quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Eu não quero mais abóbora!


Para mim era desse tamanho...
Éramos então, dois moleques em férias escolares, cheios de saúde e prontos pra aprontar alguma. Sempre foi assim.
O fundo da casa de vovó Zequinha naquela época, parecia enorme e não ter fim. Tinha pés de ameixa, de abacate e até de fruto do conde. Um paraíso para nós.
Era o melhor lugar do mundo para nossas aventuras e peraltices. O lugar certo para nos prender em casa nas férias de julho. 
Ali também já fora espaço para teatrinho, na verdade o palco era na casa do vizinho da direita, nosso fundo de quintal era onde ficavam a plateia, separados dos micro atores, por uma cerca de madeira. Não posso esquecer-me de nosso clube secreto, nele não podia participar meninas, só os "Bolinhas". Tinha também nosso lugar preferido, a velha ameixeira. dali podíamos espiar as filhas do vizinho da esquerda... Ops! Isso não era pra contar... Agora já foi.
Como sempre lá estávamos nós, eu e Dodo, brincando sei lá do que. Subíamos numa árvore, depois em outra e criávamos cabanas com pedaços de madeira e papelão. Local proibido para a priminha caçula.
Estávamos subindo no abacateiro, quando a tia nos flagrou e foi logo dando bronca, pela bagunça no quintal.

- Mas vocês não ficam quietos mesmos né. Arrumem já essa bagunça e não vão lá para o lado das abóboras. Tem uma enorme lá que vou fazer doce. Não me quebrem ela do pé.

Abóbora que abóbora? Nem tínhamos percebido e é claro que esse recado, para nós, foi com uma ordem direta. Ela mal deu as costas pra gente e lá fomos nós cortar talos das folhas da abóbora, para fazer tubos e assim soltarmos bolhas de sabão. As bolhas eram feitas com o sabão roubado da pia da tia... Ops! Escapou outra, isso também não era pra escrever.
Depois de cortar os tubos, raspa-los para tirar a pele espinhosa e preparar a água com sabão, lá estávamos eu e Dodo soltando-as no ar e correndo para estourá-las.
Confesso que não me lembro quem "fui", quer dizer, quem foi, mas não é que quebramos o talo da abóbora gigante da tia? Lei de Murphey... "Se há alguma possibilidade de dar errado, com certeza dará e dá pior maneira".
Saímos de lá quietos e de fininho, mas como a tia, já vacinada de nós, percebeu nossa fuga e foi verificar o que acontecia.
Só escutamos o grito dela e sumimos.

- Ah! Seus moleques levados, quebraram minha abóbora, né. Pois agora vocês vão comer ela todinha.

A partir daquele dia era abóbora no almoço e janta.
Todo mundo comendo frango, carne e nós... Abóbora. Só depois da nossa porção de abóbora, que comíamos algo diferente.
Era abóbora refogada, doce de abóbora, abóbora recheada... Abóbora com isso, abóbora com aquilo.

- EU NÃO QUERO MAIS ABÓBORA!... - E tome abóbora.

Depois daquele dia, aprendi duas lições:
A primeira é que se alguém falar não vai lá que vai acontecer, a menos que adore abóbora, NÃO VÁ.
A segunda: Nunca reclame do termino das férias. Graças a ela eu voltei pra casa e Dodo teve que comer o restante da abóbora sozinho.

...Eca!



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