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Ele estava nervoso, era domingo e ele teria que ir a missa.
Na verdade, ir a
missa não era o problema, ele até gostava muito. Ele adorava ouvir
os cânticos harmoniosos, tranquilos, mas adorava principalmente a
hora da consagração. Dizia sentir-se leve nessa hora.
Enquanto se
arrumava, pra sair, ainda nervoso e relutante, pensava em ter que falar com o
padre Maurício, novamente no confessionário.
Confessar-se aos
domingos, era uma prática que vinha desde o tempo da vovó Matilde. Domingo era
dia de assistir missa e se confessar, claro, com o padre Maurício. Um velhinho
muito esperto e agradável. Isso tudo até duas semanas atrás, era tranquilo.
Além das artes que aprontava na escola, no máximo que confessava eram as brigas
em casa, com sua irmã. Agora não mais.
Na semana
retrasada, confessou ao padre Maurício, um pecado feio. O padre além de um
sermão sem fim deu a ele uma penitência pesada:
- 10 Pais nosso e
50 Ave-Maria... e não me peque mais.
Ele então achou
que não deveria ter confessado ao padre, talvez não daquele jeito.
- Padre Maurício,
eu pequei... Fiz sexo oral com meus amigos.
Foi fácil perceber
o tamanho susto do padre e o quanto ele enxugava sua testa, pelos pequenos
furos do confessionário, antes dele começar o sermão.
Na semana passada
quando repetiu a confissão, achou que o padre teria uma parada cardíaca. Ficou
vendo o padre Maurício fazer o sinal da cruz uma dezena de vez falando:
- Meu Deus! Meu
Deus!
Além do sermão e
da penitência, agora 20 Pais Nosso e 100 Ave-maria, quis saber mais detalhes,
ele então falou que foi com o Manézinho, aquele do cabelo mais liso que a
escadaria da igreja e com o Pedrinho, filho da dona Cecília. Menino este pra lá
de levado.
E agora, uma
semana depois de tudo isso, lá está ele novamente na fila pra se confessar ao
padre Maurício os mesmos pecados.
Já estava
preparado para mais um sermão daqueles e outra penitência mais pesada que a
última, mas também viera para jurar que nunca mais faria isso de novo. Então
chegou sua vez...
- Padre Maurício
eu pequei, pela terceira vez fiz sexo oral com meus amigos.
O padre agora
aparentemente tranquilo e muito calmo disse:
- Meu filho, falei
com seus amigos e eles me contaram tudo. Falar sobre sexo com eles, não é fazer
sexo oral, é apenas meninos falando de sexo. Está perdoado, vai pra casa, pode
continuar com seus amigos, isso não é pecado, mas controlem-se.
Esse é o problema
do mundo, falta de comunicação mais clara, falta de uma orientação correta.
Foi assim que
Marquinho, menino ligeiro e esperto, hoje mais conhecido no bairro como
Verônica Passa Vinte, aprendeu sobre sexo.
Santa
ingenuidade...
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