terça-feira, 12 de novembro de 2013

Dá pra cantar calado?

Oh... Elvis... Dá pra cantar calado?

Não pensem que foi uma menção ao rei do rock — foi pra mim mesmo que falaram isso.

Ontem, voltando da faculdade, depois de uma prova instantânea respondida em 10 minutos, estava eu curtindo meu MP3, presente de um colega de trabalho, quando senti um toque no ombro.

— Ô colega, tudo bem?

Era o cobrador. Acho que me empolguei e estava cantando junto com o John Lennon. Sorte a minha que o ônibus já estava chegando à rodoviária e estava quase vazio. Sem graça, fiz um sinal positivo pro cara e desliguei o som até descer.

Mas essa não foi a primeira vez... Me empolgo mesmo com minhas músicas prediletas e acabo fazendo duetos involuntários.

Fui pescar com meu sobrinho em Taiaçupeba, pra relaxar um pouco. O local fica nos fundos de um sítio que dá para uma represa. O proprietário montou uma plataforma em “T” e ceva todos os dias para atrair tilápias, carás, lambarís e outros peixes. Muito aconchegante e agradável.

Chegamos no fim da tarde com a intenção de virar a noite pescando. Pegamos um bom lugar na plataforma, já que muitos pescadores estavam indo embora. Ficamos ali com mais cinco pessoas: três à esquerda, dois à direita, ou seja, bem no meio.

O entardecer passou e começamos a pescar. A noite estava linda. Lá pelas oito, paramos um pouco para lanchar, esticar as pernas e lavar as mãos — não posso dizer que foi pra "dar uma mij...", a Jack diz que é feio falar assim. Pois bem, relaxamos um pouco, comentamos sobre o céu estrelado e voltamos à pescaria.

Até perto das dez, todos estavam firmes com as varas na mão. Depois, alguns começaram a se recolher nos carros para descansar. Meu sobrinho, um pescador à direita e outro à esquerda acabaram dormindo nas próprias cadeiras de pesca. Só eu fiquei acordado.

Olhei de um lado, do outro... Todos dormiam.

Peguei meu MP3, liguei, coloquei o capuz da blusa — a madrugada prometia ser fria — ajeitei-me e fiquei ali, de olho na boinha.

Algum tempo depois, por volta da meia-noite, percebi meu sobrinho acordando. Ele se remexeu na cadeira e perguntou:

— Ô tio, não vai dormir?

Achei estranha a pergunta, balancei a cabeça e sinalizei que não.

Ele virou de lado, se encolheu e voltou a dormir. Fechei mais um pouco o capuz em volta da cabeça e continuei com a pescaria.

Passado um tempo, ele me chamou de novo. Ouvi a voz, mas não entendi direito. Só percebi mesmo quando ele bateu no meu ombro:

— Tio, canta mais baixo, tá acordando todo mundo...

Cantar mais baixo?

Claro! Num silêncio daqueles, com uma lua linda, os peixes saltando e eu ouvindo Elvis... sem perceber, estava cantando suas músicas em dueto.

Aí sempre tem um engraçadinho...

— Ô Elvis, dá pra cantar calado, por favor?

Quem é que conseguiu dormir depois dessa? Foi só gargalhadas e brincadeiras.

Pescador é bom por isso — leva tudo de boa.

Oh, saudades dessas pescarias...

0 comentários:

Postar um comentário

Obrigado por comentar. Seu comentário e opiniões são muito importante para melhorar o blog.Se não quiser deixar... Fazer o que...