domingo, 30 de setembro de 2012

Andarilho XI - A chave - Parte I


O acordar na manhã de domingo é diferente de qualquer dia, ainda mais se a primeira coisa que vê é um cachorro na sua cara... Que susto!
Com o corpo meio dolorido, falta de costume de dormir em rede, despreguicei-me e levantei empurrando Dingo pra longe de meu rosto. 
O dia prometia, há duas semanas meio que me oculto de todo mundo, sem dar sinal de vida, depois dos acontecimentos em Leopoldina. Resolvi voltar à estrada. Duas semanas que me valeram a pena, o serviço que pegará descarregando e carregando carga me gerara uma grana boa, que daria pra nos manter por mais algum tempo.
Voltamos pra estrada, rumo a Munhuaçu uma cidade mineira com um pouco mais de 80.000 habitantes, depois de deixar alguns novos amigos em Muriaé. Entre andar e rodar já tínhamos percorridos mais de 150km, mais ainda estávamos longe do novo destino. Destino que era intencional algo nos esperava nessa cidade. Havia um misto de ansiedade e medo cada vez que parava e olhava para uma chave em minha mão.
Logo de cara ao entrar na cidade senti um clima não muito confortável e pude ver que a cidade estava meio agitada com alguns acontecimentos, mulher que morrera em picadeira, a presença da Policia Civil marcando presença no combate aos jogos de azar, um acidente de carro que matara duas pessoas, um deles um advogado. Tempos quentes por lá.
Parei em um ponto de Taxi pra me informar sobre o endereço que me fora passado em Leopoldina. O taxista depois de me olhar dos pés a cabeça por umas três vezes respondeu: - É a rua do correio, aquela ali, depois daquelas lojas.
Agradeci e fui em direção ao local que me apontou, ficava de duas a três quadras dali. Dingo me parecia inquieto sempre colado a mim. Às vezes parava e latia, eu parava e olhava pra ele estava sentado. O chamava e então me seguia.
Quando virei a última esquina, localizei de imediato o prédio amarelo e azul dos correios. Olhei para o endereço em minha mão e com a outra apertei a chave dentro de meu bolso, como que para garantir que ela estava lá.
Olhei o número que procurava e fui caminhando pela rua afora. Achei o número, era o próprio correio. Apertei a chave novamente no bolso, olhei pra Dingo que estava com o olhar fixo para o outro lado da rua. O chamei, lentamente voltou os olhos pra mim e voltou a fixar os olhos para o outro lado da rua, por ande andava dezenas de pessoas.
Respirei fundo peguei a chave, guardei o endereço, ajeitei a mochila com minha rede. Chamei Dingo para atravessarmos a rua, foi quando ele se levantou e começou a rosnar e latir. Acompanhei para o local pra onde ele olhava e lá do outro lado da rua do meio das pessoas que transitavam, surgiu um homem de óculos escuros e boné.
Travei.
Dingo ficou mais agitado e latindo chamando a atenção de todo mundo, enquanto aquela pessoa atravessava a rua em minha direção.
Engoli seco e senti o suor brotar em meu rosto enquanto ele se aproximava.
- Olá Dingo Pança, porque essa agitação.
- Oi Jorge.
Estendi a mão e disse.
- Essa chave te pertence.
- Fique com ela mais um pouco, não podemos conversar nem agora, nem aqui. 
Fechando minha mão com a chave, olhou-me nos olhos e disse.
- Tenho pouco tempo, sigamos e te esclarecerei tudo. Vamos Pança.
Virando as costas começou a andar em direção ao correio.
O que fazer, segui-lo?
Sumir dali?
Travei de novo...




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