mas a gente só ria e conversava.
Até que ela teve uma ideia:
— Vamos na Roda-Gigante!
Na hora pensei: Ferrou.
Tentei argumentar, mas fui vencido pelo trio e lá fomos nós.
Compramos pipoca e esperamos nossa vez na fila. Todos estavam animados — menos
eu, com a cara de quem vai ser demitido da própria vida.
Daniel me puxou de lado e perguntou:
— O que foi? A menina é uma gracinha, bora curtir!
— Daniel, você sabe que eu tô namorando sério. Vai que
alguém me vê aqui e conta pra ela…
— Que nada, cara! Quem vai te ver aqui? Essa é a Roda-Gigante!
Uns beijinhos não vão te matar. Olha que princesinha…
Sei…
Chegou a nossa vez. Primeiro foi meu colega com a menina
dele, depois — uns quatro bancos depois — lá fui eu.
Na primeira volta, passamos tranquilos pelo operador. A fila
ainda estava enorme. Na segunda volta, a roda parou umas três vezes pra trocar
os passageiros. Quando passamos de novo pelo operador, lá estava ela: uma prima
da minha namorada, bem na frente da fila, com mais duas amigas.
Ela me olhou surpresa, enquanto a roda me levava de novo pro
alto. Na hora eu soube: Tô ferrado.
Essa prima vivia na casa da minha namorada. Ia contar. Tava
escrito.
A Roda-Gigante parou com a gente bem no topo — provavelmente
pra ela subir.
A menina ao meu lado se encolheu e disse:
— Tô com frio… me abraça?
Ah, tá.
Olhei sério pra ela e respondi, direto como um cavalo
chucro:
— Minha querida, fecha a blusa, porque não vou te abraçar,
não.
Assim que descemos, as duas meninas sumiram — literalmente.
Mas a prima? Ah, essa não sumiu, não. Bastaram alguns passos e ouvi:
— Oi, primo. Não foge de mim, não.
— Que isso, prima… Só ia comprar um refrigerante.
— Tá. Nem vem com conversinha. Fica comigo ou conto tudo pra
tua namoradinha.
De queixo caído e ainda tonto, fui puxado pelo braço de
volta pra Roda-Gigante. Nem achei mais o Daniel. A essa altura, ele deve ter
ficado na mão… enquanto eu subia de novo, agora com outra menina.
O que aconteceu no restante da noite?
Ah… deixo por conta da imaginação de vocês.
Primas… vai vendo.
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