Andava muito triste pela estrada, há uma semana sem meu companheiro Dingo Pança e nesse trecho de quase 50km, de Além Paraíba até Leopoldina em Minas Gerais, além de não conseguir caronas, fiquei por 3 dias sem tomar um banho decente e minhas pequenas economias já estavam chegando ao fim. Acho que Dingo era mais que um companheiro de estrada, era também meu amuleto da sorte.
Avistei ao longe o portal de entrada da cidade de Leopoldina, muito bonito por sinal.
Estava muito cansado e tentei uma carona pra atravessar a cidade, não consegui. Caminhando vi um caminhão parado no acostamento e me dirigi até ele. Estava com problemas e Carlos Prego seu proprietário estava resolvendo, não sei nada de mecânica, mas me propus ajudá-lo. Carlos aceitou de imediato, pois precisava de alguém pra segurar uma chave e testar a ignição. Ficamos por duas horas mexendo aqui e ali, eu sem entender nada, mas Carlos sabia exatamente o que fazia e então conseguimos, funcionou.
Carlos me ofereceu uma carona até a empresa que carregaria e disse que lá eu poderia me banhar e comer algo, segui em frente.
Era uma empresa grande, com toda condição de apoio pra quem levaria seus produtos. Tomei um maravilhoso banho e comi uma refeição muito boa também, perguntei ao Carlos se poderia dormir ali, ele confirmou, pois me apresentará como seu ajudante, mas antes carregamos seu caminhão para sair muito cedo no dia seguinte.
Já estávamos indo em direção ao caminhão quando encontramos ou caminhoneiro chegando com o braço todo enfaixado, reclamando de um cão que o mordera e nos contou.
Quando chegou ali no dia anterior um ambulante que o ajudou a descarregar o caminhão pediu que ele guardasse seu cão pois o enfermo ficaria por 3 dias por ali e uma pessoa o pegaria ali. Mesmo não entendendo, mas grato pela ajuda de descarregar as mercadorias ele aceitara e ficara com o cão e uma carta para o dono do cão, dono esse que não apareceu. Hoje de repente o cão que ficara pra trás e que vivia tão triste que nem comia direito, se levantou e ficou muito agitado tentando escapar desesperadamente da corda que o prendia ao caminhão, parecia desesperado pra se soltar, o motorista tentou acalmá-lo e ele o mordeu.
Imediatamente senti um calafrio e pedi pra ver o tal cachorro, ele não me recomendou, pois o cachorro estava muito alterado, e havia chamado o pessoal do canil municipal para buscá-lo. Diante de minha insistência me levou até o cachorro. Como desconfiei lá estava ele tentando se soltar de todas as formas da corda... Dingo Pança.
Contei toda a história sobre o Dingo e pedi para soltá-lo que eu era seu dono, mas não deu tempo Dingo se soltou e correu em nossa direção. Nunca vi alguém correr tão rápido como aquele colega, acho que nem o incrível jamaicano Usain Bolt seria páreo para ele. Dingo pulou sobre mim e quase me derrubou, meu companheiro estava de volta.
Só achei o colega mordido depois de 30 minutos num bar ali próximo e ele ficou apavorado quando nos viu. O acalmei e mostrei Dingo muito calmo e feliz. Ainda temeroso se recusou sair doe trás do balcão do bar e me esticou o braço com uma carta na mão, pedindo pra que eu ficasse com ela e sumisse com aquele cachorro dali, Agradeci e sai.
No envelope achei a seguinte carta:
"Amigo. Desculpe por tomar seu cachorro emprestado, como disse que passaria por aqui (não me lembro de dizê-lo, pois nem eu sabia por aonde iria), deixei-o com uma colega pra te devolve-lo. Graças a Dingo escapei mais uma vez de ser pego, ele me avisou quando algumas pessoas se aproximavam e corri a tempo perdendo minhas mercadorias, mas vivo. São o pessoal que o pai do rapaz contratou pra me pegar, estão atrás de mim desde então, me caçando. Mas um vez obrigado, segue um endereço para que me ajude pela ultima vez. Obrigado."
Dentro do envelope havia outro pequeno. Abri e encontrei um endereço com uma chave pequena.
Acho que tenho mais uma aventura a minha espera.
Como ele sabia que tudo aquilo aconteceria?
Por que eu?
Vamos Dingo...
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