sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Sementinha

Não sabia por que estava ali
Só sei que de repente jogaram-me no chão. 
Enterraram-me, achando que eu estava morta.
Mesmo assim, toda torta e suja,
não estava morta, não.
Senti muito frio e ainda mais,
quando me senti molhada. 
Dê uma olhada! Agora morro mesmo e afogada.
Ali, enterrada, sozinha, com frio
veio-me um arrepio...
Fui enterrada viva!
Não sei quantos dias ali fiquei
mas sei que é muito ruim.
Mas não pensem que foi meu fim...
Não. Comecei a desenvolver perninhas
Muito fininhas e me firmei na terra.
De um dia a outro, no sufoco,
apareceu meus bracinhos e com mãos verdinhas.
Não tinha dedos, e nem mais tinha medo,
então comecei a mexer-me e subir.
Estava difícil, mas não desisti.
E foi então que eu vi... O dia.
Estava lindo, com sol e nuvem.
Esforcei-me o que pude e enfim pude respirar.
Por mais que me esforçasse, sem parar,
minhas perninhas não saiam do fundo.
Pensei, seria o fim do mundo?
Depois de tanto sacrifício?
Veio então a chuva.
Eu ali parada, sem chapéu ou luva,
podia me resfriar.
A chuva passou e me senti mais forte.
Sorte, porque chegou alguém esquisito.
Veio muito perto, e por certo com medo de mim.
Chegou com muito cuidado, e
mexeu na terra ao meu redor.
Era de supor que me mataria novamente,
mas somente me acariciou. Era uma menina.
Para meu espanto, regou-me e colocou num canto.
Cheirou-me e me chamou de "Minha flôr".
Foi a primeira vez que senti o amor,
e então esforcei-me a crescer, mais e mais
um pouquinho a cada dia se preciso.
Só pra ver aquela menina,
me regar com seu sorriso.
Acariciando minhas pétalas, como cabelos.
Limpando meu corpo nu, sem pelos só com espinhos.
Passou um tempinho mais e carregou-me.
Deixou-me próximo no vaso que por acaso,
ficava ao lado de seu leito.
Senti então no meu peito de flor, toda encantada,
Que estava feliz e apaixonada,

pela pequena criança, meu verdadeiro amor.


Sou Freitas

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