sábado, 23 de novembro de 2013

Sonhei... com meu pai.


Eu andava sem rumo, e quando percebi, havia chegado a um cemitério. Tudo estava silencioso, quieto. Mas não havia nenhum túmulo ou jazigo.
Entrei pelo portão, que já estava aberto. Não havia ninguém para me receber, ninguém cruzava meu caminho. Tudo era muito estranho. Ainda assim, nada me afligia.
Pelo contrário: estranhei a tranquilidade e a paz que sentia, como se estivesse num lugar onde eu realmente queria estar. Um lugar bom.

Nos sonhos, quase sempre sinto que alguém caminha comigo — e ali estava ele de novo.
Não conseguia enxergá-lo. Não é que não o visse… eu sabia que estava ali. Conversávamos. Mas sua imagem não vinha até meu cérebro, não conseguia reconhecê-lo.

Continuei andando. Aos poucos, comecei a encontrar algumas pessoas pelo caminho. Todas eram cinzentas — como se tivessem passado por uma chuva de poeira, daquelas expelidas por vulcões.
Vi cenas assim em filmes, claro. Mas não me lembrava de nada parecido nos últimos dias. Essas imagens não poderiam ser meras criações do meu subconsciente.

Cumprimentei-as com acenos, e elas me retribuíam do mesmo modo, com naturalidade.

Entrei em um salão enorme, parecido com o interior de uma pirâmide. Era sustentado por colunas feitas de pedras gigantescas. Diante de mim, um monte de lápides.
No chão, túmulos vazios.

Foi então que quem me acompanhava explicou: todas aquelas pessoas que vimos pelo caminho eram os mortos ali enterrados, que haviam saído... para ir embora.

Então entendi. Eu estava ali para buscar meu pai.

Perdi meu pai aos quatro anos. Não tenho lembrança alguma dele. Nada. Mas sabia que era por ele que eu estava ali.

Continuei andando, olhando cada túmulo.
E, de repente, não estava mais naquele lugar. Agora me encontrava numa casinha de madeira, como aquelas cabanas de montanha no Canadá.

Havia algumas pessoas sorridentes. Parei algumas delas e perguntei sobre meu pai, mas nenhuma soube me responder. Ainda assim, eu sabia — ele estava por ali.

Continuei procurando.

Então ouvi meu nome.
Não consegui distinguir se vinha do meu acompanhante ou se era meu pai.
Virei-me depressa...

...e dei de cara com meu notebook.

Dormira com ele ligado, o cursor piscando no meio de um texto. Apaguei enquanto escrevia.

Levantei com um sentimento bom no peito, mas uma pontinha de tristeza. Não consegui encontrá-lo.

Teria sido uma boa oportunidade para falar com ele.

Fica pra próxima, meu velho.
Saudades.

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