Para mim era desse tamanho... |
O fundo da casa de
vovó Zequinha naquela época, parecia enorme e não ter fim. Tinha pés de ameixa, de abacate e até de fruto do conde. Um paraíso para nós.
Era o melhor lugar
do mundo para nossas aventuras e peraltices. O lugar certo para nos prender em casa nas
férias de julho.
Ali também já fora espaço para teatrinho, na verdade o palco
era na casa do vizinho da direita, nosso fundo de quintal era onde ficavam a plateia,
separados dos micro atores, por uma cerca de madeira. Não posso esquecer-me de nosso clube
secreto, nele não podia participar meninas, só os "Bolinhas". Tinha também nosso lugar preferido, a velha ameixeira. dali podíamos espiar as filhas do vizinho da esquerda... Ops! Isso não era
pra contar... Agora já foi.
Como sempre lá estávamos nós, eu e Dodo, brincando sei lá do que. Subíamos numa
árvore, depois em outra e criávamos cabanas com pedaços de madeira e papelão.
Local proibido para a priminha caçula.
Estávamos subindo
no abacateiro, quando a tia nos flagrou e foi logo dando bronca, pela bagunça no
quintal.
- Mas vocês não
ficam quietos mesmos né. Arrumem já essa bagunça e não vão lá para o lado das
abóboras. Tem uma enorme lá que vou fazer doce. Não me quebrem ela do pé.
Abóbora que
abóbora? Nem tínhamos percebido e é claro que esse recado, para nós,
foi com uma ordem direta. Ela mal deu as costas pra gente e lá fomos nós cortar
talos das folhas da abóbora, para fazer tubos e assim soltarmos bolhas de
sabão. As bolhas eram feitas com o sabão roubado da pia da tia... Ops! Escapou
outra, isso também não era pra escrever.
Depois de cortar
os tubos, raspa-los para tirar a pele espinhosa e preparar a água com sabão, lá
estávamos eu e Dodo soltando-as no ar e correndo para estourá-las.
Confesso que não
me lembro quem "fui", quer dizer, quem foi, mas não é que quebramos o
talo da abóbora gigante da tia? Lei de Murphey... "Se há alguma
possibilidade de dar errado, com certeza dará e dá pior maneira".
Saímos de lá
quietos e de fininho, mas como a tia, já vacinada de nós, percebeu nossa fuga e
foi verificar o que acontecia.
Só escutamos o
grito dela e sumimos.
- Ah! Seus
moleques levados, quebraram minha abóbora, né. Pois agora vocês vão comer ela
todinha.
A partir daquele
dia era abóbora no almoço e janta.
Todo mundo comendo
frango, carne e nós... Abóbora. Só depois da nossa porção de abóbora, que
comíamos algo diferente.
Era abóbora
refogada, doce de abóbora, abóbora recheada... Abóbora com isso, abóbora com
aquilo.
- EU NÃO QUERO MAIS ABÓBORA!... - E tome abóbora.
Depois daquele
dia, aprendi duas lições:
A primeira é que
se alguém falar não vai lá que vai acontecer, a menos que adore abóbora, NÃO
VÁ.
A segunda: Nunca
reclame do termino das férias. Graças a ela eu voltei pra casa e Dodo teve que
comer o restante da abóbora sozinho.
...Eca!
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